Resenhas - A Hora da Estrela

Lendart 25/05/2024

"Clarice não é para ser entendido, e sim ser sentido", define esse livro.
Lispector apresenta a narrativa de forma crua e sórdida, contando a história de Macabéa, não como uma heroína cheia de defeitos que tem uma redenção, mas como uma humana que experimenta o vazio da solidão e dos desejos.
No final, Clarice termina sua história sem glamour, mas como um fim para a sua personagem, uma mulher comum que não se sente amada.
Clarice Lispector nesta obra dispensa rótulos, sem se enquadrar em estampas, apenas conta sua história para si mesma.

emymiranda 25/05/2024

Clarice lispector
O que falar? essa mulher era genial.
esse livro foi o último publicado da autora, nele ela escreveu se passando por outra pessoa, um autor desconhecido que ela mesma criou para não saberem que era ela que tinha escrito.
o que eu me identifiquei com macabéa (personagem principal) não tá escrito, o jeito que Olímpico maltrata dela por ela ser uma mulher curiosa, indignada e as vezes (in)satisfeita com o mundo? ela não conhecia o amor e não pode descobrir quem a podia amar.
esse livro certamente vai para os meus favoritos (assim como qualquer livro da clarice).
se quiserem começar lendo algum livro dela, recomendo esse, ele é perfeito!

guiiswiftie 25/05/2024

A hora da estrela???
Já tinha lido um livro dela e não tinha gostado e fico feliz em dizer que a experiência foi diferente dessa vez. A história foi bem interessante (e varias vezes confusa, mas isso já era de se esperar) quero ler outros livros da Clarice, mas não com tanta frequência, para mim ler um ou dois por ano já tá bom

Amanda 25/05/2024

"vou sentir tanta falta de mim quando morrer"
"meu deus, só agora me lembrei que a gente morre.mas eu também?! não esquecer que por enquanto é tempo de morangos."
o que me encanta na obra é a forma como clarice dialoga com o leitor, mesmo que se passando pelo narrador rodrigo s.m, afinal ela acaba trazendo diversas reflexões sobre a vida e algumas discretas falando da morte, sob um contexto de que foi seu último romance escrito em vida, fato que mudou a minha visão da leitura. rodrigo descreve a vida de macabea de uma forma miseravel, retratando a visão da elite sobre a classe baixa, sendo essa a "moral" da trama. enfim, clarice foi gigante na vida e na morte! só isso que tenho a dizer

Ize 25/05/2024

O cinema de uma vida
Acho que ler esse livro depois de ter passado por processos marcantes da nossa vida carrega um peso inominável. Não tem cor, preço, ou religião. É feito de puras memórias de quem já viu do que se teme. É uma eterna caçada e fuga do irreconhecido, cambaleando enquanto tenta se manter de pé no caminho pra onde não sabemos o que vai dar.
Clarice conta o que não queremos ouvir. Ninguém quer saber da vida verídica. Buscamos por esperança e sonhos, porque é o que nos coloca lá em cima ? no céu, onde moram as estrelas.
Macabéa, ao contrário do mundo, nunca teve esperança de nada. Era sábia, pois a vida inteira conviveu com o que a Vida pode oferecer. As feiuras, amarguras e o pouco era tudo o que conhecia. Mesmo quando conhece o amor, não o reconhecesse. É alguém que lhe aperta as mãos com a outra que lhe esconde.
Essa história narra um sopro de vida. Uma reflexão que nos coloca a par das amarguras do mundo. É difícil viver, e é difícil não viver. Se entregar para vida requer coragem e sabedoria para se encontrar além dos maus pecados.
Jesus pode ser seu amigo, mas é preciso de sorte para alcançar a salvação. Porém, não é a amizade que, por fim, nos conforta nas piores horas?
Senti que A Hora da Estrela leva tudo isso em suas palavras. Tenta fazer com que "o seu estômago se embrulhe", porque viver é assim. É segurar o vômito a cada dor de barriga.
Não temos conhecimento do que não conhecemos. O que carregamos é um pouco de esperança, mesmo sabendo que o fim será um só ? a falta da vida.
Vida essa que não é difícil, ruim, ou boa. Não podemos classificar o que é viver em meros adjetivos, porque viver é um verbo. Tudo o que podemos fazer, no fim, é isso. Ter vida, estar com vida, como já diz no dicionário.
Macabéa teve vida enquanto pode. Quando não pode, ela ainda era. Eu sou, eu sou, eu sou.
Por fim, viver acabe sendo apenas ser. Quando não somos mais, ainda seremos contra nossa própria vontade. Pois como diz, "a morte é um encontro consigo".
E eu espero que um dia, enfim, eu possa me encontrar como Macabéa se encontrou.

clara ð 25/05/2024

Engoli esse livro em um dia, foi como se eu estivesse engolindo minhas próprias entranhas juntamente com uma taça fina de suco gástrico.
o mais irônico é que estava muito bom.
obrigada, Clarice

Rose Ellen Laise 25/05/2024

Paguei a língua bem gostoso
Há alguns anos tinha começado a ler e ODIEI, criei um ranço catastrófico desse livro e da Clarice. Entrei pro curso de Letras e a professora o passou obrigatoriamente, para podermos apresentar um trabalho sobre ele, quase choro de desgosto. Mas aí tive a brilhante ideia de escutar o audiobook antes de realmente lê-lo e fazer anotações. E simplesmente amei. Li o livro totalmente submersa e apaixonada por cada palavra que a Clarice (ou Rodrigo) escreveu. 5 estrelas e favoritado!

imnagina 24/05/2024

É a primeira vez que eu leio algo da Clarisse,e esse livro é ótimo,muito reflexivo,mostrando a inocência e a simplicidade da Macabéa pelas coisas da vida

Moonsunsetz 24/05/2024

Hora da estrela
O livro é um tanto tedioso, e olha que eu gosto de ler livros clássicos e desse estilo.
Me decepcionei pq esperava mais, talvez não seja meu estilo de livro, mas não conseguiu prender minha atenção.

Roberta.Beal 24/05/2024

QUE LIVRO LINDO (explosão)
"A Hora da Estrela é um romance sobre o desamparo a que, apesar do consolo da linguagem, todos estamos entregues."

"Dedico-me à saudade de minha antiga pobreza, quando tudo era mais sóbrio e digno e eu nunca havia comido lagosta."

"[...] porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro - existe a quem falte o delicado essencial."

"Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe."

" Porque há o direito ao grito.
Então eu grito"

"Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu - a meu mistério."

"Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?"

"E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto."

"Isso será coragem minha, a de abandonar sentimentos antigos já confortáveis"

"Talvez porque nela haja um recolhimento e também porque na pobreza de corpo é espírito eu toco na santidade, eu que quero sentir o sopro do meu além. Para ser mais do que eu, pois tão pouco sou."

"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias."

"Não sabia que era infeliz. É porque ela acreditava. Em quê? Em vós, mas não é preciso acreditar em alguém ou em alguma coisa - basta acreditar. Isso lhe dava às vezes estado de graça. Nunca perdera a fé."

"Talvez a nordestino já tivesse chegado à conclusão de que vida incomoda bastante, alma que não cabe bem no corpo, mesmo alma rala como a sua."

"Saudade do que poderia ter sido e não foi"

"Ja que sou eu, o jeito é ser"

"É que ela sentia falta de encontrar-se consigo mesma e sofrer um pouco é um encontro"

"Mas Macabéa de um modo geral não se preocupava com o próprio futuro: ter futuro era luxo."

"Ah se pudesse eu pegar Macabéa,dar-lhe um bom banho, um prato de sopa quente, um beijo na testa enquanto a cobria com um cobertor. E fazer que quando ela acordasse encontrasse simplesmente o grande luxo de viver."

"E mesmo tristeza também era coisa de rico, era para quem podia, para quem não tinha o que fazer. Tristeza era luxo."

"Ela o notou porque sempre notava o que era pequeno e insignificante."

"Ficou inerme no canto da rua, talvez descansando das emoções, e viu entre as pedras do esgoto o ralo capim de um verde da mais terna esperança humana."

"Apareceu portanto um homem magro de paletó puído tocando violino na esquina."

"Eu, que simbolicamente morro várias vezes só para experimentar a ressurreição."

"Eu poderia resolver pelo caminho mais fácil, matar a menina-infante, mas quero o pior: a vida. Os que me lerem, assim, levem um soco no estômago para ver se é bom. A vida é um soco no estômago."

"Se é pobre, não estará me lendo porque ler-me é supérfluo para quem tem uma leve fome permanente."

"Que se há de fazer com a verdade de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só."

madumave 24/05/2024

"E assim se passava o tempo para a moça esta. [...] Não tinha aquela coisa delicada que se chama encanto. Só eu a vejo encantadora. Só eu, seu autor, a amo. Sofro por ela. [...] Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz. A única coisa que queria era viver. Não sabia para quê, não se indagava. Quem sabe, achava que havia uma gloriazinha em viver. Ela pensava que a pessoa era obrigada a ser feliz. Então era."

Não tenho nada a dizer. Ainda estou absorvendo tudo. Mas acho que esse livro precisa ser sentido até a última palavra lida. É cruel, é azedo, é áspero, é doloroso. E, ainda assim, é um retrato muito facilmente identificável. Há um pouco de Macabéa em todos nós. Eu sofri por ela, assim como seu autor.

taylahgn 24/05/2024

Muito bomm! É uma ótima opção pra quem quer começar a ler Clarice Lispector. No início foi um pouco difícil de entender o que ela escreve, mas gostei de ler os sentimentos da Macabéa.

loreepeixoto 24/05/2024

Achei a história de uma delicadeza tão triste e verdadeira. Pude enxergar muito do interior de Macabéa, de Clarice e de mim mesma. Às vezes, não saber muita coisa cria uma ilusão de realidade confortante (bom e ruim de certa forma)

Stefani142 24/05/2024

O contraste existencial e a estrela em todos nós
O livro parece trazer a análise existencial de duas personagens completamente opostas, ao mesmo tempo. A narrativa feita por um homem de classe média intelectual, que busca além de tudo que já pode ser, agora, aquilo que ainda não foi, de forma a encontrar algo espirutual. Para isso, ele inventa através do seu olhar, a história de uma mulher migrante pobre, que a princípio ele julga ser desprovida de senso crítico, vontade de ser algo mais ou qualquer coisa do tipo. Mas com o tempo desenvolve e realiza que todos querem dentro de si, mesmo que sem perceber, ser estrela. Toda a história contada com a poética e filosofia deste homem que tem um pensamento aguçado, como quando fala sobre Macabea não gostar de ver de sangue: "Porque sangue é a coisa secreta de cada um, a tragédia vivificante". Essa mesma tragédia da vida ele revela no final.

Erika 24/05/2024

5 estrelas
Acho que todo mundo deveria ler esse livro, ele nos mostra como as pessoas podem ser insignificantes, ainda mais quando não tem as qualidades que a sociedade "pede", por meio de Macabéa, e do "autor" Rodrigo, Clarice expressa suas emoções e seus medos o que deixa o livro ainda mais impactante, no começo fala que o livro é inacabado porque ele é uma pergunta que não tem resposta, pois eu acho que ele é um compilado de perguntas sem resposta, quem somos? Porque somos assim? O que é a morte? Com 88 páginas, Hora da Estrela traz uma das maiores reflexões da minha vida.