Vê 05/07/2014Em 72 horas para morrer somos rapidamente tragados para a conturbada vida de Júlio, delegado de uma pequena cidade que é surpreendido com a morte de sua namorada, assassinada de forma brutal e bizarra. Mas este parece ser apenas o começo de uma caçada sem fim. O assassino conhece Júlio e está focado nos alvos que cercam o homem, como sua única filha e seu amigo de infância. Correndo contra o tempo e tentando chegar antes que o monstro que está transformando sua vida em um pesadelo, ele deve seguir pistas e o que irá descobrir será uma enorme e intrincada rede de fatos que voltam-se total e unicamente para ele.
O que há com Júlio que despertou a ira desse criminoso, capaz de fazê-lo iniciar uma caça àqueles que o delegado mais ama sem qualquer possibilidade de misericórdia?
Narrada em primeira pessoa, acompanhamos pelas páginas de forma angustiante a passagem dos dias a partir do descobrimento do assassinato da namorada de Júlio. Embora não saiba exatamente o que está vindo pegá-lo, Júlio foca-se apenas em manter o último membro de sua família vivo: sua filha. Mantendo-se próximo à menina, cuja relação é complicada por acontecimentos do passado, ele entra de cabeça na investigação para levar ao verdadeiro culpado de toda essa brincadeira de muito mal gosto.
Sem espaço para respirar, o cerco está se fechando sobre ele com uma enorme rapidez e poucas são as respostas que ele obtém antes que seja tarde demais. Em uma vida cercada de tragédias envolvendo as pessoas que mais amava, Júlio se vê aterrorizado pela ideia de ficar de vez sozinho no mundo, principalmente sem saber exatamente o que fez para estar recebendo tudo aquilo.
Será que ele conseguirá salvar seu bem mais precioso, sua única filha, e por um fim de uma vez por todas à insana caçada na qual ele é o alvo principal? De delegado, homem que respeita e cumpre as leis, a simples pai desesperado que será capaz de tudo para manter todos a salvo, inclusive tornar-se um daqueles que sempre caçou no cumprimento do dever. A história de Júlio estará fadada à tragédia?
Depois de ouvir falar muito bem da escrita de Ricardo Ragazzo, eu rapidamente me candidatei a ler seu primeiro livro publicado. E o que encontrei foi uma história muito bem escrita, com a tensão transbordando das páginas e um mistério intrincado e desesperador. Desde o começo me simpatizei com Júlio, sua vida nunca havia sido fácil, e, embora eu tenha condenado em muitos momentos seu comportamento completamente fora de controle, que não condizia com sua condição de homem da lei, continuei torcendo arduamente por ele durante toda a leitura.
Com capítulos bem longos, acompanhamos o desenrolar dos dias subsequentes à descoberta do assassinato de sua namorada e a corrida para proteger-se e à sua filha do que quer que o esteja perseguindo com sede de vingança. O ritmo de leitura é alucinante, não há paz enquanto não atingimos as páginas finais, são tantas suspeitas, tantas teorias e o mal continua agindo de forma tão rápida que mal dá tempo de conseguirmos extrair qualquer informação concreta para construir um caso e o leque de suspeitos parece aumentar vertiginosamente.
Júlio é um personagem sofrido, que passou por muitas tragédias envolvendo as pessoas que mais amava e se arrepende amargamente de muitas atitudes e decisões, por isso, seu esforço para manter sua única filha (e família) viva é louvável, embora nem sempre ele tome as decisões mais sábias ou fáceis. Em muitos momentos fiquei com raiva dele, principalmente no final, que me deixou mais irritada do que nunca. Mas é claro que isso não foi capaz de apagar o brilhantismo do enredo.
Ricardo Ragazzo constrói em 72 horas para morrer uma história de perseguição e mistérios incrível; com sua escrita excepcional, que prende totalmente o leitor da primeira à última página, somos levados junto à correnteza de informações, mistérios e luta pela sobrevivência diante de um serial killer sombrio e imperdoável. Ele estabeleceu seu alvo e não descansará até destruído tudo na vida de Júlio.
Eu havia sido avisada de que existia um elemento sobrenatural incluído no enredo e que muitas pessoas não haviam gostado do resultado. No entanto, para mim, a justificativa foi muito bem encaixada e tornou-se plausível e bem convincente. Não foi nada jogado, tirado do nada; gostei da forma como a solução do mistério foi sendo construída, inserida aos poucos para, então, resolver-se daquele jeito. Como amante de uma boa história sobrenatural, preciso dizer que a solução desse caso foi inteligente, inédita e muito perspicaz. Jamais poderia ter previsto esse resultado!
Embora tenha ficado extremamente irritada com o final do livro, achando totalmente injusto o desfecho para Júlio, 72 horas para morrer é uma excelente leitura, muito bem escrita, desenvolvida e de tirar o sossego. Podem acreditar, não há como fechar o livro até ter todas as respostas em mãos. E vocês se surpreenderão com o desenrolar dessa caçada impiedosa a um homem que já cometeu muitos erros em sua vida e apenas procura a redenção.
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