Barbara Sant 23/06/2012Livro-Trauma #08 – Erik Larson – No Jardim das FerasOie Gente,
Já viram que hoje eu vim de Livro-Trauma, né?
Mas é um livro-trauma diferente dos habituais.
Normalmente eu pego um livro de ficção de um gênero que não faz o meu estilo habitual, mas dessa vez eu aceitei um desafio: vim de não-ficção: biografia, de alguém que vivem na “Alemanha de Hitler”.
Eu tenho uma dificuldade enorme com biografias de qualquer tipo.
Acho algo muito complicado de ler se não sou fã da pessoa, porque algumas das informações não são algo que vá fazer diferença para mim.
E apesar de não conhecer William E. Dodd, livros sobre a época do nazismo sempre me emocionam, então respirei fundo e comecei a ler.
Nossa, gente, foi difícil.
Não dá para dizer que as coisas que acontecem no livro são uma surpresa, porque elas não são.
Todo mundo sabe das atrocidades cometidas pelos alemães e, por mais que se diga que muitos estavam só cumprindo ordens, que não tinham outra opção, eu sempre vejo pelo fato cru e real: as pessoas optaram por fazer atrocidade com outras pessoas.
As que não estavam fazendo atrocidade achavam tudo àquilo normal e, das reclamações que poucos estavam fazendo, achavam um exagero.
Na página 65 existe um trecho que reflete isso muito bem:
Marha retrucou que a Alemanha estava em meio a um renascimento histórico. Os incidentes ocorridos eram, com certeza, apenas expressões fortuitas do intenso entusiamo que tomara conta do país. Nos poucos dias desde a sua chegada, não vira nada que confirmasse as histórias de Schultz.
É preciso ter em mente que apesar de ser uma história na “Alemanha de Hitler” e não sobre a Alemanha de Hitler.
Muitos dos capítulos são sobre a vida comum de Dodd, como a escolha da casa, as particularidades sobre sua família e coisas do dia a dia.
Eu não sou especialista em não-ficção e menos ainda em biografias, mas eu gostei bastante dela.
Tem todos aqueles detalhes de uma vida comum, mas também tem muitos questionamentos. Alguns exatamente iguais aos que eu faço aos meus livros de história quando estudo essa época da humanidade.
O complicado de ler um livro assim é saber que por mais que o tempo tenha passado nada mudou.
Apenas as figuras foram alteradas, mas maiorias ainda exterminam minorias.
Governos e governantes ainda assassinam populações ineitinhas por elas serem diferentes, terem religiões diferentes ou pelos assuntos mais imbecis.
Não é um livro para qualquer um, já que ele conta das opções que pessoas tomaram e que, mesmo não tendo sido a que determinou o extermínio, ajudaram a fazer isso.
Não esperem que apareça um heroi, porque ele não irá aparecer.
No “Das Vorspiel*” o autor diz o seguinte:
Não há heróis aqui, pelo menos daquela variedde que figura em A Lista de Schindler, mas há lampejos de heroísmo e pessoas que se comportaram com inesperada elegância. Já sempre nuances, embora por cvezes tenham natureza perturbadora. Este é o problema da não ficção. É preciso deixar de lado aquilo que todos nós — agora — sabemos ser verdade e tentar seguir meus dois inocentes pelo mundo tal qual o conheceram.
Mas de todos os acontecimentos, de todos os momentos relatados e vividos pelos personagens, os mais difíceis de acompanhar são os da imobilidade humana. Ver presidentes, Chefes de Estados e outras figuras históricas simplesmente não fazerem nada contra as atrocidades e os abusos apenas porque não eram com o seu próprio povo.
Realmente foi… aterrador.
Texto retirado do In Death. Leia mais em: Livro-Trauma #08 - Erik Larson - No Jardim das Feras - In Death http://indeath.com.br/2012/06/livro-trauma-08-erik-larson-no-jardim-das-feras/#ixzz1ydOmbSll