Jon O'Brien 11/07/2019
Denso e impactante - favorito do ano
É incrível como alguns livros se impregnam na gente, não é, fazendo com que a história contada fique na nossa cabeça por dias. E isso acontece tanto com livros em que temos saldo positivo quanto com livros em que o saldo é negativo. Nesta resenha, falarei um pouco de Ratos, um thriller psicológico do inglês Gordon Reece, que me surpreendeu positivamente nessas 240 páginas. Acompanhe!
Pessoal, o livro é absolutamente lindo. Parece bastante simples, mas há beleza na simplicidade. A diagramação da obra é muito boa, tornando a leitura confortável, e a capa tem um detalhe que nunca vi em qualquer outro livro. A toca do rato na capa é, realmente, um buraco no livro. O nome “ratos” e o fundo preto só ficam visíveis quando a orelha está dentro do livro, dobrada, pois, no verso dela, há o nome “ratos”.
Sobre o que é a história?
Shelley e a mãe sempre se sentiram como ratos. Isso significa que apanham e se escondem. Significa que pedem desculpas pelo que não fizeram e deixam que os outros se aproveitem delas. Significa que buscam se entocar à ocorrência de qualquer perigo. Como ratos, são covardes e omissas. Mas até os ratos têm um limite.
Nossa querida narradora foi agredida brutalmente no colégio, o que culminou em um rosto cheio de cicatrizes e em um trauma insuperável. Por conta disso, ela tem aulas em casa. Sua mãe, Elizabeth, sobre com abusos no trabalho e, mesmo sendo uma advogada, não tem voz quando está em jogo sua vida pessoal. No dia em que completa dezesseis anos, a vida de Shelley muda por completo ao passo que um desconhecido invade sua casa e ameaça a vida dela e da mãe. O que as duas fazem em seguida é inimaginável.
Ratos é um livro muito tenso, misturando, em doses justas, o suspense e o drama. Inicialmente, conhecemos o que aconteceu para que Shelley deixasse de frequentar o colégio, e isso cria uma atmosfera que mostra um grande desenvolvimento da personagem. Se você tem medo de esta ser mais uma obra que demora para engrenar, não se preocupe. A tensão de Ratos é iniciada no comecinho do livro, e, antes mesmo da metade, chegamos no clímax, que é a cena citada na sinopse.
A nossa protagonista, Shelley, almeja ser uma escritora, mas, em seus tenros dezesseis anos, ainda não tem uma escrita definida. O livro é escrito de maneira pontual, com poucas figuras de linguagem e floreios, mas é muito bem-escrito. Ele faz uma extensa análise sobre o que é agir feito um rato, o que é procurar lugares para se esconder, e as pessoas que se consideram ratos podem se identificar com vários trechos.
Apesar disso, eu não acho que a leitura é recomendada para qualquer pessoa. A escrita do autor é muito real, o relato de Shelley é muito real, de modo que pessoas que sofreram maus-tratos podem se sentir incomodadas com algumas passagens. Apesar disso, o efeito pode ser o oposto: o livro pode proporcionar uma força indescritível a essas pessoas. É só lendo para ter certeza do efeito do livro em você.
Eu estava atrás desse livro desde o início de 2016, mas não o encontrava em lugar nenhum. Por fim, um amigo conseguiu achar em um sebo, e pouco após chegar comecei a ler. Acho que você não vai se decepcionar com a obra, que é muito inteligente e surpreendente. O livro é muito empático e tem personagens fortes que se cansam dos terrores que sofrem. Tenho a certeza de que você vai torcer por elas, independentemente do que fizerem.
O que você achou da resenha? Ratos se tornou um dos meus livros favoritos dos últimos tempos. Junto com Grotescas, da Natsuo Kirino, é o meu livro preferido do ano. Conte nos comentários o que achou do conteúdo. Em breve, farei um vídeo sobre o livro.
Obrigado por ler até aqui, e até mais!
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