desencaixados 02/05/2017
Uma história profunda, mas um superficial
Cátia é uma jovem que trocou a realidade pelos efeitos alucinantes de drogas lícitas e ilícitas. A jovem vive em becos com amigos, assim trocando o dia pela noite e chegando em casa totalmente drogada e com odores que sua família reprimia. Tudo começou quando sua mãe conversou com seu pai sobre seus novos atos e costumes, achando que era fases de adolescentes seu pai aceitou a situação da filha, colocando em mente que em questão de meses aquilo acabaria.
O que não passava de apenas experimentos tornou-se vícios, e desses vícios levou Cátia à beira da morte. Tudo aconteceu quando ela voltava de mais uma madrugada rotineira, com forte cheiro de álcool e totalmente drogada. Chegando em casa ela discutiu com os pais, pois não aceita ir para uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, mas fora surpreendida com que aconteceu após a briga.
Irritada e não aceitando a proposta e decisão dos pais, Cátia sobe para seu quarto, tranca a porta e se joga na cama, achando que estava em um sonho ela se surpreende com a situação em que encontrava. Deitada, dentro de um alojamento triste e cinzento, ela se vê em um local que nunca ouviu falar. Com uma espelho na parede, refletindo uma imagem totalmente chocante, ela se assusta, mas fica mais assustada ainda quando percebe que onde estava o seu coração, não tinha nada, apenas um buraco.
Sem entender o que estava acontecendo, ela busca por socorro e percebe que não havia só ela naquela situação. Cátia estava em uma cidade com inúmeras pessoas andando pelas ruas e saindo de seus conjugados. Tudo era novidade, mas a novidade mais impactante de todas, fora relevado quando Cátia descobre que seu coração estava ferido e que acabara de ganhar uma segunda chance para restaurar e reconhecer a vida boa que teve e que infelizmente jogou no lixo.
"... As palavas de Cátia doíam em seus peitos, mas nada castigava mais aqueles pais do que ver a filha, a doce e amada menina, tone-se aquele monstro. (página 18)"
Corações em Fase Terminal, da Fabiane Ribeiro é um drama publicado pela Universo dos Livros em 2014 e retrata nitidamente a segunda chance que a vida nos proporciona. Posso começar dizendo que o livro tinha tudo para ser maravilhoso, mas eu não tive uma experiência muito boa, por causa de só uma coisinha.
Como informei na premissa, Cátia é uma adolescente rebelde e que se acha a dona da razão, infelizmente Cátia é uma personagem que retrata a realidade de muitas pessoas, inclusive do Brasil, local que a história é inicialmente habitada — Rio de Janeiro. Creio que a autora procurou colocar nos personagens personalidades internas e externas que nós, brasileiros, estamos acostumados a deparar pelas ruas, em nossas famílias e nos clico sociais. Esse é um ponto muito relevante da história, pois a característica de cada personagem nos deixa mais à vontade em fazer a leitura da obra, o que colabora para o nosso autorreconhecimento.
O cenário que a autora criou é bem diferente do que tenho o costume de ler, nele as pessoas têm uma missão, tem um problema e, além disso, são recepcionadas e selecionadas para resolverem os seus problemas. O legal de tudo isso, é que o problema de cada um é retratado no coração, ou seja, os personagens não tem o coração no corpo, eles carregam o tempo inteiro uma caixa com o coração dentro e cada coração está em uma situação precária diferente um do outro. E o intuito deles, ali naquele “mundo”, é restaurar o coração e aceitar a segunda chance, mas a grande missão deles é amar um ao outro, ajudar um ao outro e jamais serem egocêntricos ao pensar em si mesmos.
"Se aquela era sua verdadeira imagem, sua alma, com dissera o amigo, ela teve certeza de que realmente levaria muitos séculos até que salvasse a si própria. (página 45)"
Creio eu que a autora pensou bastante antes de escrever a história, mas infelizmente eu tive um grande problema com a obra por causa de uma coisinha. Como apresentado na ficha do livro, ele é curto, têm apenas 142 páginas, e antes de fazer a leitura dele eu fiquei com grande medo da quantidade de páginas, vou explicar o motivo. Livros curtos têm uma grande chance de serem superficiais, ainda mais quando o livro trata de assuntos diversos como Corações em Fase Terminal, e infelizmente isso aconteceu com a obra. O foco da autora não é o que me incomodou, mas eu, como admirador do assunto fiquei triste ao saber que a autora não aprofundou na história. Acho que ela aprofundasse o livro séria impactante e surpreendente, além disso, passaria uma mensagem mais forte do que passa. E devido essa falta de aprofundamento, eu acabei lendo sem ter nenhuma emoção, e isso me acarretou bastante, pois fiquei uma semana lendo um livro que leria em questão de horas. Esse foi o único problema que tive, mas ele acabou proporcionando mais problemas que me incomodou.
Analisando várias vezes o motivo da autora não aprofundar na história, eu cheguei em uma conclusão meio que válida. O foco da história é você reconhecer como temos o poder de achar o errado algo certo, além disso, a história nos ensina "lidar" com nossos problemas e como podemos saber qual é o nosso maior problema. Por tanto, acho que o livro é dedicado para aqueles que têm a vida conturbada como a de Cátia e os outros personagens, talvez você pode até visualizá-lo como autoajuda, mas posso te dizer que não é, pois na ficha é considerado um romance, drama e fantasia. É um drama por causa da vida dos personagens, um romance por causa da relação de alguns personagens e fantasia por causa do mundo em que Cátia se encontra, que lembra bastante a Terra e a visão dos cristãos.
"... A beleza daquele passeio não estava apenas na exuberante paisagem ao redor. A beleza estava também ali, dentro de cada vagão. A beleza estava em cada pessoa, em cada vida, em cada história. Cátia ainda tinha muito que aprender. (página 52)"
O trabalho gráfico interno e externo do livro está maravilhoso. A capa é muito bem trabalhada e condiz muito com a história, no início do livro tem uma ilustração que eu achei muito fofa e para facilitar para alguns leitores também tem um sumário. A fonte do livro é ótima, o tamanho dela e o espaçamento entre linhas também são ótimos, o que colabora para uma leitura mais engrenada. Só encontrei um problema de gráfica no livro, uma página teve um cantinho rasgado e algumas páginas tinham as letras meio que borradas e/ou em negrito. São probleminhas irrelevantes, e que não prejudica a leitura.
Por tanto, eu não vou direcionar a indicação do livro para determinado público, muito pelo contrário, não indicarei para aqueles que gostam de histórias profundas e que fogem de serem superficiais, pois tenho quase a certeza que a experiência não será muito agradável, e é muito melhor você ler algo que te agrada, do que ler aquilo que não é meu do seu gosto e sair falando negativamente da história. Mas caso você não liga para uma história não muito aprofundada, faça a leitura de Corações em Fase Terminal, você vai gostar!
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