Keylla
02/06/2019Um desfecho de obra-prima“A fera na Selva” foi meu primeiro contato com Henry James. De primeira, consegui perceber que a escrita me remeteu à Clarice e à Virgínia Woolf. O fluxo de pensamento é uma característica dessa obra o que demanda uma atenção e dedicação do leitor.
As primeiras páginas demoraram a ser lidas, achei um pouco “conversa de louco” e não estava entendendo o ritmo da novela. Por isso, se você teve esse problema como eu, te digo para insistir. Veremos nós mesmos nos personagens dessa história.
A história apresenta dois personagens que há 10 anos não se viam: John Marcher e May Bartram. Nesse rápido e intenso encontro, descobrimos através de May Bartram a confissão do amigo feita no passado: que ele espera um momento raro e estranho, prodigioso e terrível em sua vida. Marcher comenta que isso ainda não aconteceu, e May Bartram resolve esperar com ele esse momento. Henry James é um profissional em nos levar a sentir todas as emoções que os personagens estão vivendo. Que desfecho primordial!
Li na versão da Cosac Naify (RIP) onde a medida que a espera torna-se mais dramática, a gramatura das páginas do livro aumenta, as tonalidades do papel escurecem e o espaço entre as linhas do texto diminui. O posfácio do professor Modesto Caron nos fornece valiosas chaves de interpretação. Achei muito interessante essa experiência! A edição é primorosa.
É um livro que farei releitura. Uma leitura compensadora, pois nos traz reflexões sobre a percepção da vida. Recomendo, principalmente, para pessoas mais velhas por acreditar que o tema será melhor aproveitado e compreendido.