recassara 11/03/2024
Sincero, palpável e sensível
A redoma de vidro, de Sylvia Plath, me tocou de uma forma única. Um relato tão genuíno, sincero e real sobre a depressão e o lugar da mulher na sociedade patriarcal é mais que um apelo por mudanças, é revolucionário em si mesmo. Digo isso porque tamanha franqueza da autora faz possível acreditar que, se as experiências e sentimentos relatados podem ser, ao mesmo tempo, tão individuais e coletivos, ao ponto de tocar em aspectos comuns a todas nós, a luta também pode ser comum, unitária e social. É quase impossível não se identificar com a personagem em algum ponto da trama. Em vários, inclusive, me senti ridiculamente exposta, como se estivesse lendo meus próprios pensamentos, vasculhados e arrancados de algum lugar onde se escondem. Desse lugar de sombra, infelizmente, a Sylvia entende como ninguém. Certamente para aqueles que não temem as profundezas, e aquilo que é tão sórdido porque é real, vale muito a leitura.