Um Cântico Para Leibowitz

Um Cântico Para Leibowitz Walter M. Miller Jr.




Resenhas - Um Cântico Para Leibowitz


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Ton ;) 15/09/2019minha estante
?? parabéns pelo texto! Achei incrível a compreensão por meio do cenário histórico e vivência do autor. Estou ansioso pelas próximas resenhas.




Carol | @carolreads 11/07/2019

Um Cântico para Leibowitz
Apesar de não ser planejado minhas últimas leituras possuem temáticas parecidas: desastres nucleares e o surgimento de novas religiões.

Um cântico para Leibowitz é dividido em três partes e cada uma delas se passa em um período de tempo diferente. Na primeira (fiat homo) vamos descobrir que após uma guerra nuclear o mundo passou por um processo de simplificação: os remanescentes destroem toda e qualquer fonte de conhecimento (livros e pessoas) pois foi através dele que a destruição do mundo se tornou possível. Desse modo, vamos acompanhar Francis, um noviço da ordem de Leibowitz, uma religião que busca recuperar e armazenar o conhecimento perdido.

Já a segunda parte (fiat lux) ocorre seis séculos após a primeira, e irá nos mostrar uma civilização com um certo conhecimento científico e como os seguidores de Leibowitz foram e são importantes para o futuro. Na última parte (fiat voluntas tua) vamos acompanhar uma sociedade mais avançada que a nossa: ela que já colonizou o espaço, mais ainda enfrenta alguns problemas - o ser humano sendo ser humano e destruindo tudo o que toca.

Não quero falar mais do que isso com medo de estragar a experiência de leitura. Recomendo vocês assistirem um vídeo do canal do Henrique Junio (ensaios sobre a inconstância) em que ele comenta sobre o livro e as motivações do autor sem nenhum spoiler!

Apesar de não escutar muito sobre o livro, Um cântico para Leibowitz nos proporciona uma leitura diferente e incomoda. Foi um super acerto da Editora Aleph. Alguém já leu? O que acharam da história?

site: https://www.instagram.com/carolreads
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Dalton 08/04/2019

Bravo!
O que dizer do livro "Um cântico para Leibowitz", de Walter M. Miller? Gostaria que todos os livros de FC que já li até hoje tivessem me apresentado a força da reflexão trazida por essa obra. Fiquei impressionado de todas as formas possíveis pela condução primorosa da história, por uma apresentação da fé católica consistente com a realidade e sem idealizar os clérigos, e com os sólidos valores morais apresentados. Por mais de uma vez a conclusão a que cheguei é que a Ordem de São Leibowitz era aquilo que a Fundação de Seldon poderia ter sido. Ainda que por força da destruição é que a ordem retome a tradição da Igreja de preservar a sabedoria dos homens - como bem mostra a história terem feito o mesmo os mosteiros após o fim do império romano-, o faz sem a arrogância secular que se pode ver nos membros da Fundação e, ainda, com aquela esperança cristã de que após mais uma queda, na próxima vez o homem talvez consiga se levantar e, temente a Deus, evitar se autodestruir mais uma vez.

Creio que ao fim da obra só me reste dizer: bravo!
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Caique.Nascimento 15/09/2018

Conhecimento é uma bênção ou maldição?
Um cântico para Leibowitz é uma história sobre um mundo pós-apocaliptico com consequências muito reias e possíveis.
Apesar do gênero não ser uma novidade deste século, grandes singularidades descobri nessa obra. Talvez um leitor mais experiente (e mais familiarizado) com leituras do século anterior identifique alguma semelhança com outros autores, mas para mim, o autor foi abençoado com um estilo próprio, que muito me agradou.
O livro se divide em 3 partes, que na verdade são 3 períodos históricos em que se acompanha o redescobrimento da ciência, história e a evolução da sociedade por trás dessas descobertas.
A verdade é que esse livro é feito para explodir sua mente. Te fazer pensar sobre os rumos da humanidade, e pela primeira vez fui levado a refletir não como afirmativa, mas de forma interrogativa numa frase que eu considerava verdade absoluta. "Se o povo não conhece a própria história está condenado a repeti-la?".
Bem, parece que nem todo conhecimento do mundo irá superar a selvageria e o orgulho. O conhecimento nos faz mais selvagens, mas a ignorância também.
Pois é... Ainda to refletindo sobre tudo. Excelente obra.
Recomendo.
Só uma dica, se você não conhecer um ou outro dogma católico (como eu) ao ler este livro, não se reprima à pesquisar para enriquecer sua experiência.
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Leandro Vasconcelos 18/07/2017

Misere nobis
“Será que não temos escolha a não ser bancar a fênix e repetir sua interminável sequência de ascensões e quedas?”.

Esta é a reflexão primordial da interessantíssima obra de Walter M. Miller Jr., ganhadora do Prêmio Hugo de 1961. Estaria a humanidade para sempre condenada a incorrer nos mesmos erros, desde que desceu do Éden e construiu sua morada na Terra? Por que Cesar e seus seguidores perverteram a obra de Deus e criaram a sua própria, fadada eternamente ao fracasso?

“Minimizar o sofrimento e maximizar a segurança eram os propósitos naturais e adequados da sociedade de Cesar. Mas, depois, tornaram-se os únicos propósitos, de algum modo, e a única base da lei... uma verdadeira perversão. Inevitavelmente, portanto, ao buscá-los, encontramos somente seus opostos: o máximo sofrimento e uma segurança mínima”.

Tais questões tem como pano de fundo o futuro distópico, pós-holocausto nuclear, vivido pelos monges da Ordem de São Leibowitz, os quais mantiveram o ideal de seu fundador ao longo dos séculos: preservar o conhecimento humano após o ocaso da civilização no Século XX. Para eles, pouco importava que o significado houvesse se perdido em meio às areias do tempo. Sua missão de vida era salvaguardar as relíquias de uma era esquecida, para que a nova cultura que emergia das cinzas pudesse encontrar novamente o logos natural, divino. Contudo, quanto mais a humanidade conhecia do mundo, mais se afastava dos planos de Deus, incorrendo novamente em carnificina, aniquilação mútua e decadência.

“Pois, naqueles tempos, o Senhor Deus tinha incutido nos sábios o conhecimento dos meios pelos quais o próprio mundo poderia ser destruído...”.

De clara inspiração agostiniana, o enredo é palco para diversas dicotomias inerentes à vida: o maniqueísmo existente entre a Cidade dos Homens, norteada pelo apego ao poder, à luxúria, à carne, e a Cidade de Deus, local do bem, da humildade e dos valores eternos. A natureza corrompida do homem, que ingeriu o fruto proibido do conhecimento, e sua vontade de retornar ao paraíso, mesmo que através da força. A contradição entre ciência e fé, progresso e ética. A natureza das leis e do Estado, que se distanciaram da moral e dos valores mais elementares.

As referências a tais tópicos ao longo da obra são vastas. Empregando variadas alegorias, bem como diversas passagens ligadas à tradição católica (geralmente em latim), Miller constrói uma narrativa densa, maçante, arrastada. Afinal, ao cobrir quase dois mil anos de história, procurou-se atribuir efeito literário compatível. As reflexões são profundas. Os personagens, cada qual à sua maneira, são acometidos por longas elucubrações sobre os atos dos homens de seu tempo, sempre sob o foco da moral e ética cristãs. E, longe de ser didático, o autor espera que seus leitores tenham o conhecimento preexistente para pescar essas referências. Por isso, muitas passagens e histórias podem parecer obscuras, tais como o papel do velho peregrino imortal; a consciência do poeta; a pureza da gêmea siamesa da Sra. Grales, dentre outras.

Enfim, uma obra realmente diferenciada daquelas do mesmo período, em que imperava a temática apocalíptica da Guerra Fria. Digna de estudos e de reflexões adicionais por parte do leitor, é, por isso mesmo, instigante e transformadora.

“Mas houve naquele tempo um homem cujo nome era Leibowitz, que, em sua juventude, assim como Santo Agostinho, tinha amado o saber do mundo mais do que o saber de Deus. Agora, porém, vendo que o grande conhecimento, embora bom, não havia salvado o mundo, voltou-se em penitência para o Senhor, chorando”.
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Cris 13/07/2017

O Dia Seguinte

Publicado em 1955, quando o fedor e a radiação dos milhares de cadáveres calcinados em Hiroshima e Nagazaki ainda empesteavam o mundo e a Guerra Fria era um machado nuclear pairando sobre as cabeças da humanidade, “Um Cântico Para Leibowitz” de Walter M. Miller Jr., um católico nada bitolado, usa a fé cristã como fio condutor de um arrebatador épico pós-apocalíptico que, em minha opinião, fica cabeça a cabeça com 1984 de George Orwell em termos de niilismo e clima sombrio.
Apesar de conter pouco mais de trezentas páginas a obra percorre uma linha temporal gigantesca cobrindo mais de mil anos de história futura, ou seria passada? Só lendo para você entender, da raça humana.
Como estamos falando do Homem é óbvio que esses mil anos serão repletos de muita merda: barbáries, genocídios, destruição em massa, ganância, apocalipses atômicos...Mesmo abordando temas complexos, densos e dos mais pertinentes em nossa sociedade: religião, filosofia, política, preconceito, guerra, tecnologia etc, este clássico da ficção científica distópica não se perde em fluxos de consciência intermináveis e devaneios metafísicos. Muito pelo contrário.Toda a gama de tópicos intrincados são jogados na cara do leitor por meio de uma escrita ágil, rápida, seca, direta ao ponto.
Enfim, leiam a porra e tirem suas próprias conclusões.
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Vinicius ! S. R 20/04/2017

Fé, razão e ciência em “Um cântico para Leibowitz”
A leitura não é fácil, a história é meio tortuosa e a linguagem propositalmente mais lenta. O livro tem uma estrutura de romance histórico, apesar disto é uma das melhores ficções científicas que já li. O final é extremamente reflexivo e angustiante.
Fiz uma resenha relacionando a obra com a questão da cientificidade e religiosidade presente, quem quiser ler só acessar o link.

site: http://cerebropositronico.com.br/paralelos/fe-razao-e-ciencia-em-um-cantico-para-leibowitz/
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Marthie 12/02/2017

O futuro já chegou
Um livro que prevê o futuro do futuro, onde a humanidade comete os mesmos erros de tempos em tempos, chegando à aniquilação total. Morremos por causa de nossa própria arrogância, essa é a verdade de Um Cântico Para Leibowitz. Se prestarmos atenção, o mundo de hoje caminha para um novo capítulo do livro.
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Fernando60 06/01/2017

Monges contra as trevas...
É bem mais do que um livro de ficção científica. Vencedor do prêmio Hugo de 1961, a obra cobre um período de mais de mil anos após um holocausto nuclear que dizimou a maior parte da humanidade. O livro é dividido em três partes, que cobrem diferentes períodos históricos após o holocausto.

Na primeira parte (que chamo de "Mad Max"), o mundo tornou-se um lugar atrasado e perigoso. Não há mais lei e criminosos e aberrações andam à solta cometendo atrocidades, canibalismo etc. Pior, esses sobreviventes, muitos deles afetados por defeitos genéticos decorrentes da radiação, ainda decidiram destruir todos os livros e outros sinais de cultura, bem como matar qualquer um que pudesse ser considerado como "intelectual". Assim, a humanidade volta às trevas, subsistindo de saques e das formas de agricultura mais básicas. Somos então introduzidos à Ordem Monástica de São Leibowitz e seus diligentes monges, que de forma silenciosa e competente recolhem fragmentos de livros e documentos escritos e providenciam a armazenagem e cópia dessas obras. Todo esse conhecimento perdido que eles vão acumulando dentro das paredes de pedra da sua abadia é conhecido como "memorabilia".

Na segunda parte (que chamo de "Game of Thrones"), algumas centenas de anos mais tarde a humanidade já está num nível mais avançado, onde reinos e exércitos de cavalaria lutam entre si em busca de riquezas e da expansão de seus domínios. Já existem governos e cidades e é essa busca pelo poder que faz com que a ciência aos poucos vá sendo ressuscitada, na sua forma mais primitiva, e vemos então os primeiros embates entre os chamados "homens de ciência" e os religiosos da ordem monástica, pelo controle e utilização do conhecimento disponível. Essa parte abrange o período entre o que seriam o fim de uma nova idade média e o limiar de um novo renascimento.

Na terceira e última parte (que chamo de "Blade Runner"), passados mais de mil anos do holocausto nuclear, a humanidade conseguiu se reerguer a ponto de estar enviando naves para colonizar o espaço. Mas, tristemente, está de volta às beiras da extinção e dos horrores de um novo holocausto nuclear.

O livro me surpreendeu bastante. O personagem principal na realidade é a própria humanidade, mas a escolha do Monastério de São Leibowitz e de seus simpáticos monges como narradores nos dá uma boa noção da passagem do tempo e da evolução da sociedade, uma vez que dentro dos muros da abadia as mudanças ocorrem de forma bem mais lenta. Questões muito importantes são abordadas de uma forma bela. Há o conflito entre Estado e Igreja, as tensões entre a sede de conhecimento dos cientistas e a prudência dos religiosos e há questões mais profundas, que tratam da natureza do ser humano, da busca e manutenção da fé e da persistência da vida e da vontade de viver diante das circuntâncias mais difíceis.

Para mim foi particularmente chocante a ideia de que tudo o que criamos e aprendemos em mais de dois mil anos de História pode simplesmente desaparecer do dia para noite. Sem registros escritos e sem pessoas aptas a transmitir essas informações, o passado simplesmente desaparece e com isso voltamos a uma realidade de trevas, superstições e de violência. É assustadora, mas é uma hipótese bastante viável.

Enfim, o livro tem uma abordagem filosófica que ultrapassa em muito os limites do genêro da ficção científica. Além disso, essa temática de monges que se dedicam a armazenar e a preservar o conhecimento tem tudo para agradar quem ama a literatura e os livros. Na minha opinião, é um livro singular, que de uma forma bastante original aborda questões profundas, e que por isso foi direto para a minha lista de favoritos. Recomendo! :-)
Flavio.Vinicius 01/12/2020minha estante
Gostei da resenha mas não entendi por que disse que o livro aborda questões que ultrapassam a ficção científica.


ricardolyra 25/03/2021minha estante
Gostei bastante da resenha... os títulos atribuídos às partes do livros são meio 'forçados', se me permite, mas gostei assim mesmo ...




Weber 04/11/2016

Achei Um cântico para Leibowitz um livro de ficção científica típico da época da guerra fria com temas apocalípticos. E é muito bom. O apocalipse nuclear aconteceu, o mundo sobrevive em cinzas e um grupo de monges tentam recuperar e conservar o conhecimento científico perdido. Achei interessante que não existe muita lamentação pelo apocalipse em si mas pelo conhecimento perdido. A guerra nuclear aconteceu e todos seguem em frente com o que sobrou. Claro que a ignorância e o ciclo destrutivo do homem não são deixados de lado, nem poderiam, e o tom de "lição a ser aprendida" está presente na mistura de sede de conhecimento e religiosidade dos monges. Esta justaposição entre o religioso e o científico apresentados pelo autor é um dos pontos fortes do livro.
O livro é divido em três partes passados em tempos diferentes com personagens diferentes. Ele flui muito bem apesar dos trechos em latim que nos forçam a ficar olhando a tradução no fim do livro o tempo todo. O humor é utilizado na dose certa e é sempre certeiro.
Como toda boa ficção científica o livro me levou a meditar sobre temas diversos além dos já citados "ignorância e ciclo destrutivo do homem". Temas como a evolução científica da humanidade, coisas que em um determinado momento acreditávamos corretas e se provaram erradas. Quanto de nossas crenças científicas atuais que temos como absolutamente corretas também se provarão erradas? O trabalho "arqueológico" empreendido pelos monges para recuperar o conhecimento do passado também me levaram a pensar nos nossos estudos de civilizações antigas. O quanto achamos que sabemos sobre tais civilizações. A pensar sobre lições esquecidas no tempo.
Por fim, o livro é ótimo e com certeza vale a leitura. Também é um ótimo exemplo de como se escreve um livro épico em somente um volume. Outra lição esquecida no tempo infelizmente.
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AleixoItalo 17/03/2016

Quais seriam os passos tomados pela humanidade se ela precisasse recomeçar do zero? Normalmente obras pós-apocalípticas tendem a focar na sobrevivência de personagens tentando se adaptar à um mundo destruído, uma sociedade no fim da sua existência. Um Cântico para Leibowitz aposta numa abordagem diferente, focando na continuação da sociedade depois da destruição. Mesclando elementos de literatura distópica e pós-apocalíptica, Um Cântico para Leibowitz é um clássico do gênero, vencedor do prêmio Hugo de 1961 (um dos principais prêmios para ficção científica).

Na trama a sociedade foi destruída por um holocausto nuclear e os sobreviventes passam à ter uma aversão pela ciência e tecnologia, destruindo tudo que seja remanescente científico e caçando os cientistas, num movimento que ficou conhecido como Simplificação. Passados alguns séculos a sociedade vive um ambiente medieval, onde todo conhecimento e avanço tecnológico foi praticamente perdido e o pouco que restou – a Memorabilia – é protegido pelos monges da Ordem Albertina de Leibowitz.

O livro é dividido em 3 partes:

FIAT HOMO (“Faça-se o homem”) se passa no século XXVI, um cenário medieval onde tribos selvagens povoam a região e a Igreja é a instituição mais forte (a única instituição que permaneceu), e mostra a jornada do irmão Francis Gerard, noviço que acaba se deparando com relíquias de um passado esquecido…

Avançados mais 600 anos, FIAT LUX (“Faça-se a luz”) é uma espécie de Renascimento, onde as tecnologias do passado passam a ser redescobertas, graças a anos de estudo em cima da Memorabilia. Nessa mesma época as “tribos” humanas já estão mais organizadas e grandes líderes começam a despontar, trazendo de volta as iminentes guerras.

E novamente avançados 600 anos a terceira e derradeira parte, FIAT VOLUNTAS TUA (“Seja Feita a Vossa Vontade”) narra os eventos numa civilização que conseguiu reatingir seu auge, e novamente se encontra a beira de um holocausto nuclear…

Ao invés de optar por contar uma história de sobrevivência ou fantasia, Um Cântico para Leibowitz faz uma abordagem mais histórica de um mundo pós-apocalíptico, abordando como sobreviveriam as instituições, como a sociedade se organizaria e lhe daria com a situação. Walter Miller Jr. faz uma crítica da condição humana e do caráter cíclico da história, de como nós tendemos a sempre repetir os erros do passado, nunca evoluindo como espécie.

O livro abre mão da ação e da sobrevivência para apostar nos detalhes e na reconstrução da história, são esses detalhes que fazem o livro tão bom e tão profundo. A Memorabilia tratada como relíquia – em sua maior parte documentos banais de hoje em dia – fazendo as vezes das relíquias sagradas de nosso passado; a redescoberta de tecnologias hoje obsoletas como marcos da nova sociedade; a estranha figura do peregrino que parece perdurar por toda a obra, que dá um tom místico a obra.

Um Cântico para Leibowitz foi um marco da literatura distópica a mais de 50 anos e mesmo hoje se mantém extremamente atual – cada vez mais – e é uma excelente obra para quem curte cenários pós-apocalípticos mas espera uma abordagem alternativa.

Mais em papobárbaro.com.br
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Jão 01/02/2016

Fiat leitura tua.
A genialidade está na composição da cronologia do livro, que cria uma atmosfera nostálgica durante toda a leitura, além de conseguir cobrir vários anos dividindo-os tradicionalmente em "Idades" ou "Eras". Apesar disso o autor não focou somente no enredo, pelo contrário, os personagens têm um grande teor psicológico, que reflete a tensão de cada momento da história.
O livro é taxado como ficção científica mas não espere vermes gigantes e radioativos pulando nas areias do deserto de Nevada, isso porque o apelo histórico está muito mais presente no enredo, apesar de conservar alguns elementos da querida sci-fi.
Algumas passagens ficaram meio confusas e a escrita extremamente rebuscada atrapalha um pouco o entendimento da obra, apesar de fazer parte, acho eu, da ambientação que o autor quis construir, não obstante a época em que o livro foi escrito.
Todo o conteúdo é bem proveitoso e reflexivo. Esse livro expõe a humanidade, ele arranca suas vísceras e põe e exibição. O conceito de paz e segurança é apenas uma desculpa para que haja mais guerra, violência e calamidades - ou seja, a humanidade nunca esteve longe das trevas, desde seu limiar até hoje houve apenas escuridão e alcançar a luz parece uma tarefa árdua, pois ela está no recomeço.
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Literatura 17/04/2015

Quando a ignorância é benção

Nem sempre nos deparamos com um clássico e nem sempre este corresponde à nossa expectativa. O que dizer de Um cântico para Leibowitz (Aleph, 400 páginas)? Trabalho primoroso da editora, com capa aveludada, dois glossários, um deles contendo expressões em latim bastante utilizadas no livro e tradução impecável. Fisicamente perfeito. Passemos para o texto, vencedor do Prêmio Hugo de 1961, como melhor romance, comparável a “1984” e “Admirável mundo novo”, está além, muito além de minhas expectativas. Walter M.Miller Jr. é simplesmente soberbo. É o mínimo que posso dizer!

O livro que se inicia no século XXVI, 600 anos após uma hecatombe nuclear, perpassa 1800 anos de história futura. Seria uma parábola, uma crítica social, um aviso, uma visão? Não sei dizer. O choque é grande, preparem-se para o soco no estômago, porque ele virá.

É dividido em três partes com saltos de 600 anos. Em todas elas os monges da Ordem de Leibowitz tentam proteger e reunir fragmentos de conhecimento há muito esquecidos para que os homens possam aprender com seus erros.

Na primeira parte “Fiat Homo” (Faça-se o homem), um jovem noviço se depara acidentalmente(?) com uma relíquia que poderia ter pertencido ao padroeiro de sua ordem, o beato Isaac Edward Leibowitz, em vias de canonização, e tem-se início a saga.

Após o holocausto, novas gerações vão nascendo com mutações devido à exposição à radiação, inflamam ainda mais homens humildes que tomam para si a obrigação de destruir todo conhecimento e cultura existentes através de um movimento chamado Simplificação:

“…identificou-o não apenas como um homem instruído, mas também como especialista em armamentos. Com a cabeça coberta por um capuz de aniagem, ele foi martirizado no mesmo instante, estrangulado com um nó de forca não preparado para quebrar o pescoço e, ao mesmo tempo, assado vivo…”

Todos aqueles que detinham o conhecimento são caçados pelos sobreviventes e martirizados, todos os livros, apontamentos, máquinas são destruídos, porque o homem crê que o saber só poderia trazer o mal. É a volta à Idade Média. Cabe aos monges proteger o que resta copiando tudo o que encontram e neste intento enfrentam inúmeros percalços:

“Por vários segundos, o velho permaneceu pronto como um felino para entrar em combate enquanto estudava a face do adolescente, empolada pelo sol. O erro do peregrino tinha sido inevitável. Criaturas grotescas que perambulam pelas bordas do deserto costumam usar capuzes, máscaras ou mantos volumosos para esconder suas deformidades. Entre essas criaturas havia algumas cuja deformidade não se limitava ao corpo, e essas consideravam os viajantes uma fonte confiável de carne comestível.”

O final desta primeira parte é de cortar o coração, mas a segunda “Fiat Lux” (Faça-se a luz) consegue ser ainda melhor. Dá-se um salto de 600 anos e a ordem continua com seu trabalho de proteção:

“Agora, parecia que a Era das Trevas estava passando. Por doze séculos, uma pequena chama do conhecimento se mantivera viva, bruxuleante mas viva, nos monastérios. Somente agora a mente das pessoas parecia pronta para ser iluminada… alguns pensadores orgulhosos tinham afirmado que o conhecimento válido era indestrutível, que as ideias eram eternas, que a verdade era imortal… mas as culturas humanas não eram imortais e podiam perecer com uma raça ou uma era.”

O mundo está agora dividido em reinos que cultuam a conquista e clãs que defendem a barbárie e suas crenças. A ambição de conquistar o mundo não leva em conta o conhecimento, apenas o conflito de interesses, é o poder pelo poder:

“… ofereço um breve esboço do que o mundo pode esperar, em minha opinião, da revolução intelectual que está apenas começando… A ignorância tem sido o nosso rei. Desde a morte do império, esse rei se senta sem ser questionado no trono do Homem. Sua dinastia é milenar. Seu direito de governar agora é considerado legítimo… Amanhã, um novo príncipe reinará… O nome dele é Verdade. Seu império se estenderá por toda a Terra. E o domínio do Homem sobre a Terra será renovado.”

Todo o conhecimento preservado em papel começa a ser interpretado, mas sofre resistência daqueles que querem se perpetuar no poder e daqueles que preferem continuar na ignorância. É difícil abrir os olhos de quem não quer enxergar:

“Muitos enriquecem utilizando as trevas de sua monarquia. Eles formam sua Corte e, em nome da ignorância, fraudam e governam, enriquecem e perpetuam seu poder. Até mesmo a instrução eles temem, pois a palavra escrita é outro canal de comunicação que pode levar seus inimigos a se unir. Suas armas são afiadas pela cobiça e eles as usam com perícia…”

site: Leia mais em: http://www.literaturadecabeca.com.br/resenhas/resenha-um-cantico-para-leibowitz-walter-m-miller-jr-quando-a-ignorancia-e-bencao/#.VTFBoiHBwXA
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Euflauzino 17/04/2015

Quando a ignorância é benção

Nem sempre nos deparamos com um clássico e nem sempre este corresponde à nossa expectativa. O que dizer de Um cântico para Leibowitz (Aleph, 400 páginas)? Trabalho primoroso da editora, com capa aveludada, dois glossários, um deles contendo expressões em latim bastante utilizadas no livro e tradução impecável. Fisicamente perfeito. Passemos para o texto, vencedor do Prêmio Hugo de 1961, como melhor romance, comparável a “1984” e “Admirável mundo novo”, está além, muito além de minhas expectativas. Walter M.Miller Jr. é simplesmente soberbo. É o mínimo que posso dizer!

O livro que se inicia no século XXVI, 600 anos após uma hecatombe nuclear, perpassa 1800 anos de história futura. Seria uma parábola, uma crítica social, um aviso, uma visão? Não sei dizer. O choque é grande, preparem-se para o soco no estômago, porque ele virá.

É dividido em três partes com saltos de 600 anos. Em todas elas os monges da Ordem de Leibowitz tentam proteger e reunir fragmentos de conhecimento há muito esquecidos para que os homens possam aprender com seus erros.

Na primeira parte “Fiat Homo” (Faça-se o homem), um jovem noviço se depara acidentalmente(?) com uma relíquia que poderia ter pertencido ao padroeiro de sua ordem, o beato Isaac Edward Leibowitz, em vias de canonização, e tem-se início a saga.

Após o holocausto, novas gerações vão nascendo com mutações devido à exposição à radiação, inflamam ainda mais homens humildes que tomam para si a obrigação de destruir todo conhecimento e cultura existentes através de um movimento chamado Simplificação:

“…identificou-o não apenas como um homem instruído, mas também como especialista em armamentos. Com a cabeça coberta por um capuz de aniagem, ele foi martirizado no mesmo instante, estrangulado com um nó de forca não preparado para quebrar o pescoço e, ao mesmo tempo, assado vivo…”

Todos aqueles que detinham o conhecimento são caçados pelos sobreviventes e martirizados, todos os livros, apontamentos, máquinas são destruídos, porque o homem crê que o saber só poderia trazer o mal. É a volta à Idade Média. Cabe aos monges proteger o que resta copiando tudo o que encontram e neste intento enfrentam inúmeros percalços:

“Por vários segundos, o velho permaneceu pronto como um felino para entrar em combate enquanto estudava a face do adolescente, empolada pelo sol. O erro do peregrino tinha sido inevitável. Criaturas grotescas que perambulam pelas bordas do deserto costumam usar capuzes, máscaras ou mantos volumosos para esconder suas deformidades. Entre essas criaturas havia algumas cuja deformidade não se limitava ao corpo, e essas consideravam os viajantes uma fonte confiável de carne comestível.”

O final desta primeira parte é de cortar o coração, mas a segunda “Fiat Lux” (Faça-se a luz) consegue ser ainda melhor. Dá-se um salto de 600 anos e a ordem continua com seu trabalho de proteção:

“Agora, parecia que a Era das Trevas estava passando. Por doze séculos, uma pequena chama do conhecimento se mantivera viva, bruxuleante mas viva, nos monastérios. Somente agora a mente das pessoas parecia pronta para ser iluminada… alguns pensadores orgulhosos tinham afirmado que o conhecimento válido era indestrutível, que as ideias eram eternas, que a verdade era imortal… mas as culturas humanas não eram imortais e podiam perecer com uma raça ou uma era.”

O mundo está agora dividido em reinos que cultuam a conquista e clãs que defendem a barbárie e suas crenças. A ambição de conquistar o mundo não leva em conta o conhecimento, apenas o conflito de interesses, é o poder pelo poder:

“… ofereço um breve esboço do que o mundo pode esperar, em minha opinião, da revolução intelectual que está apenas começando… A ignorância tem sido o nosso rei. Desde a morte do império, esse rei se senta sem ser questionado no trono do Homem. Sua dinastia é milenar. Seu direito de governar agora é considerado legítimo… Amanhã, um novo príncipe reinará… O nome dele é Verdade. Seu império se estenderá por toda a Terra. E o domínio do Homem sobre a Terra será renovado.”

Todo o conhecimento preservado em papel começa a ser interpretado, mas sofre resistência daqueles que querem se perpetuar no poder e daqueles que preferem continuar na ignorância. É difícil abrir os olhos de quem não quer enxergar:

“Muitos enriquecem utilizando as trevas de sua monarquia. Eles formam sua Corte e, em nome da ignorância, fraudam e governam, enriquecem e perpetuam seu poder. Até mesmo a instrução eles temem, pois a palavra escrita é outro canal de comunicação que pode levar seus inimigos a se unir. Suas armas são afiadas pela cobiça e eles as usam com perícia…”

site: Leia mais em: http://www.literaturadecabeca.com.br/resenhas/resenha-um-cantico-para-leibowitz-walter-m-miller-jr-quando-a-ignorancia-e-bencao/#.VTFBoiHBwXA
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Amadeu.Paes 29/01/2015

A distopia que rodeia o ser humano
Nas redes sociais, sobre literatura sci-fi, muito se falava sobre “Um cântico para Leibowitz” e nunca tive tamanha expectativa em ler uma obra como esta.

O livro é dividido em 3 partes, onde um grupo religioso católico, guarda os “manuscritos” de São Leibowitz, depois de um holocausto nuclear, onde todo o conhecimento é perdido.

Neste mundo temos uma distopia onde o mais importante são músculos para lavrar a terra arrasada, muitos problemas genéticos sem solução, anarquismo e superstições

Conforme o tempo passa vão se “desvendando os manuscritos” à humanidade avança tecnologicamente – logicamente vem junto às intrigas políticas e religiosas.

A grande questão que fica é: O que humanidade fará com este conhecimento? Usará com sabedoria? Autodestruir-se-á como fez antes? Ou, mais radicalmente, se aniquilará definitivamente?

Miller Jr tem uma escrita erudita e um amplo conhecimento dos ritos católicos que enriquecem muito o leitor culturalmente.

Curiosamente sobre São Leibowitz temos pouca informação e acabamos nos identificando com as personagens que desfilam nestes 2.400 anos.
.
Sim, este livro atendeu as minhas expectativas pra quem gosta de uma história bem escrita, independente de ser ficção científica ou não, recomendo a obra.
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