tguedes2 01/02/2022
Antares é o Brasil, o Brasil é Antares
Érico Veríssimo escreveu "Incidente em Antares" em meados de 1970, época do governo de Médici, 4º governo seguido ao Golpe Militar de 1964. O Brasil vivia um grande "conto de fadas político"; vivia sob um véu de fingimento à la George Orwell e seu "Ministério da Verdade" na obra intitulada '1984': enquanto a propaganda entoava uma falsa harmonia social e crescimento econômico fajuto, pessoas eram perseguidas, mortas e torturadas e a imprensa e qualquer tipo de manifestação cultural, artística e política sofriam pesada censura do regime.
Esse livro é uma verdadeira aula de história do Brasil. E ele mostra de forma bastante contundente como a burguesia e elite nacional, nascidas da fraude, da exploração de mão de obra escrava e da crueldade, defendem a manutenção da tradição e dos "bons costumes" por medo da perda de seus próprios privilégios. A defesa da propriedade privada, herdada da roubo e da invasão, é mantida em paralelo com a miséria de milhares. O poder e a propriedade na mão de poucos, fome, degradação, indignidade para o restante. "[...] - E o que me diz da liberdade alheia? E do bem-estar dos outros? - perguntou Martim Francisco. - Ora, professor, que cada qual cuide da sua vida. Quem for mais capaz e mais macho, vence. É a lei do mundo. Sempre foi". Lendo novamente essa citação, me pergunto: mudamos alguma coisa enquanto Nação? Creio que não. Estamos em 2022, mas ainda com um pé no passado.
O incidente que marca a narrativa (a volta dos mortos durante a greve geral de 1963) não é o mais repugnante traço desse enredo. O Brasil anda cheio de Campolargos e Vacarianos, verdadeiros sanguessugas sociais, corruptores da moral e do patrimônio nacional, responsáveis por grande parte dos problemas e violências institucionais sofridos pelo povo brasileiro. Ou isso, ou talvez esse seja o discurso de uma grande subversiva, esquerdista comunista, serva de Moscou (HAHAHA).
Leiam Érico Veríssimo. Talvez um dia alcançaremos aquilo o que ele mais prezava: LIBERDADE.