Sueli 10/06/2014
O Milagre
Jeremy Marsh é um jornalista investigativo, carreira que abraçou mais por acaso, que por escolha. Contudo, aos trinta e sete anos, sendo quinze deles com relativo sucesso mas poucas realizações materiais, faz com que ele comece a questionar o seu futuro profissional.
Apesar do estrondoso sucesso de sua participação em um programa de grande audiência, quando ele desmascara um “vidente profissional”, nosso herói sente que precisa de novos desafios, novos ares, de um novo recomeço, porque mesmo após sete anos do término doloroso de seu casamento com Maria, ele ainda se sente incapaz de manter um relacionamento estável, além de estar perdendo o fôlego profissional.
É nesse momento que ele recebe uma carta vinda de Boone Creek, na Carolina do Norte, cuja remetente solicita que ele investigue certos fenômenos sobrenaturais relacionados a uma lenda local.
O desafio de desvendar a origem das luzes que tanto fascinam os moradores de Boone Creek, e que em nenhum momento ele acredita tratar-se de um fenômeno paranormal, já que Jeremy é descrente de tudo, é justamente o que ele precisa, e, portanto, aceita.
Ao chegar à Boone Creek ele é muito bem recebido pela população que, assim como muitas outras pequenas localidades, está desaparecendo em virtude da situação econômica, e da migração populacional para os grandes centros do país.
Um desses moradores é a simpática Dóris McCllelan, uma viúva, leitora assídua da Scientific American, onde o resultado de uma das investigações feita por Jeremy, sobre um fantasma que assombrava determinado lugar, havia sido publicado.
E, é justamente por causa dessa matéria, que Dóris sente-se motivada a escrever para ele solicitando sua ajuda para desvendar o mistério inquietante que há décadas alimenta o imaginário da população da sua cidade.
A ação, propriamente dita, tem início com a chegada de Jeremy à Boone Creek, e a sua interação com os moradores desse lugar pitoresco, misterioso e futriqueiro.
E, como é um romance, nosso protagonista em suas idas e vindas conhece Lexie Darnell, a bibliotecária linda e sexy que irá ajudá-lo de forma efetiva em suas pesquisas, além de mexer com o seu coração.
Sabe leitor, eu precisava ler Nicholas Sparks. Era quase um rito de passagem, sei lá...Porém, depois de assistir “Uma Carta de Amor” e “Noites de Tormenta”, penso que vocês irão compreender que eu precisava pesquisar a fundo “O Milagre”, antes de mergulhar em sua leitura, já que esse autor sabidamente tem o péssimo hábito de “matar” personagens incríveis e deixar as mocinhas, e a todos nós, com o coração partido.
Por isso, foi com grande apreensão que li sobre cada viagem de carro, avião ou barco de seus personagens em “O Milagre”. Tremi de pavor a cada variação do clima, tanto de Nova York, quanto da Carolina do Norte. Pois, afinal de contas, sendo o título do livro “O Milagre” sabe-se lá onde esse acontecimento fantástico se daria, não é mesmo?
Contudo, não senti a terra tremer, o coração bater, e nem me apaixonei pelo casal principal. E, olha que sou absolutamente romântica e impressionável. O livro vai perdendo fôlego, não mostrando a envergadura que o início prenunciava.
Contudo, posso entender perfeitamente o motivo pelo qual os livros de Sparks conseguem adaptações bacanas para o cinema. Seus cenários são sedutores e ele confere aos seus personagens características interessantes, porém pouco definidas. Tudo é muito subjetivo , sem substância, podendo ser manipulado conforme o roteirista ou o diretor de uma possível produção cinematográfica.
Que, diga-se de passagem, têm sido bem melhores que as adaptações dos livros das minhas queridas Nora Roberts e Linda Howard, por exemplo.
É um livro muito irregular, com altos e baixos, e diálogos sem grande consistência, mas o principal motivo para eu não me envolver foi a mocinha, pasmem os senhores!
Infelizmente a Lexie não conquistou a minha simpatia, e muito menos a minha confiança. Ela é uma heroína, se é que podemos chamá-la assim, meio covarde e recalcada. Presa a um passado de amores frustrados e com medo do futuro, Lexie é carregada de pessimismo e mal-humorada demais.
Não sei, não, mas acho que o Jeremy vai se dar mal de novo!