Insubmissas lágrimas de mulheres

Insubmissas lágrimas de mulheres Conceição Evaristo




Resenhas - Insubmissas Lágrimas de mulheres


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Gabriel 19/06/2021

Um oceano de afetos.
Fiz essa leitura num ritmo que considerei até um pouco acelerado, por ter sido pensada pra uma discussão que logo mais acontecerá, e digo isso não pela quantidade de páginas, mas sim pela força contida em cada linha dessas histórias. Sendo outras as circunstâncias, facilmente me (des)organizaria de modo a ler uma história por semana (?) e me permitir ir digerindo ao longo dos dias os afetos que se derramam de cada uma delas. O livro pede tempo. É de uma força incrível!

Se fosse fazer uma média, diria que morri e renasci, por baixo, umas três vezes a cada história. As durezas dos relatos por vezes me tiraram o fôlego, às vezes de súbito, outras mais vagarosamente, mas quando menos esperava, lá vinha também, e ainda mais imponente que o abatimento, o sopro de vida que traz de volta o fôlego pra seguir a leitura (e os dias).

Além disso, é incrível a sensação de proximidade que essas escrevivências trazem. As histórias não deixam em nenhum momento o domínio da oralidade. São linhas que se escutam. Linhas que nascem em tantos corpos e que, em algum momento, encontram os nossos pra expressar através deles o que tanto afeta mas é difícil de apalavrar.
Duda.Anjos 23/06/2021minha estante
Sua resenha foi uma daquelas que instigam. Quero muito conhecer a escrita de Conceição Evaristo. Colocarei na minha lista esse!


Gabriel 23/06/2021minha estante
Que coisa tão boa de se ler! A escrita da Conceição é de uma beleza ímpar. Tenho certeza de que tu não vai se decepcionar! Espero ler a tua resenha em breve!




Daniel1841 12/05/2021

Um livro que dá VOZ, a quem nem sempre é OUVIDA
Um dos pontos que marcam esse livro é a narradora que percorre todos os contos - em cada conto há a história de uma mulher negra como centro. Esse livro me fez chorar, refletir e ter um pouquinho de esperança. O racismo está presente em todos os contos, então se este for um tema sensível para vc, talvez não seja uma boa escolha, além de outras violências sofridas pela população negra, em especial, as mulheres negras.
Mas de uma forma geral, eu queria que todo mundo pudesse conhecer o poder de narração da Conceição, já li 4 livros dela e pelo menos, pra mim, beiram a perfeição.
É uma das maiores vozes da contemporaneidade.
Fer Paimel 13/05/2021minha estante
Curti sua resenha!! Não conhecia esse, já adicionei a minha lista! Obrigada kkkk


Daniel1841 14/05/2021minha estante
Sou oficialmente fã, mas ela merece demais! Falta só um livro dela pra eu ler, vou ficar na espera de novas publicações.




@marcosmelhado 02/03/2022

Curto, mas Sensível
Não tem como não se sensibilizar com um livro da Conceição Evaristo. A autora nos conta que para esse projeto, percorreu o interior de minas como ouvinte, e foi procurada por mulheres que queriam compartilhar sua história. A provocação inicial da autora é nos alertar que quem reconta inventa. Apesar de cada capítulo narra a história de uma pessoa, notamos muita coisa em comum na luta dessas mulheres. Trajetórias tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas. Narrativas curtas, mas bem violentas. A conceição escreve com muito respeito, muita reverencia e traz para o texto trechos muito bonitos. Mas não espere por finais felizes. Texto simples, mas com grande potencial para discussão. Depois de lido o livro, o titulo soa ainda mais forte.
mpettrus 03/03/2022minha estante
Resenha perfeita ?




nathischneider 04/01/2018

Conceição Evaristo escreve com uma sensibilidade ímpar. A forma como autora conta as histórias das mulheres, com uma escrita que versa com o a oralidade, faz com que cada narrativa se torne um universo, os quais me emocionaram profundamente. Apesar das histórias serem, em sua maioria, tristes ou difíceis, o que mais me marcou no texto não é a violência sofrida, mas uma certa esperança. Esperança essa calcada na força e na união das mulheres insubmissas. Este, talvez seja, um dos livros mais lindos que já li.
Geane 12/09/2018minha estante
Concordo com vc:esperança!




LeandroCastro88 01/09/2021

Maravilhoso
Primeiro livro da autora que leio. Que escrita maravilhosa! Que histórias cheias de encanto e luz. Muita lição de vida. Amei a experiência. Ela é tudo e mais um pouco do que dizem por aí.
Anderson 17/01/2022minha estante
Leia olhos d'água, tenho certeza que irá amar




Wilderlane Oliveira 06/04/2019

Um livro de impacto. Vez por outra me percebia boquiaberta ou lacrimejante.
Choramos e nossas lágrimas nos tornam mais fortes.
Cada relato um mundo de resistência, luta e superação.
Uma ótima leitura para a reflexão das relações de gênero em nossa sociedade.
Phelipe Guilherme Maciel 24/10/2019minha estante
Estou louco para ler esse livro de contos.




Rafael 13/06/2021

Escrevivência
Suportar, com nome de batismo vexatório, rejeição familiar, por não admitir seu pai que da ?rija semente? dele brote uma ?coisa menina?; confrontar mortalmente o homem cujas filhas pediam ajuda, "sem perceberem que ele era o próprio algoz"; ser sequestrada de sua família, quando criança, para atender aos caprichos de um casal branco abastado; lidar com o abandono do lar de companheiro que a estupra e que sente ciúmes do próprio filho recém-nascido. Esses e outros contos de mulheres negras que sobreviveram às violências que as acometeram, sobretudo as causadas por homens, estão reunidos em "Insubmissas Lágrimas de Mulheres", livro publicado em 2011 pela primeira vez.  

Logo na página introdutória da obra, uma advertência: "...estas histórias não são totalmente minhas, mas quase me pertencem, na medida em que, às vezes, se (con)fundem com as minhas. Invento? Sim invento, sem o menor pudor. Então as histórias não são inventadas? Mesmo as reais, quando são contadas. [...] Entretanto, afirmo que, ao registrar estas histórias, continuo no premeditado ato de traçar uma escrevivência" (p. 7).

Por certo, a contribuição literária de Conceição Evaristo parte de onde estão fincados seus pés: da sua experiência enquanto mulher negra na sociedade brasileira, como integrante de uma coletividade subalternizada. Escreve Conceição a partir do que vive, portanto. Escrevivência. Sobre esse procedimento narrativo, a autora discorre mais a respeito em "O ponto de partida da escrita - Ocupação Conceição Evaristo (2017)", vídeo disponível no YouTube.

Com o gravador sempre a postos, parece-me que em diversos contos Conceição privilegia a História oral como método para apreender as formas como a pessoa efetuou e elaborou experiências e situações de aprendizado. É através da oralidade negra, e da memória que ela carrega, que os personagens podem acessar o passado, preservando saberes com potência e criatividade.
Melanie13 13/06/2021minha estante
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Leituras do Sam 18/04/2017

Corpos/histórias
Que responsabilidade a minha em escrever a primeira resenha deste livro aqui, mas é também um prazer poder dizer sem dúvida alguma que ele deve ser lido, comentado e estudado.
O título desse texto foi tirado do próprio livro e expressa bem a força da narrativa de Conceição Evaristo que narra histórias de mulheres que de tão reais nos deixa na duvida de se foram realmente inventadas (será que foram mesmo?).
Cada conto tem início com o encontro da narradora com essas mulheres que contaram suas histórias; a narradora então precisa primeiro se transformar em ouvinte ao mesmo tempo que nós leitores somos levados a nos transformar também em ouvintes. Este movimento cria o pacto, o laço o acordo entre a mulher contadora de suas vivências e o leitor/ouvinte e a afeição a essas personagens é inevitável.
São vidas, corpos e experiências sofridas que para usar as palavras dá própria autora "quem tem um corpo não negro, não mulher, jamais experimenta".
Mas engana-se quem pensar que é um livro triste, pois apesar das insubmissas lágrimas derramadas por estas mulheres "elas mesmas, a partir de seus corpos mulheres, concebem a sua própria ressurreição e persistem vivendo", esta delicadeza/força está já na arte da capa linda desta obra necessária.

@leiturasdosamm
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ranniery 05/01/2018

Ser mulher é identidade de luta
“My sister, quem tem os olhos fundos, começa a chorar cedo e madruga antes do sol para secar sozinha as lágrimas. Por isso, minha urgência em deixar o meu relato”. É o que desabafa uma das 13 protagonistas dos contos trazidos pela escritora Conceição Evaristo no livro “Insubmissas Lágrimas de Mulheres” (Editora Malê, 2016).

São relatos urgentes. Histórias singulares de mulheres em 13 contos diferentes, mas que compartilham entre si a capacidade de transformar a dor em resistência. Histórias de vida de quem muito já sofreu, mas hoje celebram o prazer de terem encontrado a elas mesmas nas próprias histórias.

A escrita de Conceição Evaristo é deliciosamente singular. Em todos os contos, ela aborda as histórias das mulheres a partir das conversas que ela própria teve com aquelas personagens. Mas antes de aprofundar nessa característica do livro em questão, preciso contar a minha relação com a autora, que despretensiosamente tornou-se uma das minhas descobertas literárias favoritas até hoje.

Depois de ler uma outra obra de Conceição, a poderosa e marcante “Ponciá Vicêncio”, passei a querer me aprofundar mais na tão necessária narrativa de vivências negras propostas pela autora. Há algumas semanas tive a oportunidade de ouvi-la em um congresso promovido pela Universidade Federal do Ceará, onde ela explanava o próprio processo de escrita, contando que no ato da oralidade o corpo faz sentido e dá sentido. E foi lendo “Insubmissas Lágrimas de Mulheres” que percebi o quanto a presença física das personagens se faz presente numa narrativa cuja estética está fincada na oralidade.

Tudo isso se traduz na escrevivência proposta pela autora. O que ela traz não são biografias. Pelo contrário, a própria Conceição alerta para isso no prefácio de Insubmissas Lágrimas:

“Portanto estas histórias não são totalmente minhas, mas quase que me pertencem, na medida em que, às vezes, se (con)fundem com as minhas. Invento? Sim invento, sem o menor pudor. Então as histórias não são inventadas? Mesmo as reais, quando são contadas. Desafio alguém a relatar fielmente algo que aconteceu. Entre o acontecimento e a narração do fato, alguma coisa se perde e por isso se acrescenta”.

A maneira como Conceição Evaristo nos traz os relatos, muitas vezes nos faz confundir a voz da própria narradora com as vozes das personagens apresentadas. Uma confusão, na verdade, que só acrescenta à fruição da proposta da autora: dar voz para que as próprias mulheres contem suas histórias. E isso é marcante no momento em que cada capítulo traz como título o nome da protagonista daquela história. O livro é sim sobre Shirley Paixão, Natalina Soledad e Isaltina Campo Belo. Mas acima de tudo, é um livro sobre ser mulher, em toda a sua dor e toda a sua delícia.

É um livro em que Conceição Evaristo se permite construir toda a sua poética e verve literária a partir de histórias que poderiam ser reais. É disso que se faz a escrevivência adotada pela autora em seus escritos. Ela deixa claro em cada um dos contos a diversidade de subjetividades que ela aborda. Cada mulher tem sua história diferente para contar. Mas há uma identidade em comum que une todo aquele universo: ser mulher. Ser mulher negra, mulher agredida, mulher lésbica. Mas acima de tudo ser mulher, capaz de lutar desde sua gênese. Em Conceição Evaristo, ser mulher é mais que identidade de gênero. É identidade de luta.

site: https://sobrenarrar.wordpress.com/2017/12/16/convite-a-leitura-insubmissas-lagrimas-de-mulheres-de-conceicao-evaristo/
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Lethycia Dias 06/10/2018

Um livro que enriquece em nível de sentimentos
"Insubmissas lágrimas de mulheres" é uma coletânea de contos que narram as experiências dolorosas de mulheres, todas elas negras, perpassando temas como a sexualidade, a desigualdade de gênero, a violência doméstica, a maternidade, a autoestima e a forma de se ver diante da vida, do mundo e das outras pessoas.
São histórias que se confundem com a realidade à medida em que temos uma narradora que nunca se nomeia e que percorre várias cidades coletando os relatos dessas mulheres. Quando elas falam, a narradora lhes cede o espaço e elas assumem o protagonismo. São elas quem contam as próprias histórias.
Todos os relatos são muito dolorosos, carregados de subjetividade. A linguagem utilizada é simples, como se reproduzindo a conversa entre as interlocutoras da forma mais fiel possível, mantendo a coerência necessária para a escrita, que nós sabemos nem sempre existir na fala. E mesmo assim, sem perder a característica de diálogo.
As personagens de "Insubmissas lágrimas de mulheres" compartilham de dores e sentimentos que necessitam de uma sensibilidade muito maior para serem traduzidos em palavras. Entrar em contato com essas histórias nos faz questionar o quanto de ficção existe nelas, pois parecem ser as histórias de milhares de mulheres Brasil afora. E quem pode dizer que não são?
Esse foi meu primeiro contato com a escrita de Conceição Evaristo, e correspondeu muito bem ao que já ouvi e li sobre a literatura dela. Esse é um daqueles livros que doem de se ler, mas que enriquecem a gente em nível de sentimentos.
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lannavissali_ 21/04/2024

Insubmissas lágrimas de mulheres
Ele possui a mesma pegada de Olhos D?água, só que pelo que eu entendi, dessa vez são histórias reais, vidvidas por mulheres reais. Isso me pegou de uma forma, e nessas horas que a gente percebe que o mundo é podre mas no final da vida você é recompensado por ter aguentado tudo
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Lais Porto (@umaleitoranegra) 18/04/2019

Insubmissas lágrimas de mulheres
Insubmissas lágrimas de mulheres foi o quarto livro que li de Conceição Evaristo, como sempre terminei muito rápido, li em dois dias, não sei o que acontece, Conceição escreve de um jeito que prende completamente, não importa mais nada da vida, apenas terminar a leitura do livro, e quando acaba tem aquela sensação e tristeza e de quero mais, então nos deixa loucos para querer conseguir ler o próximo livro.

Mais uma vez Conceição trouxe a tona toda a questão e subjetividade do nome, eu sempre lembro de Lélia Gonzalez nesse quesito quando ela disse “negro tem que ter nome e sobrenome, senão os brancos arranjam um apelido qualquer ... ao gosto deles”, esse significado do nome esteve muito forte no livro Ponciá Vivêncio, mas dessa vez Conceição foi além, escreveu de forma muito enegrecida e explicita as escrevivências que cada nome carrega, aquilo que se mostra para todos e também o que se mostra apenas para pessoas intimas, ela nos mostrou todos esses detalhes.

Algo que achei engraçado é que sempre falava Insubmissas lágrimas de mulheres negras, com o livro percebi que falava errado, não existe no título essa parte - negras, mas com a leitura percebo que todas as mulheres são negras, todas, se alguém pensou diferente não discordo, mas peço que faça o exercício de reler cada história com maior atenção e perceberá que elas são negras, não sei porque não tem o negras no título, isso foi algo que me chamou a atenção, se alguém tiver essa resposta vou adorar saber.

No livro temos 13 histórias, 13 mulheres negras, por mais que as vezes uma história lembre a história de outras, todas elas são diferentes, cada mulher com suas vivências, essa é uma das belezas de Conceição, ela mostra pro mundo que somos DIVERSAS, na mídia em geral representam a vida toda das mulheres negras em apenas uma mulher, como se todas as mulheres negras tivessem o mesmo modo de viver, de ser feliz, de sofrer, nós mulheres negras percebemos muitas semelhanças nas vivências, porém é notório que temos complexidades em nossas vidas que nos torna diferentes.

Conceição demonstrou com um esmero magnifico as 13 histórias dessas mulheres negras. Cada uma me chamou a atenção de forma especial, contudo duas mulheres me arrebataram, Isaltina Campo Belo e Lia Gabriel. Não sei ao certo como explicar o modo que essas duas histórias me tocaram, mas era como se fosse possível presenciar essas histórias perto de mim, não são histórias que refletem a minha própria história, mas foram histórias que me despertaram bons e dolorosos sentimentos, era tangível a dor que elas sentiam, assim como seus momentos de alegria e de resistência.

Logo no inicio Conceição falou sobre a sua escutatória, lembrei de Rubem Alves, das pretas velhas, das benzedeiras, das parteiras, fiquei pensando em como estamos perdendo esse manejo das nossas de saber escutar, essas mulheres antes de fazer qualquer coisa ou procedimento com as pessoas que lhe procuravam elas escutavam tudo que era relatado, Conceição resgatou a necessidade do saber escutar, não apenas ouvir, inclusive fica ainda mais explicito toda essa importância na história de Mirtes Aparecida da Luz, espero que com esse livro possamos despertar o significado para o poder que é escutar.

Nas outras resenhas dos livros de Conceição aconselhei que vocês lessem devagar, nessa faço a mesma coisa, leiam Insubmissas devagar, sintam cada história, se deixem ser afetados pela escrita de Conceição e depois que terminar a leitura é como se não fossemos a mesma pessoa, pelo menos eu me sinto diferente, é como se eu tivesse vivido mais, vivido também a história das mulheres que li, isso só Conceição consegue nos proporcionar.

site: https://leitoranegra.blogspot.com/
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Debora.Vilar 21/06/2019

Plenitude!
Escrevivência. Assim Evaristo abre a obra, ela não traz uma definição sobre o significado mas escreve um livro apresentando o significante. Trata-se de viver as histórias sem a delimitação entre narrador e personagem. A narrativa é holística feita na voz passiva - em tom de conversa, a relatora incorpora-se na história como se contasse sua própria história.

São treze escrevivências sobre mulheres insubmissas com a vida, elas não se enquadram foram excluídas, com ou não pela sua vontade. Porém nem todas as histórias são relatos de resistência e, mesmo em sua simplicidade de modus operandi carregam a mensagem de empoderamento para uma vida livre.

Somos conduzidos a entrar ao mundo mágico da escuta qualificada, prática tão incomum nos dias de hoje, onde todos querem ter razão. Um convite na busca da beleza oculta na história do outro, coisa que só a empatia sabe ensinar, e por fim, o sentimento que fica ao final de cada escuta é a esperança e persistência em viver de forma plena.
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Rodrigo | @muitacoisaescrita 06/02/2020

Perfeição!
A começar pela arte da capa - que é tão importante quanto a obra em si - e pelo título do livro, podemos ter alguma noção das histórias encontradas no livro. Na arte, vemos uma mulher de turbante, com nariz e lábios grandes - uma mulher negra, aparentemente. Ela está chorando, e suas lágrimas regam as flores espinhosas que brotam das veias e artérias de seu coração. Percebemos, também, algumas flores murchas, mortas, porém outras bastante vivas. As lágrimas desta mulher negra tornou-a insubmissa, a transformou. Temos, ainda, um autoabraço, representando, nesse sentido, que o único refúgio desta mulher era ela mesma. "E, depois, elas mesmas, a partir de seus corpos mulheres, concebem a sua própria ressurreição e persistem vivendo" (p. 95).
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No livro, temos 13 contos. Cada um deles leva o nome da personagem principal, de uma mulher (que tornou-se) insubmissa. Em alguns contos, a primeira e terceira pessoa do discurso se confundem. As vozes - ou melhor, lágrimas - das personagens é confundida com a da autora, no ato icônico de Conceição Evaristo nomeado de escrevivência; ela conta histórias verdadeiras ao mesmo tempo que as inventa e compartilha suas dores e alegrias: "Da voz outra, faço a minha, as histórias também" (p. 7). Até mesmo as "falas" das personagens são confundidas, algumas vezes, com a narração da autora. Aspas não são utilizadas.
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As obras de Conceição, por mais difícil que seja resumí-las, tocam em pontos em comum, como a ancestralidade e a maternidade, por exemplo, tão presentes aqui e em outros livros de Evaristo. Vale ressaltar, sempre, a sua escrita poética, tão linda e dolorosa, nos emociona e destrói nossos corações, arrancando lágrimas. São contos fortes, histórias fortes, de mulheres insubmissas.
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