A Utopia

A Utopia Thomas More




Resenhas - Utopia


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laura.leles 11/02/2021

Clássico, bem escrito, leitura divertida. É um livro com um viés de crítica social muito acentuado, que se propõe a pensar uma sociedade ideal. Leitura interessantíssima, agrega muito no estudo de História.
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Pri 08/04/2022

Obviamente, toda história carrega traços dos pensamentos que circulam em sua época, sendo assim, é natural encontrar em Utopia ideias contrárias a algo que defendemos hoje. Com isso em mente, as questões que surgiram durante a leitura tratam mais do projeto de sociedade como um todo do que de particularidades ali existentes.

More acreditava realmente na ideia de sociedade construída em Utopia ou apenas criou uma história considerando o que achava ser ideal? Porque seria preciso ter muita fé na humanidade para confiar que o sistema da ilha poderia ser replicado.

Vejo ali uma superficialidade em relação as emoções e sentimentos inerentes ao ser humano. A cobiça, o ódio, a inveja, o egoísmo, a individualidade que muitas vezes se sobrepõe ao coletivo, características que poderiam arruinar Utopia, parecem quase não existir.

Rafael, personagem que nos apresenta a ilha, morou por lá tempo suficiente para perceber qualquer movimento que provocasse distúrbios, mas, ainda que fale sobre as punições, indicando que os utopianos cometem erros, em sua narrativa a ordem e a obediência prevalecem.

Uma interpretação que coloque os habitantes de Utopia como inteligências artificiais superdesenvolvidas, que existem sobretudo para seguir o que é considerado correto naquele meio, não seria nada absurdo. A manutenção de um sistema social sem grandes conflitos seria possível somente nesse caso.

A sociedade criada por More se mostra intrigante e suas ideias trazem reflexões realmente interessantes, mesmo que o todo tenha provocado muito mais desconfianças e suposições do que aceitação. Afinal, utopia (a palavra) não ganhou o significado que tem à toa.
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Gabriel Araujo 09/06/2011

Thomas More, ou Morus – ¬¬¬na versão latina –, nasceu em fevereiro de 1478 em Londres, Inglaterra, em uma família com pouca influencia na nobreza, seu pai Sir John More era juiz e fora intitulado cavaleiro por Eduardo VI – primeiro titulo nobre para a família –. Em 1505 casou-se com Jane Colt, com quem teve quatro filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John. Sua então esposa Jane faleceu em 1511 e mais tarde Thomas More casou-se novamente com Lady Alice Middleton. Assim como ele seus filhos foram educados nas ciências renascentistas – More não fazia distinção entre os sexos: tanto seu filho e suas filhas tinham as mesmas disciplinas e educação –. Eles estudaram: grego, latim, retórica, matemática, medicina, astronomia, lógica e teologia.
Thomas More exerceu a profissão de advogado e depois se dedicou cátedra universitária – especialmente sobre debates das obras gregas de Platão –. A vida política de More começou aos seus 26 anos onde foi eleito presidente da Câmara dos comuns onde ficou famoso pelo conservadorismo e por ser um parlamentar combativo, anos mais tarde em 1511 tornou-se juiz supremo da Commission of Peace (Comissão de Paz). Com o seu sucesso profissional, em 1520 More entra na corte de Henrique VIII como embaixador do rei, no mesmo ano o rei o intitulou cavaleiro real. Em 1521 foi nomeado tesoureiro e depois Chanceler do Ducado de Lancaster e por fim Chanceler da Inglaterra.
More sempre foi um homem bastante religioso e ao longo de sua vida fez criticas ferrenhas em suas obras em relação à postura da igreja católica e da sociedade inglesa da época. Contemporâneo de Matinho Lutero, More foi encorajado pelo “líder” da Revolta Protestante a levar suas idéias à tona, porém More era extremamente católico e não aceitou a “proposta” de Lutero. Este fato mostra o paradoxo que More faz, ao mesmo tempo em que critica a igreja não a abandona. Com o escândalo extraconjugal do Rei Henrique VIII que era casado com Teresa de Aragão e tinha uma amante Ana Bolena, o Rei que queria divorciar-se da Rainha Teresa e casar-se novamente com Bolena, pediu ao Papa Clemente VII que concedesse seu desejo. O Papa negou tal pedido e ameaçou a excomungação do rei. Assim Henrique VIII decidiu a separação da Inglaterra com o Catolicismo e funda a igreja Anglicana onde o rei Inglês é o soberano da instituição. Assim ele se separa e se casa com Bolena. More é totalmente contra a desvinculação do catolicismo na Inglaterra e por isso critica o rei. Mais tarde o rei exigiu que a nobreza da Inglesa jurasse considerar seu filho com Bolena o herdeiro do trono. More foi chamado a realizar seu juramento em 1535, mas, diante de sua recusa, foi aprisionado na Torre de Londres. No mesmo ano, foi acusado de traição, condenado e decapitado.
Das obras mais celebres de More a Utopia sem dúvida é a mais famosa e a que melhor explica sua visão. Na obra o autor apresenta um diálogo entre: ele próprio, o Bispo e um navegador Rafael Hitlodeu – ambos heterônimos –. O livro é dividido em livro primeiro e livro segundo. O livro primeiro: apresenta as personagens e suas histórias de vida, fala sobre a ilha de Utopia e sobre a Inglaterra. No livro segundo: vemos os dados geográficos da ilha, sua cultura e peculiaridades. A descrição é que a ilha de Utopia era um lugar com cidades idênticas, pessoas civilizadas sem a existência de propriedade privada, e dinheiro – na verdade o dinheiro‘estáter’ existia, mas só era usado para o pagamento de mercenários na proteção da ilha acaso fosse necessário –. Amaurota era a capital da ilha e cede do governo. O governo de Utopia era uma federação onde um conselho geral – magistrados ou como chamados lá sifograntes – que se reúne para a escolha do Ademos uma espécie de rei vitalício que pode ser deposto se for contra as leis de Utopia. O conselho geral é formado por três anciões de cada uma das 54 cidades-estado da ilha. Além disso, cada cidade tinha uma assembléia municipal formada por 200 sifograntes. Esta forma de governo tem idéias muito parecidas com o que viria se chamar de socialismo, um aspecto intrigante em More que propões idéias a frente de seu tempo: como o desapego ao ouro e as pedras preciosas em Utopia e a não existência de propriedade privada.
Todos os utopianos eram instruídos no exercício da razão, mas eram também educados em alguma função da agricultura. Os utopianos só trabalhavam 6 horas por dia, já que todos se preocupavam com o bem-estar e a saúde do trabalhador – mais um aspecto intrigante que More defende, já que ele é um homem do fim do séc. XV e inicio do séc. XVI, da renascença onde a preocupação com o trabalho era quase nula –. Em Utopia não havia pena de morte, a pena ideal adotada pela ilha era a escravidão – que posteriormente passa é quase totalmente abandonada quando os luso-brasileiros dominam a costa do Índico e proibiram o tráfico internacional de escravos. Os escravos estrangeiros foram substituídos por servos –. Há três tipos de escravos em Utopia: os perigosos; que eram cidadãos utopianos que cometeram crimes como adultério etc. e que em ultima estância eram condenados como escravos. Os de outras localidades ou prisioneiros de guerra; esses exerciam seu trabalho e se fossem bons eram libertos pelo Ademos e tornavam-se utopianos e os pobres sem direito civis. Ambas as classes de escravos eram identificados com muito ouro e pedras preciosas. – só o ferro era valorizado em utopia, já que ele servia para todos, Vemos que More vai totalmente contra o metalismo um forte ideal mercantilista da época –. Os escravos ficavam encarregados de proteger utopia, já que os utopianos detestavam guerras, nas tarefas da agricultura e nas tarefas imundas como o abatimento de animais.
Os enfermos em utopia são tratados com carinho e com hospitais equipados, no final da vida os doentes em fase terminal podem dar cabo a própria vida através da inanição e da ingestão de narcóticos, porém o suicídio – para os utopianos sadios – era visto como escória e seus corpos eram jogados no pântano e não poderiam ter rituais fúnebres nem sepultura. A Religião de utopia era católica, mas eles tinham tolerância religiosa o cidadão só não poderia ser ateu. Os utopianos preferem a beleza interior e o casamento era sagrado sendo o divorcio algo difícil a ser concedido.
É evidente que a leitura de Platão influenciou More na concepção da sociedade perfeita e como o próprio nome fala utópica – utopia é a junção de dois radicais lingüísticos gregos que juntos significam “lugar nenhum” –. A ilha de Utopia se assemelha muito com a República de Platão e suas peculiaridades também. O mais curioso é que o autor não só cria a ilha em sua imaginação como também nos mostra sua criação através de citações detalhadas e maravilhosas, Quando li o livro inevitavelmente me lembrei das obras J. R. R. Tolkien, C.S. Lewis e J. K. Rowling já que só em livros de fantasia e mitologia achei que uma dimensão imaginaria poderia ser descrita tão perfeitamente, Thomas More não só leva o leitor a uma análise da sociedade do séc. XVI e a atual ele nos faz pensar numa sociedade igualitária, além de ter o deleite de nos fazer imaginar toda a estrutura social, econômica, filosófica e principalmente política da ilha de Utopia. Sem dúvida Thomas More era quase um socialista e não sabia.
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Oúltimosemeador 19/08/2011

Utopia
“(...) De fato, a pena vai além do direito sem por isso servir ao interesse público. É ao mesmo tempo demasiado cruel para punir o roubo e impotente para impedi-lo. Um simples roubo não é um crime tão grave que se deva pagar com a vida. Por outro lado, nenhuma pena conseguirá impedir de roubar aquele que não dispõe de qualquer outro meio para procurar suprimentos com que viver (...)”. Este texto, extraído do livro Utopia, de 1516, de Thomas More, remete ao diálogo entre o próprio Thomas, Pierre Gilles e Rafael Hitlodeu sobre política, monarquia, leis, poder, mendicância, violência.

É assombroso notar que o texto escrito há quase 500 anos, originado dentro do modelo de Sociedade Soberana, onde havia a morte como punição do corpo e legitimação do poder, descrita pelo filosofo francês Michel Foucault, é tão notadamente presente nos dias de hoje, 2011, este considerado pelo filosofo francês Gilles Deleuze como sendo a Sociedade de Controle, devido os avanços tecnológicos e suas formas de poder exercido na população, como uma previsão ou será que o mérito devera ser dado ao moribundo filosofo alemão Friedrich Nietzsche e o seu Eterno Retorno, que nos traz a idéia de vivermos, incessantemente, as mesmas vidas e seus derradeiros acontecimentos sendo repetidos do passado no presente, no futuro.

Não poderia esquecer, ainda em Foucault, da Sociedade Disciplinar, vigiar e punir, esta que demonstra que os argumentos de Thomas são tão expressivos nos dias de hoje, uma vez que a Sociedade Disciplinar, diferente da Soberana, buscava a punição não mais no corpo individualizado, forca, mas sim na população, disciplinada pelo poder exercido pelo Estado. Um bom exemplo são as prisões.

(...) Contra o ladrão são decretados penas duras e terríveis quando seria melhor proporcionar-lhes meios de subsistência, a fim de que ninguém se visse na cruel necessidade de roubar e a seguir ser enforcado. (Utopia, Thomas More, 1516).

Nota-se que Thomas se demonstrava preocupado com o fato da punição, independente de qual fosse, não servir de impedimento para o crime. Hoje, quase 500 anos depois, nos esbarramos com o mesmo problema: nossos presídios não servem para impedir, por meio da intimidação, tão pouco reintegrar um criminoso a sociedade com garantias de que ele não volte a cometer crimes. Logo, as prisões assim como a forca da época de Thomas, servem apenas para punir sem de fato “proporcionar-lhes meios de subsistência, a fim de que ninguém se visse na cruel necessidade de roubar e a seguir ser enforcado” (Thomas Mores, Utopia).

Muitas vezes, como o personagem Josef K. do livro O Processo, do escritor Franz Kafka, pessoas são levadas a um julgamento de leis desconhecidas e processos intermináveis cuja acusação nem se sabe ao certo. Fora da ficção, a história se repete. Presos amotinados em presídios precários onde o crime faz carreira, sociedade refém e o governo negligente. É como se o que deveria punir, impedir e reintegrar tivesse o seu efeito contrário.

Ao longo de sua história a humanidade sempre se gabou de suas conquistas e seus avanços tecnológicos. Contudo, notamos em texto como o de Thomas, que os avanços sociais não obtiveram tantos êxitos quanto acreditamos. Afinal, se o atual modelo só serve para punir, e desde 1516 não se obtém o contrário, o desejo de reprimir a criminalidade, conclui-se que o erro se repete. É meu caro Nietzsche, acho que você tem razão.
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Bruno 17/02/2013

Nostalgia das aulas de ciência política...
O livro parece uma semente de Marx, mesmo escrito séculos antes do manifesto comunista e em um contexto diverso.

Com uma crítica severa à monarquia, à burguesia e ao clero o autor relata a forma de vida em Utopia, uma suposta ilha onde todos vivem felizes e contentes, onde não existe propriedade privada, onde não há corrupção, onde há igualdade, onde os presos trabalham em prol da sociedade, onde não há pobreza e por ai vai...

Em síntese o autor faz um paralelo da situação desta pseudo-ilha com a situação da Inglaterra na época em que viveu, apontando seus excessos, contradições e verdadeiros desatinos praticados pelas classes dominantes.

Bom... Cuba, União Soviética e a abertura do comércio da China (pseudo-capitalista) estão ai para provar o que o comunismo e a economia planificada tem de bom... realmente "uma utopia", que acabou virando uma "distopia" (A PAR DE QUE MORUS ESCREVEU UTOPIA SÉCULOS ANTES E SOB A ÉGIDE DE UMA POLÍTICA DISTINTA).

Comentários a parte o livro não deixa de ser uma obra-prima: conceitos, reflexões e a crítica voraz ao regime então em vigor são destaque e não podem ser descartados. Nostalgia das aulas de ciência política da época da faculdade...
Renata CCS 27/02/2013minha estante
Concordo Bruno. O livro é mais que uma simples ficção: é a reunião de vários princípios que More desejava para a sociedade, e são os mesmos desejos que temos nos dias atuais.




Isa S. 06/05/2013

Esse livro é tão fascinante que não tenho palavras. Desde a biografia do autor já fiquei encantada com o mesmo, e devorei o Livro Um em seguida, o Livro Dois mais ainda. Com certeza foi o melhor achado (sim, no acaso de uma praça) que eu pude ter e me fez fixar muito mais ideias e adquirir novas sobre concepções políticas e sociais.
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Reno Martins 10/12/2013

A exposição de um sonho

Um sonho sonhado, fique claro. Daqueles onde os anseios da alma sobrepõem a coerência e a coesão dos acontecimentos. More foi de uma crueza sincera ao batizar sua obra, coisa ignorada pelos mais ingênuos ou mais espertos, que pretendem tomá-la como realidade possível.

O primeiro alicerce do sonho é o postulado da abundância. O autor presenteia sua ilha com um volume ilimitado de recursos, obtido pelo trabalho agrícola obrigatório de seus cidadãos. Licenciado pela utopia, despreza a noção de produtividade dos fatores: se um hectare produz 1700kg de trigo, não vai produzir 100 vezes mais se for centuplicado o número de pessoas no campo. Esse pressuposto, desmontado pela própria natureza da realidade, faz ser irrelevante para os utopianos qualquer análise de custo-benefício. Se o trabalho diário de seis horas gera recursos exuberantes, os gastos podem sê-lo na mesma medida. Assim, o sonho permite que multidões de trabalhadores sejam transportados de um lugar para o outro, conforme a necessidade da produção, sem que qualquer gasto de logística ou infraestrutura seja considerado. Dentro do encantamento, o que era bom ficar melhor e a abundância se tornar superabundância.

Essa prosperidade fácil faz os utopianos pródigos com o fruto ilusório do seu trabalho. Eles não vacilam em pagar, sem cálculo, por qualquer coisa que necessitem: evitar guerras, subornar inimigos, regatar companheiros, obter ferro; sempre vendendo o que possuem a baixo preço, sem que nunca nada lhes falte. Lá, os homens estão isentos de exercer uma das mais comuns e difíceis ações intelectivas: decidir considerando o limite dos recursos disponíveis. Um paraíso, sem dúvida.

Mas, essa fartura quimérica não é a única coisa que seria cobrada do sonho pela realidade. Na ilha onde a propriedade é coletiva e não circula dinheiro, os bens comuns ficam disponível gratuitamente para todos, em armazéns comunitários. Seriam manufaturados pelos próprios cidadãos, conforme sua apetência, e sua abundância (ela novamente) impediria desperdícios pois "quem sabe que não irá faltar não se apressa em pegar desnecessariamente". More se licencia de explicar como os bens seriam produzidos na quantidade e variedade adequados. Se todos têm a prerrogativa de manufaturar o que lhe apetece e muitos gostarem de fazer sapatos, quem faria as outras coisas? Quem seria obrigado a deixar de produzir os prazerosos sapatos para se dedicar ao entediante, mas necessário, ofício de produzir chapéus? More subentende resolvido o espinhoso dilema humano de escolher entre o que se deseja e o que se necessita. Sem dinheiro ou propriedade, a única alternativa viável para sua Utopia são listas para saber o que falta, racionamentos para acessar os bens e tirania para determinar quem fará o trabalho que ninguém deseja. A revolta, para o bem da sociedade, é claro, seria punida com veemência, como mostra com fartura a história de todos os socialismos - generalizadores da propriedade coletiva.

Mas o sonho não sonha apenas no econômico. Ele também muda a própria natureza humana. Apenas em Utopia homens levam mulher e filhos para a vanguarda de guerra e isso os deixa mais aguerridos e concentrados no combate. Apenas em Utopia, os juízes julgam sem nunca terem conhecido o amor ou ódio. O desejo intenso de se manter no sonho, e só o fato de ser um sonho, permite que em Utopia convivam profundos paradoxos morais. Lá se ama toda a humanidade como irmã, sem se ressentir em pagar para que outros homens miseráveis de nações vizinhas sacrifiquem-se em combate. Lá se vangloria de evitar guerras a "qualquer custo", sem peso por promovê-la para "expandir-se para nações vizinhas que não sabem utilizar seus recursos naturais com sabedoria".

Essas características "exclusivas" de Utopia foram e são imitadas por utopianos da vida real, algumas nos sendo até bem familiares. Aqueles que querem trazer Utopia para o mundo, desprezando que não estamos numa fantasia onde só o que pensamos é possível; convertem o sonho de alguns no pesadelo de muitos. A fome é parida pelo sonho da abundância; a conduta nociva, pelo da moral superior; a tirania, pelo do ideal do bem comum. Infelizmente, isso é a Utopia na vida real. Claro que, na pura fantasia, também há algo de bom: a convivência de jovens e velhos, com o respeito devido a esses últimos; a tolerância, com a punição daqueles que a usam para solapá-la; a diminuição das leis, atentando para os incetivos que cada uma delas provoca...

Como saldo, avalio que o clássico tem muito mais aspectos para nos protegermos do que acatar. Duas estrelas, por toda inspiração e sofrimento que causou More, em seu fascinante pesadelo disfarçado de sonho.
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Silvio 15/08/2017

O livro descreve uma sociedade (quase)perfeita; uma sociedade baseada nos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade; no amor ao próximo. Uma sociedade que valoriza somente aquilo que de fato merece ser valorizado, não o inútil, não o supérfluo.
Fala de comunismo, porém não o comunismo conhecido de hoje, baseado na força, mas um comunismo baseado no bem-estar de todos, no comum acordo, no amor ao próximo, onde não há miséria, nem miseráveis. Até mesmo os escravos e prisioneiros são tratados com certa dignidade humana, de formas muito diferentes de nossa realidade atual.
Embora tenha sido escrito no século XVI, parece-me cair como uma luva para a época atual; acho que todos, sem nenhuma exceção, deveriam ler e meditar muito sobre essa obra, principalmente quem tem qualquer tipo de poder político e/ou monetário e até mesmo os "folgados sem-vergonhas".
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Cheiro de Livro 05/02/2019

Utopia
Nesse mês que o Cheiro de Livro dedica às distopias, achei que primeiramente precisava voltar ao início, à Utopia. Não só como conceito de sociedade perfeita, mas ao livro mesmo publicado em 1516 pelo filósofo renascentista e conselheiro de Henrique VIII, Thomas More. Pra isso conto com uma ajudazinha de China Miéville e Ursula K. Le Guin, que assinam introdução e ensaios de uma excelente edição comemorativa de 500 anos da obra.
Le Guin considera que cada eutopia (’lugar bom’) contém uma distopia (‘lugar mau’), e vice-versa. Miéville, ao discutir se a obra de More é uma proposta ou uma sátira, conclui que pode ser as duas coisas ao mesmo tempo. Ela, que já explorou o assunto em romances como “Os Despossuídos” e “Always Coming Home”, considera que o utopianismo é mais que uma esperança, é uma necessidade.

O livro de More começa com um debate entre o autor e um viajante sobre formas de governo, conceitos de justiça e punição por crimes. Ainda bem que a obra, escrita em latim, só foi publicada em inglês depois da morte do autor. Não sei se o patrão dele, o rei, teria gostado de certas ideias.
O viajante passa a descrever como exemplo de sociedade justa e equilibrada uma ilha onde viveu por alguns anos – Utopia. Curiosamente, foi tomada à força por um tal Utopus, que dominou a rude população local, e com uma mega obra de engenharia separou a ilha do continente para criar sua sociedade ideal.

Lá ninguém passa necessidade, todos trabalham pelo bem comum. Não existe propriedade privada nem dinheiro, todos se vestem com roupas iguais, não há luxo ou vaidade. O dinheiro gerado pelas exportações serve apenas para comprar o que a ilha não produz. Nem tudo é perfeito: às vezes, Utopia é forçada a travar guerras, seja para se defender ou para proteger aliados vizinhos. Mas geralmente contrata mercenários de outros lugares – o que também contribui para reduzir essa população violenta capaz de lutar por dinheiro. As tarefas mais desagradáveis – como o abate de animais para comer – são feitas por escravos. Sim, isso mesmo. Utopia tem ESCRAVOS. Mas esses são os cidadãos que infringem as leis e ferem o bem comum. E têm a possibilidade de se redimirem e serem ressocializados. Então tudo bem? A liberdade religiosa é total. Ou quase. Todas as crenças são respeitadas. Só não pode ser ateu. Os ateus não são confiáveis: se não acreditam na alma, então consideram os humanos iguais aos animais, e assim são capazes de violar todas as leis, portanto são desprezíveis…

Tanto Le Guin quanto Miéville (este marxista de carteirinha) estão cientes dos riscos da Utopia. Le Guin chega a questionar se a conformidade não levaria à estagnação, e se o conflito não é necessário para avançar. Ela lembra Milan Kundera, que em O Livro do Riso e do Esquecimento dizia que o totalitarismo também é o sonho de um mundo em que todos vivem em harmonia, unidos por uma vontade comum. No entanto, sempre surge alguém que fica no caminho, e os governantes do paraíso são obrigados a construir um pequeno gulag ao lado do Jardim do Éden. Com o tempo, o gulag vai ficando cada vez maior, enquanto o paraíso encolhe e fica mais pobre…

site: https://cheirodelivro.com/utopia/
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AndrA.BrandAo 22/04/2019

me fez pensar se a comédia (bem feita) realmente envelhece?
Karynna.Espinoso 08/09/2019minha estante
Não entendi




Igor13 27/09/2019

Aspira-se Utopia, espera-se uma distopia.
Sim, uma obra 'genial' e super complexa. Recomendo o livro: Dystopia: A Natural History, de Gregory Claeys, para melhor entender o tema.
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João 04/02/2020

null
Por ser escrito no século XVI, por uma pessoa influente da Inglaterra e ser a origem do uso da palavra Utopia, este é um livro importante para a história e para o pensamento político. Porém, é cansativo e confuso em certos pontos. Caso se interesse por política e documentos históricos é um livro importante para ser lido.
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VonWry 13/02/2020

Utopia Religiosa lol
Muito válido.

More critica a Inglaterra nas entre linhas nitidamente.

Não há dinheiro na ilha de utopia, todos são "ricos". Não há miséria na ilha.

More não era socialista muito menos comunista.

Não fui capaz de compreender o que More queria exatamente com esse livro. Não sei, há algo mais do que essas interpretações de youtuber e etc.

:))))
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Bru 26/02/2022

Utopia é, em resumo, a transcrição do relato de Rafael Hitlodeu, um viajante que conheceu uma ilha na qual existe uma sociedade socialmente justa. O livro é divido em duas partes: na primeira o autor relata o encontro com seu amigo Pedro, o qual apresentou-lhe ao velho viajante. Durante o diálogo entre eles, há a discussão sobre diversos aspectos sociais da época: pena de morte, classe religiosa, riqueza e pobreza. Na segunda parte, o autor reproduz o relato de Hitlodeu sobre a sociedade de Utopia. 
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PatrAcia157 08/04/2024

Interessante!
É um livro clássico e filosófico bastante intrigante, verdadeiramente me fez pensar sobre o mundo contemporâneo e todas as suas lástimas, porém, também me fez perceber o quanto evoluímos.
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