spoiler visualizarVivi 26/08/2020
Logo de início o autor já no avisa que tudo será contado de uma forma muito longa porque vai nos contar a historia de uma pessoa que será construída lentamente com detalhes muito importante do seu passado. E vamos acompanhando os mínimos detalhes da vida e varias experiências de Hans Castorp e somente assim passamos a entender esse homem que de nada tem em especial ? É apenas um sujeito normal relativamente médio ( como afirma o autor). O romance gira em torno dele , embora não seja muito sobre ele. Hans na verdade serve para outros fins.
? O homem vive não só sua vida pessoal, como individuo, mas também consciente ou inconsciente a vida da sua época.?
Ele terminou de concluir um curso de treinamento para trabalhar em construção naval. Órfão de família rica mas não ficou com dinheiro suficiente para ter uma vida tranquila. Então seu tio que era seu tutor o recomenda a trabalhar mas antes disso ele resolve ficar três semanas com seu primo Joachim que está em um sanatório para tuberculosos nos Alpes.
Antes de acabar sua temporada lá ele descobre que também tem a doença ( maldita genética) e passa a morar por alguns anos lá. No início da primeira guerra mundial ele deixa o sanatório para se tornar soldado . Tudo acontece no período de 1904 á 1914. Hans é uma pessoas inteligente e tudo é uma primeira vez é muito maior ao seu redor . E tudo é visto por duas perspectivas que seriam a sua e através de diálogos com outros três personagens.
Ludovico Settembrini ? Um homem intelectual de pensamentos livres. É ateu , naturalista , acredita na ciência é algum tipo de ordem socialista. Hans foi como um aluno para ele. Foi um dos personagens que mais dominou ( com razão) o jovem através de suas ideias de assuntos. E de certa forma educou , e o desafiou com extensos diálogos a mudar a forma do rapaz ver o mundo.
Naphta ? Também sofria da doença, mas morava próximo em uma vila. Um lugar que com o tempo Settembrini passou a morar depois de um tempo.
Ambos foram responsáveis a ensinar esse ? jovem inocente ? a compreender melhor o mundo. Com suas várias argumentos e discussões filosóficas. O autor aproveitou bem transmitir suas ideologias e argumentos em torno de uma primeira guerra prestes a estourar. Esses dois personagens foram incríveis . Cada um a seu modo as vezes discordando ou não mas expressando seus pontos de vista que de certa forma alguns pensares pareciam meio louco. E nisso sem encaixavam além de tudo que aconteciam no momento através de suas filosofias varias ideias sobre a vida incluindo ali umas pitadas teológicas. Havia momentos divertidos que foi mais uma carona para o autor aproveitar e abordar temas religiosos e sociais. E ambos eram adeptos a Darwin. Sobre a visão sociedade / religião achei as discussões muito interessante.
( Settembrini ) ? A religião, que prepara a pessoa para uma vida futura e vê a parte da natureza como inimiga, sobre as atitudes que nos conduzem à sociedade.?
Sua visão é de uma sociedade devotada ao avanço de toda a raça humana e a trabalhar em direção a algum tipo de utopia de vida pacífica e compartilhada com a prioridade sendo algum mínimo definido de segurança e conforto para todos. Muito atrativo.
( Naphta ) ? A vida é baseada em condições e construída sobre fundamentos que são em parte o resultado da experiência e em parte pertencem ao domínio da ética. Chamamos de primeiro tipo tempo, espaço e causalidade; o segundo, moralidade e razão.?
Peeperkorn ? Não era tão intelectual como os outros era meio que sombrio tinha um lado misterioso e suas metáforas eram meio que por imposições. Plantador de café e rico. Foi uma parte que não me prendeu tanto.
Nossa, fora esses seriam tantos outros comentários reflexões, pensamentos e discursões para dar sequências mais lógicas aqui sobre um todo que levaria horas aqui.
Sobre o tempo não posso deixar de dizer que em muito se diferenciava o tempo lá em cima. Não era contado em dias, horas e sim por meses. É isso nos leva como água corrente de vamos nos envolvendo as metáforas, filosófias, histórias, pensamentos e nos reconstruindo junto com Hans.
Sobre o grande amor de Hans , Madame Chauchat uma mulher que não era lá tão bonita na realidade ele fez foi mais uma transferência pois o fazia lembrar um amor que sentia por um colega do seu passado ( pelo menos ao meu ver fiz essa leitura). Não viveram lá uma história de amor e ele a amou sozinho. O final deles é um tanto confuso quando se despedem no final da festa apesar de não ter acontecido nada entre eles . Afinal ela amava o marido mesmo sendo bem mais velho que ela. Mas afinal não cabe a nos compreender toda essa plenitude daquelas palavras.
O capitulo mais desesperador e tão cheio de reflexões e até mesmo que dá para percebermos a evolução do personagem é quando ele resolve passear sozinho na neve. E lá realmente foi a maior luta do personagem com sigo mesmo. O inverno, os detalhes de sentir o frio , todo o isolamento, a brancura da neve são tão detalhados junto aos pensamentos e situações em quase 110 paginas que me fez parecer estar lá vivendo aquele momento. Em outro momento , ele faz uma comparação entre as cenas de neve na montanha e estar em uma praia.
O autor parece querer que saibamos de cara que ele não está descrevendo um lugar REAL ou um programa de tratamento real. Alguns são bastante intrigantes, quase engraçados.
Por exemplo, a cada dia os pacientes são servidos 5 refeições diárias, várias delas bastante luxuosas. Toda a operação é executada no que parece ser um tratamento semicientífico, semifraude, e o faz em um isolamento do tempo. Ninguém parece realmente pensar que eles serão curados, embora alguns partam. Muitos outros morrem lá no sanatório.
É um livro gigante em todos os sentidos, é um desafio dos grandes MESMO!!! Não nego que voltei em alguns pontos porque ele exige isso para uma verdadeira compreensão . É mesmo assim se lermos novamente vamos cada vez mais compreendendo . Mas é recompensador. Foram quase 50 dias de evolução não só para Hans mas para mim também.