Resenhas - Grande Sertão: Veredas

Bruna.Schmidt 11/01/2024

Narrativa densa e complexa, explorando a psique humana por meio da história de Riobaldo, um jagunço que reflete sobre suas experiências, dilemas morais e conflitos existenciais. A linguagem genial de Rosa repleta de neologismos e regionalismos, desafia o leitor, criando uma atmosfera única. A trama intricada e a profunda reflexão sobre identidade, poder e dualidade tornam este livro uma leitura fascinante e desafiadora.

allenylson.ferreir 05/01/2024

Viver é muito perigoso
Confesso que foi difícil engatar, mas isso logo se resolve e algumas páginas depois fiquei envolvido com a história de riobaldo e suas aventuras como jagunço no sertão e chefe de bando; o seu sentimento confuso em relação a diadorim; a questão do pacto fáustico, etc etc.

Leticia2185 31/12/2023

Grande Sertão: Veredas
Última leitura de 2023 concluída com chave de ouro. Grande Sertão é um livro que a tempos eu desejava ler, no começo confesso que achei bem difícil, demora um pouco para você se adaptar ao ritmo do livro, mas depois a leitura se torna muito interessante e prazerosa. Falar que o livro é uma obra prima é chover no molhado, de fato ele é. Um livro sensível, que trás muitas reflexões sobre a vida, sobre o amor e sobre religiosidade. O ponto alto do livro com certeza é a relação entre Riobaldo e Diadorim, ainda após a leitura ficam muitas questões rodeando minha mente sobre eles.
Um livro que é tudo que deve ser: desafiador e revolucionário.

Lala 31/12/2023

Uma travessia épica e apaixonante
Eu sempre tive medo de ler esse livro por sempre me falarem que ele é difícil e aborda temas complexos, e, de fato, ele é difícil e você fica perdida pelas primeiras 70 páginas, mas quando vai vai (quando ele começa a narrar de forma linear, basicamente). O Grande Sertão antes de ser uma obra clássica e complexa, é uma boa e velha história de aventura que instiga, envolve e emociona. É uma obra cheia de tiroteios, revelações, amores impossíveis, vingança e jornadas. Muitas vezes, me senti assistindo um faroeste épico ambientado no sertão quase mitológico que Rosa constrói nessas páginas. Então, se você gosta de aventura, eu recomendo 100%, não pense que esse é um livro cult chato e acadêmico, porque não é.
A linguagem desse livro é linda. As vezes é difícil de entender, mas é simplesmente magistral o como Guimarães consegue trazer o falar sertanejo com tanta poesia e beleza. As construções dele são absurdas e o tom do relato do Riobaldo as vezes parece uma confissão, como se nós estivéssemos com ele na varanda de uma casa enquanto ele contava os causos da sua juventude.
Riobaldo conta desde suas aventuras como jagunço, sobre vilões terríveis como o traidor pactário Hermógenes, figuras icônicas como Zé Bebelo e Joca Ramiro, até histórias do povo que ouviu alguém contar de alguém e passagens cotidianas de suas andanças pelo sertão e infância. E claro, ele também fala sobre seu amor por Diadorim, que é pura poesia e tragédia.
Me apaixonei pelos personagens e eles se tornaram muito vividos na minha mente, sendo que eu chorei muito quando a Diadorim foi morta no final e Riobaldo encontra seu corpo, misericórdia, é doloroso demais!Também me apaixonei pelo sertão, por suas paisagens naturais, pelos buritis e o livro também me fez olhar pro meu próprio sertão interior, já que sertão é dentro da gente, trazendo pro espaço uma dimensão também psicológica e existencial.
O livro é extremamente reflexivo e toca em temas profundos e metafísicos. Qual é a origem da maldade humana?Por que somos tão contraditórios?O que é a vida e por que ela é como é?Como entender o ser humano e suas inquietações?Afinal, viver é muito perigoso.
A obra me fez refletir muito e ficar pensativa. Algumas frases em específico são muito marcantes.
As vezes, admito, me senti meio confusa e sinto que não absorvi tudo o que eu deveria absorver nessa leitura, porque ela é muito densa e aborda muitas coisas. Gostei muito das cenas em que Riobaldo narra pequenas nostalgias e das cenas de ação, que são carregadas de tensão e emoções, deixando o leitor vidrado. A simplicidade de Riobaldo e a pureza com que ele vê as "belezas sem dono" do sertão realmente me encantou, de forma que a imersão foi muito grande.
É um livro imperdível, uma verdadeira travessia na qual você vai descobrindo mais sobre os personagens e sobre si mesmo. É lindo demais, só isso mesmo, foi uma experiência desafiadora e também transformadora. Travessia.

Lívia 30/12/2023

Grande sertão: veredas.
Fora do comum. Eu poderia dizer muitas coisas sobre esse livro, mas nada faria jus à grandiosidade da obra. Não digo apenas em relação aos fatos narrados por Riobaldo, mas principalmente na forma como o autor constrói a narrativa, na forma como ele estrutura cada personagem e em sua genialidade para conduzir os acontecimentos. Riobaldo, ex jagunço, narra sua história, não de forma cronológica, mas de acordo com a memória e importância dos fatos. É incrível. E justamente quando finalizei a leitura, fechei o livro com uma sensação de: uau, o que foi isso? Claro que, ao longo de toda a leitura, esse sentimento me fez companhia... Mas as últimas páginas foram simplesmente devastadoras.

izabela 30/12/2023

''viver é muito perigoso''...
Nem tenho palavras para descrever.
o livro não tem pausa então temos q digerir os acontecimentos na msm velocidade que ocorre,e é como fernando sabino disse:depois q começamos n paramos mais.

Daniel.Moreira 30/12/2023

Do particular ao universal
Um romance épico, transregional. Rosa reescreveu uma história regionalista do sertão superando as questões particulares . Sua literatura ultrapassou a camada regional e particular para um patamar universal!

Rosa tem uma capacidade criativa linguística impressionante, demonstrando um conhecimento da língua portuguesa capacitando sua criação.

Riobaldo, personagem narrador, conversar com um senhor contando seus casos de jagunço. Esse senhor não responde, mas percebemos a reação dele através de Riobaldo.

Rosa em sua narrativa discute sobre questões humanas universal. A polarid
ade do bem e do mal. As mazelas da humanidade, superação e limitações...

Recomendo a leitura e releitura dessa obra prima!!

JosA225 29/12/2023

Grande Sertão: Veredas
Do sertão mineiro para todo o mundo, o jeito mineiro de falar e a história do Fausto dos jagunços e Guimarães Rosa torna-se universal.

Ingridy38 24/12/2023

Sentimentos mistos
O livro tem uma importância histórica por representar um sentimento homossexual mesmo que o plot no final mostre que Diadorim era uma mulher. Contudo, Riobaldo já havia sentimentos amorosos por ela achando que era um homem. Acho que foi uma maneira do autor, talvez, mostrar em sua época sobre a homossexualidade (que era um absurdo e tratado como doença pela OMS) e não ser muito julgado por aqueles a sua volta por no final mostrar que, na verdade, eles seriam um casal heterossexual se terminassem juntos.
Mesmo sabendo da importância cultural e regional desse livro, retratando inclusive a pequena cidade em que moro, tenho sentimentos mistos quando lembro-me dele.
Ao terminar, tenho sentimentos de carinho sobre a forma que uma região tão esquecida é tratada de forma tão bonita e o carinho pela referência à comunidade LGBTQ+ da qual faço parte.
Contudo, quando lembro do processo de leitura, foi muito complicado e lento. O livro, inclusive, me causou ressaca literária. E, no geral, enrola demais falando sobre coisas que não fazem diferença para a história.

Laví 23/12/2023

Foi muito diferente do que eu estava esperando. A escrita é fácil, o que dificulta é a falta de linearidade de pensamento, o livro não é dividido em capítulos e não tem travessão para diálogos. Ele vai contando a história (que é muito interessante) mas tem que ser lido com atenção senão você se perde em tantos personagens.

AndressaPaz 23/12/2023

Travessia!
Esse foi o melhor livro que li no ano de 2023. O que enriqueceu ainda mais a leitura foi ter feito a trilha do Parque Nacional Grande Sertão Veredas na Chapada Gaúcha um pouco antes de começar a leitura. A partir daí pude entender a trajetória de Riobaldo e todo o retrato da paisagem descrita por ele no livro. O sertão é coisa mágica. A leitura foi inebriante! Guimarães, mestre das palavras e dos lugares, escreve com uma destreza e habilidade únicas. Termino o ano de 2023 tendo lido essa obra prima clássica e já com planos de ler Sagarana...

analuuu. 18/12/2023

"Viver é negócio muito perigoso!"
A representação de "Grande Sertão: Veredas", por João Guimarães Rosa, em uma HQ foi a melhor que poderia ter lido!
Ainda não li a obra na íntegra, mas fiquei totalmente instigada depois de ter essa prévia da história. Acredito que os envolvidos representaram muitíssimo bem a essência da história e as intenções de Rosa, a linguagem e os personagens!
Pra quem quer ter uma noção antes de degustar da obra integral, vale muito a pena ler, recomendo demais.

Gabriel Abib 18/12/2023

Meu relato Grande obra: prima
Muito díficill avaliar, em síntese, uma obra prima, de uma escrita e criatividade genial, nível altissimo de talento, entretanto, uma história que te decepiona em determinados trechos (na minha opinião, logo no final).

Aspecto Técnico (5/5):
Sem palavras, se cansa pra gente ler e entender (principalmente no começo) tu imagina pro cara que inventou e escreveu isso, um absurdo, genial. Coloca a essência do nordestino, com palavras de raiz tipica ao mesmo tempo derivando em neologismos fantásticos. A estrutura textual horas pode te desafiar, e mesmo com todo esse cenário, é um livro com "coração" enorme. Cada um dos personagens sertanejos tem a sua alcunha, a sua história e seu comportamento e espaço no relato. Une a exuberância técnica com uma profundidade de criatividade e emoções com um primor admirável, para alguns da época, diria até invejável certamente. Explora as paisagens e localidades típicas ao mesmo tempo que cria novos lugares e nomenclaturas em uma mistura espetacular. O texto bem no começo é arrastado, principalmente pela falta de diálogos e por o leitor ainda não compreender quem aqueles nomes representam, e principalmente, quem está por traz desses nomes (suas vestes, suas origens, seus amores). Quando você está mais situado tudo flui naturalmente e você engrena a leitura.
Em minha opinião, o fato de não ser revelado o eu lirico até as últimas páginas não atrapalhou em nada, até porque ele não se pronuncia mesmo.

Aspecto dos eventos da estória (4/5):
É uma baita história, não me entendam mal, todavia, em muitas oportunidades temos um desfecho fragmentado ou que instiga a sensação de decepção. A falta de cronologia inicial incomoda um pouco, mas logo você se situa. Quem é quem.

Riobaldo (Urutu-branco): é quem dita o relato desde o começo. Figura MUITO densa, no geral é um personagem extramamente carismático, algumas vezes sábio, outras contraditório. Você sabe que aquela pessoa que enuncia boas intenções e aprendizado constante, além de muita lealdade, também um assassino, um desertor, e o mais lamentávelmente um criminoso sexual (como o mesmo relata do seu passado). É um personagem que se apresenta de forma simplória como um jagunço que não compreende muito, mas é sagaz para conduzir várias situações da trama, e como mostrado em sua origem, seja pelas suas memórias que gravaram ensinamentos em sua alma, ou seja pelo seu passado mais instruído, sendo inclusive professor do Zé Bebelo. Teve seu auge no pré-julgamento e no julgamento (aka melhor parte da narrativa) onde se via em divisa, com o seu passado conhecedor da honra do julgado, mas em contrapartida, ciente que de agora era jagunço e aos jagunçoes pertencia sua razão. Confesso que para mim as passagens em que ele toma a chefia (rescusada várias vezes) foi bem chatinha, e pós-pactário bem chata e quase irreconhecível o Riobaldo.

Zé Bebelo: Que figura em, assim como Riobaldo tinha um carisma inicial, mas conforme você acompanha ele de perto, e de certa forma, ineficiente na chefia, você se sente cansado. Tem mais a pose de sábio do que a cabeça, mas sem dúvida um personagem marcante.

Diadorim/Reinaldo: Cara que doidera essa história, eu já tinha assumido que eram homens lidando com sua homessexualidade e no fim você descobre que trata de uma mulher. No começo já tem todas as pistas, como a questão de tomar banho a sós de madrugada, mas ao menos para mim, é indesconfiável. Sempre valente, sempre fiel, seja ao pai, seja ao Riobaldo, seja a si mesmo ou ao seu personagem. Figura cativante, não fiquei contente com seu desfecho, embora tenha sido heróico e fechado seu ciclo funcional dentro da história. Frisa-se que seu óbito serviu para descobrirem a verdade através de seu corpo. Minha passagem preferida dela foi a cena de infância que tanto marcou Riobaldo, é sinistra e extramamente intrigante quando relatada, você depois nem liga para essa coincidência útil do reencontro depois.

Não irei falar de outros personagens para não fazer eu mesmo, um livro grande como a obra que me inspira. Mas fica a menção a tantos jagunços como Joca Ramiro, Medeiro Vaz, Hermógenes, Ricardão, e tantos outros. fantásticos como poderiam ser.

Apesar de toda essa crítica elogiosa, preciso dizer que algumas coisas não descem. O final é o maior exemplo, Riobaldo desmaiar na luta e acordar com todo mundo morto já (grande amigo e inimigo mortal), que escolha questionável, para um leitor é frustrante, você esperava ao menos umas 50 páginas dessa conclusão. O sequestro da mulher do Hermógenes foi feito de forma bem apressada e aleatória, a questão religiosa por trás do pacto também muito mal explorada. A morte do Joca Ramiro também poderia ter sido melhor trabalhada, e uma das coisas que mais me irritou, qual o próposito tácito do Zé Bebelo? Cara vem e vai o tempo todo, só fala loucura, ao mesmo tempo que não é louco, tem papel muito maior na mente do relator (Riobaldo) ou para a cisão do grupo de jagunços (Judas) do que ele próprio fazedor de alguma coisa.
Convenientemente ainda, Riobaldo encontra Zé Bebelo por uma 4 VEZ (tutoria, guerra julgamento, caça ao judas, e isso) ao final da guerra, imcompreensível.

Indiferente aos meu por menores, é uma obra prima, um clássico MUNDIAL e Brasileiro, para um livro de 1956 é absurdamente ousado, pactos, homens lidando com paixão, depois mulher vestida e vivendo como homem, neologismo o tempo todo. Ousado, díficil, criativo, GENIAL.

Não desistam nas primeiras 60 páginas, te prometo que você é muito bem recompensado depois.

Feliz em ter conhecido essa obra!

Aline Donatoni 13/12/2023

Viver é muito perigoso
É um livro desafiador, comecei a ler e fui até umas 200 páginas, depois tive uns imprevistos e parei essa leitura por meses. Quando retomei, voltei a ler do começo e consegui terminar em 2 semanas, mas li junto com o audiobook (ouvindo e acompanhando a leitura no papel). Para quem está com dificuldade recomendo ler assim.
Apesar de já saber o final, não deixou de ser sensacional...com certeza em algum momento vou relê-lo.

nxcecvx 09/12/2023

O diabo na rua, no meio do redemoinho..
Um mundo inteiro num livro. toda a poesia do mundo numa obra só. Guimarães Rosa sabe da vida o que parece estar escondido do restante de nós.
sertão veredas é uma carta de amor à terra - ?o senhor tolere, isso é o sertão.? -, colada num beabá do que é ser gente - ?viver é perigoso? - e amar o amor - ?desde aquela hora, conheci que, o Reinaldo, qualquer coisa que ele falasse, para mim virava sete vezes.?
se puder, bom mesmo é ler em voz alta e notar a beleza na sonoridade do dialeto, do sotaque do jagunço e do nome de imediato inventado pro que não pode ter nome acertado.

diabo não há. o que existe é homem humano. travessia.