Márcia 21/01/2011Os coroas portugueses fazem festa no Brasil!
Depois de algum tempo afastada da pouco estimada literatura nacional, resolvo dar novamente uma oportunidade para André Vianco – num país onde literatura fantástica é escassa (de qualidade, então!) o autor é tomado como um mestre de tal gênero. Discordo. André Vianco lá fora não teria nem a sombra do sucesso que tem aqui como autor de aventura/terror ou mesmo apenas de fantasia. Seu estilo é cansativo, irritante e arrisco até amador.
Estou um pouco hesitante ao escrever para “Os Sete” pois faz um tempo que li esse livro – alguns meses – e nesse meio tempo li mais alguns títulos do autor, ou seja, minha opnião sobre o André Vianco se modificou ao decorrer das experiências que tive depois de “Os Sete”. Farei o possível para esboçar apenas minhas considerações especificamente para esse título.
Logo no início não promete muito. O autor descreve a descoberta da grande caixa de prata que, sabemos nós leitores, contém os 7 vampiros do Rio D’Ouro. A partir daí uma sucessão de acidentes incovenientes resulta na libertação dos malditos do sono secular. Os vampiros, um a um, acordam no Brasil, séculos depois de amaldiçoados e adormecidos para descobrirem o século XXI e todas as suas “engenhocas mágicas”.
Em “Os Sete” a imaginação de André Vianco se torna tão brilhante que não notei os erros de sintaxe, os parágrafos exaustivamente longos e as milhares de frases desncessariamente entrecortadas. Prova de que o talento do autor é suficiente para amenizar seus maus hábitos na escrita.
Os vampiros criados pelo Vianco são seres originais, cada qual com uma especialidade cedida, segundo o autor, pelo próprio Diabo. As criaturas são fascinantes tanto em seu modo de refletir sobre o novo mundo em que acordam e passam a habitar quanto em como passam a interagir nele; com os humanos – as caças – do novo século, que agoram andam armadas e não têm medo do escuro e de seus demônios, mas sim uns dos outros.
Os Sete “irmãos” são tão cativantes que por vezes me peguei a pensar: "Adorando isso aqui, mas, afinal de contas, esses vampiros são bestas feras indomáveis, crueis, ou são apenas dois seres da noite solitários que só atacam se precisam?” Durante a leitura acreditei que essa característica fosse um pecado do autor na constução dos personagens, mas, bobagem!, essa ambiguidade das personalidades vampíricas só enriquece os personagens, deixando-os mais interessantes e menos clichês.
Não se enganem, esses vampiros são letais. Tanto nos velhos modos – usando as presas –, como do jeito original de Vianco – tempestades torrenciais a qualquer hora desejada e congelamento instantâneo das caças.
Encantada em meio a tantos bons personagens algo estranho me escapava. Sempre a narrativa enjoativa do autor martelando meus olhos. No entanto, na minha cabeça só havia espaço para Os sete vampiros mais carismáticos que já conheci. Esse carisma todo deve-se muito ao tato que o autor teve ao apresentar o novo século para seus pupilos imaginários. Ora, pois, vampiros portugueses do século passado no Brasil tem é muito graça!
Criatividade, originalidade e muito ação num livro que, se mais revisado, editado e, enfim, trabalhado, seria um grande espetáculo nacional.