Há quem prefira urtigas

Há quem prefira urtigas Junichiro Tanizaki




Resenhas - Há quem prefira urtigas


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Mauricio.Alcides 17/06/2017

Tanizaki tem um sério problema rítmico
“Há quem prefira urtigas” é sem duvida um clássico da literatura japonesa. A obra narra a estória de um casal que já a muito se separaram fisico, mental e espiritualmente, mas que não sabem como lidar com os conflitos dessa eventual separação em uma sociedade tradicional que sofre fortes influencias ocidentais.


A obra de Tanazaki em muitos capítulos flue de maneira singela e lembra até mesmo o estilo cristalino de Mishima, mas em outros momentos é arrastada, prolixa literalmente desnecessária.

Essa falta de ritmo é o único pecado de Junichiro Tanizaki, mas é o suficiente para transformar a experiência da leitura em um item exclusivo de masoquistas e leitores ávidos pela cultura da terra do sol nascente.

Nota 7
Bruno.Dellatorre 04/08/2020minha estante
Estou lendo o livro agora. Concordo com tudo o que você disse




Ana 29/01/2017

Drama de relacionamentos e choque de gerações
Não há o que discutir, Junichiro Tanizaki discorre com maestria acerca dos dramas de um casamento em ruínas e sobre a personalidade do casal indolente que o constitui. Traçando o perfil de uma sociedade que se preocupa excessivamente com as aparências à sombra de um relacionamento que sobrevive apesar de traições, choros abafados pelo travesseiro, sustentado somente pela covardia e apego à rotina, o autor traz à tona, sutilmente é claro, a crítica e o questionamento acerca dos relacionamentos modernos e as concessões que são feitas. Para acentuar essa crítica, Tanizaki se utiliza do contraste entre as gerações e culturas representado pelas três figuras femininas centrais da trama: Misako, Ohisa e Louise, cada qual centralizando o drama de sua própria era, distribuídas entre o tradicionalismo e submissão das mulheres japonesas até a transição para a influência da cultura ocidental e até mesmo a sua intromissão no Oriente.

Para mim, um aspecto negativo é o detalhismo com que o autor retrata aspectos culturais como o teatro Nô, Kabuki e o Bunraku. Apesar da beleza de tais detalhes, o excesso de preciosismo é um tanto cansativo. Em outra ponta, outros detalhes importantes são deixados de lado de forma que a história termina abruptamente, deixando a impressão de despropósito e de que havia algo mais a ser dito. Como se a história fosse encerrada no meio de um capítulo, mas no geral é uma ótima leitura para quem gosta do gênero e de cultura japonesa.
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GilbertoOrtegaJr 22/08/2015

Há quem prefira urtigas- Junichiro Tanizaki
Para cada cultura existem formas de se relacionar que são aceitáveis ou não, algumas mudam com o passar dos anos ou desenvolvimento de tal sociedade, ao receber e ser influenciado por outros tipos de cultura. Em Há quem prefira urtigas de Junichiro Tanizaki, o autor se debruça sobre a vida de um casal em pleno processo de separação, algo não muito comum no Japão dos anos 1920, período em que se passa a história.

Nesta livros somos apresentados ao jovem casal Misako e seu marido Kanane, que absorveram uma grande dose da cultura ocidental, e um dos elementos que fazem parte desta modernidade do casal é a decisão de ambos de se divorciarem, pois aparentemente um não sente mais amor, e tampouco atração sexual pelo outro, ou seja em algum momento o amor acabou mas ambos ainda assim continuaram vivendo juntos, sem decidir se separaram de uma vez.

Ao decidirem finalmente pensar na situação de forma clara e planejar como será feito o divórcio ambos concordam que o melhor é dar um tempo para esperarem e ver se é isso mesmo que eles querem, e como seguirão dali para frente. As intenções de Misako são de se casar novamente com seu amante Aso, já seu marido não apresenta grandes planos porém mesmo assim se encontra constantemente com a prostituta Louise, uma mulher ocidental que decidiu ir morar no Japão.

Na orelha do livro diz que estas três mulheres são representações do choque de geração no Japão, e suas mudanças na forma de se relacionar mas, não é isso que acredito, parece não haver uma grande intencionalidade do autor, ao menos não para mim. O que me parece é que existe um leque de variáveis para que o livro não ficasse raso ou monotemático.

Outro ponto que me incomodou muito no livro é o tanto que o autor faz referências ao tetro Kabuki, os mais cultos que eu dizem que é uma metáfora mas, mesmo assim o autor explana em vários momentos sobre este teatro e suas características muitas vezes se tornando maçante, o interessante é que o autor diz em algum momento do texto que os jovens japoneses não estão mais interessados neste tipo de arte. E o que o faz pensar que se eles não estão o leitor estará? ainda mais após a forma como ele nos é apresentado, sem uma ordem cronológica, ou de forma completa de uma vez de forma fragmentada, sem que isso cumpra grandes propósitos ao longo do livro.

Apesar do tema interessante e o livro ser curto, são apenas 191 páginas, a impressão que fica é que falta um proposito e firmeza no livro, o tema proposto não é atacado em seu núcleo, pelo contrário o autor anda na margem. Os personagens indecisos e inseguros são cansativos e quase sempre não mostram traços individuais, sendo todos eles em sua grande maioria inseguros e submissos a vontade alheia, só se movimentando quando são pressionados neste sentido. Por tudo isso achei a leitura cansativa e muito frustrante.

site: https://lerateaexaustao.wordpress.com/2015/08/23/ha-quem-prefira-urtigas-junichiro-tanizaki/
Ladyce 22/08/2015minha estante
Boa resenha. Achei as descrições do teatro Kabuki intermináveis.




Ladyce 06/12/2014

Uma obra importante mas que perde muito no ocidente
Uma narrativa sensível e indireta. Delicada. Com um tema que me pareceu um tanto datado: divórcio. Foi difícil, para mim, me situar em um tempo anterior à Segunda Guerra Mundial, em um Japão cujas principais metáforas para a explicação dos sentimentos foram o teatro Kabuki ou músicas cantadas que diferenciam a língua falada em Tóquio da língua falada em outra área. As metáforas, extensas, nesse livro, vêm cheias de considerações que eu sabia estar perdendo, limitada pela minha ignorância sobre a cultura do país na época.

A introdução à metáfora do teatro logo no início do romance passa ao largo de quem não conhece os personagens. Sim, no palco há uma boneca mulher, que não tem vontade própria. Mas é só isso? Não há de haver mais já que passamos tanto tempo enroscados naquela descrição. Encontrei-me consultando o Google a cada vinte páginas, tentando captar mais do que uma leitura superficial do texto.

Sim, a dúvida do casal, mais dele do que dela, de se separar ou não. Entregar-se à modernidade ocidental ou às tradições nipônicas de pré-guerra é óbvia, permanente e angustiante. Mas por ser parte de uma narrativa metafórica e oblíqua, leva muito tempo para ser desenvolvida.

Penei para achar uma maneira de relatar as minhas frustrações com o romance sem tentar desencorajar quem quer que seja de lê-lo, pois a opinião da maioria dos leitores desse romance é muito mais apreciadora do que a minha. Mas fui forçosamente lembrada dos romances do início do século XX, em que as histórias podem ser longas e um tanto repetitivas porque muitas vezes apareciam em capítulos semanais.

Definitivamente não recomendo sua leitura para a introdução à literatura contemporânea japonesa, mesmo sendo este autor considerado um dos pais da moderna literatura do país.
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Renata 06/09/2014

Há quem prefira urtigas.
Onde? Japão
Quando? Anos 1920

O que? O relacionamento mantido por Kename e Misako, um casal que há muito tempo perdeu a atração um pelo outro e que a despeito de se decidirem pelo divórcio não conseguem levá-lo adiante.

Kename e Misako se entendem possuem afinidades suficientes para manter uma amizade, mas não um casamento. Misako possui um amante, Aso, não somente com o conhecimento, mas também com a anuência do marido. Kename por outro lado também mantém seus relacionamentos extraconjugais, tudo sob o índice da descrição, a fim de manter as aparências.

Moral da história? A narrativa coloca em pauta alguns pontos como a construção cultural japonesa, com especial atenção à arte de teatro de bonecos, a qual chegamos a conhecer em suas diferentes modalidades, praticadas em centros urbanos como Tokyo, Osaka, mas também em cidades rurais.

Segundo minha perspectiva o grande barato do livro está na possibilidade do leitor vincular a constituição cultural e social do Japão com os desenlaces da vida daqueles personagens. Explico: ao desenrolar da história nos é mostrado como culturalmente o Japão se constitui como uma mistura de diferentes fases, desde os xogunatos medievais até a inserção da modernidade ocidental.

Essa sobreposição de valores reflete diretamente sobre as possibilidades das pessoas se relacionarem, e a narrativa aqui enfoca o casamento. Em certa altura o pai de Misako revela também ter passado pelo mesmo distanciamento em seu casamento, contudo, seguia-se em frente, a falta de amor ou intimidade não era motivo para terminar o casamento.

Kename e Misako vivem a transição, identificados com ideais de modernidade, mas ainda se viam presos às formalidades tradicionais.
Esses diferentes modos de existência são retratados com mais ênfase em relação às personagens femininas, em Luisa, a mulher da vida, Ohisa, (a concubina 30 anos mais nova do pai de Misako) que apesar de sua pouca idade representava a mulher condizente às tradições japonesas, moldada e educada segundo as vontades do marido e finalmente Misako, figura de transição destes mundos. Esta percepção sobre Misako é corroborada por um diálogo de Kename com Takanatsu, um intermediador nas reflexões do casal, em que discutiam sobre Misako ser uma mulher do tipo "rameira" ou "caseira".

A história se passa sob a perspectiva de Kename, o leitor sabe o que ele sabe. O problema é que Kename é um personagem fleumático, falta-lhe vigor e conforme as páginas passam temos a sensação de que nada acontece, o que no fim das contas fica bem e acordo com o modo que os eventos se encaminham e que o livro termina. Me parece que diante do modo acelerado em que nós leitores vivemos as ponderações do casal, a postergação da tomada de decisão nos afigura como uma espécie de paralisia.
Maravapi 08/06/2015minha estante
Oi Renata, sua resenha ficou ótima, mas eu pessoalmente daria uma estrela e meia a mais!




Renato Pereira 25/02/2009

Jogo de aparências no Japão dos anos 20
Um romance que deixa exposto o outro lado do moralismo: aquele que todos fingem não ver e não se importar. O livro busca descrever, em pleno Japão dos anos 20, o quanto estamos habituados a jogar uma sujeirinha incômoda para baixo do tapete. Uma crítica inteligente às regras estabelecidas pela sociedade, como casamento e família, e que leva à reflexão de como há, nas entrelinhas sociais, a imposição de viver de aparências. "Há Quem Prefira Urtigas", de Junichiro Tanizaki, mostra que os valores são apenas circunstanciais e que a vulnerabilidade pode nos transformar em quem nunca imaginamos.
Sha 03/09/2012minha estante
Fiquei com vontade de ler :D




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