Diego 21/09/2011
No segundo livro, A revolução dos anônimos, o Mestre continua virando a sociedade de cabeça para baixo. Seus discípulos "amalucados", dos quais se destacam Bartolomeu e Barnabé, ganham asas, revelando uma criatividade surpreendente e aprontando mil peripécias. Provocam, satirizam e instigam a tudo e a todos, inclusive o próprio Vendedor de Sonhos. Esta obra mostra que as sociedades são constituídas de heróis anônimos, que não estão sob os holofotes da mídia.
Entre esses anônimos se encontram os deprimidos, que, apesar de abatidos pela cálida dor, enfrentam com dignidade seu inverno emocional; os ansiosos, que, solapados pela inquietação, sonham com dias tranquilos; os portadores de câncer, que, como guerreiros, lutam pela vida e fazem de cada dia um momento eterno; os pais, que esgotam seu corpo e sua mente para sustentar e educar os filhos; os professores, que, com salários magros e sem aplausos sociais, movem o mundo ao ensinar a seus alunos o pensamento crítico; os alunos, que, como frágeis Quixotes, creem que poderão mudar a história sem ter noção de que vivem num sistema social engessado e pouco generoso às novas ideias; os trabalhadores de escritórios e empresas, que não são notados a não ser quando causam escândalos, mas que têm histórias borbulhantes. Todos eles são de alguma forma vendedores de sonhos, embora também vendam pesadelos.
Cada ser humano é uma caixa de segredos, mesmo quando, míopes, não os notamos. Explorá-los, gastar algum tempo com eles é um privilégio. Como psiquiatra, psicoterapeuta e autor de uma teoria que estuda o admirável mundo dos pensamentos e o complexo processo da formação de pensadores, tenho aprendido muito com cada um desses anônimos e descoberto um tesouro soterrado em seu psiquismo. Sinto-me pequeno perto de muitos deles.
O romance O Vendedor de Sonhos - A revolução dos anônimos, ao destacar esses tipos anônimos, reflete que nossa história é admiravelmente complexa, escrita com lágrimas e júbilo, tranquilidade e ansiedade, sanidade e loucura.