Fernando Lafaiete 05/04/2017Monótono, mas MUITO reflexivo!
Existem duas maneiras de se ler um livro. Você pode fazer uma leitura superficial (o que infelizmente é o tipo de leitura que a maioria das pessoas costumam fazer), absorvendo somente o básico e não realizando muita reflexão após o desfecho. Ou você pode realizar uma leitura mais analítica, que te cause algum tipo de ensinamento/impacto ao finalizá-la.
Redoma de vidro é o tipo de livro onde o método superficial dificilmente irá se aplicar. A escrita da autora é simples e muitas vezes monótona. O livro não traz uma narrativa ágil, super envolvente e na minha opinião, não traz nem uma protagonista de fácil conexão. Devido aos aspectos citados, eu acabei demorando pra engrenar na leitura e durante muitas páginas eu achei este livro um saco! Demorei alguns meses para digeri-lo e para conseguir entender a grandiosidade e a importância desta obra na literatura. Mas por que a "análise superficial" não se aplica à esta história? Porque a mudança no comportamento da protagonista é tão real e sútil, que é praticamente impossível não gerar algum tipo de reflexão no leitor.
Pra quem ainda não está familiarizado com este clássico moderno, a autora nos apresenta uma protagonista que se vê em volta com a depressão. Esther Greenwood é uma jovem que trabalha em uma revista de moda e que vai nos apresentando o seu dia-a-dia chato e desinteressante. Mas o que me chamou a atenção, foi o momento em que fica claro que a personagem está de fato depressiva. A mudança comportamental é tão repentina (de um parágrafo para outro), que na hora que acontece, eu senti que havia perdido alguma coisa, e me senti obrigado a voltar alguns capítulos e relê-los.
Neste aspecto o livro consegue ser excepcional. A maneira que a autora deixa claro que a linha que separa o normal do depressivo, é muito tênue e que depressão não é frescura e muito menos brincadeira.
O livro de fato não me cativou, mas eu seria muito sem noção se dissesse que ele não é importante e que não deve ser lido.
Além do fato de toda a situação central ser muito verossímil, tem também o fato desta obra ser meio auto-biográfica. Sylvia Plath sofreu de depressão e devido à isto, acabou se suicidando. O que me deixou meio chocado e que eu também achei incrível, são os sinais que a autora vai liberando aos poucos; como por exemplo, a protagonista ficar falando e pensando o tempo inteiro em se suicidar!
Não é uma leitura fácil... Mas é uma leitura necessária!