Nós matamos o Cão Tinhoso!

Nós matamos o Cão Tinhoso! Luís Bernardo Honwana
Luís Bernardo Honwana
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Resenhas - Nós matamos o cão-tinhoso


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Thiago 22/02/2019

Um convite à literatura moçambicana!
Em "Nós matamos o cão tinhoso!", o cotidiano de Moçambique, ainda sob o julgo do colonialismo português, é retratado pela perspectiva dos trabalhadores das machambas (plantações) e das crianças na lógica cruel desse contexto de desigualdade social e racial. Além do caráter denunciador, os contos possuem um valor literário pela maneira como Honwana constrói a atmosfera de seus contos, ora descrevendo o cenário vivo que os personagens sofridos habitam, caso de "Dina" e "Nhinguitimo", ou encarnando-se nas personagens que contam suas próprias histórias, presentes em "Papá, cobra e eu", "As mãos dos pretos", "A velhota" e o tocante e violento conto que intitula o livro.

A história de um grupo de garotos que esmigalha a tiros um pobre cachorro doente, reproduzindo as resoluções de conflito do mundo adulto na tentativa de provar uns aos outros sua coragem, da o tom de melancolia que percorre todos os contos. Mesmo assim, existe também certa beleza reprimida, em Isaura, vista como aérea e louca pelas outras crianças, devido ao seu amor incondicional pelo Cão Tinhoso, ou no Papá do conto "Papá, cobra e eu", do qual reproduzo uma dos trechos mais tocantes do livro:

" - O Papá acredita muito n,Ele?

o Papá olhou-me como se me visse pela primeira vez e depois explicou:

- Meu filho, tem de haver uma esperança! Quando um dia acaba e sabemos que amanhã será tudo igualzinho, temos de ir arranjar forças para continuar a sorrir e continuar a dizer 'isso não tem importância'. Ainda hoje viste o Sr. Castro a enxovalhar-me! Isso foi só um bocadinho da ração de hoje...Não, meu filho, mesmo que isto tudo só O negue, Ele tem de existir!...

O Papá parou de repente e sorriu num esforço. Depois acrescentou:

- Mesmo um pobre tem de ter qualquer coisa...Mesmo que sejá só uma esperança!...Mesmo que ela seja falsa!..."

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Manuel Gimo 09/08/2019

Nós Matámos o Cão-Tinhoso, uma obra à frente de seu tempo!
AUTOR: Luís Bernardo Honwana
TÍTULO: Nós Matámos o Cão-Tinhoso
LOCAL DA PUBLICAÇÃO: Maputo
EDITORA: Alcance Editores
EDIÇÃO: 2ª ed.
ANO: 2014
PÁGINAS: 121
FORMATO DO LIVRO: eBook (PDF)




SINOPSE:


Escritor moçambicano, Luís Bernardo Honwana nasceu em 1942, vivendo parte da sua vida ainda durante a época colonial. Em 1964 publicou “Nós Matamos o Cão-Tinhoso”, uma narrativa que compila sete contos, onde o visual domina a escrita, e a hierarquia colonial, nas suas marcas do dia-a-dia, domina as temáticas.


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ANÁLISE:

“Nós Matámos o Cão-Tinhoso” é uma colectânea de sete contos da autoria de Luís Bernardo Honwana, publicado originalmente em 1964 pela Editora Afrontamento. A segunda edição sai sob a chancela da Alcance Editores meio século depois.
“Nós Matámos o Cão-Tinhoso” foi escrita durante o tempo que Honwana passou na prisão, quando foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), a secreta do regime colonial português, por simpatizar com os ideias nacionalistas.


A obra é um clássico da Literatura Moçambicana. É considerada uma das melhores obras literárias africanas do século XX, junto com “Ualalapi” (1987) de Ungulani Ba Ka Khosa e “Terra Sonâmbula” (1992) de Mia Couto. É igualmente considerada o inaugurador da Literatura Moderna Moçambicana, trazendo inovações no campo estético-estilístico e linguístico. Projectou o seu autor ao pódio de melhores escritores moçambicanos, e, desde a sua publicação, a obra tem vindo a exercer uma grande influência na geração pós-colonial de escritores moçambicanos.




NÓS MATÁMOS O CÃO-TINHOSO

«- Sabes?... A Isaura foi dizer ao pai que nós...
- O quê?
- Ela pediu ao pai para nos bater...
- Bater?... Porquê?
- Porque NÓS MATÁMOS O CÃO-TINHOSO!... - E ria-se com força, todo torcido.
- Não é tramada? E esta, heim?... BATER-NOS PORQUE NÓS MATÁMOS O CÃO-TINHOSO!...
Depois calou-se. E aí falou a Senhora Professora:
- Meninos, para a aula!» (p. 52)



O primeiro conto é o que dá nome à obra. É também o conto mais longo da colectânea. Ginho, o menino protagonista, narra, em primeira pessoa, como ocorreu a horrenda morte do Cão-Tinhoso, um cão vadio e repulsivo que tinha “a pele velha, cheia de pelos brancos, cicatrizes e muitas feridas, e em muitos sítios não tinha pelos nenhuns, nem brancos nem pretos e a pele era preta e cheia de rugas como a pele de um gala-gala. Ninguém gostava de lhe passar a mão pelas costas como aos outros cães.” (p. 25). Odiado por todos (menos o Ginho e a menina Isaura), o destino do canino é traçado pela poderosa mão do Senhor Administrador da vila. E os algozes? Os miúdos da vila, grupo do qual o nosso protagonista mirim faz parte.

Repleto de simbolismos e metáforas sociais, “Nós Matámos o Cão-Tinhoso” é arrebatador, portentoso, e macabramente angustiante.
Com uma linguagem coloquial, ordinária e assente na inocência e emoções de uma criança em tenra idade, “Nós Matámos o Cão-Tinhoso” é um conto genial que espelha a realidade deprimente da sua época, colocando em locus horribilis, de uma forma primorosa, a hierarquia colonial, isto é, a colónia, o colonizador e o colonizado.




INVENTÁRIO DE IMÓVEIS E JACENTES

«Além do quarto em que estamos e do outro em que está a Mamã, a nossa casa tem mais duas divisões: a sala de visitas e a sala de jantar. Esta última tem as paredes enegrecidas pelo fumo, porque dantes a Mamã tinha ali o fogão a um canto. E ocupada por uma mesa já despolida e sem estilo, rodeada por 7 cadeiras, uma de cada espécie, um armário em que alguém escreveu «Elvis», e vários sacos no canto, atrás da porta.
(…)
A sala de visitas tem uma parede comum ao quarto em que estamos e a outra ao quarto em que está a Mamã. Além da porta que dá para a varanda, tem outra que dá para um quartito a que chamamos corredor, para onde também dão as portas deste quarto, da sala de jantar, do quarto da Mamã e da casa de banho. Acho que a Mamã tirou o fogão da sala de jantar por causa do fogo, embora as paredes já estejam todas negras. Talvez fosse porque as paredes do corredor e dos quartos começassem a enegrecer também. Agora a Mamã cozinha numa palhota que se construiu a um canto do quintal. Apesar de se ter mudado para lá há bem pouco tempo, a palhota está quase negra, tanto por dentro, como por fora. Agora deve lá estar a dormir o Madunana. A palhota não tem nada a vedar a entrada.
O Totó deve lá estar a dormir também. Não o ouço a ladrar.» (pp. 55 – 56)



No segundo conto, “Inventário de Imóveis e Jacentes”, a casa do nosso narrador (um menino, de novo! Lá pela frente descobriremos que o personagem já nos é familiar) é um verdadeiro arrolamento de compartimentos, imóveis e gente.

Curto e sublime, “Inventário de Imóveis e Jacentes” é um verdadeiro espetáculo de descrição físico-geográfica.




DINA

«O Capataz descansou as mãos nas ancas e soprou uma breve gargalhada: - Mas o que é que tens, rapariga? Não queres o dinheiro? Tens medo de o receber? - Calou-se, aguardando a resposta da Maria. Mas continuou: Tens medo que os rapazes descubram que és uma puta?
Maria abraçou-se mais apertadamente e, cravando as unhas nas costas, choramingou:
- Madala viu nós... Madala viu...
- E o que é que isso tem? - O Capataz abriu os braços, reforçando a admiração, e depois cruzou-os sobre o peito.
- Madala é minha pai!... - Maria cuspiu as palavras com raiva.
Os homens do acampamento, direitos como estacas, perscrutavam a cara do Capataz.
Esquartejaram-no silenciosamente.
- O quê?! - articulou por fim o Capataz. A cara amarela tingia-se-lhe rapidamente de sangue.
- Eu não sabia que eras filha do Madala... - gesticulou asfixiado. Eu não sabia... palavra de honra, Madala, palavra que não sabia... eu não sabia que tinhas uma filha... tão bonita... eu... sou amigo dela...
O silêncio dos homens do acampamento latejava de tensão.» (p. 74)



O protagonista da vez é Madala, assim chamado provavelmente pela sua já avançada idade. Trabalhador em uma plantação de milho, o homem se vê tirado a sua dignidade como pai pelo sistema opressor. Aliás, não só a dignidade dele, mas a da sua filha Maria, a do Capataz e a de todos os homens da machamba.

Uma história melancólica, revoltante e revelador de um terrível mal que era a colonização.




A VELHOTA

«Sentada na esteira a velhota estava quieta, a ver os miúdos a comer. De vez em quando levantava-se um e vinha trazer-lhe o prato de alumínio para ela servir-lhe mais. Foi de uma dessas vezes que a velhota deu comigo. Estava com a colher de pau erguida, cheia de arroz, e ia despejá-la no prato, quando parecendo lembrar-se de qualquer coisa, se virou para a porta. Logo que me viu espreitou para o fundo da panela e perguntou-me se queria comer.
- Ainda não sei se quero comer ou não - respondi.
Virou-se para o lume, demorou-se um bocado a olhar para as chamas com a concha ainda no ar e depois perguntou:
- Estás zangado? Estás tão zangado que não podes comer e nem sabes se queres ou não?...
- Não, não estou zangado.
A velhota pensou ainda um bom pedaço e resmungou:
- Então está bem, se não estás zangado...» (p. 80)



A tal velhota do conto é a mãe do narrador. É uma mãe que nutre muito amor pela sua prole.

"A Velhota" é um conto deleitoso, com personagens carismáticos e um enredo excelso. Enfim, uma linda história de uma família que, apesar do momento conturbado em que vive, não deixa der ser feliz.




PAPÁ, COBRA E EU

«Comecei a tirar os blocos um por um. Quando tirei o último bloco de uma rima, vi a cobra. Era uma mamba de cor muito escura. Quando se sentiu descoberta enroscou-se um pouco mais apertadamente e levantou a cabecita triangular. Os olhitos brilhavam apreensivos e a língua negra e bífida palpitou ameaçadora. Recuei até sentir nas costas a rede do cercado e depois sentei-me no chão.
(…)
Encurralada ao fundo do vão da rima de blocos, a mamba alargou o seu corpo de maneira a apoiar-se o mais solidamente possível. A cabeça, assente sobre o pescoço esguio, manteve-se fixa no ar, alheia ao movimento do resto do corpo. Os olhitos luziam como brasas.» (pp. 93 – 94)



O protagonista-narrador do segundo conto (como dito antes, um personagem que já nos era familiar) volta neste “Papá, Cobra e Eu” para nos contar da mamba negra que assolava a capoeira na calada da noite.

Cativante e envolvente, “Papá, Cobra e Eu” é um dos contos mais interessantes da colectânea. Coeso e, acima de tudo, com uma trama bem-acabada.




AS MÃOS DOS PRETOS

««Deus fez pretos porque tinha de os haver. Tinha de os haver, meu filho, Ele pensou que realmente tinha de os haver... Depois arrependeu-se de os ter feito porque os outros homens se riam deles e levavam-nos para as casas deles para os pôr a servir como escravos ou pouco mais. Mas como Ele já os não pudesse fazer ficar todos brancos porque os que já se tinham habituado a vê-los pretos reclamariam, fez com que as palmas das mãos deles ficassem exactamente como as palmas das mãos dos outros homens. E sabes porque é que foi? Claro que não sabes e não admira porque muitos e muitos não sabem. Pois olha: foi para mostrar que o que os homens fazem, é apenas obra de homens... Que o que os homens fazem, é feito por mãos iguais, mãos de pessoas que se tiverem juizo sabem que antes de serem qualquer outra coisa são homens. Deve ter sido a pensar assim que Ele fez com que as mãos dos pretos fossem iguais às mãos dos homens que dão graças a Deus por não serem pretos».
Depois de dizer isso tudo, a minha mãe beijou-me as mãos.
Quando fugi para o quintal , para jogar à bola, ia a pensar que nunca tinha visto uma pessoa a chorar tanto sem que ninguém lhe tivesse batido.» (p. 102)



No sexto e penúltimo conto, o narrador (um menino, de novo!) questiona o facto de "as mãos de um preto serem mais claras do que o resto do corpo" (p. 102). E assim ele vai ouvindo as mais variadas e diferentes opiniões acerca do assunto.

O conto é comovente, lindo e, à semelhança do quarto conto, tocante. Honwana trabalha com descriminação e preconceitos raciais de uma forma estupendamente interessante.




NHINGUITIMO

«(…) Então chega o «nhinguitimo».
Nuvens apressadas escapam-se dos montes Libombos, e, descendo a encosta, atravessam o vale. O vento da poeira cessa e recolhe à profundidade das matas do outro lado do rio. O ar pára; os bichos buscam as tocas e as micaias nuas retalham firmemente o céu cinzento.
De repente, o «nhinguitimo» irrompe pelo vale e varre instantâneamente a poeira que enche o ar. Célere, vasculha as matas, derruba os pés de milho e dobra as micaias, que gemem de aflição.» (p. 106)



À semelhança do que acontece em “Inventário de Imóveis e Jacentes”, a narração descritiva ganha uma acentuação mais significativa neste último conto.
“Nhinguitimo” é denunciador de injustiças sociais perpretados pelo sistema colonial. Este "nhinguitimo" natural, uma depressão tropical, é acompanhado por outro "nhinguitimo", que tem mãos brancas por detrás, que avassala a pacata vida do batalhador Vírgula Oito.



Por último, “Nós Matámos o Cão-Tinhoso” é uma obra à frente de seu tempo, daí a sua intemporalidade. Para uma obra de estreia, Luís Bernardo Honwana revelou-se um escritor excepcional.
Honwana, através de figuras de diferentes status sociais, retrata o sarnento, repelente e cruel quotidiano de Moçambique sob a dominação e exploração do colonialismo português, portanto, dando-nos uma visão geral de como se (sobre)vivia naquela época.
No campo narrativo, afigura-se-nos que as estórias de “Nós Matámos o Cão-Tinhoso” têm um denominador comum: o narrador. Ora autodiegético, ora heterodiegético. Mas que, na maioria dos casos, é a mesma entidade em diferentes fases da sua vida. Isto vai-nos sendo revelado à medida que vamos subtilmente descortinando os contos. O efeito, no fim, é catártico.




AVALIAÇÃO: 10/10




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Review by: Manuel Gimo

site: www.facebook.com/manueltchatche.rmt
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Gabriel1679 14/03/2020

Primeira leitura de 2020
Foi um desafio viu
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Arnaldo 17/03/2020

Os Contos são bacanas
Os contos são bacanas mas faltam os finais, quando você se envolve com cada conto ele simplesmente encerra, acho que esse era o objetivo do autor porém.....
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Julio.Gurgel 15/05/2020

O cão tinhoso da opressão
Trata-se de um conjunto de contos escritos no início da década de 1960, quando Moçambique ainda era uma colônia portuguesa. Na época, o autor, Luís Bernardo Honwana, tinha apenas 22 anos.

São sete histórias potentes, contadas numa linguagem tão simples e tão local que imediatamente captura o leitor.

Mas não se engane: cada história é uma pancada! O livro fala de estupro, fome, opressão branca, colonialismo, assimilação, apropriação, armas, perdas e extrema pobreza. O racismo estrutural permeia todos os contos. ?Dina? e ?As Mãos dos Pretos? são de arrepiar.

?Eles fizeram me pequenino e conseguem que eu me sinta pequenino?.
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Helena.tbo 17/05/2024

Um livro muito forte!
É muito triste como em TODOS os contos o oprimido sofre demasiadamente e no final tudo volta ao normal. Alguns até tentam se revoltar, mas recebem punições e tudo volta a estar como estava.
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@falavaleria | Valéria Martins 15/01/2021

Faces do colonialismo português
O belíssimo conto "as mãos dos pretos" não me era estranho. Tinha uma vaga lembrança de já ter ouvido essa história em algum lugar, como exemplo de alguma discussão étnico-racial.

Este conto compõe o livro "Nós matamos o cão tinhoso", do Luís Bernardo Honwana, que com oito contos vai apresentando as faces do colonialismo português em Moçambique no mesmo momento em que o país iniciava a luta pela independência, uma guerra que durou dez anos, liderada pela FRELIMO (Frente de libertação de Moçambique), organização na qual o Honwana foi militante (o que acarretou na sua prisão).

"preste muita atenção em quem é o cão tinhoso" foi a recomendação de uma amiga quando ela me deu esse livro . E com o peso dessa responsabilidade fui eu fazer a leitura atenta a todos os pormenores.

Que ótimo aviso! Numa leitura despretensiosa, desavisada, os contos podem passar despercebidos do contexto de luta anticolonial . É que não é inteiramente explícito, o autor vai construindo a narrativa e dando os detalhes, meio que alertando "olha, esteja atento, é assim que a gnt vive hj em dia" e não é em vão, o livro nos conta a realidade moçambicana, a perda da esperança, a normalização da violência colonial, a defesa que as mentes colonizadas ainda fazem e os processos de insurgência, de resistência.

Talvez por isso vários contos sejam narrados por crianças que aos poucos vão reconhecendo essa realidade de diferenciação racista e entendo que o caminho nos leva à insurgência.
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Rafael.Vinicius 15/01/2021

Sobre nossos lugares
Cães e cobras revelam o verdadeiro local do negro na África colonizada.
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Sami43 06/03/2021

Com os sete contos (Nós Matamos o Cão Tinhoso!, sobre um garoto e um velho cachorro; Inventário de Imóveis e Jacentes, descrevendo uma casa lotada; Dina, falando de um velho escravo nas plantações e sua filha; A Velhota, um filho agredido, seus irmãos pequenos e sua mãe; Papá, Cobra e Eu, um menino tentando matar uma cobra perto de sua casa; As Mãos dos Pretos, uma criança curiosa sobre melanina e Nhinguitimo, sobre agricultores) e um extra (Rosita, Até Morrer, que relata uma paixão), vamos entendendo fatos cotidianos na realidade difícil dos persinagens: o colonialismo português de Moçambique.
Retratando temas delicados como inocência infantil, armamento, fome e miséria, escravidão, prostituição, violência e o silêncio, de forma não explícita, as críticas fortes são mais percebidas nas entrelinhas e em palavras não escritas.
Algo muito interessante foi o fato de que muitas palavras foram preservadas nos idiomas nativos (tanto o idioma de Moçambique quanto dialetos locais), além de marcas de fala e a "africanização do português europeu", mostrando muito bem a cultura nacional que se deseja representar.
Por tais assuntos abordados, é evidente luta anticolonialista do autor, que chegou a ser preso durante três anos logo após lançar esta obra.
Premiada e informativa, a história é tensa e difícil, apesar de rápida e fluída. Realmente muito bom.
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Grace @arteaoseuredor 27/05/2021

?Nós Matamos o Cão Tinhoso!, Luís Bernardo Honwana.
.
?Lui?s Bernardo Honwana nasceu em 1942, na cidade de Lourenc?o Marques (atual Maputo, capital de Moc?ambique), e cresceu em Moamba, onde seu pai trabalhava como inte?rprete. 1964 foi o ano da primeira publicac?a?o de ?No?s matamos o Ca?o Tinhoso!?. No mesmo ano, Honwana, militante da Frente de Libertac?a?o de Moc?ambique, foi preso por suas atividades anticolonialismo, e permaneceu encarcerado por 3 anos.
Em 1970, foi para Portugal estudar Direito.
Apo?s a Independe?ncia de Moc?ambique, em 1975, foi nomeado Diretor de Gabinete do Presidente Samora Machel, e participou ativamente da vida poli?tica do pai?s.
.
?Um livro com oito contos, sendo um inédito ?Rosita, até morrer?. Os contos falam sobre colonialismo, o ponto de vista de trabalhadores e suas famílias, racismo, injustiças. Três dos contos são contados pelo ponto de vista de crianças, curiosamente foram meus favoritos: ?Nós Matamos o Cão Tinhoso!?, ?Papa, cobra e eu? e ?As mãos dos pretos?, esse último é bem triste, uma criança negra querendo saber o porquê das palmas das mãos dele serem mais claras. A resposta da mãe dele explicando por que Deus fez assim: ?...foi para mostrar que o que os homens fazem, e? apenas obra de homens... Que o que os homens fazem e? feito por ma?os iguais, ma?os de pessoas que se tiverem jui?zo sabem que antes de serem qualquer outra coisa sa?o homens. Deve ter sido a pensar assim que Ele fez com que as ma?os dos pretos fossem iguais a?s ma?os dos homens que da?o grac?as a Deus por na?o serem pretos.?
.
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Arthur.Marin 19/02/2022

Comecei a ler o livro por recomendação da escola e gostei.
Luís Bernardo escreve seus contos de uma maneira que vicia em sua escrita. Contos fortes, mas ao mesmo tempo, a leitura flui como se fosse um livro que fala sobre um assunto leve. Mas, totalmente longe de ser um livro que fala de um assunto leve.
Meu conto favorito, sem dúvidas, o do título do livro! Nós matamos o cão tinhoso.
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bia 10/04/2022

o livro é otimo, representa muito bem a cultura moçambicana, principalmente da classe baixa e os efeitos do colonialismo. Nao é o tipo de livro que eu gosto de ler mas vale a pena
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spoiler visualizar
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Fernando 18/05/2022

Racismo
Livro marcado pelas cicatrizes deixadas pela colonização, livro encantador de histórias espetacularmente bem construídas, uma perfeição dolorosa.
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eloh 07/06/2022

uma experiência um tanto quanto peculiar
li o livro por causa da escola, acredito que se seguisse a leitura no meu ritmo aproveitaria mais o livro. Gostei da obra em geral, tem uns contos muito legais outros que eu tinha vontade de entrar no livro e tacar uma pedra na cabeça da personagem.
Gostei de ter um contato maior com a cultura moçambicana, esses contos são muito realistas e cruéis, demonstrando a realidade do nosso mundo.
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