Carlos E. Albuquerque 07/05/2024
"Os proletários nada têm a perder a não ser seus grilhões."
O Manifesto é a principal porta de entrada para os estudos da ciência do proletariado, a linguagem objetiva e acessível para a maioria dos públicos faz com que mesmo hoje ainda sirva com louvor a missão de ser um material panfletário para conscientização dos trabalhadores e simpatizantes da ideia comunista.
Durante a obra Marx e Engels transitam por diversos temos sensíveis e relevantes para as discussões sociais de seu tempo, seu ponto alto com certeza é o capítulo dedicado a discutir o que diferencia o proletariado da burguesia, em tempos de deturpação dos ideais comunistas essa conceptualização é fundamental.
A partir da leitura podemos assimilar com mais clareza quão grande é a distância entre nós cidadãos normais e as classes dominantes das sociedades em que estamos inseridos, o proletariado é recrutado de todas as classes sociais. Isso demonstra como a pequena burguesia está sempre mais perto de ser “rebaixada” ao labor do que à ascensão para a riqueza.
Também é frisado pelos autores a demanda de uma ruptura social profunda e realmente eficaz, sendo a via revolucionária a única verdadeiramente capaz de trazer à superfície as aspirações e demandas dos trabalhadores. Existe um limite, muito curto, para a conciliação de classe, não sendo viável a manutenção da burguesia junto de um “estado de bem-estar social”.
Sem dúvida é uma leitura fundamental para todos que desejem entender o funcionamento e a correlação das forças de dominância que regem o nosso tecido social, o Manifesto data de 1848, mas os alertas de seu conteúdo podem ser observados em clara execução em nossos tempos, tendo inclusive sua capacidade de danos ao povo ainda mais infladas.
Acerca da edição está deixa um pouco a desejar do ponto de vista material, com algumas palavras borradas e pouca qualidade no material de capa e folhas. Do ponto de vista do conteúdo o prefácio de Sabrina Fernandes é muito acertado e as notas de rodapé no geral evitam lacunas de entendimento no texto. Me agradou não haver intervenções no texto original, preservando o caráter panfletário e não técnico da obra.
“?O que a burguesia, portanto, produz, acima de tudo, são seus próprios coveiros. A sua queda e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.”?