spoiler visualizartrizsembea 12/06/2024
Comecei esse livro sem ler sinopse e sem grandes expectativas (apesar de conhecer a fama dele). Nas primeiras páginas, senti que estava assistindo algum chick flick dos anos 90 - na minha cabeça os diálogos tinham a narração das dubladoras de As patricinhas de Beverly Hills. Mas, apesar disso, havia sempre um estranhamento ali. Falas, pensamentos, aspectos que denunciavam algo, uma melancolia.
Esther é uma personagem de muita personalidade, e também muitos preconceitos (apesar de reconhecer a época da escrita, foi incômodo ler ela sendo gordofóbica, racista?), mas que ainda consegue ser progressista e até feminista em certo ponto. Quando a melancolia vem, e a redoma da depressão recai sobre ela, é interessante ver como essa identidade não a abandona, mas fica pairando ali, num plano próximo porém intangível. A narrativa vai tomando tons cinzas, capítulos mais longos e arrastados, detalhes visuais mais elaborados. Me senti como ela, vendo os frutos da figueira apodrecendo, o ar pesando, o tempo estagnando. Coisa que a escrita da Sylvia, com o próprio teor autobiográfico, captou de uma forma única. E a incerteza do fim?Estou curiosa para ler mais coisas dela!