Anienne 28/04/2021
Grande Sertão: Veredas
Conta uma história de jagunços. Não é bem assim... Conta a história de um jagunço.
.
Riobaldo, personagem principal, conta sua vida de jagunço, suas aventuras, crenças e perdas p um seu compadre, q ñ o interrompe uma única vez. Ñ vemos um diálogo, mas um fluxo oral tão intenso q até parece um fluxo de pensamento.
.
A escrita é desenvolvida da forma como ele fala, o q gera um lirismo encantador. Suas reflexões, simples como só um matuto do meio do mato poderia fazer, são uma verdadeira joia. À medida que eu lia, ia evoluindo na linguagem e pegando o jeito.
.
Guimarães Rosa construiu o texto de uma forma muito muito interessante, q causa enorme estranhamento e obriga a quem lê sair do lugar comum.
.
No início precisei colocar total atenção na linguagem e desviei da história. Ele criou um universo linguístico q exige uma leitura diversa da q estamos acostumadas(os). Algumas situações q, comumente, me causariam choque, pareciam ñ ter muita força ali, mas c o tempo minhas reações voltaram ao normal. Penso q desviei toda energia e atenção p a escrita naquele momento, depois acostumei.
.
Dá p refletir sobre a vida daqueles homens q andavam pelo sertão, p lá e p cá, a matar e a morrer. Crimes. Torturas. Estupros. Uns, como Riobaldo, podiam questionar a vida. Outros não. Aquilo era a vida de jagunço. E existiu. Há toda uma lenda em cima disso. Há até romantização. Eles tb eram peças de uma engrenagem. Desse sistema duro e injusto. Eram perpetradores e vítimas. E vice-versa.
.
Não espere um livro fluido.
É uma leitura difícil decuma escrita GENIAL. Eu entendo, perfeitamente, pq tantos estudos em torno dessa obra tão singular q tem algo de épico, algo de dramático, algo de poético, algo de lírico. Aqui há uma construção narrativa, em q palavras e orações adquirem uma qualidade distinta do q conhecemos.
.
E nem falei das questões pessoais, psicológicas, sociais, das crenças e preconceitos da sociedade avaliados nas entrelinhas.