Wagner Fernandes 20/04/2021Nunca é tarde demais para ler uma obra-primaSabe aquele livro que você se segura pra não terminar?
Pois é.
Duna é fantástico!
Não compreendo como ignorei essa obra por tanto tempo. Sei lá, tinha alguma coisa nas imagens que eu via que me afastava do livro.
Aquelas capas coloridas me lembravam Perry Rodhan (Rhodan?... Não lembro a grafia correta). E eu li Perry Rodhan e enjoei daquelas histórias. Achei que Duna seguia o mesmo estilo. E os nomes também não me eram nada agradáveis de ver numa ficção científica. Paul e Jéssica me soavam comuns demais. E os outros eram quase impronunciáveis. Além do mais tinha coisas religiosas como reverenda madre, messias e profeta e nomes da cultura islâmica (e, como adolescente nos anos 80, eu não curtia coisas de religião, o que me afastou do livro e do filme de 1984, que nunca assisti). Assim, criei uma barreira mental contra Duna.
Bem, nunca é tarde, apesar de eu levar 4 anos para ler a edição da Aleph, que comprei por acaso de um rapaz que me vendeu seu exemplar por R$15,00.
O volume ficou numa caixa por 4 anos, e só me interessei em ler porque ocupou um lugar na estante até 3 semanas atrás (e ficaria mais tempo se eu não olhasse para ele e, suspirando de tédio, não me desafiasse a ler esse calhamaço. Letras miúdas, margens estreitas e quase 4 minutos de leitura por página! Some isso a 544 páginas e calcule o tempo de leitura.
Não podia adiar mais. Ou lia Duna ou me desfazia do livro.
Eu havia terminado um livro em 30/3/21. Olhei na estante à procura de uma nova leitura: "Ciclo das Trevas", "As Crônicas do Mundo Emerso", "Conan, o Bárbaro", algum de Stephen King ou qualquer outro na lista de leitura de 2021. Como acontecia em TODOS os anos anteriores, DUNA estava na lista. Me deparei com ele na estante, respirei fundo, retirei-o de lá e, meio desanimado, folheei aquele volume enorme. "Será que agora vai?", pensei. Eu havia começado a leitura algumas vezes, mas não passava da página 10.
Enfim, decidi que leria DUNA em abril. Seria o "Desafio de Leitura" do ano! E como dificilmente me recuso a um desafio, encarei a viagem a ARRAKIS.
Mas me surpreendi logo nas primeiras páginas depois da 10a. Aquilo não era uma história boba nem uma aventurinha espacial. Era um ÉPICO.
E meus olhos se abriram para o universo espetacular de Frank Herbert. Pude compreender de onde vieram as inspirações para a criação de histórias como Star Wars, As Crônicas de gelo e fogo, Blade Runner e tantas outras. Esse livro é extraordinário! Pense numa criança ganhando um brinquedo novo... Não. Pense em alguém vivendo nas trevas por longo tempo e, de repente, seus olhos se abrem para as cores brilhantes da natureza! (Se bem que em Arrakis não tem jardim colorido. Só o amarelo ocre das areias!... Tá, você entendeu a comparação. rs).
No momento estou conhecendo a extraordinária irmãzinha de Paul, Alia. Que criança notável!
Se você tem receio de ler DUNA, afaste o preconceito e a preguiça e embarque nessa aventura. Vai se surpreender!
Eu, bem, descobri um estilo de narrativa que me encanta e deixa fascinado pela leitura.
Sem dúvida, a melhor descoberta de 2021.
Ah, claro... já encomendei os volumes seguintes. O 2 e o 3 chegam em breve, e a aventura por Arrakis ainda vai prosseguir.
(Hmmm... isso me faz lembrar de outro épico. Preciso ler o volume 2 de Mistborn. O volume 1 me fascinou tanto quanto Duna. Que maravilha é poder LER e se deliciar com a Literatura!).
Nota 10.