naniedias 30/06/2012No Jardim das Feras, de Erik LarsonEm 1933 a Alemanha ficou sem embaixador americano em seu território. O presidente Roosevelt teve dificuldades para encontrar um novo representante para ser enviado ao país. Depois de alguns convites recusados, ele convidou o professor de história William E. Dodd - uma escolha inusitada para o cargo. Dodd não era dono de uma grande fortuna e deixou claro desde o início que iria viver apenas com o salário de embaixador - uma quantia considerada muito baixa para um representante americano que viveria na opulência da Alemanha nazista.
O jornalista Erik Larson, através de uma minuciosa pesquisa, traz ao leitor o relato da experiência de Dodd como embaixador americano em Berlim - dando ênfase à vida do diplomata e de sua filha, uma mulher fora dos padrões da época.
O que eu achei do livro:
O livro de Erik Larson é incrível! Apesar de ser um livro de não-ficção, a linguagem não é pesada e a leitura flui de maneira deliciosa. A história, entretanto, não é tão deliciosa assim. Mas não por ser ruim, muito pelo contário, No Jardim das Feras é um livro maravilhoso - um choque de realidade.
A maioria dos livros que já li sobre essa época, quase inteiramente histórias ficcionais, mostram principalmente o lado dos judeus e o seu sofrimento. Não há como deixá-los de fora, e No Jardim das Feras não faz isso. Entretanto, esse livro foca na parte diplomática da época e nos romances da filha do embaixador. Poucos foram os que enxergaram o que realmente estava acontecendo na Alemanha e principalmente quais seriam as consequências futuras. O próprio Dodd se recusava a enxergar com mais clareza, tendo visto as coisas apenas mais tarde, quando já deixava o posto.
Esse livro acompanha Dodd, o embaixador americano, enquanto ele esteve no cargo - começa um pouco antes e termina logo depois, com um enfoque maior nos dois primeiros anos - 1933 e 1934. Achei incrível a maneira como o autor explorou as relações diplomáticas - principalmente mostrando o quanto Dodd não era apreciado pela maioria dos políticos com quem tinha que lidar.
Martha Dodd, a filha do embaixador, também teve sua vida relatada nesse livro. Em alguns momentos eu me perguntei por que a vida da moça era tão citada na história, enquanto a de seu irmão e de sua mão ficaram na escuridão. São poucos os relatos que incluem a Sra. Dodd ou seu filho. Talvez por Martha ser uma mulher tão diferente das suas contemporâneas - mas, na minha humilde opinião, ainda assim muito fútil.
O subtítulo do livro, "Intriga e sedução na Alemanha de Hitler", diz respeito aos dois aspectos e aos dois personagens acompanhados pelo livro. Intriga na carreira diplomática de Dodd (na minha opinião, a parte que verdadeiramente vale a pena no livro) e sedução nas aventuras amorosas pouco ortodoxas de sua filha Martha (algo que, para mim, não acrescentou muito à história).
Esse é um livro cuja leitura irá acrescentar muito ao leitor, instruí-lo um pouco mais sobre um vergonhoso período da história da humanidade que não pode ser esquecido.
Nota: 8
Dificuldade de leitura: 7
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