Pais e filhos

Pais e filhos Ivan Turguêniev




Resenhas - Pais e Filhos


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elainegomes 30/05/2023

Pais e filhos de Ivan Turguêniev ??

Publicado em 1862, como o próprio título já deixa claro, acompanhamos neste romance conflitos de gerações, valores, princípios, religião, família, aborda temas como a juventude, a rebelião contra as tradições e a evolução social na Rússia da época.

Através do olhar observador de Turguêniev, ele vai descrevendo não somente embates emocionais entre pais e filhos, com rica construção psicológica de seus personagens, mas principalmente descreve o momento de transformação social que a sociedade russa está atravessando, e como as mudanças sociais são reflexos da convivência, nada pacífica, entre gerações, entre modos de pensar diversos, entre o conservador e o liberal, entre o antigo e o novo.

E a pimenta narrativa fica a cargo do personagem Bazárov, um jovem médico, desiludido com as instituições e convenções sociais, que desafia os valores da aristocracia e critica a sociedade russa de sua época. Defensor de pensamentos niilistas, questionador, cético, arrogante, nada carismático, mas preciso confessar, adorei Bazárov.

Turguêniev vai nos apresentar os lados, seus pontos de vista, mas sem julgamentos, ele não tenta convencer o leitor que a razão está com um ou com outro, ?de tal modo que o leitor, mesmo agora, passadas muitas gerações, não conseguirá esquivar-se de ser, também ele, filho e pai do problema?.

Prepare-se para uma leitura leve, gostosa, mas que provoca questionamentos. É possível viver sem princípios? Existe uma autoridade? É possível o homem lutar contra os próprios instintos? As convenções são formas de domesticar o homem? Será que existe amor?

Recomendo
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Gabi 01/10/2021

ENCONTRO DE GERAÇÕES
Arkádi acabou de se formar na faculdade e com isso está voltando para casa, mas ele não está voltando sozinho, em sua companhia Bazárov um médico niilista cheio de ideias que fez chocar a sociedade aristocrática daquele tempo. Nikolai pai de Arkádi e Pável seu tio no começo ficam deslumbrados com o amigo do rapaz, mas aos poucos as opiniões de Bazárov vão ficando cada vez mais difíceis de aceitar, travando com Pável principalmente debates de tirar o fôlego. Pável não consegue acreditar que um ser pode dizer que não há beleza na vida, que isso não passa de balela da parte desses que se dizem niilistas! Fica imaginando que as gerações só estão cada vez mais se afundando, cheia de ideias absurdas!
Nikolai não é tão radical quanto o irmão, acha que realmente a nova geração vem para mudar já que muitos dos velhos aristocratas parecem ter parado no tempo e assim não mais conseguem entender o ponto de vista daqueles rapazes e moças independentes da nova geração que começava a mudar as coisas. Arkádi é um personagem neutro, não assumi ser totalmente niilista, nem ser contra o ponto de vista dos familiares, mas acredita que os novos filhos dos aristocratas veio para trazer um pensamento mais moderno. Bazárov vê seus ideais em divergência quando encontra uma senhora que como ele também não acredita nem no amor, nem no lirismo que as pessoas tentam enfeitar suas vidas. E daí acontece uma sucessão de coisas a ele e a Arkádi que cada vez fica mais afastado dele. Cada personagem dessa história é bem construído, os dialogos então nem se conta e as descrições do autor apesar de ser contada em poucos linhas ou parágrafos nos imerge no lugar rapidamente! Por ser um livro pequeno você acha que ele não terá profundidade, mas não é a toa que esse livrinho é tão importante ate hoje, não é mesmo? Turguêniev tem uma escrita simples, mas lírica e bem colocada, a tradução está impecável e no final contamos com a transcrição de uma palestra dele sobre Hamlet e Dom Quixote que você fica vidrado ao ver o que ele achava desses dois personagens tão importantes para a literatura mundial. Sem contar com o ensaio de Hanry James feito postumamente para uma revista, que é assim, de morrer de vontade de voltar no tempo e conhecer Turguêniev para tirar umas dúvidas de escrita e ter um dedo de prosa com ele sobre a vida, o universo e tudo mais, porque o homem era gente boa. Não quero me estender muito, mas gostei muito desse livro e principalmente dos debates travados entre os personagens, sem falar que esse livro foi um causador de muitos problemas naquela época, então assim, já considero bem no fundinho do coração, porque adoro livros que tem uma carga desse nível na sociedade. Lerei mais coisas desse senhor, quem sabe fazer minha coleção dele? Com certeza.


“ – Mas, pai, o lugar em que um homem nasceu não tem a menor importância.
– No entanto...
– Não, não tem importância, absolutamente nenhuma.”
“Não”, penso Arkádi, “esta não é uma região rica, não impressiona nem pela fartura, nem pela dedicação ao trabalho; não é possível, não é possível que continue assim, reformas são imprescindíveis... mas com executá-las, como dar o primeiro passo?”
“– Educação? – repetiu Bazárov. – Todo homem deve educar-se a si mesmo... como eu, por exemplo... E, quanto à época, porque eu deveria depender dela? É melhor que a época dependa de mim. Não, meu caro, tudo isso é leviandade, frivolidade! E o que são essas misteriosas relações entre homem e mulher? Nós, fisiologistas, sabemos que relações são essas. Estude a fundo a anatomia do olho: de onde vem esse olhar enigmático, como você o chamou? Tudo isso é puro romantismo, fantasia, podridão, belas-artes. É muito melhor irmos examinar o besouro.”
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Adriana1161 30/10/2019

Ótimo clássico
Livro clássico da literatura russa.
O livro é muito bom, fluído, gostoso mesmo!
O autor apresenta o niilismo, e as contradições entre duas gerações.
Gostei muito das expressões de emoções e descrição física dos personagens.
No decorrer do livro, e com o rumo que tomam alguns personagens, percebi uma crítica ao niilismo.
É um livro de "pares", com relação aos personagens. E isso quem me elucidou foi a querida professora Raquel Toledo, na leitura coletiva que fizemos deste livro no Lugar de Ler!
Ótimo livro para quem quer começar a ler literatura russa!
Gostei bastante e acho até que o livro poderia ser mais longo!
Personagens: Bazárov, Arkádi, Pável, Nikolai, Fedosya, Anna, Katia
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Karamaru 14/11/2019

A FALÊNCIA DA IDEOLOGIA
“Pais e filhos”, de Ivan Turguêniev, é uma obra atemporal. Os conflitos entre gerações, o embate entre suas ideias, as paixões e impulsos juvenis são temáticas que lhe perpassam e fazem, por esse e outros motivos, que seu texto seja atual e instigante, a despeito de certos ares românticos que refrescam a narrativa em momentos pontuais.

Aparentemente, IT recorre a paradoxos fáceis para ilustrar o acirramento entre o “novo” e o “velho”: é o embate entre o “campo” e a “cidade”; entre as ideias conservadoras e os novos pensamentos pré-revolucionários e mais radicais – como o nillismo; são os pais e os filhos que, a despeito das diferenças entre si, refletem um ao outro, mesmo contra a própria vontade.

Mas o autor não se rende a um jogo maniqueísta, e sabe habilmente temperar a trama, salpicando contrapontos necessários, o que faz com que ela seja, por isso mesmo, mais realista e atemporal. É o caso da vívida personagem Anna Serguéievna: ela é uma das peças centrais para perturbar o “establishment” ideológico montado no decorrer das linhas do romance.

É interessante pesquisar sobre essa obra e notar o quão perturbadora ela foi à sua época e como ela acirrou os ânimos russos, apesar de IT não defender um “lado” específico. Contudo é possível, nas entrelinhas, senti-lo mais propenso a um pensamento conservador e a uma empatia com a situação dos mujiques, os quais, inclusive, são bastantes citados no livro.

Se os arroubos e a força da juventude são determinantes para um espírito revolucionário, ao mesmo tempo eles podem esmaecer o senso autocrítico e enfraquecer o sistema ideológico; arriscar-me-ia a dizer que Bazárov era um herói sem consciência de classe. Há coisas que a experiência arremata com mais destreza que a fúria juvenil... Por isso, o equilíbrio é sempre o melhor caminho. Leitura indispensável.
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Lara 26/06/2022

Que coisa linda!
Eu estou completamente estarrecida pela mensagem desse livro. Que reflexão profunda. Uma ode sobre à fé, o amor fraterno e amoroso. Nunca vi algo que dissecasse um pouco a complexa relação parental, talvez algumas obras sobre mãe e filha, pai e filho. O livro é tão curto, tão poderoso, tão bem escrito...leiam.



"Será possível que o amor, o amor sagrado, amor dedicação suprema, não seja onipotente?"
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feoliveira 18/09/2021

Livro fácil de ler e que flui. A construção dos personagens e como ele retrata o choque entre as gerações são incríveis! Ainda mais sabendo o contexto em que o livro foi escrito e a repercussão que ele teve na época.
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Claudio.Berlin 18/03/2023

Grande livro
Excelente livro para uma maior compreensão do ambiente rural russo .
Um pequeno retrato dos servos na véspera da emancipação.
Só lembrando que os servos ( camponeses chamados de mujiques) eram atrelados à propriedade , sem possibilidade de liberdade quando a terra era vendida.
Os personagens principais Bazarov e Arcady , são frutos de uma geração mais contestadora que seus pais .
Ambos acreditam na filosofia do niilismo ou seja , não aceitam instituições, e que tudo deve ser negado.
Inclusive sentimentos.
Um dos focos centrais é o conflito niilismo x realidade .
Não vou entrar nesse mérito para não mandar spoiler.
A prosa é agradabilíssima.
Boa leitura.
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Thais 05/11/2021

Muito digno!
Bazárov, um dos personagens mais marcantes deste livro. ganhou minha simpatia, tive por ele compaixão e tentei entender suas razões. acho que no fundo ele acreditava em tudo que negava e se martirizava com isso, era infeliz!
Livro lindo, leitura fluida que você nem percebe o tempo passar!
Um dos meus favoritos!!!
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Thais 19/11/2021

O melhor lugar é onde não estamos
Minha primeira leitura de um russo e fiquei apaixonada pelo passeio cultural oferecido por essa leitura, onde podemos ver como foi na Rússia o fim do seu período de escravidão, conhecer os curtumes e ditados do final doséculo 18.
Este livro descreve os conflitos de gerações. Um tema que ainda está presente no nosso dia a dia. Personagens cativantes e uma leitura de fácil compreensão.
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Julia.Dias 02/12/2020

Surpreendente.
Depois de ler algumas resenhas sobre o livro, conclui que se tratava de um romance sobre gerações em conflitos.

Independetemente do conflito entre os aristocratas e os rebeldes, me surpreendi com a reviravolta na vida dos personagens.

Uma leitura agradável, surpreendente e instigante.
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Silvia Schiefler 15/05/2024

??   Lido! Conflito de gerações é a premissa do livro de Turguêniev.  Consideremos pais e filhos como duas gerações distintas que, de um modo geral, representam faces da nação a qual pertencem. O livro começa exibindo Nikolai Petróvitch Kirsánov, típico fidalgo russo, à espera do filho Arkádi. A narrativa tem início em 1859. Aproxima-se o fim do regime de servidão na Rússia, ainda incerto mas já latente, abalando sensivelmente as relações interpessoais que reverberam no coletivo. A chegada de Arkádi implica uma surpresa: está com ele Bazárov, seu amigo e grande influenciador, cujas ideias progressistas impressionam não só o filho de Nikolai, como toda a casa do fidalgo, para o bem ou para o mal. Reconhece-se esse domínio logo nas primeiras páginas do romance, quando Arkádi contém a expressão da saudade que sentira da região campesina e discorda do pai quanto à influência do local de nascença sobre o indivíduo, como que buscando defender a liberdade e a independência do homem em relação às suas origens. Interessante! Recomendo... #leituras/2024 #40/2024
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San 17/01/2021

Pensamento Extremos podem causar impacto na vida das pessoas
O livro conta a história de Arkádi Nikolaitch, que após forma-se na Universidade, retorna para casa com seu mais novo amigo Bazárov. Os confrontos começam quando Bazárov, um niilista, expõe seus pensamentos, sendo contrários aos do pai, e principalmente, aos do Tio de Arkádi, causando desgosto, desprezo e muitos desentendimentos. Ninguém entende suas descrenças e a indiferença quando ele expressa alguma opinião. Mas, afinal, existe um certo ou errado? Turguêniev, nos faz refletir a cada virada de página como pensamentos extremos podem causar impacto na vida das pessoas, seja qual lado for. ?
?
Por mais que seja um livro publicado em 1862, de velho não tem nada, essa diferença de mentalidade da velha contra a nova geração e suas diferentes ideias/opiniões, continua atual e permanecerá por gerações. ?
?
"Deve-se buscar a causa da sua lealdade mais no fundo; se posso me expressar assim, ela se enraíza nesta que, sem dúvida, é uma das melhores qualidades da massa: a capacidade de uma cegueira feliz e honrosa (lamentavelmente, a massa também conhece outras cegueiras), a capacidade de um entusiasmo desinteressado, do desprezo pelas vantagens pessoais imediatas, algo que para um homem pobre é quase equivalente ao desprezo pelo pão de cada dia."
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Vitaaria 13/09/2021

Surpreendente
Com linguagem simples, personagens bem definidos e distintos e um enredo também não muito complicado esse livro é surpreendentemente encantador!
Comecei a lê-lo com grande receio por ser um livro russo e ainda por cima clássico, esperava um livro complicado de entender, mas sua escrita fez jus a temática ao parecer atual.
Possui ótimas descrições dos personagens e explicações do ambiente, isso sem haver um parágrafo a mais que o necessário. A história se desenrola sem grandes propensões, mas isso não a torna cansativa, muito pelo contrário, deixa-a ainda mais instigante. E o final, da mesma forma, não poderia ter sido mais agradável.
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Kassem.Abdalla 03/08/2023

Os filhos que não seguem os pais
O ser humano enxerga sempre o mundo a partir de sua visão, e talvez essa nossa característica será, futuramente, a razão de nossa extinção.
Quando os EUA estavam trabalhando na bomba atômica, correndo o risco de perder a corrida para os Nazi, ainda sim eles se negaram em dividir informações com a URSS, apenas porque queria sair na frente. Esse fato, visto claramente durante o recém lançado filme do oppenheimer, retrata muito claramente o egoísmo da natureza humana, e como somos constantemente enviesados com a nossa ideologia de tal forma que colocamos isso a perder se a outra opção for ceder ao nosso opositor. Paralelamente, vemos aqui uma cena parecida, em que dois personagens dessa trama entram em um duelo, sendo, o viés ideológico o fator mais importante. E isso se encontra acima da vida deles.
Mas se me permite, gostaria de começar essa resenha de outra forma.
Esse livro busca retratar justamente o contraste de duas gerações, que acontece e acontecerá - julgo - durante toda a existência humana. Quando jovens, criamos raízes, e o mundo muda conforme alguns ousam pensar diferente, ou ousam reclamar, e isso conduz a realidade à um outro estado, o que acaba por produzir pessoas com outras raízes, que, cedo ou tarde, confrontará seu pai, e posteriormente, seu filho. E aqui vemos esse problema humanístico ser tratado com primazia, e uma impessoalidade digna de despertar em todos os grupos um sentimento de ter sido ofendido.
O texto é tão crítico com todos, em diversas passagem, que é muito complicado definir a posição ideológica do Ivan em relação a historia apenas a partir do que aqui está escrito, não à toa ele foi mais ou menos odiado por toda a Rússia, já que cada um se sentiu ofendido de alguma forma.
E o mais curioso é ver o quão atemporal essa obra se prova, uma vez que, do outro lado do mundo, no Brasil, nos dias de hoje, as discursões aparecem tão extremamente familiar ao que aqui é demonstrado na Rússia no século XIX.
Mas sem enrolação, vamos ao que interessa. Dentro da história, o enfoque principal é o personagem Bázarov, um assumidamente niilista. Tal termo, emprestado da filosofia, significa basicamente "negar", o que nos dias de hoje, no vocabulário popular, pode ser definido como "o homem que busca destruir os valores da família"...tudo bem, essa foi uma piada bastante politizada, mas se me desculpem, não tenho a habilidade do Ivan em soar impessoal através das palavras. Pois bem, o niilismo de Bázarov, que em tese muitas vezes se veste com um mantra "ceticista", se prova, em diversos momentos, abraçado com fortes convicções bastante deslocada com a ideologia. Principalmente se tratando de sua visão apresentado sobre as mulheres, já que ele se prova bastante preconceituoso, enxergando todas como caricaturas ou estereótipos do provavelmente pouco acesso que ele teve a tais damas. E tal preconceito só vem a calha, ou mesmo parece calhar, quando ele conhece a Anna, mas falarei ela em breve. Outra convicção, que agora não soa deslocado, mas apenas muito...idealizada ingenuamente, é a sua opinião sobre a arte. Ele basicamente despreza a arte, o que me soou muito como um jovem que apenas que se sair por cima, já que ele apresenta poucas "provas" de sua visão, se resumindo a julgar a arte sobre um olhar pragmático, o que de fato a induz ao fracasso. Mas muito injustamente seria, e talvez assim o Bázarov percebesse sua infantilidade, se julgássemos um médico pela beleza que é seus objetos de trabalhos (machucados, doenças etc). Talvez essa inversao mostrasse a ele o quão fajuto é seu critério para atacar a arte. Sobre sua personalidade no dia a dia, ele é extremamente desinteressado com quase tudo, relacionada é claro, com o dia a dia. Ele não se importa em discutir, ou apenas ouvir, me parece que tudo no mundo, que não seja o que ele quer naquele momento, é extremamente enfadonho, e acho que é assim que o seu pupilo, o Arkadi, se sente. Este que idolatra seu mestre, a ponto de levá-lo a sua casa depois de anos sem ver a familília, consegue transmitir muito bem uma vibe de irmão mais novo que apenas se resume a copiar os traços do irmão mais velho; ele vivi sobre uma aura que suplica por atenção tanto quanto um bebê precisa de leite. E basicamente, tudo que diz é apenas em concordância com o que diz Bázarov, ele nunca parece ter uma opinião de fato, e parece seguir o que pensa apenas pela conveniência do seu mestre ser assim. E Bázarov, de fato, o aceita, mas não sem sempre - e isso não é proposital - reafirmar que não precisa dele, ou mesmo que não se importa. E ele revela isso através de diversos comentários, sempre extremamente sarcásticos e, em certa medida, ácido. Ele possui um instinto gregário afiado, ainda que se perguntado, negasse isso como se fosse o pilar base de sua visão de mundo.
Essa última característica, fica evidente quando, mais adiante, ele conhece a Anna. Durante todo o período pré-esse-momento, sua rotina se resumia a estudar medicina e discutir com os pais de Arkadi. Nessas discursões, sua filosofia é expressa tanto com o que diz, como a forma que age, já que nunca é ele quem puxa a conversa. Normalmente é o Pável, o tio do Arkadi, que nos dias de hoje seria algo parecido com um sargento do exercito, fracassado, desiludido que julga a ditadura como "revolução". Pois voltando a Anna. Ela me soou quase como um retrato feminino do Bázarov, só que o termo direto de sua filosofa. Ele possui uma graciosidade meio indiferente em relação ao mundo, uma certa apatia fingida, e acima de tudo, uma tendencia à filosofia que a deixa ainda mais brilhante aos olhos do Bázarov, uma vez que acaba por soar "superior" aos seus olhos. E por ela, o nosso herói chega até a mudar uma de suas convicções, já que ele abandona a visão hegeliana de mundo, e passa a ter uma crença muito mais existencialista (isso acontece quando ele decide negar que "basta um exemplar humano para julgar todos os demais", e passa a enxergar as pessoas como indivíduos). E claro, ele se apaixona por ela, e como em todo bom romance russo, o amor não é correspondido.
Em suma, se eu tivesse que resumir esse livre em uma frase, seria, "um retrato do contraste de gerações entre os conservadores e os liberais, preocupados com a destrição do outro lado, a fim de..." (parei aqui propositalmente, espero que tenham entendido ;) )
Por fim, gostaria apenas de dizer que o Bázarov é um personagem tão intrigante, que ficamos tentados a ver sua mudança de espaço não por conta do espaço propriamente dito, mas a forma como o novo espaço irá recebê-lo.
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Carla Verçoza 21/04/2021

Leitura muito prazerosa!
Pais e Filhos é um livro muito bom de se ler. Turguêniev cria uma historia envolvente, a construção dos personagens é muito bem feita. Sem tomar partido ou realizar nenhum juízo de valor, ele vai construindo as relações entre os personagens, os conflitos, os amores, todo o restante da trama, de forma genial e é muito prazeroso acompanhar. Diálogos inteligentes e um belo de um final! Fiquei encantada com o livro e mais ainda com o autor.
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