Vilamarc 04/11/2019Pioneirismo sofridoLi Viagem Solitária e foi muito importante para mim como pessoa.
É um livro bastante instrutivo sobre a vida das pessoas trans. Especialmente por ter sido ele, um pioneiro, um bandeirante que começou a fazer trilha onde não havia.
Tudo o que enfrentou demonstra a angústia de pessoas que nascem prisioneiros em um corpo no qual não se reconhecem e sofrem.
O livro demonstra todo o percusso, verdadeiro calvário a ser percorrido, com o agravante que cada etapa vencida, mesmo na ilegalidade, gerava novos desafios imprevistos e sem exemplos em que se apoiar.
Tudo virou desafio... o corpo feminino, a menstruação (monstruação), a família, o trabalho e o emprego, os amigos, a sociedade, o vestuário adequado, os relacionamentos (contei 7 esposas), a prática do sexo, a falta do saco escrotal após a cirurgia, a adoção do filho, a separação, a guarda judicial do filho, a falta de documentos civis...
Uma vida realmente difícil, mas encarada com muita perseverança.
Do ponto de vista literário é uma autobiografia com capítulos breves, sem muito requinte, até com repetições, que requer sempre desconfiança do leitor. P. Ex. As separações não são esclarecidas. Não deu mais, virou a página... outra, há um machismo implícito nas atitudes em relação as parceiras, e a escrita em retrospecto tenta construir a ideia de sempre fui um menino que contrasta com a própria ideia da construção do gênero.