Paulo Siqueira 11/09/2011
Opnião de Aparecido Raimundo de Souza,
Homem que chora nos faz cativo da sua sensibilidade
(*) Aparecido Raimundo de Souza.
Paulo Siqueira magistralmente deu vida e forma a João, como Eróstrato, no século IV a.C., incendiou o templo de Diana em Éfeso, uma das sete maravilhas do mundo.
Não contente engrandeceu Maria tal como o Visconde de Cambronne, General Pierre Jacques Étienne se auto promoveu a famoso em Waterloo, em 1815, não por ter lutado como um soldado, mas por ter dirigido aos ingleses inimigos, segundo Victor Hugo, em Os Miseráveis, um palavrão de cinco letras, hoje citado eufemisticamente como “mot de Cambronne”.
Juntou, depois, o casal, numa historia simples, ambientalizada no cotidiano de cada um de nós, sem banalizar a vida ou deixar de lado seus dramas e desassossegos mais corriqueiros.
É isso que faz de Um homem que chora um romance único, ímpar, formal, versátil, não só por seus nuances e delicadezas, como igualmente pela construção das falas que, no seu poder de persuasão, prende o leitor do começo ao fim do enredo.
Singelo e bucólico, Paulo Siqueira prima pela lealdade da trama. Encanta pela solidariedade do sofrimento compartilhado entre os personagens, e, sobretudo, envolve pelo lirismo transparente da sensibilidade na construção do tema central que se desenvolve sem meios termos e nos envolve literalmente falando.
Dona Raimunda de semblante suave e sério é uma personagem intocável, apesar da sua decrepitude. Como a velha Brastemp azul e o cachorrinho Kid pidão, que nos transporta, de repente, as aventuras de Sandokan, de Emílio Salgari, ou pelas de capa e espada dos Pardaillans, de Michel Zevaco, ou ainda, pelos roubos de Arsène Lupin, de Maurice Leblanc.
A gravidez de Maria, o nascimento das gêmeas faz parte de um mundo encantado e intransponível, mágico e envolvente, onde só João tem o direito de entrar e viver intensamente os seus melhores momentos ao lado da sua Maria, a mulher amada. A história, como um todo complexo, é, portanto real, dentro, claro, de um imaginário inverossímil. Revela a rota intermediária do homem pela conquista do seu espaço dentro do contexto da irreverência do amanha que lhe afigura incerto.
No geral, o que no livro se constata, é o aumento expressivo da solidificação do homem Paulo Siqueira como um escritor de futuro brilhante e politicamente promissor.
(*) Aparecido Raimundo de Souza, 58 anos é escritor e jornalista.