Alle_Marques 17/02/2021
“... o que deve ser feito”.
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Do garoto ao messias, do garoto ao imperador, do garoto ao Deus.
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[...] — Aí está! — dissera ele, voltando para ela aquelas assustadoras órbitas vazias. — Nós perdemos aquele sentido claro da vida. Se uma coisa não pode ser engarrafada, batida ou acumulada, não lhe damos valor algum.
Ofendida, ela dissera:
— Não era isso que eu queria dizer.
— Ah, minha querida — dissera ele, tranquilizador. — Estamos tão ricos em dinheiro e tão pobres em vida. Eu sou mau, estúpido e obstinado...”
— Não é!
— Isso também é verdade. Mas minhas mãos ficaram azuis com o tempo. Eu penso... Penso que tentei inventar a vida sem perceber que ela já fora inventada. [...]
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Foi bom ver o desenvolvimento humanizado do Paul e da Alia, apresentá-los aos leitores tão humanos, tão sentimentais e tão falhos foi uma ótima ideia do autor, deu pra gostar bem mais de ambos nesse segundo volume e sentir bem mais empatia por eles do que eu esperava, principalmente pelo Paul, a cultura Fremen também foi bem explorada e as intrigas políticas e religiosas foram inteligentes e bem colocadas e o final, quase poético, foi bem trabalhado e valeu a pena, me arisco até a dizer que foi melhor que o do primeiro e cumpre com louvor a tarefa de nos fazer querer ler a continuação.
Mas, assim como no primeiro livro, nem tudo é perfeito, o restante dos personagens deixou bastante a desejar, quase todos não tiveram desenvolvimento nenhum e boa parte foram esquecidos ou ignorados ao longo da obra, assim como o primeiro volume, o segundo também abusa das pontas soltas, são muitas as coisas, ideias e personagens que não vemos que fim teve, não serviram pra nada aparentemente ou apenas foram esquecidos ou deixados de lado pelo autor, o problema é maior por ser tratar de um continuação, já que ao invés de resolver e fechar pontas do livro anterior, acaba abrindo mais e só piora um problema que já existe, isso infelizmente contribui para torna a obra enfadonha em alguns momentos.
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[...] — Minha senhora?
— Se eu apenas pudesse queimar essa coisa, tirá-la de mim. — Ela chorou. — Eu não queria ser diferente.
— Por favor, Alia — murmurou ele. — Tente dormir um pouco.
— Eu queria ser capaz de rir — ela sussurrou, lágrimas escorrendo-lhe pelo rosto. — Mas sou a irmã de um Imperador que é adorado como um deus. As pessoas me temem. Nunca desejei ser temida.
Ele enxugou as lágrimas do rosto dela.
— Eu não queria ser parte da história — continuou ela, baixinho. — Eu queria ser amada... e amar. [...]
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5° de 2021
Desafio Skoob 2021