Ricardo III

Ricardo III William Shakespeare




Resenhas - Ricardo III


48 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4


Aline330 20/06/2023

Gostei bem mais lendo pela segunda vez, agora depois de ter lido toda a Henríada. Esta peça fecha muita coisa das anteriores, apesar de Shakespeare não ter escrito em sequência (o que é mais surpreendente). Ricardo III é o tipo de vilão interessante que amamos odiar.
comentários(0)comente



Aline 29/08/2016

Um vilão carismático
Em Ricardo III, Shakespeare retrata o fim da Guerra das Rosas (conflito entre as Casas de York e Lancaster pelo trono inglês), assim como a ascensão e a queda do último dos reis Plantageneta, criando um vilão sem pudores, sem culpa, mas com um estranho apelo ao público.


Logo no início da peça, Ricardo, então duque de Gloucester já deixa claro para o público suas intenções de conseguir a coroa da Inglaterra e para tanto vai tirando do caminho qualquer um que possa se interpor, como seu irmão Jorge, duque de Clarence.

” E assim, já que não posso ser amante que goze estes dias de práticas suaves, estou decidido a ser ruim vilão e odiar os prazeres vazios destes dias […]

Armei conjuras, tramas perigosas, por entre sonhos, acusações e ébrias profecias, para lançar meu irmão Clarence e o Rei um contra o outro, num ódio mortífero […]”

Ricardo III, Ato I, cena I.

Com a morte do rei Eduardo IV, seu filho (também Eduardo) deve ascender ao trono, mas por ainda ser criança, ele deve ser guiado por conselheiros mais velhos. É então que vemos todas as intrigas de uma corte, quando se formam facções entre os tios maternos do garoto e seu tio Ricardo e seus partidários para tomar conta do jovem príncipe.

Essa é uma peça bastante difícil de resenhar, pois ela é extensa e conta com vários personagens e núcleos distintos. Basta dizer que Ricardo elimina todos para chegar ao poder e se declara rei da Inglaterra. Na História, os dois príncipes filhos de Eduardo IV (portanto os legítimos herdeiros do trono) desaparecem misteriosamente da torre de Londres e até hoje só se especula sobre o que aconteceu com eles. Na peça, Shakespeare faz Ricardo mandar matar os dois sobrinhos e assim entrar para o imaginário popular como um dos mais perversos reis ingleses.

Ricardo é um vilão um tanto quanto caricato. Ele está sempre cercado de comparsas para executarem seus crimes, e se mostra muito manipulador, sempre conseguindo com que as pessoas ao seu redor concordem com o que ele deseje. Além disso, sua interação com o público criam uma ligação com o personagem, algo que me lembrou bastante o Iago de Otelo (essa peça viria bem mais tarde na carreira do bardo).

Ricardo III é repleta de personagens! Tanto que muitas vezes eu nem lembrava quem era partidário de quem. Mas aquelas que mais me chamaram atenção foram as mulheres. Margareth, viúva do antigo rei Henrique VI, aparece para esbravejar e jogar maldições contra todos os que tiveram alguma ligação com sua tragédia. A duquesa, mãe dos irmãos de York, mostra que sempre viu a maldade existente no filho Ricardo, mesmo enquanto ele conseguia enganar a todos. E a rainha Elizabeth, viúva de Eduardo IV, participa de minha cena preferida da peça. Um diálogo em que Ricardo tenta convencê-la a que ele case com sua filha e tenta justificar seus crimes, aos quais Elizabeth rebate um por um. Foi essa cena que me deixou morrendo de vontade de assistir alguma adaptação da peça.

Apesar dessa obra ter uma linguagem mais fácil do que as outras peças históricas, recomendo que leia quem tiver um conhecimento sobre a Guerra das Rosas e quem é quem na história e/ou já tiver lido as três peças de Henrique VI. São muitos Ricardos, Eduardos e Henriques, o que pode frustrar quem pegar essa peça em particular sem ter um conhecimento prévio.

Vi em outras resenhas que essa é uma peça de Shakespeare considerada imatura, afinal ela foi escrita durante a fase de aprendizado do dramaturgo. Mas eu consegui me divertir. Tem intrigas políticas, maldições, diálogos interessantes e retrata um dos meus períodos favoritos da história inglesa.

site: lequeliterario.wordpress.com
comentários(0)comente



isa.dantas 30/04/2017

Um vilão tão cara de pau que chega a nos divertir! Ótima peça!
comentários(0)comente



David Ariru 26/08/2019

A autoconsciência e o exercício da força
Ricardo III é um personagem extremamente controlador, e demonstra durante toda a peça também um autocontrole absoluto. No entanto, ao final da trama, que também é o seu fim, ele nos deixa uma mensagem: ninguém sai incólume depois de tanta maldade. E o que nos diz isso não é o simples fato do mocinho vencer o vilão, o que estaria nos moldes de uma mera obra moralista. O que mais chama a atenção no crepúsculo dele, é o seu enorme peso na consciência, a ponto de beirar a loucura. Ricardo III vê contra si todos os argumentos do mundo, e assim, não consegue aceitar-se ou até admirar-se consigo, o que em partes da peça havia acontecido. Ele olha aterrorizado para todas as maldades que praticou, todas as mortes pelas quais é responsável, e que cometeu para conquistar a coroa da Inglaterra. Mas, antes de morrer, tão desesperado quanto os fantasmas de suas vítimas rogaram que estivesse, chega a oferecer tudo aquilo pelo que lutou por uma coisa tão simples; um cavalo.
Na loucura de matar Richmond, ele profere a célebre frase, mas por que entregar tudo que conquistou em troca de uma chance de matar aquele homem? Talvez porque Richmond sintetize toda a antítese dos adversários de Ricardo III, colocados como prudentes e honrados. Talvez porque apresenta a Ricardo o que ele não é, e sabe que não é. Pois, no fim, diz a si mesmo: “Não há criatura que me ame, e se eu morrer, ninguém me lamentará... E porque o fariam, se eu próprio em mim próprio por mim próprio não encontro dó?”
Além disso, a coroa não parece ser exatamente seu grande objetivo, apenas um passatempo. Algo difícil de realizar e que iria requerer muitas perversidades. É como diz no início da peça: “neste ocioso e mole tempo de paz, não tenho outro deleite para passar o tempo afora a espiar a minha sombra ao sol e cantar a minha própria deformidade. E assim, já que não posso ser amante que goze estes dias de práticas suaves, estou decidido a ser ruim vilão e odiar os prazeres vazios destes dias.”
Assim, acostumado a tempos difíceis, a ser menosprezado e malvisto, ele assume que tem a natureza realmente perversa e dá início a sangrenta empreita pelo trono. Com sua autoconsciência, chega a se impressionar do que é capaz. Conquistar o Reino da Inglaterra, na verdade, nunca foi o motivo verdadeiro por trás das suas ações. O que ele queria mesmo era se fazer valer, mostrar que poderia fazer o que quisesse, ser temido e respeitado por suas conquistas: manipular, matar, trair, não importando os meios.
É por isso que no fim ao encarar adversários que, tidos como honrados e justos, pretende matar desesperadamente o símbolo principal daquilo que ele não é: Richmond. O homem cuja a própria existência funciona como uma acusação da índole de Ricardo III, uma figura representativa de toda objeção contra seus pecados. O protagonista chega ao ponto de praticamente se entregar à morte para tentar aliviar sua pesada consciência destruindo este símbolo.
Há ainda outra abordagem que pode agregada a essa, embora um pouco diversa. É que Ricardo, nunca antes amado; ensinado a viver em tempos de conflitos; acostumado a ser respeitado apenas através de batalhas; enfim, tido como um erro da natureza (“vergonha do ventre da tua mãe”.) consolidou para si uma personalidade agressiva.
Ele é uma pessoa que acaba se vendo em tempos de paz, bem diverso de tempos anteriores. Mas ele é como uma espada afiada que não serve para abraços e carinhos. É um homem bom para tempos turbulentos, isso é a única coisa que ele conhece. Maquinações, oratória capciosa, galanteios deslavados, dissimulações, frieza... possui todas as qualidades necessárias para tempos difíceis, sendo um exímio sobrevivente. Então, o que fazer depois que tudo é calmaria e a paz parece finalmente se acomoda no reino?
Ora, é exatamente por ser bom no que faz que ele se sente impelido a fazê-lo. Se uma espada foi feita para contar, então que corte, e corte com maestria! Ricardo III é apenas um homem se exercitando, testando seu poder e seus inegáveis talentos. Obtidos ambos ao longo de uma vida onde ele tinha que ser duro para viver e ser respeitado, ou ao menos temido. E qual melhor posição para se afirmar como forte a valente que o trono de um grande reino? É por isso que, até o fim, tenta fazer recair sua ira e poder em todos que tentam desafiá-lo. E se irrita com qualquer coisa que possa se lhe apresentar como uma ameaça. Principalmente Richmond, centralizador de todos seus adversários; os vivos e os mortos. E busca, assim, matá-lo com as próprias mãos.
Como disse, esta é uma perspectiva que não anula a primeira. Até porque esta obra, assim como os outros clássicos, nunca se esgota de interpretações e perspectivas de leituras. E até análises contraditórias por vezes parecem ser ambas plausíveis.
Peregrina 24/03/2020minha estante
Resenha excelente!




Duda 06/08/2023

Mergulhai pensamentos, fundo, fundo na minha alma.
Ricardo III é a peça de histórica de Shakespeare sobre a ascensão de Ricardo III da Inglaterra e os atos maquiavélicos que o fizeram chegar ao trono, tudo isso no contexto da Guerra das Rosas.
O desaparecimento de seus dois sobrinhos na Torre de Londres foi o que consagrou a infâmia de Ricardo.

Entretanto, nem tudo nessa peça aconteceu de verdade.

Shakespeare usou de muita licença poética para retratar esse rei como esse tão ruim vilão, vamos começar da aparência de Ricardo, que não era tão horrível assim.
Eu gostei da peça porque me interesso bastante pela Guerra das Rosas e o rei vilão é muito interessante.
Importante dizer que a peça e o própria Guerra das Rosas mostra como as monarquias antigas eram podres, repletas de intrigas, traição e ambição pelo poder. E isso faz que vejamos que a vida dos reis, as rainhas e nobres em geral, não são eram/são tão glamourosos.
É uma das minhas peças preferidas, adoro esse período da história da Inglaterra.
comentários(0)comente



Luiza 19/01/2023

Minha primeira peça histórica
Comecei minha primeira peça histórica de Shakespeare meio errada (mas faz parte da vida como leitora): a começar minha edição não é a que marquei no Skoob, é a do box da Nova Fronteira, mas eu queria marcar as peças separadamente para não ficar com os livros do box na parte de ?lendo? por meses e meses. Ricardo III é a primeira peça do volume de peças históricas do box, e eu me pergunto se a curadoria não percebeu que, na verdade, ela é a continuação da peça Henrique IV, apesar de a tradutora, Bárbara Heliodora, nos dar essa informação logo na introdução.
Enfim, como eu já era familiarizada com essa parte da história da Inglaterra (os Plantagenetas e a Guerra das Rosas), eu acabei não sofrendo muito, apenas dei uma revisada na sucessão do trono e no conflito em si. E eu adorei a peça! Ricardo III adquiriu a fama de um dos mais terríveis reis da Inglaterra, embora não saibamos se todos os fatos (narrados por Shakespeare ou por outros) sejam reais ou 50% real 50% aumentado hahahahahah. Mas é muito interessante ver como a trama vai se desenrolando e como Ricardo III vai acabando com todo mundo em seu caminho. As últimas cenas são de arrepiar!
Só para complementar: que loucura terem encontrado o corpo de Ricardo só em 2012 e ainda embaixo de um estacionamento! Impressionante!
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Fernanda631 13/10/2022

Ricardo III
O livro é cheio de reflexões, que abordam principalmente a ambição e as relações humanas. Ler Shakespeare deveria ser obrigatório.
Essa é uma peça de Shakespeare considerada por várias pessoas como imatura, afinal ela foi escrita durante a fase de aprendizado do dramaturgo. Tem intrigas políticas, maldições, diálogos interessantes e retrata um período da história inglesa.
Ricardo III foi o último rei da dinastia Plantageneta e também o soberano que lutou até a morte na Guerra das Rosas, que colocou no poder a dinastia Tudor. Porém, o Ricardo III que Shakespeare imortalizou neste drama não é apenas um personagem histórico. Shakespeare nos apresenta a um homem sagaz, ambicioso e carismático, disposto a tudo para conseguir destronar seu irmão Eduardo e tornar-se rei da Inglaterra, usando de artimanhas, estratagemas e violência. Com ironia e inteligência, Ricardo monta alianças com os mais inesperados personagens provando que todos estão atrás do mesmo objetivo: saciar suas ambições pessoais.
Ricardo III é o personagem principal, um homem sedento de poder, disposto a qualquer coisa para atingir os seus objectivos, mas não de um forma aberta e franca. Ricardo iii é uma obra impressionante por sua atualidade ao investigar as relações humanas de forma fria e, ao mesmo tempo, encantadora.
Shakespeare retratou Ricardo III exagerando-lhe as características físicas de feiúra e sua maldade pessoal, criando um vilão fascinante aos olhos do leitor. Além disso, os diálogos elaborados pelo autor no fim do século XVI chegam ao século XXI, por meio desta tradução, em toda a sua força, carregados de maldades, ressentimentos e ódios à flor da pele, legítimos duelos verbais.
Em Ricardo III, Shakespeare retrata o fim da Guerra das Rosas (conflito entre as Casas de York e Lancaster pelo trono inglês), assim como a ascensão e a queda do último dos reis Plantageneta, criando um vilão sem pudores, sem culpa, mas com um estranho apelo ao público.
Logo no início da peça, Ricardo, então duque de Gloucester já deixa claro para o público suas intenções de conseguir a coroa da Inglaterra e para tanto vai tirando do caminho qualquer um que possa se interpor, como seu irmão Jorge, duque de Clarence.
Essa é uma peça bastante difícil de resenhar, pois ela é extensa e conta com vários personagens e núcleos distintos. Basta dizer que Ricardo elimina todos para chegar ao poder e se declara rei da Inglaterra. Na História, os dois príncipes filhos de Eduardo IV (portanto os legítimos herdeiros do trono) desaparecem misteriosamente da torre de Londres e até hoje só se especula sobre o que aconteceu com eles. Na peça, Shakespeare faz Ricardo mandar matar os dois sobrinhos e assim entrar para o imaginário popular como um dos mais perversos reis ingleses.
Ricardo é um vilão um tanto quanto caricato. Ele está sempre cercado de comparsas para executarem seus crimes, e se mostra muito manipulador, sempre conseguindo com que as pessoas ao seu redor concordem com o que ele deseje.
Aquelas que chamam muita atenção na minha opinião são as mulheres. Margareth, viúva do antigo rei Henrique VI, aparece para esbravejar e jogar maldições contra todos os que tiveram alguma ligação com sua tragédia. A duquesa, mãe dos irmãos de York, mostra que sempre viu a maldade existente no filho Ricardo, mesmo enquanto ele conseguia enganar a todos. E a rainha Elizabeth, viúva de Eduardo IV, participa de minha cena preferida da peça. Um diálogo em que Ricardo tenta convencê-la a que ele case com sua filha e tenta justificar seus crimes, aos quais Elizabeth rebate um por um.
Apesar dessa obra ter uma linguagem mais fácil do que as outras peças históricas, recomendo que leia quem tiver um conhecimento sobre a Guerra das Rosas e quem é quem na história e/ou já tiver lido as três peças de Henrique VI. São muitos Ricardos, Eduardos e Henriques, o que pode frustrar quem pegar essa peça em particular sem ter um conhecimento prévio.
Uma dica: A repetição de nomes de personagens históricos gera dificuldade na compreensão da peça. Reler é imprescindível.
É simplesmente maravilhoso ver como ele trás para as suas peças o que existe de melhor e de pior no ser humano. Além de podermos ter um vislumbre da história da época e lugar onde as estórias acontecem.
Recomendo a leitura!
comentários(0)comente



Gláucia 17/11/2014

Ricardo III - William Shakespeare
Tem sido uma experiência um pouco trabalhosa a leitura dessas peças, já disse algumas vezes que não se trata para mim de entretenimento puro mas tem valido a pena. Talvez por ter sido a quarta quinta obra lida, pareço já estar mais habituada ao estilo, foi um pouco mais fácil.
Ricardo III se revelou um vilão sanguinário e inescrupuloso, cheguei a me divertir com algumas passagens com suas falas. Mas ele não se mostrou nada esperto, sua sede pelo poder parece tê-lo cegado; ou faltou mesmo inteligência e diplomacia para efetivamente manter o posto usurpado.
Descobri ser daqui uma das frases mais conhecidas do autor: "Meu reino por um cavalo!".
PC_ 30/11/2014minha estante
Sugiro que assista às peças, fica mais fácil a compreensão da obra. Recentemente foram encenadas ricardo iii e rei lear, em 2 excelentes adaptações, a primeira com chico carvalho e a segunda com juca de oliveira, foram atuações brilhantes. Muitas vezes a leitura de uma peça não é por si capaz de nos dar elementos suficientes para sua imediata visualização/compreensão, até os diretores de teatro e cinema muitas vezes ficam confusos. Sugiro que assista Looking for Richard de Al Pacino para ter uma ideia do que disse.




Marcelo H S Picoli 07/10/2021

Ricardo III - Willian Shakespeare
?Consciência é uma palavra usada pelos covardes para incutir medo aos fortes.?

O livro é cheio de reflexões, que abordam principalmente a ambição e as relações humanas.
comentários(0)comente



Kurth 11/03/2023

Absurdo
Comecei a ler com altas expectativas, elas foram ultrapassadas.
Ricardo III, peça histórica ambientada no seculo XV durante a Guerra das Rosas, retrata cruamente o ser humano, o famigerado animal político.
"Ricardo: as eu, que não fui moldado para
jogas nem brincos amorosos, nem feito para cortejar um espelho enamorado. Eu, que rudemente sou marcado, e que não tenho a majestade do amor para me pavonear diante de uma musa furtiva e viciosa, eu, que privado sou da harmoniosa proporção, erro de formação, obra da natureza enganadora, disforme, inacabado, lançado antes de tempo para este mundo que respira, quando muito meio feito e de tal modo imperfeito e tão fora de estação que os cães me ladram quando passo, coxeando, perto deles. Pois eu, neste ocioso e mole tempo de paz, não tenho outro deleite para passar o tempo afora a espiar a minha sombra ao sol e cantar a minha própria deformidade. E assim, já que não posso ser amante que goze estes dias de práticas suaves, estou decidido a ser ruim vilão e odiar os prazeres vazios destes dias."
É absurdo.
Leia, apenas.
comentários(0)comente



Fernanda631 21/01/2023

Ricardo III - William Shakespeare
Ricardo III foi escrito por William Shakespeare e publicado em novembro de 1633.
A grande maioria das peças tem uma riqueza não apenas literária, mas filosófica, psicanalítica e política. Shakespeare foi, sem dúvida alguma, ao lado de Miguel de Cervantes, o maior poeta da literatura mundial.
Em Ricardo III, Shakespeare retrata o fim da Guerra das Rosas (conflito entre as Casas de York e Lancaster pelo trono inglês), assim como a ascensão e a queda do último dos reis Plantageneta, criando um vilão sem pudores, sem culpa, mas com um estranho apelo ao público.
Logo no início da peça, Ricardo, então duque de Gloucester já deixa claro para o público suas intenções de conseguir a coroa da Inglaterra e para tanto vai tirando do caminho qualquer um que possa se interpor, como seu irmão Jorge, duque de Clarence.
Com a morte do rei Eduardo IV, seu filho (também Eduardo) deve ascender ao trono, mas por ainda ser criança, ele deve ser guiado por conselheiros mais velhos. É então que vemos todas as intrigas de uma corte, quando se formam facções entre os tios maternos do garoto e seu tio Ricardo e seus partidários para tomar conta do jovem príncipe.
Nesta peça Ricardo III é o personagem principal, um homem sedento de poder, disposto a qualquer coisa para atingir os seus objetivos, mas não de um forma aberta e franca. Ricardo é um mestre do disfarce e só revela as suas verdadeiras intenções e pensamentos nos solilóquios.
No primeiro solilóquio, Ricardo dá a conhecer ao espectador que a casa de York trouxe estabilidade a Inglaterra. Estabelece uma comparação entre a situação presente e aquilo que era o passado e faz uma avaliação. Segundo ele os soldados encontram-se ociosos e o país já esteve em melhor situação. Ricardo faz também a sua auto-caracterização física e psicológica, confessando o seu desconforto com a situação atual e opondo-se por isso ao resto das personagens.
A forma como ele se descreve, leva o espectador a crer que ele é uma ferramenta para o mal, já que a sua natureza não o deixa ser um amante. Ao fazer a sua descrição e a dos outros percebemos que ele tem um profundo conhecimento da natureza humana e que tira proveito disso para os manipular. Ele nunca age diretamente, usa os outros para obter os seus objetivos.
O primeiro objetivo da sua estratégia é não deixar sucessores diretos ao trono quando o rei morrer.
Anne, viúva, acompanha o marido morto, expressa o seu lamento num monólogo e depois assistimos ao diálogo entre Ricardo e Anne. Neste diálogo Anne amaldiçoa-o, mas Ricardo toma uma atitude de submissão para tentar conquistá-la, é persuasivo para tentar controlar as atitudes e sentimentos de Anne. Diz-lhe que ela é uma deusa com poder transformador e chega mesmo a entregar-lhe a sua espada e confessar alguns dos seus crimes. Ela fica contente com o aparente poder que exerce sobre ele e a dúvida instala-se na sua mente, até ao ponto em que deixa cair a espada, mostrando com esse gesto que aceita os argumentos dele.
Neste novo solilóquio Ricardo faz o seu auto-elogio e também revela o seu desprezo por Anne. Por um lado sente-se orgulhoso pelos seus feitos e até se compara ao príncipe morto, no entanto quando fala dela diz sentir desprezo pela fraqueza dela, como se ela tivesse sido infiel. Ele distancia-se de si mesmo, vê como realmente é e representa um papel para os outros do qual ele tem plena consciência.
Na segunda parte desta cena temos vários outros assassinatos, de forma a Ricardo conseguir os seus planos, por outro lado temos um diálogo com a rainha em que ele se faz passar por um simplório e tenta incriminar a família dela de tentar usá-la para viverem às custas dela.
A Rainha é uma figura que acredita na justiça como uma forma de retribuição, faz premonições sobre aquilo que irá acontecer a Ricardo, ele é visto como um flagelo de Deus para castigar todos os culpados, de forma a que Henrique VII possa levar Inglaterra a uma situação gloriosa.
Ricardo tenta combater o ciclo de retribuição que ela refere, mas não consegue, transmitindo-nos a idéia de que ninguém consegue fugir ao seu destino. Por fim Ricardo num novo solilóquio faz o resumo dos acontecimentos e revela as intrigas que fez para conseguir que acreditem que os culpados são os parentes da rainha.
No ultimo ato, Ricardo tem um sonho premonitório sobre a sua própria morte, mas também é um sonho onde lhe aparecem os fantasmas dos que ele já mandou matar. Ricardo que por intermédio de Buckingham já tinha mandado matar todos aqueles que poderiam ameaçar os seus planos, começa a perder o controle e a revelar insegurança, parece quase patético ao revelar a sua auto compaixão por as pessoas não gostarem dele. Richmond por outro lado é apresentado como o salvador da pátria, o pretendente da filha da rainha, ele traz a esperança.
Na véspera da batalha são apresentados como a antítese um do outro, enquanto Ricardo encarna o mal, Richmond encarna o bem, a salvação. No ultimo solilóquio, Richard quer um cavalo para conseguir sobreviver, dispõe-se a ceder o seu próprio poder por um cavalo, ou seja, pela sua vida.
Essa é uma peça bastante difícil de resenhar, pois ela é extensa e conta com vários personagens e núcleos distintos. Basta dizer que Ricardo elimina todos para chegar ao poder e se declara rei da Inglaterra.
Na história, os dois príncipes filhos de Eduardo IV (portanto os legítimos herdeiros do trono) desaparecem misteriosamente da torre de Londres e até hoje só se especula sobre o que aconteceu com eles. Na peça, Shakespeare faz Ricardo mandar matar os dois sobrinhos e assim entrar para o imaginário popular como um dos mais perversos reis ingleses.
Ricardo é um vilão um tanto quanto caricato. Ele está sempre cercado de comparsas para executarem seus crimes, e se mostra muito manipulador, sempre conseguindo com que as pessoas ao seu redor concordem com o que ele deseje. Além disso, sua interação com o público cria uma ligação com o personagem, algo que me lembrou bastante o Iago de Otelo.
Ricardo III é repleta de personagens! Tanto que muitas vezes eu nem lembrava quem era partidário de quem, então como uma dica: anote os nomes para facilitar sua vida, dica essa muito importante. Mas aquelas que mais me chamaram atenção foram as mulheres.
Margareth, viúva do antigo rei Henrique VI, aparece para esbravejar e jogar maldições contra todos os que tiveram alguma ligação com sua tragédia. A duquesa, mãe dos irmãos de York, mostra que sempre viu a maldade existente no filho Ricardo, mesmo enquanto ele conseguia enganar a todos. E a rainha Elizabeth, viúva de Eduardo IV, participa de minha cena preferida da peça. Um diálogo em que Ricardo tenta convencê-la a que ele case com sua filha e tenta justificar seus crimes, aos quais Elizabeth rebate um por um. Foi essa cena que me deixou morrendo de vontade de assistir alguma adaptação da peça, porque temos que admitir essa cena é perfeita.
Apesar dessa obra ter uma linguagem mais fácil do que as outras peças históricas, recomendo que leia quem tiver um conhecimento sobre a Guerra das Rosas e quem é quem na história e/ou já tiver lido as três peças de Henrique VI. São muitos Ricardos, Eduardos e Henriques, o que pode frustrar quem pegar essa peça em particular sem ter um conhecimento prévio.
O fascinante governante maléfico que nomeia Ricardo III já apareceu na terceira parte de Henrique VI, na sequência de quatro peças que formam a primeira incursão de Shakespeare na história Inglesa.
No último episódio dessa tetralogia, Ricardo, Duque de Gloucester, encontra-se totalmente revelado como o gênio maligno da prolongada crise da guerra civil da Inglaterra. Com uma ousada ação, Shakespeare abre Ricardo III com seu surpreendente solilóquio, Ricardo toma o palco de uma forma que tem deixado as platéias encantadas desde que Ricardo Burbage atuou no papel pela primeira vez.
Ricardo anuncia sua determinação em “provar-se um vilão,” ao desafiar e satisfazer à Natureza, que fez seu corpo deformado. De fato, ele já iniciou seu curso traiçoeiro, e vemos como sua trama contra Clarence, fundado em algo tão trivial como a letra G, manipula o Rei e ludibria Clarence. Então, com escandalosa hipocrisia, ele “conforta” Clarence. Dentro de menos de cem linhas, Shakespeare nos faz sentir quão brilhante, cínico, charmoso e perigoso Ricardo de Gloucester é. Ricardo procede, dominando os outros personagens – e a peça inteira – a um nível extraordinário.
Ao organizar essa peça firmemente em torno de Ricardo, Shakespeare resolveu os problemas de dar forma ao seu drama e da conclusão da série de peças sobre a rivalidade dinástica de York e Lancaster.
Ricardo III inicia e termina com paz, ainda que a paz recente do Rei Yorkista Eduardo seja desprezada e sabotada por Ricardo assim que esta é introduzida. A paz é vulnerável nas facções da corte e é veementemente denunciada pela encarnação viva daquele passado cruel e violento, a Rainha Margaret. Não pode haver paz na Inglaterra enquanto Ricardo viver para sabotá-la.
Ademais, conforme o enredo move-se do estimulante alcançar do trono de Ricardo até os eventos de sua queda trágica – quando sua consciência, os espíritos daqueles que ele assassinou e o Conde de Richmond o punem e o vencem – nós vemos que sua carreira é parte de uma ordem mais ampla, um plano aparentemente providencial de compensação da perversidade e injustiça para reconciliar às divisões da Inglaterra. Por todas as suas lembranças específicas do conflito e das atrocidades passadas, de ambos os lados, Yorkistas e Lancastrianos, Ricardo III dramatiza um conflito arquetípico entre o bem e o mal, personificado em Ricardo, o vilão-herói, e Richmond, seu oponente que interpreta o papel de agente honrado da justiça divina e poética.
A imagem de Ricardo como o demônio ou o vício levanta questões de motivação e de significado simbólico, e sugere duas maneiras diferentes de ler a peça, uma psicológica e a outra providencial.
Ricardo é um personagem humano, propelido ao trono por sua ambição insaciável, como Macbeth? Há alguma pista em relação ao seu comportamento em sua feiura e misantropia? Alguém pode argumentar que ele compensa sua feiura e incapacidade de amar com sua determinação em dominar?.
Sentindo-se desprezado, ele insulta todos os humanos e busca prová-los fracos e corruptos para afirmar a si mesmo. Ele expressa uma propensão humana universal pela crueldade e pela dominação insensata. Entretanto, a proposição que Ricardo é maldoso porque ele nasceu feio logicamente pode ser revertida também: ele nasceu feio porque ele é mal. Em termos providenciais, Ricardo pode ser visto como o resultado de um plano divino no qual o mal ironicamente tem lugar em um esquema mais amplo das coisas que é, finalmente, benigno.
Vi em outras resenhas que essa é uma peça de Shakespeare considerada imatura, afinal ela foi escrita durante a fase de aprendizado do dramaturgo. Mas eu consegui me divertir. Tem intrigas políticas, maldições, diálogos interessantes e retrata um dos meus períodos favoritos da história inglesa. E outra, quem considera essa peça imatura certamente não a leu ou leu sem observar os detalhes e brilhantismo da escrita de Shakespeare.
comentários(0)comente



Mimi 20/04/2020

Uma das peças históricas de Shakespeare.

Ricardo III

Deformado,corcunda e coxo.
Inveja do irmão
Sádico
Lábia sensacional, oratória
comentários(0)comente



Kalini 21/12/2022

Esperava mais
Ouvi falar muito dessa peça quando estava na faculdade e isso me deu muita expectativa. A estória não é ruim, longe disso, mas por alguma razão eu esperava mais. Os personagens são bons, no entanto a escrita de teatro tira um pouco da graças, mas esse tipo de literatura já era de se esperar afinal estamos falando de Shakespeare. Sobre o personagem Ricardo, ele é perfeito. Gostaria de ler um romance com um personagem semelhante. Falso, engenhoso, trapaceiro, ganancioso e sem arrependimentos. Ele é a razão pela qual você acompanha a peça, simplesmente incrível. No geral, recomendo a leitura!
comentários(0)comente



Carlos 08/01/2018


"La ambición de poder es una mala hierba que solo crece en el solar abandonado de una mente vacía" (Ayn Rand)

William Shakespeare, como siempre, nos regala una obra magnífica, basada en una de las personas más polémicas que se hubiesen sentado en el trono inglés, el rey Ricardo III, personalidad compleja, astuta, cruel, sanguinaria y despiadada. En esta obra, la Guerra de las Rosas prácticamente ha tocado a su fin, tras las revueltas que se sucedieron entre Enrique VI y Eduardo IV, éste último victorioso ya en la Batalla de Tewkesbury, reina ahora sin interferencias habida cuenta de la muerte de Enrique y de su heredero Eduardo. La obra, nos sitúa hacia el final del reinado de Eduardo IV, cuando éste último ya se hallaba en las agonías previas a la muerte.

Shakespeare desnuda aquí la ambición desmedida de poder que obnubiló al Duque de Gloucester, y expone las miserias del alma humana indicando que tan bajo uno puede caer para intentar trepar a lo más alto. En este caso, vemos que Eduardo IV había designado "Protector" (título éste que mucho más tarde sería rescatado por Oliver Cromwell para autoadjudicárselo tras tumbar al rey Carlos I) a su hermano Ricardo, título que ejercería una vez acaecida su muerte, con lo cual se aseguraría la regencia durante la minoría de edad del nuevo rey (Eduardo, el primogénito del rey agonizante, no confundir con el primogénito de Enrique VI también llamado Eduardo que había sido asesinado mucho antes), no obstante, en los planes del duque no entraba ser subalterno de nadie, menos de un niño.

Si bien esta obra se encuentra desde hacen años en mi estantería, recién ahora se me dio por leerla tras finalizar la lectura de La flecha negra de R.L. Stevenson, libro en el cual el futuro rey es uno de los personajes más interesantes, aquí era éste aún un joven guerrero, líder nato, pero ya pueden, en esta novela, verse los rasgos más característicos de su personalidad que saldrán a la luz años más tarde, en el proceso que involucró su ascensión al trono.

Shakespeare presenta una tragedia histórica bien documentada, pero en la cual también toma partido en una cuestión de las más polémicas. En efecto, el rey Eduardo V y su hermano menor el Duque de York, quienes se hallaban encerrados en la Torre de Londres desaparecieron misteriosamente y nunca se supo ya de ellos ni se los volvió a ver, hasta el día de hoy eso es un misterio no resuelto en Inglaterra existiendo diversas conjeturas al respecto, no obstante, no para Shakespeare quien asume desde el vamos que fueron víctimas de homicidio por órdenes de Ricardo.

No es lo mejor de Shakespeare, lejos se encuentra esta obra de la calidad de Hamlet, empero, no decepciona, una obra digna del genio que la firmó.
comentários(0)comente



48 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR