O Torreão

O Torreão Jennifer Egan




Resenhas - O Torreão


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Carol 20/03/2015

Sinceramente achei o livro bem ruim, as 3 estrelas são pelo desenvolvimento individual das diferentes histórias que são, na minha opinião, desastrosamente interligadas.
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DiasDaii14 18/09/2023

Não é um livro que indicaria. O mistério prende a atenção, pois a forma com que acontecem as coisas deixa uns bons mistérios no ar, entretanto, a narrativa é muito enrolada.
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Larissa 27/01/2015

Eu cheguei ao “O Torreão” de Jennifer Egan por uma lista de “Os Melhores livros publicados em 2012”. Egan também é autora de um outro livro muito elogiado: “A Visita Cruel do Tempo” que já entrou para minha lista de próximas leituras.

Depois de ler “O Torreão” fui ver pela internet o que as pessoas haviam achado do livro. Primeira impressão: alívio. Não fui a única que no começo do livro, não estava entendendo bulhufas do que estava rolando por ali. Segunda impressão: Fui uma das poucas que entendeu o fim da história.

Durante o livro temos duas linhas narrativas: de Dany e de Ray. No começo estava tudo meio embolado, no mesmo capítulo um parágrafo falava sobre o Dany e no seguinte já era a história do Ray. E eu tinha que parar, piscar e voltar pra tentar entender.

Concordo com as outras opiniões de que a autora tentou criar um clima de terror no início que não colou. Outras coisas que aconteceram durante o livro também ficaram com uma cara de “Lost” (o seriado), e não foram explicadas. Apesar de que, na contra capa do livro temos um pequeno resumo dizendo que Dany se envolve em uma aventura e em determinado momento não sabe mais dizer o que é real ou não, conclui que provavelmente o fato da autora não explicar tudo seja proposital, assim com o fim do livro, a dúvida do “aconteceu ou não”, deixa de ser do Dany e passa a ser do leitor.

A história: Dany vai para uma região no interior da Europa para ajudar seu primo na reforma de um castelo, a ideia é transformar o hotel em um lugar onde as pessoas possam se desconectar do mundo e viverem novas experiências. Mas muitas coisas estranhas acontecem com Dany no pouco tempo que ele está por lá: uma baronesa misteriosa, uma piscina provavelmente assombrada e nenhum contato com o mundo externo. Já Ray é um presidiário que participa de aulas de escrita criativa e tenta com a sua história criar uma ligação com Holly, sua nova professora.

Apesar de muita gente ter criticado o fim do livro dizendo que não fazia o menor sentido, eu achei o final muito satisfatório. Fez surgir aquele pequeno sorriso no meu rosto quando eu comecei a ligar os pontos e vi que diferente do que eu esperava, a história pareceu fechar um ciclo e tornar real algo que antes era apenas uma pequena passagem lá no início da história de Dany.

Acho que é exatamente essa sutil referência a algo que foi criado no meio da história que torna o livro de Egan tão especial. É uma daquelas histórias que eu gostaria de ter escrito, porque no fim, depois de todas as voltas, o objetivo é simples. Quer dizer, muitas coisas não foram explicadas, mas eu não leio romances para ter explicações literais de tudo o que estava acontecendo. Acho que alguma coisa tem que ficar para imaginação do leitor. Esse sentido que a autora tentou imprimir no texto tem que passar pela sensibilidade de quem está com o livro.

Talvez por ser um livro tão elogiado pela crítica as pessoas esperavam por uma história mais obvia, o que ela acaba não sendo. Por isso acho que “O Torreão” é uma boa oportunidade de exercitar nossa capacidade de leitura e interpretação, abandonando de vez o hábito de apenas “ler mais um livro”.

site: https://literaturapessoal.wordpress.com/
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Pandora 09/01/2015

Não gostei de O Torreão. Não me cativou. Achei confuso e sem sentido de uma maneira chata. Porque o nonsense pode ser bem interessante, mas não foi o caso deste livro. Parece uma colcha de retalhos mal remendada, com fios soltos e personagens sem carisma e que não se conectam. Curiosamente, a parte que mais me interessou foi a final, quando o foco passa a ser a professora, que até então era importante na vida do presidiário, mas de forma secundária.
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Dorva 14/08/2012

Baita livro
Quando eu vi a dica do Braulio Tavares, mestre da FC brasileira, sobre este livro, fui logo correndo comprá-lo. Já tinha lido o A Visita Cruel do Tempo, com o qual a Jennifer Egan ganhou om Pulitzer, e gostado bastante do estilo da escritora. Mas, em O Torreão, ela consegue ser melhor ainda. É um livro que te ganha a cada página, daqueles que tu lamenta ter que deixar na cabeceira pra dormir e só pegá-lo de novo na manhã seguinte.
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Roberto 11/11/2013

Decepção
Lí anteriormente "A Visita Cruel do Tempo" do qual diziam maravilhas e fiquei decepcionado. Achei regular, pedaços truncados da história, ou seja, não me agradou, inclusive por ser tão premiado. Lí inclusive de uma pessoa comparando-o com "Liberdade" do Jonathan Franzen e falando que o abandonou pela visita cruel. Eu não posso comparar pois gostei muito do "Liberdade". Agora lí "O Torreão" e mantenho minha opinião. Não é que eu seja burro mas não entendí o elo entre Ray e Danny. Achei os personagens fracos, sem identidade e a história meio sem nexo. Não recomendo. Acho que estão superestimando muito esta autora.
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naniedias 11/07/2012

O Torreão, de Jennifer Egan
Ray é um presidiário que decidiu cursar a aula de escrita criativa. Após o fracasso de um conto de três páginas, ele ouviu um discurso motivador de sua professora. Foi o gatilho para que ele começasse a escrever a incrível história de Danny e Howard.
O primeiro era um ganhador na infância e na juventude, mas de alguma forma o tempo passou e ele não conseguiu evoluir, ficou preso ao passado e aos seus fracassos. Howard era uma criança tímida - um perdedor - que sofria nas mãos dos primos. Passou por uma adolescência conturbada após um incidente traumatizante. Mas agora é um adulto bem sucedido - rico, casado, pai de dois filhos. Howard comprou um antigo castelo europeu e prentende transformá-lo em um castelo e pede a Danny, seu primo, que o ajude nesse empreendimento.

O que eu achei o livro:
Ok, eu sei que a sinopse não é muito reveladora - mas eu não sou mesmo muito boa para escrever sinopses... entretanto, há uma dificuldade extra para escrever a sinopse desse livro - nem a oficial é boa o suficiente, não consegue dar a menor ideia do que o livro guarda para o leitor. Aliás, o livro é tão complexo que acho que ninguém conseguirá criar uma decente.
Esse é o segundo livro que leio da autora, então eu já esperava encontrar algo diferente e bem escrito. Algo fora do normal. Ainda assim, entretanto, fui surpreendida. Não parece que é a mesma pessoa que escreveu A Visita Cruel do Tempo - e eu adoro autores versáteis assim. A escrita de Jennifer Egan é deliciosa e dinâmica.
A maior parte do livro é narrada por Ray, que conta a sua própria história e também a história de Danny - o seu personagem. Ray realmente não é um bom escritor e a autora passou isso para a escrita do livro - o que é incrível! Temos frases muito longas (mas que, incrivelmente, não são ambíguas ou confusas, nem tampouco cansativas) e uma estrutura de diálogos maluca. Desculpem-me, não tenho outra palavra para utilizar que pudesse passar a ideia corretamente. Em alguns momentos, o diálogo é marcado pelo nome do personagem que fala, seguido de dois pontos e daí sua fala. Mas em outros momentos a fala está simplesmente no meio do parágrafo, sem qualquer indicação. Como se fosse uma narrativa oral mesmo. É estranho, mas também é fascinante! E por mais inacreditável que possa parecer, o leitor não se perde no que é fala e o que é narrativa. Eu fiquei estarrecida ao perceber que eu compreendia exatamente onde estava a fala, onde estava o pensamento do autor, mesmo sem qualquer indicação.
O enredo do livro também é muito interessante. Cheio de mistérios que vão sendo revelados aos pouquinhos (que é exatamente do jeito que eu gosto, já que acho chato quando os autores juntam todos os mistérios e deixam para revelar tudo no último capítulo), o livro envolve o leitor na vida dos personagens criados por Egan. O Torreão é uma história original! Apesar de ter desconfiado de um pequeno detalhe do final, são tantas reviravoltas, tantos acontecimentos inesperados, que o livro conseguiu me surpreender e muito.
Eu só queria um pouco mais do final. Mesmo assim, acho que esse "não-contar" foi um toque de mestre! E um entretanto que se destina ao leitor é que não indico esse livro para que seja lido por pessoas que não estão ainda acostumadas a ler. Apesar de não ser extremamente complexo, o livro tampouco é simples e pode não ser devidamente aproveitado (e apreciado) por quem não tem o hábito da leitura, principalmente pela sua estrutura não convencional.
Jennifer Egan é uma autora que marcará seu nome nas páginas da história e não será esquecida com o passar dos anos, afinal de contas, é original, escreve super bem e consegue entreter o leitor com histórias divertidas. Eu sei que foi A Visita Cruel do Tempo que ganhou o tão desejado prêmio Pulitzer, mas O Torreão também é uma história incrível, que merece ser lida.

Nota: 9
Dificuldade de Leitura: 8


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Deborah Ingrid 30/07/2013

Vou levar como bom presságio o fato desse ter sido o primeiro livro que eu li no ano. Poderia resumir essa resenha nas seguintes palavras: Simplesmente fantástico. Leia. E o resto é apenas encheção de linguiça.

Como começar a falar sobre essa preciosidade? A forma que o livro é narrado é simplesmente GENIAL. Quem já leu (até o fim) vai saber do que eu estou falando. A história do livro não é apenas a história da sinopse. Nós conhecemos também o narrador. Isso mesmo, o livro é narrado na terceira pessoa, naquele estilo de narrador onisciente, a diferença nesse caso é que é mostrado também quem é o narrador. Essa meus queridos, foi uma jogada FANTÁSTICA. Mas só se entende completamente com o desenrolar das histórias (mega spoiler). O livro inteiro é cheio de tiradas sarcásticas e inteligentes, por isso eu não separei citações, parei quando percebi que estava grifando alguma coisa em quase todas as páginas.

Quanto ao Danny... Eu acabei me apegando bastante ao Danny, talvez por ele ser tão real. Ele é um fracassado, a típica estrela de futebol do colégio que teve seus dias de gloria na adolescência e pronto, tudo de bom aconteceu ali. Mas também vimos como ele não gosta de ficar o tempo todo pensando naquela época, não é como se ele fosse um iludido total. Ele também personifica de forma bem legal toda essa dependência pela tecnologia. as partes em que ele reclama da sua falta de contato com o resto do mundo é em parte hilária, parte trágica, pois eu sei que na situação dele eu me sentiria tão perdida quanto - ao menos no inicio- e isso é triste.

Achei meio difícil de acreditar que ele tivesse 36 anos, porque as vezes ele age de forma bastante imatura. Outro fato interessante é que ele vai ajudar seu primo na construção do castelo, não por boa vontade, e sim por não ter escolha mesmo, pois se envolveu numa confusão em Nova York e precisava sair de lá. Por causa disso ele simplesmente agarrou essa oportunidade sem fazer muitas perguntas. E quando ele está lá. sozinho, num castelo num fim do mundo, ele começa a se perguntar: por que chamaram ele afinal? E as respostas que ele cria não são muito felizes. Psicologicamente falando. Mas não posso me estender muito nisso por causa dos malditos spoilers.

Seu primo Howard é seu exato oposto. Um loser na infância, passando até por reformatórios, quando adulto fez fortuna e agora é rico e bem sucedido. E eu adoro o Danny por não ter (muita) raiva e inveja disso.

De qualquer forma o que eu quero dizer é o que a autora consegue deixar os personagens reais apesar de usar formulas genéricas e, por vezes, clichê.

O cenário que a narrativa cria na sua mente é incrível tanto a solidão gótica do castelo, quanto a dureza da prisão ( onde o narrador vive ;D). Existem mistérios a serem desvendados, incluam aqui uma dose de ação e terror e os personagens secundários (particularmente a baronesa que vive no torreão e se recusa a de lá sair) também tem seu destaque e são bem construídos.

MAS como nem tudo é um mar de rosas, é claro de eu tenho ressalvas, ficam algumas pontas soltas no fim do livro, o destino de vários personagens ficam no ar, por isso tirei meio ponto da nota. Infelizmente não posso apontar quais são minhas dúvidas, pois são puta mega spoilers. Mas posso dizer uma delas. Quando terminar, talvez você, como eu, se pergunte até onde isso é real? Talvez você comece a duvidar se algumas coisas realmente aconteceram. O que é bom (eu adoro quando o livro me deixa quebrar a cabeça), mas de certa forma bem frustrante. E quanto mais eu penso a respeito mais confusa eu fico, um verdadeiro mindfuck.

Mas, apesar dos apesares, se eu tivesse que definir esse livro em uma palavra, ela seria: INTELIGENTE. E na verdade essa é a única característica que me interessa num livro, de resto tanto faz o autor, título, capa, gênero... Virou favorito com certeza e já estou louca para reler. Quem sabe dessa vez eu entenda.

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otxjunior 03/06/2013

O Torreão, Jennifer Egan
Antes de qualquer coisa, preciso confessar que há muito tempo não lia algo tão irresistível quanto O Torreão, de Jennifer Egan. Eu simplesmente não conseguia esperar tanto tempo para continuar a leitura, quando precisava parar para fazer outras atividades (Felizmente, comecei esse livro numa sexta-feira à noite)!
Todos os méritos vão para a autora, que consegue estabelecer um clima claustrofóbico de sonho à narrativa que acompanha Danny e sua jornada curiosa em um castelo nos confins da Europa Central. Além disso, por meio de narrativas paralelas e personagens excentricamente humanos, Egan discute os efeitos da tecnologia sobre a capacidade criativa de uma maneira bem peculiar. O embate ficção/realidade também está presente em todo o livro.
Com passagens inusitadamente engraçadas e outras surreais e arrepiantes, O Torreão é um livro que nenhuma sinopse pode fazer justiça e variadas interpretações são possíveis. Abaixo vai a minha cheia de spoilers.
==SPOILER==
Danny como um bom viciado em tecnologia sofre com paranoias e alucinações provocadas por crises de abstinência e outros acidentes no castelo do primo. Howie estava cheio de boas intenções ao convidar Danny e acredita realmente que pode ajudá-lo ao torná-lo a primeira cobaia em sua experiência em um hotel/retiro. A experiência é um sucesso. Da mesma forma como brincavam quando criança, Danny torna-se o herói do dia salvando a todos da masmorra de um castelo medieval sem que para isso precise utilizar parafernálias tecnológicas, mas apenas sua imaginação. Tudo isso graças a Howie, que oferece uma segunda chance ao garoto problema da família, antes ummeninotãobom. Porém, o verme não deixa Danny, nem em seu momento de glória e quando ele saca a faca aterrorizado, o braço direito de seu primo, Mick, acaba matando-o, não obstante gostasse de Danny. Na prisão, depois de uma aula esclarecedora de uma oficina de texto, Ray/Mick descobre a forma de reparar seu erro e escreve a história do castelo. Depois tenta (como Howie!) resgatar uma pessoa que prometia tanto, mas que agora se vê perdida (como Danny!): Holly. Resta ao leitor acreditar no futuro brilhante de escritora para Holly e assim o ciclo se completa.
Claro que deve haver alguns pontos que minha teoria não cobre. Sintam-se à vontade para apontá-los nos comentários.
Enfim, penso que O Torreão é sobretudo sobre as ligações inexplicáveis ​​que as pessoas fazem e sobre o poder da imaginação para a redenção. De longe, a melhor leitura do ano.
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Gabriel369 21/05/2013

O Torreão: Muito inteligente, sem frescuras e com uma linguagem bem moderna.
Acho que o livro mais inteligente que já li foi O Torreão. É bem aquela trama que não sai da sua cabeça, mesmo depois de bastante tempo de você ter lido.
Um livro que trabalha muito com lembranças do passado e com o presente de uma forma muito inteligente, não tem frescuras de linguagem. O suspense é um forte traço do enredo também.
Jennifer Egan cria uma proximidade e um laço com o leitor muito fortes, sem frescuras e sem se prender a regras, trazendo uma forma de escrever bem moderna.
Danny é convidado pelo primo a ajudar a reformar um antigo castelo europeu e transformá-lo em um hotel de luxo, o que Danny acaba aceitando. Lá ele conhece uma misteriosa baronesa, que mora numa misteriosa torre, no qual Danny descobre informações valiosas e históricas do local. Danny enfrenta pensamentos e lembranças no qual ele não sabe se pode ou não confiar.
Apesar de não ser muito o meu estilo de leitura, pois gosto mais dos livros de fantasia/aventura, eu gostei bastante desse livro. Para quem busca livros inteligentes e com uma linguagem bem moderna, O Torreão é uma excelente opção.
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Voorhees 23/02/2013

Eu estou completamente apaixonado por Jennifer Egan. Eu não me rendo, assim, tão completamente ao trabalho de um escritor desde que eu conheci e me viciei em Stephen King mais de dez anos atrás. Eu já tinha me interessado pelo potencial de Egan ao ler o ótimo A Visita Cruel do Tempo, mas foi lendo O Torreão que eu percebi o quão genial e interessante é essa escritora, e passei a ansiar quase dolorosamente por suas próximas obras.

E o fato de O Torreão ser uma obra ser uma obra anterior à Visita Cruel do Tempo só deixa tudo ainda mais apetitoso. É a prova definitiva de que Egan não acerta pela sorte, mas por meio de trabalho duro, competência e originalidade, coisa que em tempos de “fenômenos literários” efêmeros é impressionante.

Não é possível contar muito da trama de O Torreão sem com isso estragar algumas surpresas, então vou me restringir a dizer que O Torreão é um exercício intimista de metalinguagem disfarçado de conto de horror gótico. A história começa com o desajustado Danny chegando a um castelo secular que foi adquirido por seu primo distante. Sem acesso à internet, telefone ou seus amigos, Danny passa a ser vítima de sua própria mente e solidão.

Assim como faz em A Visita Cruel do Tempo, Egan brinca com a linguagem e a estrutura narrativa, criando um texto fluido e irresistível que praticamente implora para ser devorado. Prova da genialidade de Egan, a narrativa de O Torreão pode parecer gratuita e dispensável a princípio, um exercício de estilo sem sentido. Mas uma reviravolta na história dá total sentido às escolhas de Egan, e nos mostra que o jeito de Egan contar não poderia ser outro.

Com personagens criveis, diálogos espertos e um texto nada prolixo, O Torreão é com certeza um dos grandes livros que li nos últimos anos. Mais do que um novo clássico, é quase uma prova de amor de Egan à literatura e a seus leitores. E não é um amor platônico. Nós também estamos amando Jennifer Egan, cada vez mais.

Veja mais em www.coolt.blog.br
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Isabel 01/12/2012

Como escritora, Jennifer Egan só tem um defeito: ela está viva.

Sim, detesto quando meus ídolos são pessoas com sangue correndo nas veias e ar nos pulmões: qual a garantia que possuo que eles não irão me decepcionar? A inexistência dessa possibilidade me agrada muito, mas infelizmente não é o caso de todos os grandes escritores. Ou felizmente: eles podem superar suas obras anteriores. Mas prefiro não correr o risco.

A expectativa de uma boa experiência literária, porém, supera o receio de que esta seja uma porcaria completa – e foi assim que parti para a leitura de O torreão.

Danny era o típico galã de filmes adolescentes americanos: jogador de futebol bonito popular bom aluno... Mas ir fazer a faculdade em Nova York o modifica bastante: Danny abandona a faculdade, adota um visual mais “alternativo” e, contrariando o que lhe foi ensinado, passa os dezesseis anos seguintes pulando de emprego em emprego e levando uma vida bastante arriscada e boêmia.

Mesmo com todos os contratempos, Danny se adapta e não cria pretensões de sair de Nova York – mas um problema sério no trabalho (a parte “arriscada” que veio depois de vida) o obriga a fazê-lo. Danny não tinha um tostão, mas a oportunidade perfeita acaba surgindo como mágica: um convite de seu primo Howard (detentor do título de ovelha negra da família antes do seu sucesso no mercado de ações e da mudança de Danny) para ajudá-lo na reforma de seu recém adquirido castelo na Europa que, caso tudo dê certo, se tornará um hotel.

Algo bastante claro em A visita cruel do tempo (primeiro livro de Jennifer Egan a ser lançado no Brasil, meu queridinho e ganhador do Pulitzer) é que a autora sempre arruma um jeito de subverter o que seriam as regras comuns para se fazer boa literatura. Dessa vez, Egan cria um protagonista peculiar à la Chuck Palahniuk: dentre os (muitos e em sua maioria inúteis) talentos de Danny estão detectar sinais de wi-fi antes mesmo de ligar aparelhos eletrônicos e um enorme feeling sobre como agir. Seu vício em computadores e celulares é também marcante, fazendo com que o leitor, invariavelmente, ou se identifique (meu caso) ou ria da maior parte das pessoas a sua volta.
O maior trunfo de O torreão é o mesmo de A visita cruel do tempo: a maneira com que é escrito. Quase todo o livro é narrado por Ray, um presidiário que freqüenta uma oficina de escrita e é aparentemente alheio a história que narra. A escrita cambaleante de alguém não habituado a tal exercício (mas ao mesmo tempo capaz de maximizar as emoções de um modo maravilhoso, habilidade que só aqueles de corpo e alma enjauladas parecem ter) é perfeitamente reproduzida. No início isso me gerou certa ansiedade (quero saber o que acontece depois tipo agora) mas depois adorei os trechos em que Ray dá um tempo na narrativa ocorrida no castelo e a alterna com sua própria vida na prisão.

Porque, Jennifer Egan, por que? Porque tenho que gostar tanto dos seus livros assim? Você é capaz de escrever algo ruim? Espero que não: seus escritos são tão bons que quase desejo que você viva e produza por muitos anos mais.
Publicada originalmente em http://distopicamente.blogspot.com.br
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@APassional 19/10/2012

O Torreão * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
O neogótico da natureza humana.

“... Fantasia e realidade, emoção e perigo, páginas vertiginosamente inventivas, inteligente, desafiador, empolgante, um livro que vale a pena ser lido.”

Logo no anverso da primeira página, nos deparamos com menções de diversas mídias sobre a obra. Como Jennifer Egan é jornalista e colunista do The New York Times, pensamos “assessoria potente e puro rasgamento de seda”, então você lê pra crer e... É tudo verdade!

Em seu Torreão, Egan penetra no “não dito”, nos segredos e culpas escondidas na memória do carismático e irreverente Danny, que ao explorar os sinistros e úmidos caminhos do castelo, irá nos conduzir aos limites sombrios de suas aventuras e desventuras.

“Alto: ele estava no meio de um fim de mundo desgraçado. Era uma coisa radical e Danny gostava de coisas radicais. Elas o distraiam.”

Ao adentrar aos limites do Torreão, que muitas vezes associa-se ao próprio Danny, já percebemos que toda a ambientação descrita, relaciona-se à angustia de seu passado secreto com seu primo Howie. No entanto, apesar do relato de mistério, suspense e medo vinculado a fantasmas do inconsciente, mescla-se uma ironia sarcástica e mordaz, traço marcante da personagem, que não se deixa abater, ergue-se dos escombros, não é corajoso, é ousado, atrevido e cínico.

“... cheiros que alguma vez o fizeram pensar apenas por um segundo (mas depois esquecer) que a vida normal era fina, era frágil: uma película tênue esticada por cima de uma outra coisa que nada tinha a ver com ela, uma coisa grande, estranha e escura.”

A inventividade e gênio criativo da autora nos surpreende a cada página com esse Danny anti-herói, bipolar e carismático, que monopoliza a narrativa de oito capítulos alegremente saltitando em suas botas da sorte.

Os conceitos de “alto” e “verme” que Danny interpõe a determinadas situações são marcantes e inesquecíveis.

Ele próprio, um ícone da era da informação com sua “absoluta” e droga adicta necessidade de estar conectado para sentir-se alguém, ou parte de algo, numa paródia entre a rede e a falta de sentido que amplia a solidão contemporânea.

E aí vamos nós, aos caminhos bifurcados da metalinguagem, pois Danny é o fantástico protagonista, mas quem está contando a historia é o enigmático Ray, temos então uma viagem à parte, ou seja, a relação entre abrir as portas da imaginação como uma passagem de primeira classe para a liberdade, pois é do interior de uma prisão que ele escreve.

Nesta construção híbrida, fatos relacionam-se, pessoas, rancores, amores, mulheres, desejos e sonhos aparentemente impossíveis com um desfecho surpreendente e genial.

Embarque para Praga agora mesmo, o Torreão está a sua espera.

Excelente leitura!
Rosem Ferr .

Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 19/10/2012:

http://www.arquivopassional.com/2012/10/resenha-o-torreao-de-jennifer-egan.html
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