Um homem bom é difícil de encontrar

Um homem bom é difícil de encontrar Flannery O'Connor
Flannery O'Connor




Resenhas - É difícil encontrar um homem bom


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Luiza Peccin 30/04/2020

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Ok, consigo entender o peso da histórias, a realidade que existe nelas. Acho que pra época em que foi escrito o teor das histórias era de fato significativo.

Acabou que pra mim foi um livro desinteressante, dos dez contos, em três eu vi histórias que me deram uma real vontade de ver como acabavam.

Mas pra quem gosta de contos sobre cotidiano com um toque de desgraça, crueldade, morte, religiosidade e uma temática do interior norte americano, esse livro é super pra você.

O bom é que a edição é linda e vai ficar ótima na estante com as demais. Eu espero nunca perder a memória e acabar pegando esse livro pra ler de novo por acidente, foi realmente uma luta.
Linda 30/04/2020minha estante
Pra mim também foi uma luta terminar os dois primeiros contos. Depois, ao ler sobre a autora e sua intenção com a obra, mudei meu olhar. E me preparei pra encontrar desfechos cruéis. Foi aí que, a partir do terceiro conto, e já preparada, fui tomada por uma gana pra saber como cada conto terminaria, quem seria o vilão, como a vítima se entregou. Foi difícil e doloroso ler esse livro sim, ainda mais passando pela quarentena em função da pandemia provocada pelo COVID. Mas valeu a pena.


ace_ber 07/05/2020minha estante
marcar como os da TAG que tudo bem pular haha


Daniel 13/05/2020minha estante
Chocado com esta autora! que mulher malvada! rs...
Uma escritora extraordinária, sem dúvida, mas as histórias são muito cruéis e incômodas. Me lembrou os personagens maus e frios do Rubem Fonseca.




JW 09/02/2021

“Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias” é marcado pelo estilo literário gótico sulista da autora Flannery O'Connor. O livro é composto por dez contos os quais transitam pelos temas da violência, crueldade, fundamentalismo religioso, racismo e xenofobia em um Estados Unidos da década de 1950. Os personagens desconhecem a ética e a moralidade, sendo descritos de maneira crua. Há um flerte com o grotesco: as pessoas são excêntricas e parecem não pertencer a um grupo determinado. E mais: você é capaz de sentir essa sensação de deslocamento social a cada página lida.

É uma leitura desconfortável e cruel, na qual O'Connor testa a sua fé na humanidade a cada conto. A degradação humana é vista aqui. Foi este livro que me resgatou da última ressaca literária. No mais, é uma experiência literária interessante.

@jen_intothewild
Mari Pereira 10/02/2021minha estante
Terminei esses dias e gostei bastante. Tive uma sensação parecida com a sua...


JW 10/02/2021minha estante
Oi, Mari. Eu gostei bastante também. É um livro desagradável, mas isso mexeu comigo e me fez sair de uma ressaca literária que começou no início da pandemia.




eduardabuainain 09/07/2020

Experiência ruim
Queria dar uma chance para contos mas escolhi o livro errado. O design do livro é perfeito, Egon Schiele com certeza combina com o tema das narrativas, que inclusive vale ressaltar: são muito bem escritas. Mas não prendem de jeito nenhum. Terminei o livro quase que por obrigação. Descobri que detesto o Gótico Sulista.
Garuda 09/07/2020minha estante
Flannery não era contista? Lembro de alguém analisar o conto titular e, bem, chamá-lo de conto. A crônica quase inexiste fora do Brasil.


eduardabuainain 09/07/2020minha estante
Contoooo!!! Escrevi errado pelo amor de Deus hahhah




Tiago600 18/10/2021

Uma trama de Hitchcock com mentalidade de Bergman

Flannery O'Connor não deixa nada a desejar para Cormac McCarthy e Faulkner, ambos autores de maior penetração midiática e de mercado. Assim como realmente pode ser posta no hall de grandes contistas como Borges, Tchekhov, Guy de Maupassant e etc. Nesse aspecto concordo ipsis litteris com Harold Bloom acerca do "tamanho" e do real lugar que a autora merece ser posta. Poucos literários souberam explorar o "gótico sulista" tão bem quanto ela.

Dito isso, o mundo exposto por Flannery é um lugar completamente sujo, por vezes intencionalmente caricato (basicamente expressionista) que é infestado de personagens canalhas completamente desajustados e cheio de situações no mínimo atípicas, ainda que reais.  
A escritora imprime uma selvageria na psicologia de seus textos que são muito caros para o ofício do verso. Somasse-se a isso uma visão religiosa muito forte e bastante peculiar que se faz presente em praticamente todos os contos e o resultado final será sempre uma carnificina.

Um exercício mental. Imaginemos o seguinte cenário: Um mecânico cristão dotado de um único braço aparece do nada em um fazenda, seduz a filha única da dona da propriedade. Ele se casa com a garota e depois foge sozinho com vários pertences da família roubados enquanto clama misericórdia pois acredita que o mundo está infestado de maldade. Quantos leitores após esse breve "enredo" de bate pronto não acusariam o ato de ser algo complementamente extrapolado? Praticamente um roteiro de suspense radicalizado? Suspeito que muitos. Eis o pulo o pulo do gato. Para Flannery isso não só é totalmente plausível, na verdade é executado com maestria. Os locais e mecanismos da escritora são sufocantes, onde a mera possibilidade do perdão não está em jogo. Isso que em primeira instância parece uma forçada extrapolação da caricatura, na verdade é tão cotidiano e palpável…tão tangível…ainda que muitos queiram se iludir e sempre ver um mundo em cor de rosa. Enfim. Nos contos da autora assim como na vida as pessoas estão sempre em comunhão, no entanto, a hóstia é sempre de sangue, claro.
David 18/10/2021minha estante
deu vontade de ler


Tiago600 05/11/2021minha estante
Leia sim David, vale a pena. Quando ler, espero que goste ^^




Alan Martins 11/11/2018

Escrevendo com ironia, humor e crítica
Título: Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias
Autor: Flannery O’Connor
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2018
Páginas: 224
Tradução: Leonardo Fróes

“’Nada é mais como era’, disse ele. ‘O mundo está ficando podre’.” (O’CONNOR, Flannery. A vida que você salva pode ser a sua. In: Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias. Nova Fronteira, 2018, p. 50)

Nessa coletânea de contos o leitor conhecerá paisagens e situações comuns à região Sul dos Estados Unidos, um local marcado pela pobreza, pelo cenário rural, pela religião e por costumes característicos. Flannery O’Connor foi uma das autoras que melhor retratou o Sul estadunidense em suas obras, e fez isso com muito humor e ironia.

Carreira interrompida
Mary Flannery O’Connor nasceu em 1925, na cidade de Milledgeville, Georgia. É considerada, ao lado de Erskine Caldwell e William Faulkner, um dos maiores nomes de um gênero literário conhecido por “gótico sulista”, pois são autores que retratam a realidade da região Sul dos Estados Unidos em suas obras.

Graduou-se em Ciências Sociais pelo Georgia State College for Women em 1945. Trabalhou para algumas revistas e jornais antes de iniciar sua carreira literária. Sua primeira obra publicada foi um romance, intitulado ‘Wise Blood’, de 1952. Apesar de ter iniciado com um romance, O’Connor ficou conhecida por seus contos. Sua carreira foi bem curta, pois a autora faleceu prematuramente, em 1964, por conta de complicações provocadas pelo lúpus, doença que também tirou a vida de seu pai.

Em vida, teve três obras publicadas. Uma reunião de todos os seus contos foi publicada, de maneira póstuma, em 1971, livro que acabou vencendo o National Book Award for Fiction de 1972.

“’Ninguém mais pensa’, lamentou-se Mr. Jerger’.” In: Um golpe de sorte, p. 69

Paisagens sulistas
Essa coletânea reúne dez contos, que não são longos, com exceção do último, ‘O Refugiado de Guerra’. São contos com cenários sulistas, como o Alabama, ou a Geórgia, estado onde O’Connor nasceu e cresceu.

A autora era uma católica devota, e sua fé aparece em seus contos, mas não de uma forma onde a fé é imposta, porém em detalhes, como alegorias bíblicas, ou até mesmo em críticas, pois vemos que algumas de suas personagens sofrem consequências ou agem de maneira preconceituosa por causa de uma fé fora de controle.

Quem já leu alguma obra de Faulkner, ou o grande clássico ‘O Sol é para todos’, encontrará cenários e questões semelhantes em ‘Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias’. Levando em conta a época da autora, no estopim da segregação racial nos EUA, vemos que ela estava à frente de seu tempo, colocando no papel situações comuns daquilo que era visto ao seu redor e refletindo sobre tudo, de forma irônica e humorada.

“Mr. Head lhe poderia ter dito que ter idade é uma bênção e que só com o passar dos anos o homem alcança a tranquila compreensão de vida que o torna um guia apropriado aos mais jovens.” In: O negro artificial, p. 91

Ironia e humor
São duas características presentes nesse livro. Ao olhar para o sumário, o leitor verá alguns títulos bonitinhos, que até parecem histórias de amor. Todavia, não passam da mais pura ironia. E isso é legal, pois pensamos se tratar de uma coisa e acabamos sendo surpreendidos por outra, totalmente diferente do imaginado. É preciso ter em mente que a autora, após ser diagnosticada com lúpus, passou anos vivendo à espera da morte, já que em sua época não havia um tratamento eficaz e adequado para essa doença. Por isso muitos de seus contos parecem pessimistas, mórbidos; esse era o estado de espírito de O’Connor, que acabou utilizando a ironia para “fazer pouco caso” da morte.

Muitas de suas personagens são ingênuas e se colocam em situações de risco, ao serem enganadas por charlatões, por gente que só quer passar a perna nos outros (e quantas dessas pessoas não existem por aí!). A linguagem utilizada é simples, nada rebuscada, buscando trazer a simplicidade do Sul dos EUA, região que apresenta um dos maiores índices de pobreza do país.

Buscando uma comparação com um autor nacional, por conta dos cenários rurais, de toda simplicidade do campo, podemos dizer que os contos desse livro se assemelham um pouco às estórias de ‘Primeiras estórias’, de Guimarães Rosa. Claro, cada um apresenta o ruralismo de seu próprio país, de uma região em específico, com ambos retratando cenários da infância e etc., entretanto, as duas obras transmitem uma sensação bastante parecida. Não são idênticas — longe disso —, mas há semelhanças.

“As pessoas certamente não são mais tão gentis como já foram.” In: Um homem bom e difícil de encontrar, p. 16

Sobre a edição
Edição que faz parte da coleção ‘Clássicos de Ouro’, da Editora Nova Fronteira. Capa dura, miolo em papel Pólen Soft (ou semelhante, não é especificado), boa diagramação. Só achei que o design da capa não ficou muito bom, a imagem utilizada não transmite a ideia do livro.

Tradução feita pelo poeta Leonardo Fróes. Um excelente trabalho, com boas adaptações, um texto bastante fluído. Essa tradução é a mesma de ‘Contos completos’, publicada pela falida Editora Cosac Naify. Não sei se a Nova Fronteira adquiriu os direitos de tradução de todos os contos do livro da Cosac Naify. Se esse for o caso, a Nova Fronteira resolveu publicar os contos em edições separadas, e não todos reunidos em um único volume.

“Saindo de casa é que a gente descobria mais coisas.” In: O rio, p. 35

Conclusão
Coletânea de contos muito boa. Nota-se nesse livro que Flannery O’Connor tinha tudo para fazer muito sucesso, se tornar um dos maiores nomes da literatura estadunidense. Porém, para a infelicidade de todos, uma doença tirou sua vida, de forma precoce. Em seus contos, temos a oportunidade de obter um gostinho da genialidade dessa autora, que utilizava a ironia de forma magistral. São contos que, muitas vezes, apresentam situações chocantes, onde o mal às vezes vence, o que não é fácil de engolir. O’Connor caracterizou muito bem a região Sul de seu país, um lugar marcado pelo racismo, pela pobreza, pelas paisagens rurais e pela religião, que fez parte de sua vida. A influência do catolicismo na vida da autora fica evidente em seus contos, e ela soube utilizar muito bem essa sua característica, que também acaba por contribuir com toda a ironia que nos é apresentada. Garanto que você vai se surpreender com esses contos, e acabará se encantando com todo o humor e ironia de Flannery O’Connor.

“’Estamos todos perdidos’, disse então, ‘mas alguns de nós, os que não têm mais vendas nos olhos, veem que não há nada o que ver. E isso é uma espécie de salvação’.” In: Gente boa da roça, p. 167

Minha nota (de 0 a 5): 4

Alan Martins

Visite meu blog!

site: https://anatomiadapalavra.com/2018/11/11/minhas-leituras-94-um-homem-bom-e-dificil-de-encontrar-e-outras-historias-flannery-oconnor/
jota 18/11/2018minha estante
Muito bom. Concordo com sua crítica à capa desta edição, bastante feia. Li a edição da Arx,cuja capa azulada mostra uma estrada, algo que tem mais a ver com o título da obra.




MarcusASBarr 25/06/2020

POUCO INSPIRADOR
Confesso que iniciei a leitura, após ler sobre a autora e ouvir muito a respeito de sua produção literária, no entanto não me senti motivado com o andar da leitura. É uma obra muito bem escrita, mas que em momento algum me envolveu... e não foi pelo fato dos temas abordados, mas por não gerar um impacto. Posso dizer que o conto que mais me agradou foi " O negro artificial", pois se desenvolve de forma densa. No mais... esta é minha sincera impressão sobre o livro, que é considerado a melhor obra da escritora.
eduardabuainain 09/07/2020minha estante
Descreveu perfeitamente meu sentimento. Terminei o livro meio a contragosto




Litchas 10/03/2020

Realistico ao extremo!
Os contos retrataram a natureza egoísta e agressiva dos seres humanos.. o último conto em especial me impactou muito! A ignorância, xenofobia, racismo e narcisismo são descritos de forma incrívelmente real!! Recomendo a quem tem estômago pro lado ruim do ser humano!!
Juju 31/03/2020minha estante
Descreveste perfeitamente...




Josue.Fagundes 19/01/2021

O livro te leva para o sul dos EUA, com toda certeza tive essa sensação em cada conto. O primeiro e o último, na minha opinião, foram os melhores.
Josue.Fagundes 20/11/2021minha estante
Foram*




Debora 04/06/2020

Nunca gostei de contos, gosto de me envolver com a leitura.
Em poucas páginas a conexão não acontece, ainda mais com temas tão pesados e sombrios.
Leitura e . 04/06/2020minha estante
Oii.. Boa noitee...Tudo bem?... Desculpa por interromper sua leitura, mas gostaria de te convidar a me seguir no Instagram para acompanhar minhas leituras... te espero lá...?
Obrigado.
@leituraeponto




ArthurAlves 31/12/2022

??????
Com certeza não é o livro que para indicar a qualquer pessoa. Os contos aqui apresentados trazem emoções que geralmente não dão boas. A autora nos mostra, além de tudo, o quanto o ser humano pode ser idiota. Maldade, violência alheia, egoísmo, avareza, entre outras características desprezíveis.

A autora se tornou referência no gênero gótico e nessa coletando está apresentado o que ela tem de melhor
Cinthia.Carlos 31/12/2022minha estante
Gostei muito desse livro! Subestimado!




Isa | @nocaminhoumlivro 01/05/2020

Flannery O'Connor morreu aos 39 anos com um tipo de lupus raro e grave. Mas antes de morrer ela já era reclusa (por conta da doença), tinha pouca energia e se dedicou incessantemente ao seus escritos até dias antes de sua morte. Ela via a vida pela janela e é essa vida que a gente tem o prazer de ver através de seus olhos e de suas palavras.
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Os contos presentes nesse livro dão voz aos esquecidos, aos sujeitos que são baixos sejam na sua posição social sejam na sua moral. Mas não se engane, não há uma carga política aparente nessas vozes. A crítica está na voz da própria O'Connor, a narradora, ou talvez até na forma como aquele que a lê interpreta e se sente com o que é dito por essas pessoas.
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Ao longo dos dez contos a autora mapeia o sul dos Estados Unidos, específicamente a Geórgia, um dos estados mais brancos dos Estados Unidos, apesar da sua longa história de luta contra o racismo ao longo dos anos. Ela registra, também, que a história de cada uma dessas pessoas retratadas está entrelaçada com a história da sua família, da sua religião, da sua cultura e da mentalidade a qual ela está inserida (mesmo que seja de forma cega e uma reprodução de discursos autoritários).

Flannery nós mostra que um homem bom é dificil de encontrar porque eles são raros, nós somos humanos e dentro de nós corre muitas complexidades boas e ruins. E as pessoas que vimos em seus contos não estão fora dessa complexidade, elas são, elas existem, elas somos nós.
@pedro.h1709 01/05/2020minha estante
O texto é narrativo, escrito em prosa ou é poesia?




Rosa Santana 25/05/2011

É Difícil Encontrar Um Homem Bom - Flannery O'Connor - 288 páginas - Arx

Li recentemente É Difícil Encontrar Um Homem Bom. Para falar a verdade, tive uma certa dificuldade com ele...

O livro nos apresenta um desfile de personagens malignos, doentios até, como diz o título, coisa com a qual não concordo. Acho que não dá para ficar encarando a vida, o contexto, como se fôssemos Pollyana, vendo tudo cor-de-rosa, mas tb não é o caso de cair no extremo oposto, achando que o mundo só é povoado por pessoas de má índole, sem ética, sem respeito ao ambiente e ao que os cercam...

Todos são patologicamente maus, contrariando o dualismo bem X mal que
habita cada um de nós, na minha opinião. No fundo é o neo-realismo (ah, essa professora de literatura, não deixa de sê-lo nunca, nem mesmo aposentada...) em que o escritor, como um observador, vê os maus se comprazendo com as mazelas uns dos outros. O puro é só o que denuncia...

Há, aqui, o mesmo maniqueísmo romântico, do qual só o modernismo conseguiu se livrar, criando personagens mais próximos ao homem dialético e cheio de conflitos entre as duas forças antagônicas que habitam cada um de nós...

....

Destaco entre os contos que me marcaram pela extrema crueldade dos personagens: A Gente Boa Da Roça. Até hoje fico pensando: como Hulga resolveu o problema que lhe criou o rapaz bonzinho, da roça, ao tirar-lhe a perna postiça!

...

Há que se registrar o humor com que a autora constrói a narrativa, descreve os personagens, conta os fatos... Impecável!

.
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Ana Aymoré 12/07/2019

O gótico sulista em contos magistrais
Numa carta escrita a Mauriac em 1929, Gide já alertava, com uma boa dose de sarcasmo, que não se faz boa literatura com bons sentimentos. Essa máxima do autor de O imoralista parece ter sido feita sob medida para definir o que a crítica literária denomina de gótico sulista, um subgênero do horror gótico que se desenvolveu na literatura norte-americana, sobretudo entre as décadas de 1920/60. Diferente de seu predecessor, no gótico sulista o mundo é assombrado não pelos mortos, mas pelos vivos, e nele, frequentemente, se constituiu uma base para a cortante crítica social ao modus vivendi do sul escravocrata dos Estados Unidos, fundamentado no racismo, no tracionalismo e no patriarcalismo.
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Alguns dos meus livros favoritos pertencem ao gênero - entre eles, o soberbo O som e a fúria, de Faulkner. O gênero também está marcado pela presença expressiva da escrita feminina, e de mulheres que produziram livros magníficos quando eram muito jovens, como Carson McCullers. Um homem bom é difícil de encontrar foi publicado quando sua autora, Flannery O'Connor, tinha apenas 28 anos, e é tão assombroso como a proeza de McCullers com O coração é um caçador solitário. Composto por 10 contos razoavelmente longos, o volume é um verdadeiro nocaute em nossas crenças na natureza sublime e na vocação gregária, fraternal, da humanidade: o horror, a violência, a incomunicabilidade e o macabro atravessam os contos de forma impiedosa, sendo que grande parte dessas mesmas ações se situam num contexto social de assimilação de valores ditos cristãos e familiares, entre a "Gente boa da roça" (para usarmos o título, irônico como a maioria, de um de seus contos).
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Como se essa maestria crítica não fosse o bastante, O'Connor ainda nos brinda com doses mais que generosas de um verdadeiro virtuosismo literário. Suas descrições metafóricas, originalíssimas, de cenas que, por via de outra pena, seriam clichês - como o pôr-do-sol no campo ou a abertura da cauda de um pavão - já foram para a minha galeria pessoal de melhores momentos da ficção do século XX.
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valmir 09/02/2024

Um homem bom...
" ' Nada é mais como era', disse ele. 'O mundo está ficando podre'. "

Flannery constrói contos tensos com finais inusitados. Vemos os sulistas americanos, com seus preconceitos, racismo, xenofobia, paranoias e uma religiosidade torta e violenta.
Talvez um retrato de ontem, ou de hoje?
Um homem bom é difícil de encontrar...
Principalmente se for branco e conservador.
Magnífica coletânea!
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Ana Carolina 21/03/2020

?
É um livro difícil de se gostar, mas necessário a todos....
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