Rafa 11/11/2021
Menos brilhante do que parece
A obra é extremamente bem escrita, disso não há dúvidas. O autor fez um excelente trabalho de pesquisa, descreve bem aspectos da época, da arquitetura, dos hábitos e costumes e a trama política é muito bem amarrada. Mas, ainda assim, há elementos que carregam demais o conteúdo do livro.
Existe um excesso de descrições de cenas e cenários, que poderiam ser muito ricas e ainda assim mais curtas. Com isso reduzido e algumas outras situações elipsadas, o livro poderia ter 600 páginas e ainda seria uma aventura épica incrível, muito mais fluída e com uma capacidade de prender muito maior, sem perder a riqueza dos detalhes.
Além disso, o que incomoda muito é o excesso de cenas que são praticamente desnecessárias e parecem ser algum tipo de fetiche ou vício do autor, como as cenas de estupro. Isso é inédito nesse tipo de literatura? Não e certamente George Martin se inspirou muito em "Os pilares da terra" para escrever "As crônicas de gelo e fogo", mas eu sinto que 90% dessas situações não trouxeram coisas novas para a trama e são banalizadas.
Não acredito que esse exagero no sexo seja de suma importância para compor uma trama "adulta" e "realista", a realidade e a vida adulta é muito vasta e, embora o sexo seja parte fundamental, existem muitos outros elementos na vida que são marcantes o suficiente para compor personalidade, desenvolver personagens e fazer desenrolar tramas.
Por outro lado, alguns personagens são abrangentes por si só. Certamente, o prior Philip é o que tem mais rica personalidade e é impossível não torcer por ele nas suas empreitadas e ficar um pouco frustrados quando ele toma uma atitude radical.
Ele também apresenta poucas personagens femininas, mas personagens muito fortes, muito inteligentes e cheias de atitude, apesar das mazelas que as afligem.
Nesse sentido, acredito que se o autor reduzisse pela metade a explicitude da cena e o excesso de descrição a nota para a obra poderia ser um 10/10. Não sendo assim, considero 8/10.