Cast 29/09/2019
Um livro cheio de erros.
Primeiramente, se você está lendo isso, e não leu o livro, significa que já realizou a leitura dos dois primeiros. Caso essa seja sua situação, recomendo fortemente que leia este livro, termine a história e daí tira a sua conclusão dos fatos. Afinal de contas, você já passou da metade dessa trilogia mesmo.
Bom, vamos aos meus comentários:
Maze Runner - A Cura Mortal é o terceiro livro saga e ultimo dessa trilogia. Sua história começa quase imediatamente após os eventos de Prova de Fogo, com os Clareanos do grupo A e B conseguindo vencer o deserto e sendo levados pela CRUEL para algum lugar, lhes prometendo o fim de todo sofrimento passado. E aí que começam, ao meu ver, os erros.
Se você ler minhas criticas dos outros dois livros, perceberá que estive por muito tempo elogiando a evolução de James Dashner (o autor) no passar do primeiro para o segundo livro. Então, esqueça. Aqui ele regrediu a tal ponto que chega a incomodar. Mas vamos por partes.
Primeiro, em um livro, que tem como objetivo finalizar uma historia e encerrar uma trilogia, ficar apresentando novos lugares e expandindo o mundo (aos 47 do segundo tempo) me parece um pouco arriscado. E de fato, durante minha leitura, se provou ineficaz. Se dois livros, mais de 600 páginas, não foram o suficiente para nos ambientar nesse mundo, aqui vemos exposta essa dificuldade do autor quando o mesmo nos faz engolir cidades novas, lugares bacanas para ser explorados e toda uma sociedade, só que em um número mínimo de páginas sem realmente se aprofundar em nada que propõem.
“Olha só que bacana esse lugar”
—Algo acontece—
“Olha que terrível o que aconteceu com esse lugar que era tão bacana”
E quem disse que eu me importo?!
Ao parar para pensar agora, depois da leitura, fica parecendo que ele tinha ideias e conceitos para dois livros, mas se obrigou a encerrar tudo em um. Assim momentos que seriam catárticos e impactantes (como a volta dos protagonistas para determinado lugar mais ao fim do livro) acabam sendo corridos na narrativa e encerrados em dois ou três capítulos, sem nos dar o mínimo de impacto que a historia exigia.
Sobre os personagens. Thomas foi a melhor coisa do livro, seu crescimento e sua busca por rebelião, ao mesmo tempo que quer esquecer o passado são o que movem a trama pra frente. Ao mesmo tempo que temos ai, para mim, o principal acerto do autor: a paranoia do Thomas. Devido aos fatos dos livros passados, principalmente aquele momento com a Teresa e o Aris, o nosso protagonista se torna, com razão, extremamente paranoico com tudo, e, por consequência, como vemos tudo sob sua ótica, ficamos (nós, os leitores) tão paranóicos quanto. Duvidando de tudo e todos. O primeiro quarto desse livro, quando se concentra nesses aspectos, é maravilhoso. E seu final acabou sendo digno ao personagem que se construiu, mesmo que o autor se esforce para não lhe dar um mínimo respeito a tudo que passou.
Teresa, sempre tratada como secundária, nunca tendo um real valor na história, aqui podemos dizer que o autor não regrediu nesse aspecto, porque continua a mesma coisa. Totalmente desperdiçada, não servindo mais nem como interesse romântico do protagonista e tendo um final que só piora toda história, já mal feita, que o autor fez para ela. E o que me deixa mais decepcionado é que todo o lance da traição do livro anterior deixou um gancho para um desenvolvimento muito bom dela com o Thomas, que poderia ter sido explorado de diversas formas e tornar aquele acontecimento no final muito mais impactante. Porque para mim, e para o autor pelo visto também, foi totalmente batido. Afinal acontece em uma página e no capítulo seguinte os personagens já estão com outra coisa em mente.
Minho e Newt, melhor desenvolvimento dos dois aconteceu aqui, principalmente para o segundo, no qual a cena que mais vai ficar na minha memória é justamente a protagonizada por ele.
Brenda e Jorge, no começo são personagens, com razões e motivações. Além de um certo plot twist. Mas do meio pro fim do livro, viram só mais personagens que fazem ações do que qualquer coisa. Seu desenvolvimento meio que não avança mais e esquecemos o assunto.
“G”, se eu falar o nome é spoiler. Mas posso dizer que não esperava e gostei da ideia, mas foi mal explorado, mal desenvolvido e mal feito ao ponto de ser quase de graça. Qualquer personagem poderia realizar sua “função”, ser ele só foi um bônus.
Os vilões continuam sem destaque, sem aprofundamento e sem carisma nenhum. São apenas o objetivo e o contraponto do protagonista. As memórias de Thomas poderiam servir para desenvolvê-los. Aquela revelação no final sobre o que de fato ele queriam poderia ter sido melhor trabalhada também para desenvolver-los. Mas no final fica tudo superficial, com os reais motivos só sendo estabelecidos no epílogo.
E sem contar ainda personagens introduzidos aqui para nada, alem de UMA função muito especifica.
“Essa é a personagem X” (descrição da personagem) “Ela é muito importante, confie nela” (Personagem X faz sua função)
(Personagem X nunca mais aparece na historia)
Concluindo, A Cura Mortal é um livro com uma narrativa corrida, apressada e acelerada, que tenta cortar uma história grande em pouco tempo. Personagens são desperdiçados, momentos catárticos são mostrados muito rapidamente, não deixando nenhum impacto.
É uma grande regressão da trilogia, o pior livro dos três em questão. O final dessa história tem um certo sentido e faz jus a alguns personagens. Mas é totalmente feito nas coxas, injustiçando não só Thomas e os Clareanos, como os fãs que se apaixonaram por esse história. Não lerei os outros livros da saga, os prequels. Mas é triste saber que uma história que começou com tanto potencial, terminou dessa forma. Se o autor tivesse feito um quadrilogia, talvez os fatos fossem diferentes.