Viktorya Zalewski 17/03/2019
Muito relevante
O livro "Neurociência e educação: como o cérebro aprende" foi definitivamente muito importante para meu desenvolvimento como educadora. Escrito pelos médicos e doutores em Ciências Biológicas, Ramon Consenza e Leonor Guerra, é uma introdução à Neurologia e suas relações com o processos de ensino-aprendizagem e a Educação em si. Desejei ler a obra pois pensava que ela seria um "extra" para meu conhecimento docente, mas, após a leitura, me perguntei como nunca fui ensinada sobre assuntos tão essenciais, como a memória. Em minha graduação, tive uma disciplina de Psicologia da Educação, porém apenas com apresentação de teorias desatualizadas.
O livro está relacionado ao projeto NeuroEduca, criado pela professora Leonor Guerra para capacitar e sensibilizar profissionais da educação a respeito dos fundamentos neuro-biológicos da aprendizagem, facilitando assim o fazer de professores. É uma obra bastante introdutória, que em algumas temáticas (como no capítulo sobre emoções) chega a ser propositalmente superficial, me deixando com um gosto de "quero mais".
O primeiro capítulo explica a organização geral do sistema nervoso. Creio que é o capítulo mais denso e até dificil, especialmente quando os autores enumeram as partes do cérebro. São tantos nomes que acabei ficando confusa, mas fiz um esforço para entender.
Já tive que devolver o livro para biblioteca, porém gostaria de elencar imprecisamente alguns tópicos que me marcaram. Entre outros assuntos, o livro fala sobre:
- Aprendizagem e o que ela significa para o sistema nervoso.
- Memória (existem vários tipos, explicados nos livro). A repetição fortalece as novas conexões dos neurônios e fazem com que elas não se desfaçam. Coisas que nos "marcam" também são mais dificilmente esquecidas, como momentos emocionantes ou traumas.
- Atenção e suas implicações. Não podemos, por exemplo, prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo. Sempre colocamos outra em segundo plano para focarmos em alguma, e o cérebro faz isso. Não prestamos atenção o tempo todo, por exemplo, na sensação das nossas roupas encostando em nossa pele.
- Leitura. É um processo muuuuito mais complexo do que eu imaginava...
- Funções executivas. Elas incluem a capacidade de autocontrolar-se, estabelecer prioridades para chegar a um objetivo, planejar, adaptar-se às demandas inconstantes de maneira criativa, etc. Pelo que me lembro, as regiões responsáveis por essas funções só ficam maduras após a segunda década de vida. Deu pra entender um pouquinho por que nossos alunos tem mais dificuldades de se planejar para estudar do que para entender os conteúdos em si. Os autores também criticam a educação atual nesse sentido, dizendo que ela incentiva pouco o desenvolvimento dessas funções.
Algumas das minhas conclusões minhas como educadora:
- Fiquei muito feliz em ver que o que nós, professores de língua, praticamos, está muito bem fundamentado! O ato de relacionar os conteúdos com conteúdos anteriores e com a vida cotidiana e real do aluno facilita muito o processo de aprendizagem. E quem se graduou nos últimos anos com certeza aprendeu Metodologias Ativas (ainda que não com esse nome) em sua faculdade.
- Infelizmente, não dá pra evitar a repetição, das mesma forma que um músico precisa praticar seu instrumento todos os dias. Faz parte.
Recomendo.
Obs: Para quem está procurando um livro sobre transtornos de aprendizagem, esse não é o livro ideal, embora os autores pincelem um pouco sobre o tema.