Paulo Sousa 30/04/2020
Ricardo III, de Shakespeare
Leitura 22/2020
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Ricardo III [1593]
Orig. Richard III
William Shakespeare (Inglaterra,1564-1616)
L&PM, 2007, 192 p.
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?Eu tinha um Eduardo, até que um Ricardo o matou; eu tinha um marido, até que um Ricardo o matou; vocês tinham um Eduardo, até que um Ricardo o matou; vocês tinham um Ricardo, até que um Ricardo o matou? (Pág no iBooks 131).
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Ricardo III, de autoria do dramaturgo e escritor inglês William Shakespeare, é uma peça de teatro muito boa e narra uma parcela da história da Inglaterra. Encenada pela primeira vez ainda em fins do século XVI, teve bastante sucesso ao rememorar o fim da chamada Guerra das Rosas, conflito que começou com a corrida para a sucessão do trono da Grã-Bretanha.
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O autor traz ao público a celeuma entre as Casas de York e Lancaster pelo trono inglês, assim como a ascensão e a queda do último dos reis Plantageneta, criando um vilão sem pudores, sem culpa, mas possuidor de um estranho apelo ao público.
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A peça é relativamente comprida, que além do próprio Ricardo, é recheada de personagens vários com muitos núcleos distintos. É nesse meio que Ricardo vai utilizando seus ardis para manipular e, sucessivamente, eliminar todos os seus concorrentes ao trono, manobra que logo o fez ascender na condição de rei. Ele não exita em mandar matar crianças, parentes seus e herdeiros naturais da coroa bem como todos aqueles que o contrariem. É um sádico, um ególatra e Shakespeare pintou o retrato de um rei cruel e perverso.
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Contrariando a opinião de Tolstói, o grande mestre da literatura russa, que num ácido ensaio parte do livro ?Os últimos dias?, onde criticou veementemente toda a obra do Bardo por achá-la artificial e mal escrita, resolvi experimentar um pouco do texto Shakespeariano e Ricardo III foi certamente um bom começo! Em algumas partes, vendo como o vilão construía o momento para o golpe que daria para ascender ao trono, me lembrei de Frank Underwood, o sádico político que brilhou na série House Of Cards, baseada no livro homônimo, que também li. Ali, como na sanha de Ricardo pelo poder, o que se pode ver é que há um mecanismo que move homens inescrupulosos por poder e domínio. Não se compara à ?virtù? de ?O Príncipe? de Maquiavel, mas o mero desejo de subir, aniquilando toda e qualquer oposição.
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Foi bom ter lido este livro. Apesar de antigo, é estranhamente atual. Seria muito ver ter a experiência de assistir a peça encenada. Vale!