Lurdes 13/03/2022
Minha querida Sputnik foi o primeiro livro de Haruki Murakami que li.
Que grande contador de estórias ele é. Não é à toa que é considerado um dos maiores nomes da Literatura Japonesa e sempre cotado ao Prêmio Nobel.
Me encantei com a escrita dele, que flui de forma tão natural que a gente vai se deixando levar e vai embarcando nas maiores pirações que ele cria.
Nosso narrador é K., um jovem professor, melhor amigo de Sumire, por quem é perdidamente apaixonado. Infelizmente Sumire o vê apenas como melhor amigo.
Apesar de K. ser o narrador, Sumire é a principal protagonista, em torno de quem giram os principais acontecimentos.
Sumire tem 22 anos e sonha em ser escritora, tanto que abandonou a faculdade para se dedicar inteiramente à escrita. Sua rotina inclui, além de escrever compulsivamente, ligar para o amigo K., de uma cabine telefônica, durante a madrugada para conversar sobre o que der na telha, suas angústias, seus medos, pedir conselhos.
E a vida segue assim...
Até que...
... Sumire conhece Miu.
Miu é uma mulher 17 anos mais velha, casada, empresária bem sucedida, linda e sofisticada, e Sumire se vê, de repente, completamente apaixonada e fascinada por ela.
De forma surpreendente, Miu convida Sumire para trabalhar como sua assistente e, a partir dai sua vida, hábitos, rotina e guarda roupa mudam completamente.
Mas nada nos prepara para o que o autor nos apresenta.
Não seria Murakami se o componente fantástico não estivesse presente e a partir daqui não posso falar nada sem acabar dando spoiler.
Uma estória sensível, sobre amor, amizade, desejos reprimidos, solidão.
Muitos dizem que é o livro mais sensível de Murakami. Eu acrescentaria o adjetivo melancólico. Bonito demais. Uma estória de amor construida com delicadeza, usando metáforas que nos conduzem ao ponderável e ao imponderável.