Cassia 30/07/2012
Legal, mas poderia ter sido muito melhor
Tudo bem que eu não esperava que o livro do século partisse de uma história originariamente vinda de um videogame. Mas, seja lá o que for, eu sempre procuro ler sem preconceitos, afinal, muitas vezes a surpresa vem de onde menos esperamos. E eu procurava uma boa distração, uma vez que li o anterior, “Assassins Creed – Renascença”, e achei até razoável.
Contudo, achei esse bem mais fraco que o anterior. A começar pelo personagem principal, Ezio Auditore, que em muitos momentos fica perdido entre uma caracterização com recortes mais realistas ou totalmente fantasiosos. Há um esforço no sentido de mostrar o quanto ele evoluiu no reerguimento da Ordem dos Assassinos, mas, por vezes, a coisa fica muito forçada; aliás, a habilidade para o le parkour do Ezio no game pode até ser interessante de se ver em tela mas, ao ler, fica meio ridícula.
Houve, lógico, a tentativa de dar uma cara mais modernosa a alguns personagens históricos, porém, muitos saíram perdendo nessa abordagem. Lucrécia Bórgia, por exemplo, historicamente, é um personagem fascinante – mas, no livro, não disse bem a que veio. Caterina Sforza é outra que perdeu os contornos de mulher valente e ardilosa, e teve apenas seu aspecto “guerreiro” – mal – destacado. Maquiavel, então, é melhor deixar pra lá.
Um dos grandes pontos fracos da história é o tal “artefato de poder”, que é disputado por todos e que, nos raros momentos em que aparece, fica meio forçado. Eu o teria descartado, e trocado por um item mais compatível com a época abordada, a Renascença.
Tecnicamente falando, a edição do livro também está muito ruim. Li a terceira edição, repleta de erros gramaticais (que, em minha opinião, deveriam ter sido sanados já na segunda). Sabe aquela história da economia que as empresas aéreas fizeram com a retirada de uma azeitona? A editora Record deve ter utilizado esse princípio na hora de utilizar acentos gráficos (principalmente travessões, que faltavam às mancheias).
Também tenho reclamações a respeito de algumas escolhas feitas pela tradução. Não tive acesso ao original em inglês, mas acho estranho optarem por traduzir a maioria dos nomes próprios italianos (como Lucrécia e Rodrigo, por exemplo), mas manterem o nome do vilão no original (Cesare).
O livro se encerra evidentemente mostrando que haverá um terceiro volume. E também fica patente que foi escrito visando servir de apoio para um futuro filme baseado no game (o que anda muito na moda nos últimos tempos). Mas, embora o ganho “visual” seja tremendo, a história deixou muito a dever em qualidade. Só nos resta, agora, esperar pelo próximo livro da série.