A Carne

A Carne Júlio Ribeiro




Resenhas - A Carne


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Clio0 15/07/2022

A Carne, como o próprio nome diz, é uma obra típica do Naturalismo e, portanto, foca nas relações naturais e em como elas afetam a sociedade e vice-versa; Essa obra particular de Júlio Ribeiro carrega nas descrições dos corpos, especialmente femininos, o que gera uma escrita próxima do erotismo atual - um leitor desavisado pode realmente achar que está lendo um livro histórico.

A trama é simples, uma jovem órfã é acolhida por uma família de estancieiros e lá se envolve com um homem mais velho (rico, experiente, protetor). É uma fantasia típica do universo masculino e como tal aborda ainda que levemente coisas como ostracismo, separação/divórcio, gravidez indesejada.

A personagem feminina, Lenita, é um caso a parte. Percebe-se o desafio do autor em tentar montar uma mulher crível, porém seu olhar é por demais masculino, macho, para que as descrições do corpo dela possam realmente ser atribuída a ela. O perfil intelectual e emocional é melhor trabalhado, com uma jovem inteligente só que ainda enfrentando os desafios da própria sexualidade.

É um texto com altos e baixos, contudo é inegável que o autor conseguiu realizar sua proposta: o que acontece quando uma mulher apresenta atitudes e características consideradas masculinas em um Brasil que apenas caminhava em direção a modernidade.
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Eduars 17/07/2009

A Carne
Livro polêmico. Primeiro é necessário atentarmos que Júlio Ribeiro é um dos principais intelectuais do século XIX. Professor particular, professor no Colégio Americano - embrião da Universidade Mackenzie. Foi um importante gramático da língua portuguesa e seu nome é citado nos Anais da Igreja Presbiteriana de São Paulo do historiador presbiteriano Vicente Themudo Lessa - o qual é aparentado deste. Júlio Ribeiro era um espírito inquieto, chegou a compor os quadros do evangelismo presbiteriano viajando com Chamberlain por regiões do Brasil. Não sabe ao certo o porquê tenha abandonado as fileiras presbiterianas, Lessa sugere que desentendimentos com os missionários estadunidenses sejam os motivos. Sua principal obra dessa época é um livro que não lembro bem o nome, mas se não estou enganado chama-se "Padre Belchior de Pontes".



"A carne" é polêmico não por causas religiosas, mas morais. Por exemplo: enquanto grande parte de nossa literatura trata a mulher como coadjuvante ou como uma mera serviçal e alguns casos como sinônimo de vilania, como a personagem Sophia de Machado de Assis. A personagem Lenita de Ribeiro é altamente independente, domina seus sentimentos, não está atrás de um marido para agradar a sociedade. Ela fica grávida e assume sozinha as complicações de sua gravidez, simplesmente não permite a ingerência do homem que lhe engravidou. Polêmico né?



Não é uma excelente literatura, mas passar por Júlio Ribeiro e suas obras e não dar-lhe o devido crédito é o cúmulo da ignorância literária.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 10/07/2018

Páginas Rasgadas
De autoria de Julio Ribeiro (1845-1890), "A Carne" é um romance naturalista, publicado em 1888, que escandalizou a sociedade e atraiu a ira da igreja, ao apresentar temas até então ignorados pela nossa literatura, como a independência da mulher, divórcio e o amor livre.

Polêmico e alvo de muita curiosidade, o livro esteve entre os mais vendidos durante décadas. Era comum ser comprado em segredo, muitas jovens foram impedidas de ler ou, quando obtinham permissão, as páginas consideradas impróprias tinham sido rasgadas. No entanto, a pátina do tempo fez com que sua obscenidade perdesse o viço, revelando uma drástica transformação de comportamento em pouco mais de um século.

Sua história narra a desenfreada paixão entre Helena Matoso ou Lenita, uma jovem instruída, amante da leitura, e Manuel Barbosa, um engenheiro mais velho e experiente que está separado da esposa há muitos anos. Considerado imoral, esse relacionamento culmina com um trágico desfecho.

A crítica jamais foi pródiga em elogios para o romance. Álvaro Lins afirma de que ele não passa de "uma mediocridade intelectual" e Nelson Werneck Sodré conclui que "marginal nas letras, "A Carne" não resiste à menor análise, seja de forma, seja de conteúdo". Na contramão, Manuel Bandeira foi um dos poucos a tecer elogios, no caso, por sua "posição didática e combativa".

Em linhas gerais, Júlio Ribeiro pretendia tecer uma contundente crítica ao atraso da sociedade brasileira no ostracismo do Império. Para tanto, criou uma protagonista de vanguarda que incomodaria os leitores por sua independência financeira, intelectual e sexual, inclusive, dando margem para abordar o sadismo, a ninfomania e perversões. Para tanto, a estrutura da obra teria como grande trunfo o "histerismo" da jovem, contudo, a opção por um desfecho que contraria o diagnóstico e a extrema erudição, que cria um clima artificial e destrói o romantismo ente os amantes, fizeram com com que a "celebração da carne ganhasse primazia sobre o questionamento dos valores burgueses".

Apesar do problema, para quem pretende conhecer o Naturalismo na literatura brasileira, essa é uma boa sugestão, inclusive, é frequente selecionado para leitura obrigatória em vestibulares.

Nota: "A despeito de ser extremamente popular, na atualidade, o termo ?histeria? não é mais utilizado e deve ser enfaticamente evitado. Isso se deve a vários fatores:
* Ele provoca confusão de diagnóstico. Não está bem definido o que significa.
* Também provoca preconceito e estigma, pois pode ser visto como fingimento dos pacientes, o que não é verdade.
* Existem várias formas mais precisas de classificar os fenômenos ditos histéricos." (Wikipedia)
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Lucas Ferreira 01/01/2023

ruim
Poderia ser melhor, o fato do pai de Lenita ser um desafortunado e tudo de ruim acontecer com ele poderia ser melhor explorado. No entanto, o fato de Lenita ser uma mulher independente e depois deixar-se levar por seus impulsos me deixou um pouco triste também (o autor construiu personagens fortes muito embora não foi muito assertivo em continuar a narrativa).
As partes interessantes foram acerca da visão branca da capoeira, do comportamento típico da resolução de conflitos dentre outros pontos históricos que engrandeceram a obra.

Leitura em E-book, não recomendado à menores de idade. (na real não recomendo, a não ser que você tenha outra opção ou tenha interessa histórico)
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Pandora 04/12/2012

Esse livro é minha mais nova aquisição, infelizmente não posso caracterizar esse livro como uma coisa fofa, “titininha” como diz minha irmã. "A Carne" é um romance publicado no final do século XIX de temática naturalista, então aqui o que vemos não é uma história movida pelo amor e sim pelas necessidades físicas dos personagens, seus anseios sexuais, especialmente os da audaciosa Lenita.

Alias, sobre Lenita, a narrativa aparentemente conta a história dela, uma moça que recebeu uma educada muito mais ampla que a maioria dos homens de sua época (o que se dirá das mulheres). Lenita perde sua mãe no berço e seu pai a educa como educaria a um filho homem, ao perder seu pai aos 22 anos, Lenita se ver emocionalmente abalada e muda-se para a fazenda de uma espécie de avô, o velho Barbosa, onde conhece Manuel Barbosa e o resto, bem, não vou contar a história toda.

Mas, não comprei esse romance por causa da história de Lenita, não que essa história não seja interessante, mas o que me chama atenção neste livro é que Julio Ribeiro traça um retrato muito interessante da escravidão, muito diferente do usual. Ele mostra escravos que não se conformavam com a escravidão e inúmeras características das relações senhor/escravo que foram ignoradas pela História e hoje estão sendo reencontradas.

O que a História academica apenas começa a retratar a partir da década de 80 do século XX a literatura já retratava com muita competência em pleno século XIX... E para além do “queijo” da Lenita, esse livro traz um retrato da escravidão e de como ela era vivenciada no campo e, como se trata de um discurso de época , ainda podemos analisar a visão que a sociedade branca tinha do negro, ou seja, para quem se interessa por história afro-brasileira, essa sem dúvida é uma leitura recomendada e vamos nessa \o/!!!

Originalmente publicada em Maio de 2010 em http://elfpandora.blogspot.com.br/2010/05/carne-julio-ribeiro.html
Wander Blaesing 14/08/2013minha estante
Genial análise deste livro!


Pandora 15/08/2013minha estante
Obrigada Wander!!!!




Malu 06/11/2022

Quanto de estrago a carne pode fazer?
Eu comecei a ler esse livro por causa do meu professor de literatura, porque ele falou de tal forma do livro, que eu tinha que lê-lo.

Ele é forte e pesado, e passa as angustias de uma adolescente em puberdade de Lenita, pois essa é a sensação que nos traz, a busca por algo para preencher o grande vazio de seu coração pelo prazer carnal, a curiosidade intensa do que é novo e que lhe causa forte sensação...

É um livro para se pensar, para se refletir sobre nossas ambições e vontades, sobre nossas objetivos de vida e nunca deixar que o constumeiro nos consuma.

É um livro cheio de questões, pouco sobre o papel da mulher na sociedade, mas sim de como ela devia ser vista sexualmente pelo homem, muito sobre a escravidão, mesmo que em 3° plano, enfim, é um livro bom.

Obrigada Rodriguinho, melhor professor de literatura que já tive.
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arqueofarias 12/03/2021

A história é até boa. Mas o desenrolar é muito massante. Há capítulos muuuuito extensos e que não acrescentam muito no enredo principal. Gostei bastante do desfecho.
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San 14/01/2021

Interessante !
Mostra uma mulher forte, decidida, com desejos uma mulher moderna.
Gostei bastante do livro, embora não me identifique muito com o estilo naturalista.
Indico a leitura!
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Peagá 07/02/2010

Naturalismo ao extremo
O mais bacana do livro é o realismo e o naturalismo com que foi escrito. É uma visão do mundo tão concreta que chega a ser agressiva, inclusive no que diz respeito aos pensamentos humanos. Por ser tão realista, o livro não escapa de ser bastante sensual, erótico. Só não ficou bem o autor repetir o título do livro a toda hora, em letras garrafais.
Edna 18/01/2017minha estante
E põe extremo nisso. Estou com vontade de ler novamente este livro.




Barbara.Teodoro 24/06/2020

Intragável
O livro faz jus à uma época que passa longe dos meus olhos, vivências e militâncias. Há quem diga que tratar relatos como o narrar da escravidão, autores x suas obras na atualidade é nada mais que um registro histórico de uma época. Há quem diga que não se pode concordar com isso e exterminar a disseminação desses contextos.

O livro, como disse no título, é intragável. O brilho nos olhos de Lenita por assistir um homem preto apanhar ao tentar fugir me dá repulsa. A excitação de Lenita pela caça me dá asco. A forma como o autor detonou a cidade que nasci, Santos, me dá raiva. Enfim, terminei o livro pra fazer valer minha experiência com muito ódio da obra.

Pra não dizer que tudo é negativo, o ponto alto do livro foi o autor colocar Lenita como uma mulher intelectual no século XIX, coisa bem surpreendente à época.
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Raquel Lima 14/02/2009

Um clássico naturalista
Como todos os romances naturalista, ele tem uma descrição seca da vida, do natural. Existe uma passagem que o autor descreve o cio de uma vaca com a cobertura do touro que causou grande furor na sua época, considerado imoral pela sociedade da época. Bem interessante como romance que marcou época na literatura nacional.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 23/10/2017

Páginas Rasgadas
De autoria de Julio Ribeiro (1845-1890), "A Carne" é um romance naturalista, publicado em 1888, que escandalizou a sociedade e atraiu a ira da igreja, ao apresentar temas até então ignorados pela nossa literatura, como a independência da mulher, divórcio e o amor livre.

Polêmico e alvo de muita curiosidade, o livro esteve entre os mais vendidos durante décadas. Era comum ser comprado em segredo, muitas jovens foram impedidas de ler ou, quando obtinham permissão, as páginas consideradas impróprias tinham sido rasgadas. No entanto, a pátina do tempo fez com que sua obscenidade perdesse o viço, revelando uma drástica transformação de comportamento em pouco mais de um século.

Sua história narra a desenfreada paixão entre Helena Matoso ou Lenita, uma jovem instruída, amante da leitura, e Manuel Barbosa, um engenheiro mais velho e experiente que está separado da esposa há muitos anos. Considerado imoral, esse relacionamento culmina com um trágico desfecho.

A crítica jamais foi pródiga em elogios para o romance. Álvaro Lins afirma de que ele não passa de "uma mediocridade intelectual" e Nelson Werneck Sodré conclui que "marginal nas letras, "A Carne" não resiste à menor análise, seja de forma, seja de conteúdo". Na contramão, Manuel Bandeira foi um dos poucos a tecer elogios, no caso, por sua "posição didática e combativa".

Em linhas gerais, Júlio Ribeiro pretendia tecer uma contundente crítica ao atraso da sociedade brasileira no ostracismo do Império. Para tanto, criou uma protagonista de vanguarda que incomodaria os leitores por sua independência financeira, intelectual e sexual, inclusive, dando margem para abordar o sadismo, a ninfomania e perversões. Para tanto, a estrutura da obra teria como grande trunfo o "histerismo" da jovem, contudo, a opção por um desfecho que contraria o diagnóstico e a extrema erudição, que cria um clima artificial e destrói o romantismo ente os amantes, fizeram com com que a "celebração da carne ganhasse primazia sobre o questionamento dos valores burgueses".

Apesar do problema, para quem pretende conhecer o Naturalismo na literatura brasileira, essa é uma boa sugestão, inclusive, é frequente selecionado para leitura obrigatória em vestibulares.

Nota: "A despeito de ser extremamente popular, na atualidade, o termo ?histeria? não é mais utilizado e deve ser enfaticamente evitado. Isso se deve a vários fatores:
* Ele provoca confusão de diagnóstico. Não está bem definido o que significa.
* Também provoca preconceito e estigma, pois pode ser visto como fingimento dos pacientes, o que não é verdade.
* Existem várias formas mais precisas de classificar os fenômenos ditos histéricos." (Wikipedia)
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Carina 10/03/2015

Racional x Animal
É um livro em que existe o estudo, a sua valorização. Porém, na verdade, todo esse racionalismo quando entra em cena a vontade do corpo, perde todo seu significado e as pessoas entram de cabeça em suas satisfações efêmeras, e depois tentando ser racionais percebem a ausência de um sentimento puro. E mais uma vez tomam atitudes no calor dos acontecimentos acreditando ser a saída racional, correm na irracionalidade.
20/06/2016minha estante
Relata-se, por meio de uma leitura bastante coloquial, naturalista e simples em proporções físicas, o romance avassalador de Manuel Barbosa, homem maduro e culto e Lenita, moça de 22 anos, inteligente e muito bonita. Haja vista o período em que o romance foi escrito, 1888, aborda temas como o divórcio, a escravidão, o novo papel da mulher (passiva x ativa).
Para Moisés (1928) a literatura fornece um tipo singular de experiência que trabalha imaginação, que produz formas de vida possível e diferente da nossa; enriquecendo a maneira de ver e analisar a realidade, uma vez que a literatura, de certa forma nos ensina caminhos de maneira brilhante, possibilitando uma forma de conhecer melhor ao mundo e aos homens, nos permite entender que a literatura liberta, das amarras sociais, políticas e econômicas. Assim, serve como instrumento de cunho político, moral, social e econômico. Ela nos desperta até nas coisas que estão mais escondidas, quebra paradigmas, tabus, por isso, é incômoda, por fazer enxergar o que comumente negligenciamos. Sendo assim, ao escrever a obra, Ribeiro choca a sociedade ?perfeita? e ?presa a padrões? mostrando a hipocrisia da mesma; explicita o desejo sexual de Lenita que ao contrário das outras moças da época, não idealiza o amor e tinha repulsão ao casamento; considerava uma instituição sociológica, hipócrita que se prendia a padrões em nome da boa aparência social.
Lenita era rodeada de pretendente, mas nunca quis casar-se. Quando Lenita teve vontade de satisfazer sua carne, suas paixões, sua natureza humana; sempre deixou claro que não queria casar pelas consequências do casamento, como por exemplo, a responsabilidade de cuidar de outras pessoas que dependam dela, ?filhos?. Ela compreendia que o casamento era uma necessidade fisiológica. Ribeiro assim como Freud (2011) critica as instituições sociais e compreende a natureza humana, agressiva e sexual, sendo as instituições, assim como a religião, reguladores, opressores, por intermédio do sentimento de culpa, reprimimos nossas vontades que acarreta no mal-estar em nome da boa aparência social. Quando Lenita recebe a picada da cobra confessa a Barbosa que o deseja, ele também a deseja, no entanto, não tem coragem de assumir por ser casado, pois mesmo estando separado da esposa (que morava na França) socialmente era casado, pois na época não era permitido o divórcio. Na obra em análise pode-se notar que a mulher deixa de ser passiva e se torna independente e ativa. Lenita, primeiro passa a desejar a estátua ?fitou com atenção à estátua: aqueles braços, aquelas pernas, aqueles tendões retesados, aquela virilidade, aquela robustez, impressionaram-na de modo estranho.? (p. 21). Depois ela que teve a iniciativa de se relacionar com Barbosa. Encontravam-se em segredo (todas as noites), acaba por engravidar, todavia não diz nada a Barbosa. No fim da obra, Lenita escreve uma carta destinada a Barbosa, na qual conta detalhadamente sobre sua viagem a São Paulo e o motivo de sua partida, estava grávida e necessitava de um pai para registrar a criança, se envolveu com um antigo pretendente, qual de dispôs a assumir o filho. Barbosa ao ler a carta fica arrasado e acaba por suicidar-se. Lenita, apesar de ser ativa e ter ideias revolucionárias, como afirma o coronel , quando ela se questiona acerca dos castigos e da reificação dos escravos, para enriquecimento do coronel, como forma de ascensão, passa a fazer parte da instituição que outrora ela tanto odiava, evidenciando que ela não amava Barbosa, somente o desejava, necessidade natural e fisiológica e que casara somente por interesse, um pai, para seu filho. Já Barbosa evidencia sua perversidade, sendo egoísta, e sem pensar nas consequências, acaba por suicidar-se, por conta de Lenita ter ferido seu ego, esquecendo ele, que tinha família e que sua morte traria sofrimento aos familiares, sobretudo ao pai que ele dizia amar.




Thamara 21/01/2022

Bom
Nunca havia lido nada do autor. Esse livro percebe a escola do Naturalismo, eu não sabia quando o comprei, e essa é uma vertente que não me agrada muito. É um livro pequeno, e objetivo, contar a história de Lenita e a guerra entre sua razão e seus desejos carnais!
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Lane 01/10/2013

A CARNE
O autor deste livro – Julio Ribeiro - é patrono da Academia Brasileira de Letras, e é reconhecido por ser um representante do movimento naturalista, este romance é a sua obra mais famosa.

O Naturalismo foi um movimento literário que desvelou a realidade, pois tentava explicar material e cientificamente os fenômenos da vida e do comportamento humano. Ler uma obra naturalista é como ler uma obra contemporânea, só que escrita em outra época.

Para alguns não há muita diferença, entretanto o principio do naturalismo não é somente descrever a realidade. O cotidiano, os fatos corriqueiros são compartilhados com uma perspectiva óbvia de mergulhar o leitor na incerteza que é a vida. O diferencial no naturalismo é mostrar a impossibilidade do porvir.

Desta forma, portanto, podemos considerar que é algo ruim de ser ler, no entanto devo afirmar que é ao contrário. O que nos impulsiona a ler uma obra naturalista são as ofertas do descobrimento. As experiências antigas sempre nos intrigaram e no naturalismo percebemos que as preocupações, as desilusões, o instinto humano, as fraquezas, os perfis psicológicos debilitados são coisas desde sempre.

“A Carne” é uma obra densa e atual que nos faz encarar com lucidez a vida.

Por ter sido escrita em 1888, foi considerada polêmica pela igreja e sociedade, pois levantava questões moralistas. Questões estas, que até bem pouco tempo ou se duvidar ainda hoje em dia são discutidas.
O divórcio, os anseios sexuais femininos, o amor livre, o sadismo, a violência, a razão e a emoção são questões desenvolvidas com ousadia pelo autor nesta obra.

Os sentimentos dentro da história são constantemente demarcados de forma individual sem causar estranhamento ao leitor, porém toda a atmosfera da leitura é de uma batalha interna, e mesmo com tanta descrição realista sobre o comportamento humano é possível verificar sensibilidade na obra.

Os personagens preenchem toda a história, e a narrativa é toda em 3ª pessoa com um narrador onisciente [comum nas obras naturalistas], entretanto este consome avidamente o leitor durante toda a leitura desta obra, ele se esvoaça em detalhes, alguns prolongados e cansativos e outros breves e irritadiços, e nem sempre inteligíveis, ainda que ele se destaque compondo e ao mesmo tempo sobressaltando na história.


Embora a obra tenha sido escrita em outro século, ela não possui o tradicionalismo que comumente observamos em romances históricos, não obstante a sua linguagem é arcaica e há muitos trechos com descrições enigmáticas.

A trama toda cria expectativas no leitor, porém o seu valor vai muito além de apenas ler um clássico.

“A Carne” é um grito de revolta entre a carne e a mente, entre escolha e consequência, entre viver e morrer... Entre ser livre e se prender.

O tom singular que é exibido neste romance é de que o amor não é a coisa mais importante na vida, e isto nos surpreende de uma maneira perspicaz por causa do alento e do perigo que o mesmo representa dentro da história.

A pós-leitura deste livro me produziu uma intensidade cognitiva intensa, ainda que eu o tenha achado bem reflexivo, contudo a minha maior admiração por ele é porque ele não possui o toque típico do sentimentalismo piegas que constantemente vemos por aí. Ele é cru em todos os aspectos.

Apesar de tudo, eu creio que não sei descrever o tipo de emoção que senti quando terminei de lê-lo, não que não houvesse interação minha e a obra, só que [não foi pelo final] o sabor dele em mim foi forte, e cada um de nós sabe exatamente os embates de luta que tem com a sua própria mente.

Avaliei com 4 estrelas.
Edna 18/01/2017minha estante
Verdade, ele é cru, nos mexe profundamente, li esse livro há quase quinze anos atrás, más o que lembro é denso.




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