Dani 10/03/2016Resenha: A Casa das Belas Adormecidas, Yasunari KawabataEguchi é um idoso de 67 anos, com filhos já adultos, e extremamente solitário com as memórias perdidas de sua juventude. Por um amigo, ele toma conhecimento de "a casa das belas adormecidas", uma espécie de bordel.
Este lugar, no entanto, não é propriamente de fim sexual. Lá, as garotas jovens, todas virgens, são dopadas para dormir um sono profundo de horas, enquanto homens que se sentem solitários se deitam ao seu lado, proibidos de corrompê-las.
Eguchi decide, então, experimentar o lugar, indo se hospedar lá em uma noite. Incia-se, então, narrado de forma detalhada e poética, a experiência deste personagem que, curiosamente, desencadeia muitas memórias amorosas de sua juventude.
Não me lembro bem como eu havia conhecido este livro mas, desde o primeiro momento, me interessei pelo enredo, no mínimo, intrigante.
— Aos velhos, a morte, aos jovens, o amor; a morte, uma única vez, o
amor, infinitas vezes. - Página 68
É um pouco triste, admito, haver esta casa para as pessoas solitárias. Na verdade, o livro todo é bem melancólico e traz reflexões simples sobre a morte, o amor, a juventude. O autor banalizou estes assuntos de tal forma, que é difícil não continuarmos acompanhando a leitura e não passarmos a vê-los como apenas mais algo que passaremos em nossas vidas, e nada mais.
Yasunari Kawabata tem um estilo envolvente de narrar, onde ele mistura todos os sentidos de uma forma poética, que, mesmo que haja descrições excessivas e haja momentos em que não acontece nada na estória, ainda sentimos vontade de ler, ainda nos sentimos dentro daquele mundo.
Li muitas resenhas na página do Skoob, depois que li o livro, que negativaram um ponto: as belas adormecidas. Muita gente estava indignada sobre elas estarem lá, dormindo drogadas, servindo de companhia para os velhos homens, sendo tratadas como um objeto. Mas eu não penso assim, para falar a verdade. De fato elas são sim praticamente objetos humanos, mas aquele era, por mais horrível que nos pareça, o trabalho delas. Elas estavam lá por escolha (ou talvez por necessidade, ninguém sabe), ganhavam para isso. Além disso, isso não é muito diferente da prostituição, que ocorre em nossa realidade, certo?
É um livro curto, mas carregado de reflexões e dos variados sentimentos. Cada lembrança do personagem origina uma mini-estória, te levando em uma viagem às memórias de Eguchi.
Gostei muito de A Casa das Belas Adormecidas e recomendo para todos que procuram uma leitura poética, reflexiva, que aborda assuntos profundos, e que deve ser feita com a mente aberta.
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