IndieIngrid 21/01/2024
Não tenho palavras...
Ultimamente tenho lido livros muito mornos. Não faço ideia se é a minha idade e falta de paciência para determinadas narrativas e plots, ou os próprios livros. A cada 20, apenas 1 ou 2 tenho o prazer de dar 5 estrelas e lembrar com carinho.
O Circo da Noite é um deles.
Particularmente nunca foi muito fã de circos, detesto palhaços e sinceramente, os vejo de forma mais macabra do que engraçada, mas achava lindo as apresentações de circos como os de Soleiu.
Mas esse livro, ele trouxe a magia do circo de uma forma que é impossível simplesmente enxerga-lo como um pano de fundo. Ele é uma casa, um espetáculo, um presente.
Igualmente aos seus personagens bem descritos e desenvolvidos, não é bom ou mal, há tantas nuances...
É uma história de amor, uma história de magia, bem contra o mal, amizade e família, e ao mesmo tempo não é. Tudo isso está lá, de forma tão orgânica que nada sobra ou falta.
E tudo isso se deve a escrita genial de Erin. Ela sabe como dar vida ao menor dos personagens, tive medo de não serem desenvolvidos, mas a mulher conseguia dar mais desenvolvimento a eles em um capítulo de 11 páginas do que outras sagas de 3 a 7 livros deram aos seus supostos protagonistas.
Foi uma grata surpresa, um livro de mistério, que embora me compelisse a tentar descobrir o que havia por trás, nunca me prometia grandes descobertas e quando as fazia, eram ótimas, pelo ao menos ao meu ver. Não há pontas soltas, não a diálogos verborragicos que me tratam como alguém incapaz de interpretar a mais simples das frases.
Esse é o tipo de livro que eu trataria como meu, que eu pegaria uma caneta e post its sairia fazendo anotações, sobre minhas reflexões e reações.
Amo o fato da autora não o ter explorado em mais um ou duas continuações, ele tem tudo e deixa o resto para a imaginação. Seu fim não é o fim, e isso basta.
"Alguém precisa contar essas histórias. Quando as batalhas são travadas, e vencidas e perdidas, quando os piratas encontram seus tesouros e os dragões comem seus inimigos no café da manhã com uma bela xícara de chá preto Lapsang souchong, alguém precisa contar os pedacinhos das narrativas sobrepostas. Há magia nisso. Ela existe no ouvinte, e para cada ouvido será diferente, e afetará as pessoas de formas que jamais podem prever. Das mais mundanas às mais profundas. Você pode contar uma história que marcam a alma de alguém, que se torna o seu sangue, identidade e propósito. Essa história vai movê-lo e impeli-lo e quem sabe o que mais poderá fazer por causa dela, por causa das suas palavras. Esse é o seu papel, a sua dádiva. Sua irmã pode ser capaz de ver o futuro, mas você mesmo pode moldá-lo, garoto. Não se esqueça disso. ? Ele toma outro gole de vinho. ? Há muitos tipos de magia, afinal.