AleixoItalo 15/04/2021Um dos livros pioneiros do Regionalismo e obra prima de Raquel de Queiroz, nos da uma amostra do que é a vida no Sertão nordestino!
Nomeado em referência à uma grande seca no ano de 1915, 'O Quinze' foca basicamente em três personagens para contar sua história: o vaqueiro Chico Bento, dispensado por causa da seca e obrigado a virar retirante, o fazendeiro Vicente tentando administrar seus bens em meio a situação caótica e Conceição, a douta e politizada narradora do romance, que mesmo no conforto da cidade, ainda acompanha as mazelas do sertão.
Um dos pontos fundamentais de 'O Quinze' é a linguagem. Como um dos pioneiros do Regionalismo, 'O Quinze' traz em suas páginas uma qualidade tipicamente brasileira (ainda rara na literatura da época, tão influenciada pela Europa). Não só os maneirismos ou jeitos de falar, mas a própria exposição dos fatos é algo muito nosso e soa familiar para todos que habitam essas sofridas terras tupiniquins!
Outro ponto fundamental é a natureza. Rachel consegue pintar um retrato fidedigno da aridez, onde a vegetação da caatinga vai dando lugar à poeira e ao Sol cada vez mais presentes. Assim como a carne desaparece gradualmente do lombo das reses com o avanço da estiagem, o verde vai desaparecendo pouco a pouco das páginas do livro, como se a vida fosse sorvida pelo deserto.
A natureza humana se destaca, uma vez que as tragédias não afetam todo mundo de maneira igualitária. Aqui fica escancarado o abismo social que separa as pessoas providas de algum bem dos retirantes, condenados a vagar pelo Sertão em busca de nada em específico, apenas tentando adiar ao máximo a chegada da morte.
Provável maior influência para o vindouro 'Vidas Secas', 'O Quinze' é um livro curto, de leitura fácil mas que toca no fundo do coração, onde personagens poderosos e que não se rendem aos clichês se unem para contar uma história bonita sobre a superação humana e sobre a indelével natureza!