Crônica da Casa Assassinada

Crônica da Casa Assassinada Lúcio Cardoso




Resenhas - Crônica da Casa Assassinada


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Priscila Bennati Santana 14/05/2021

Uma leitura densa, realista e crua. A família Meneses, uma das mais importantes da pequena cidade de Vila Velha, no interior de Minas Gerais, encontra-se em França decadência. Não somente financeira, mas também moral. Após a morte da matriarca, ficam os 3 filhos para tomarem conta da propriedade da família: Demétrio, o mais velho, para quem o renome e prestígio dos Meneses se encontra acima de tudo, Timóteo, que por ser diferente dos irmãos, acaba exilado por eles, e Valdo, que nunca assume responsabilidades. Um bon vivant. Demétrio é casado com Ana, bem mais moça que ele, filha de uma família da região, que foi preparada durante toda sua vida para ser sua esposa. Valdo, por sua vez, em uma ida ao Rio de Janeiro, conhece e se apaixona loucamente por Nina, uma mulher extremamente atraente e de personalidade forte. Os dois se casam e Nina vai morar na chácara. O choque é grande, Nina odeia a vida no campo e quase todos que se encontram a sua volta. No decorrer da história, vemos todos os pecados, até mesmo os mais inimagináveis aflorarem naquele ambiente, como em um meio de cultura. Declínio, medo, culpa. Mas será tudo realmente como imaginamos? Ou haverá segredos ainda ocultos para serem revelados? Haverá redenção para a casa dos Meneses?
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Leila de Carvalho e Gonçalves 23/04/2021

Ruína E Pecado
Lançado em 1959, A Crônica da Casa Assassinada é considerado o melhor livro de Lúcio Cardoso, um escritor disposto a traçar um caminho livre de modismos e influências na literatura.

De cunho psicológico, o romance flerta com a poesia e prima pelo clima denso e angustiante. Aliás, ele é o resultado de uma proposta arriscada para a época, pois mescla diferentes vozes narrativas, trechos de diário, anotações e flash-backs. Em contrapartida, seu enredo é simples, retrata a decadência dos Menezes, uma família de fazendeiros de Minas Gerais que, movidos pela inveja e ambição, acabam destruindo uns aos outros.

Atraindo interesse, está um caso de incesto numa sociedade cuja noção de pecado está fortemente enraizada pelo moralismo e a religião. Na contramão, o escritor propõe a ideia de que Deus e o Diabo, isto é, o bem e o mal, ocupam lugares opostos, isto é, ?pecador é quem que se isenta de experimentar a vida em sua plenitude, ao contrário daquele que a conhece em todas suas facetas e contradições?.

Essa abordagem oferece um perfeito retrato da protagonista. Nina é uma carioca ambiciosa e dona de um passado suspeito que acaba enganada pela suposta riqueza de Valdo Menezes. Quando chega à fazenda e descobre qual é a real situação do marido, ela decide se separar, mas sua presença já havia mudado a rotina do lugar. Aliás, não é só ela, todas as personagens são moldadas com perícia e um bom exemplo é seu cunhado, Timóteo, um transexual ignorado pela família que passa os dias enclausurado no próprio quarto.

A narrativa de Crônica da casa assassinada é um exercício de claustrofobia literária. Na realidade, Crônica da Casa Assassinada ?é um exercício de claustrofobia literária?; uma leitura excruciante, ao mesmo tempo difícil e envolvente. Cardoso sabe transportar o leitor para a velha casa e, enquanto ela agoniza em ruínas, seus sons e odores parecem brotar das páginas do livro. Não seria exagero afirmar que ela é a grande protagonista do romance, isto é, ?a matriarca da casa é a própria casa ? é a Chácara, com inicial maiúscula, como convém ao nome de uma pessoa?.

Enfim, essa é uma história que nem tudo é o que parece, portanto cuidado com pré-julgamentos.

Nota: Tenho esse romance em livro, mas recém-publicado em e-book, resolvi adquirir o novo formato. Uma edição que contém Prefácio, de Chico Feletti, uma crônica, de Clarice Lispector, e Sobre Lúcio Cardoso, de Ésio Macedo Ribeiro.

?Deus, ai de nós, muitas vezes assume o aspecto do mal. Deus é quase sempre tudo o que rompe a superfície material e dura do nosso existir cotidiano, porque Ele não é o pecado, mas a Graça. Mais ainda: Deus é acontecimento e revelação. Como supô-Lo um movimento estático, um ser de inércia e de apaziguamento? Sua lei é a da tempestade, e não a da calma?. (Padre Justino, página 714)
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Cassionei 08/04/2021

ERA UMA CASA NADA ENGRAÇADA
Crônica da casa assassinada (Companhia das Letras, 739 páginas), de 1959, foi o derradeiro romance de Lúcio Cardoso, se não contarmos o inacabado e póstumo O viajante. Alguns anos depois de publicar o que seria sua obra-prima, teve um derrame cerebral. Com metade do corpo paralisado, passou apenas a pintar quadros, com a mesma atmosfera sombria de seus escritos.

Crônica é complexa, dolorosa, perturbadora, e talvez por isso não seja tão lida. Temas como o incesto e a homossexualidade perpassam o romance que traz a história de uma família decadente do interior de Minas Gerais, os Meneses, contada por diferentes pontos de vista, através de diários, cartas, depoimentos, em um vai e vem temporal que precisa de muita atenção do leitor para acompanhar. Não há propriamente um protagonista, em que pese Nina, a esposa de um dos donos da casa, ser a provocadora de todos os conflitos e objeto de desejo ou de repulsa por parte dos demais personagens. A casa, pode-se dizer, é a protagonista (assim como o cortiço da obra homônima de Aluísio Azevedo, pois tudo gira em seu entorno). Ela mostra ou esconde os problemas, ela vê e julga as atitudes de seus moradores, ela os protege e os expõe, ela vive, ou sobrevive, e, por fim, é assassinada.

Para Gaston Bachelard, em A poética do espaço, “a casa é nosso canto do mundo”, “nosso primeiro universo”, “um verdadeiro cosmo”. É nesse mundo peculiar criado por Lúcio Cardoso (com direito a uma ilustração do próprio autor no começo do livro, mostrando a planta baixa da casa e do pátio) que acontecerão amores proibidos, ciúmes, rancores, mortes. A data dos acontecimentos é imprecisa, provavelmente no começo do século XX, num espaço de tempo de mais ou menos 16 anos. Começamos a entrar no enredo a partir do diário de André, em que relata o velório de Nina, sua mãe, que sofreu muito naquela casa (“quantas vezes não fora julgada e dissecada sobre aquelas tábuas?”) e ao mesmo relembra a relação de amantes entre os dois.

Tudo no entanto é nebuloso para o leitor. Somente os outros capítulos, narrados por diferentes vozes (de Valdo, de Ana, de Demétrio, da governanta Betty, do farmacêutico, do médico, etc.) vão elucidar, ainda que com muitas sombras, o que aconteceu naquela casa. Uma das vozes desse coro de desgraças é a de Timóteo, o pederasta que vive como que trancafiado e isolado do resto da casa em um dos quartos, com as cortinas sempre cerradas. Vestindo-se com roupas de mulher, a figura gorda e maquiada causa vergonha para o irmão mais velho, Demétrio. No entanto, é Timóteo o único inocente em toda a trama. Não se pode colocá-lo como um dos culpados pela morte da casa.

A propósito da polifonia do romance, um ponto negativo é que todas as vozes têm a mesma linguagem. Não há diferença do uso de palavras de André e a tia Ana, por exemplo. Isso não tira, no entanto, o brilho da estrutura elaborada por Lúcio Cardoso para nos apresentar a trama. Se a casa está se desestruturando, a edificação do enredo é bem sólida.

É também Bachelard quem diz que a casa simbolicamente nos remete à proteção, refúgio. Ironicamente, a casa da família Meneses não protege seus membros, desamparados que ficam pelas circunstâncias. E ela mesmo fica à mercê da destruição, ainda mais quando se deixa ser “invadida” pelas pessoas mexeriqueiras da cidade para assistir ao velório.

Em uma entrada no seu Diário, Lúcio Cardoso comenta a publicação de Crônica da casa assinada, reconhecendo alguns defeitos e prevendo que a obra “encontraria a mesma repulsa e a mesma prevenção” que tiveram os seus outros livros. A nova edição da prestigiada Companhia das Letras pode trazer o reconhecimento maior que a obra merece.

site: https://cassionei.blogspot.com/2021/04/era-uma-casa-nada-engracada.html
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Grace @arteaoseuredor 26/03/2021

?Crônica da Casa Assassinada, de Lúcio Cardoso.

?Só as pessoas realmente fortes podem viver na realidade definitiva das coisas; quase todo mundo vaga numa atmosfera morna de fantasia.?
(Lúcio Cardoso - Diário do terror)

?Esse livro é muito bom! Ele é contado em forma de depoimentos, diários e cartas dos personagens.
Tudo gira em torno da família Meneses, no interior de Minas Gerais. A família agora decadente, vive do antigo prestígio que tinha. Nina vem do Rio de Janeiro para se casar com Valdo Meneses, ela gosta da cidade grande e não se acostuma a morar no interior. Sua chegada muda tudo na casa, mexe com todos os moradores, a partir disso vamos conhecendo todos eles por suas próprias palavras, menos um, Demétrio, o escritor só o mostra através dos olhos dos outros, tudo isso é instigante.
O livro tem uma atmosfera muito claustrofóbica, nessa casa que vai desmoronando junto com seus habitantes, transtornados por culpas, desejos, segredos, invejas e hipocrisia. A forma que a história é contada, te faz querer saber cada vez mais e descobrir o que está realmente acontecendo. Segredos que você nem imagina são revelados. Tudo isso faz, você leitor, não querer sair dessa casa assassinada.

?Esse livro foi publicado pela primeira vez em 1959, e figura em várias listas de melhores nacionais. Em 1971 foi lançado o filme baseado no livro ?A casa assassinada? com direção de Paulo César Saraceni e música de Tom Jobim.

??Morremos quase sempre da crueldade ignorada dos seres que nos cercam?.

??Na raiva existe certo calor, certo ímpeto que sempre denúncia a qualidade da alma onde ela se alastra.?

??Somos sempre cruéis quando queremos ser nós mesmos.?

??Não ferimos aqueles que nos são indiferentes, mas exatamente os que, por um motivo ou outro, sacodem as fibras mais íntimas do nosso coração.?
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Áquila 28/02/2021

Grande obra
Um livro que eu não conhecia, de um autor que eu não conhecia e me arrebatou.
O trabalho de construir uma narrativa com textos, narradores e temporalidades diferentes é incrível.
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Jean.Matheus 10/02/2021

Crônica da casa assassinada
Um dos livros mais surpreendentes que
eu já li. Não só pelos assuntos abordados como a derrota de um família tradicional, o incesto, a inveja, a liberdade e o amor... Mas também pela forma como o autor Lúcio Cardoso amarra a história. Gente, é sério! Vale muito a pena ler!
O escritor é de Curvelo uma cidade próxima de Pirapora/MG onde eu moro.
Leiam!!
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Amâncio Siqueira 08/02/2021

Joaquim Lúcio Cardoso Filho (Curvelo, 14 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1968) criou um dos grandes romances da literatura brasileira com a Crônica da Casa Assassinada, publicado em 1959. Romance polifônico e não linear que, a partir da decadente família Meneses, trata de temas ainda polêmicos, como incesto, traição e suicídio.
https://youtu.be/dVpy2FGez60
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Priscila (@priafonsinha) 04/02/2021

Considerado um clássico da literatura brasileira e obra prima do mineiro Lúcio Cardoso, foi tanto bem quanto mal criticado quando foi lançado na década de 50. Narra a decadência social e moral da família mineira Meneses. Os capítulos são intercalados através de cartas, diários, narrativas, depoimentos, confissões dos integrantes desta família e de pessoas que conviveram com eles, como o farmacêutico e o padre. A história gira em torno de Nina, esposa de um dos 3 irmãos Meneses, carioca, que julgava ter casado com um homem rico. A história é envolta de amor, traições, morte, incesto, violência. Particularmente me pareceu um livro de fofocas, esperava algo mais profundo, embora bem escrito e com suas pouco mais de 500 páginas não é uma narração cansativa. Só é uma história cujo tema não me agradou e agregou tanto, mas clássico é clássico e é bom conhecê-los. :)
Ah, existe um filme premiadíssimo baseado nesta obra chamada "A casa assassinada" e trilha sonora toda composta por Tom Jobim, a quem interessar. ?
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Flavio Rocha 31/01/2021

Crônica da Casa Assassinada
Um romance denso, pesado, muito bem escrito e que acompanha a decadência de uma família tradicional mineira nos anos 50. Os personagens são bem construídos, com riquezas de detalhes de suas complexidades psicológicas. A casa, esse espaço sagrado onde habitam as famílias, é personagem importante que, ao longo da narrativa, vai sofrendo desgastes até a sua completa destruição. Suas paredes e jardins testemunham o crescimento dos membros da família e sofrem os impactos das suas ações. Várias vezes é descrita como uma pessoa que vivencia os episódios narrados e os registra.
Aparências, segredos, desejos escondidos, amores sufocados... Lúcio apresenta um panorama incrível das complexas paixões que movem o ser humano, mas que também podem destruí-lo. Uma obra prima!
Eli 31/01/2021minha estante
Nossa , parece ser muito bom !


Flavio Rocha 31/01/2021minha estante
Muito bom, Eli!


Chris Silveira 02/02/2021minha estante
Adoro suas resenhas! ?


Flavio Rocha 05/02/2021minha estante
Chris ??




Christiane 19/01/2021

Quem és tu, Nina?
Livro muito bem escrito, gramaticalmente é perfeito. A história prende, eu me perdi um pouco porque resolvi ler na época da pandemia. Não encontrei vilões, nem mocinhos. As pessoas são o que são. Lúcia Cardoso não descreve a personalidade dos personagens. Fui preenchendo as lacunas. Recomendo a todos.
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Priscila 18/01/2021

Que livro incrível!
Crônica da casa assassinada
Que livro incrível!
Faz uma semana que terminei de ler, e continuo pensando sobre aquele final.
Gostei bastante da leitura, é um livro excelente, e que merece todos os aplausos.
“Crônica da casa assassinada”, foi publicada em 1959, e narra a história de uma família mineira que está em completa decadência, o próprio título nos indica essa possibilidade. A narrativa possui diversos narradores, que são: membros da família, médico da família, padre, farmacêutico e a empregada da família; tudo escrito em forma de diários, cartas, confissões, narrativas e depoimentos. Dessa forma, somos levados a observar por diversos pontos de vista a saga da protagonista Nina.
Não me aterei a detalhar os fatos, mas é uma história muito bem contada, de uma maneira magistral e não linear, precisamos estar a todo tempo juntando fatos, relacionando informações, deduzindo lances, costurando a história e construindo a narrativa em nossa cabeça. Fico pasma de como essa narrativa foi bem desenvolvida. E é uma história densa, triste, sombria; com personagens complexos, frios, ciumentos, até malucos, e fascinantes. O que dizer de Nina? Timóteo? Ana? André?
Não poderia deixar de comentar algo que sempre me incomoda em leituras de tempos remotos, que é o trato com pessoas negras. Entendo que na época descrita, a sociedade depreciava completamente o povo negro. Fiquei chocada com o cemitério dos negros, nunca li nada que indicasse a existência desse fato. Foi difícil prosseguir nesses momentos.
Considerei a linguagem rebuscada, em vários momentos precisei usar o dicionário, mesmo assim, achei linda a escrita de Lúcio Cardoso, até poética; as palavras se entendiam, se comunicavam, eram assertivas no que se propunham a dizer. Que escrita bela! Fiquei encantada e quero ler muitas outras coisas dele.
Declaro o meu amor a esse livro que em diversos momentos destruiu meu coração e me deixou com medo da morte, novamente. Leiam esse livro espetacular!
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Amanda3913 15/12/2020

Inquietante!
Esse é dos livros inquietantes. Ao lê-lo, sentamos pra assistir a ruína dos Meneses de camarote e parece absurdo como tudo vai se degringolando lenta e definitivamente.

Não há grandes acontecimentos e talvez isso seja o que torna o livro ainda mais genial. Lúcio Cardoso, que é injustamente esquecido na literatura brasileira, faz um trabalho primoroso ao construir uma narrativa cativante, ao aprofundar os personagens como poucos fazem.

Cada capítulo é trecho de uma carta ou diário de alguém. A história tem algumas idas e vindas temporais, o que pode deixar o leitor um pouco confuso a princípio. Mas tudo se encaixa, mostrando como os Meneses são os reais culpados pelo próprio abandono.
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Lucas 14/10/2020

Tenso
Eu conheci o Lucio Cardoso por causa da biografia de Clarice. Ela era apaixonada por ele, mas nunca rolou. esse libro é a obra mais imortante dele, traduzida para dibersos idiomas.
É um libro difícil, com muitas memórias de dibersos personagens e debersos temas pesados (traição, incesto, suic´´idio, abandoon), são trados aqui. Apesar das bárias criticas elogiosas, pra mim não rolou. Pra mim, foi tudo drama de burguês safado kkkkk
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Amands 27/08/2020

Me surpreendi
Minha professora de literatura me emprestou esse livro e disse que eu iria gostar, ela não podia estar mais certa. Livro excelente, com narrativa epistolar e uma personificação da casa, que acompanha a degradação da família. Vários temas tabus abordados e um final inesperado, recomendo muito!
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