Sagrada Família

Sagrada Família Zuenir Ventura




Resenhas - Sagrada Família


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Renata CCS 16/01/2013

Sagrada como toda família
SAGRADA FAMÍLIA é um livro cativante, bem humorado, gostoso de ler, trazendo a vida interiorana da cidade fictícia de Florida, região serrana do Rio de Janeiro. O narrador, o médico Manuéu (a grafia é esta mesmo!) faz uma viagem ao passado, contando a história de sua numerosa família fluminense, começando por sua bela tia Nonoca, viúva e mãe de duas filhas, Cotinha e Leninha. Além de retratar uma típica família de classe média dos anos 40, o livro reconstrói um período importante e crucial na história de nosso país, com suas intrigas políticas às vésperas de entrar na Segunda Guerra.
Como dito pelo próprio escritor, é um livro fortemente inspirado em suas memórias. Inclui o recato e a hipocrisia de uma época, mostrando o que acontecia por trás da fachada do rígido moralismo daqueles tempos. O narrador, como quem se vinga da família, traz revelações surpreendentes ao final, mostrando uma família típica que, embora sagrada, tem seus segredos, desamores e até uma relação incestuosa!
É um livro de leitura leve e rápida, com uma história bem contada.
VICKY 14/03/2013minha estante
O livro é bem leve e descompromissado. Talvez tenha pecado um pouco no desfecho, em que muitas informações novas e um tanto surreais são apresentadas, mas não deixa de ser uma leitura agradável.


Ana Maria 03/04/2017minha estante
Falaram muito desse "universo rodrigueano", aí bateu uma preguicinha... mas quero ler! Ótima resenha. :)




skuser02844 01/10/2023

O pior livro que li na minha vida
Não tenho nem palavras para descrever o quão ruim este livro é.
Digo isso com dor no coração, porque sempre gostei bastante do catálogo da Alfaguara, acho essa capa muito bonita e mesmo nos livros que não gosto muito consigo retirar lições que fazem com que a leitura tenha valido a pena... não foi o caso aqui.
Coloquei este livro nos meus 12 para 2023, seguindo o desafio MSL, o desafio do mês seria um livro que tratasse da relação ente pai e filho, e acabei dando um belo tiro no pé, já que aqui até trata dessa relação, mas para não ser tão doentio e de mau gosto, vamos dizer que trata mais da relação entre mãe e filha.
Vou contar os spoilers dessa bomba porque quero prevenir a todos que tenham a intenção de ler essa porcaria a desistirem da ideia.
Aqui vamos acompanhar, num primeiro momento, o nosso narrador, um guri que adora visitar a tia viúva que, por sua vez, adora visitar o farmacêutico para receber "injeções", numa dessas visitas nosso narrador acaba vendo que não era bem uma agulha que o farmacêutico introduzia na tia... Qual a relevância disso? Só fazerem umas piadinhas com ela no decorrer da história, mais nada.
Depois disso o narrador simplesmente vai esquecer que é um personagem e vai focar a narrativa na tia Nonoca e suas filhas, Cotinha e Leninha, mais na Cotinha, a mais nova, que um belo dia vai conhecer um belo rapaz chamado Douglas, 14 anos mais velho... eles logo começam a se engraçar e quando tia Nonoca descobre ela faz uma escândalo e ameaça Douglas e Cotinha para que não se envolvam mais.
Muita gente fala para Cotinha que Douglas não presta e que ele é violento e tals, mas isso os outros falam, o autor não tem a capacidade de mostrar nada disso para o leitor, muito pelo contrário, a única coisa que o autor mostra é um cara super apaixonado, que desafia a sogra e espera até a amada fazer 18 anos para poderem se casar... antes do casamento eles ainda se pegam como dois cachorros no meio da rua, em outra cena animalesca de sexo totalmente despropositada e gratuita.
Enfim Douglas e Cotinha se casam, quando ela faz 18 anos e ele está com seus 32... como o autor não desenvolveu absolutamente nada do Douglas até o momento, não vai ser agora que ele vai dar um passado e uma vida para o personagem, então ele vai morar com Cotinha na casa de Nonoca, que continua odiando ele com todas as forças, por esse motivo eles não convivem muito... como moram na mesma casa e não convivem? Fácil, ele vive trancado no quarto enquanto Cotinha trabalha e dá comida para ele no quarto... não bastasse ele ser um completo inútil e vagabundo ele começa a bater em Cotinha, encher a cara e praticamente estuprá-la sempre que tem vontade... Ah, então agora o autor nos mostra que ele realmente não presta... Ao presenciar uma das surras que ele dá na esposa, tia Nonoca parte para cima dele e ameaça matá-lo se ele tocar em Cotinha novamente... outro episódio solto, sem conexão com nada que virá depois.
Aí, do nada (como tudo no livro, o autor vai tirando coisas do chapéu achando que ninguém vai perceber os rombos de roteiro), Douglas passa a ser mostrado como um policial de carreira... no batalhão ninguém gosta dele também, porque ele não presta, não é mostrado, novamente, mas a essa altura isso já não surpreende, como ele pode ter uma longa carreira na polícia sendo que vivia trancado no quarto sendo sustentado pela esposa enquanto tratava ela como brinquedo e saco de pancadas? Ninguém precisa de uma explicação , né?
Como ele é super odiado pelos colegas eles o matam e fazem parecer que foi um assalto, isso depois de 3 anos do casamento dele com a guria lá... os desdobramentos disso? Nenhum, o autor simplesmente cansa de fingir que está escrevendo uma história coesa e pula cinquenta anos para o futuro, onde o narrador lembra que é um personagem do livro e volta a aparecer, reencontra um amigo do Douglas que apareceu por duas linhas há tanto tempo atrás, lá quando Douglas conheceu a Cotinha e este cara vai explicar, do nada também, o porquê de a tia Nonoca odiar tanto o genro.
Basicamente, um dos namoricos de Nonoca era com Douglas, que a abandonou sem dar explicação e ela ficou ressentida, isso muito antes de ele conhecer Cotinha... mas essa não é a grande revelação do livro, ficamos sabendo que Cotinha era filha adotiva de Nonoca, coisa que o autor achou desnecessário explicar antes, e então ficamos sabendo a verdadeira origem da guria, que é, na verdade, filha biológica de Douglas... Sim, o cara que casou com ela.
Não apenas esse relacionamento doentio e incestuoso torna o livro intragável, mas também há várias conversas com insinuações, ou declarações explícitas, sobre o desejo de homens de 30/40 anos, com desejo sexual por menininhas de 12 anos. Longas conversas romantizando estupro e pedofilia... o cara que escreveu essa porcaria deveria estar preso.
É o primeiro livro de ficção do autor, e o único que vou ler, teoricamente ele é sobre os reflexos da Segunda Guerra numa cidadezinha no interior do Brasil, mas em dois parágrafos é mencionada a guerra e depois ninguém mais lembra que ela tá acontecendo.
É sem dúvida a pior coisa que já tive o desprazer de ler, e só resolvi escrever sobre ele aqui porque acho que tenho o dever de avisar quem eu puder que isso aqui é uma porcaria que não vale o seu tempo.

site: https://hiattos.blogspot.com/2023/08/opiniao-sagrada-familia-zuenir-ventura.html
isabella115 01/10/2023minha estante
meu deus que horror, a cada linha ficava pior


skuser02844 01/10/2023minha estante
Acredite, o livro é ainda pior do que parece


chrisfribeiro 01/10/2023minha estante
Como teve coragem de publicar uma coisa horrenda dessas? Senti vergonha alheia lendo sua resenha. Em julho li Anos de Chumbo do Chico Buarque e já no primeiro conto fiquei indignada. Era nessa mesma linha revoltante desse aí. ?


skuser02844 01/10/2023minha estante
Né Chris? Esse cara devia ser preso por apologia a pedofilia, no mínimo


bevi 11/11/2023minha estante
Acabei de ler agora, que desgraça de livro!! Como você, também tento enxergar o que há de bom até no ruim, mas nesse livro é impossível. Um autor tarado cheio de fetiches nojentos espalhando eles em um livro com intuito supostamente histórico. Nojo! NOJO!




Luis 07/08/2021

Os anos dourados do Mestre Zu
Se não fosse esse triste período de quarentena, os recém completados 90 anos de Zuenir Ventura, mereceriam comemoração de data nacional, com direito à desfile, discurso e muita, muita aglomeração. Diante das limitações que por ora nos são impostas, resta celebrarmos sua vida e obra da melhor maneira possível: lendo, desfrutando, degustando cada linha de seus textos como o mais fino néctar de sabedoria e prazer.
Mestre maior da crônica e da reportagem, Zuenir, provavelmente por pudor, demorou muito a dar vazão a sua veia ficcional, apenas timidamente explorada em “Inveja, o Mal Secreto”, publicado nos anos 90. Sendo assim, podemos afirmar que “Sagrada Família” (Alfaguara, 2012) trata-se de sua veradeira estreia no romance. E, diga-se de passagem, nunca foi tão bom esperar.
Para os leitores acostumados a elegância e à clareza que emanam tanto de sua tinta como de sua doce personalidade, a história da desejável balzaquiana Viúva Tia Nonoca e de suas filhas Cotinha e Leninha, não foge à regra de seus outros escritos, onde a suposta simplicidade da história, narrada pelo sobrinho de 12 anos de Nonoca, evolui em uma espiral de acontecimentos que impedem que se largue o volume antes que se dobre à próxima página, capacidade que poucos autores têm.
O enredo, com diversos elementos autobiográficos, se passa durante os anos 40 em uma cidade fictícia do interior do Estado do Rio de Janeiro, explorando os (muitos) preconceitos e tabus da época, principalmente relacionados à repressão sexual que reluzia hipocrisia para todos os lados. A grande preocupação de Nonoca era que suas filhas tivessem um casamento “correto”, com homens respeitados que, para consumo externo, compusessem o perfeito figurino da família tradicional. Ainda adolescente, nos famosos bailes com orquestra, Cotinha, a mais velha e rebelde, conhece Douglas, jovem atlético, com ascendência americana, mas amante da farra regada `a bebidas e mulheres. A insistência de Cotinha no relacionamento, contrariando a oposição de sua mãe, dá o tom de drama rodrigueano, inclusive nos segredos de Nonoca, do qual o sobrinho acabou sendo uma acidental testemunha...
O pano de fundo histórico, de um Brasil prestes a entrar no esforço de guerra, é a cereja do bolo que dá o sabor memorialista que traz a “Sagrada Família” uma aura docemente nostálgica : os boleros e as big bands, as novelas de rádio, os alimentos conservados na fresca ao ar livre, num tempo ainda pré industrialização, cuja as poucas geladeiras eram importadas, as novidades americanas como o chiclete e a coca cola...enfim, tudo isso que resgata a atmosfera dourada dos anos 40, não por acaso, os da adolescência do autor.
O adjetivo rodrigueano citado acima, se justifica plenamente no fecho da história, onde um componente incestuoso se mostra um elemento essencial ao entendimento das relações expostas ao longo do romance e que , de certa forma, explicam o título da obra que bem poderia ter sido assinada pelo velho Nélson.
No mais, nos resta rogar que o gosto de se aventurar na ficção seja permanente e tão logo possível, o querido Zuenir nos brinde outra vez com mais uma pérola da sua verve de criador. Há tempo de sobra até o centenário.

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Cristiana.Dieguez 18/01/2023

Romance bom diferente e original ??????????????????????????????????
skuser02844 20/08/2023minha estante
Kkkkkkkkkkkkkkkk claro, que outro livro você viu uma cidade pequena e fofoqueira e uma viúva fogosa com suas escapadelas, além de meninas deslumbradas por belos homens musculosos?


skuser02844 21/08/2023minha estante
Terminei agora... Quero vomitar, o pior livro que já li




Lauren 10/02/2013

Crônica da sexualidade e da moralidade
Zuenir retorna a literatura para fazer uma crônica da moral e dos costumes. A trama centrada na relação conflituosa entre uma virtuosa viúva, tia Nonoca, e suas filhas, Cotinha e Lena.
Livro delicioso de ler, mas dos dois segredos finais, o segundo é um tanto quanto "forçado".
De qualquer forma é Zuenir.
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judeaquino - @juentreestantes 27/04/2020

Livro delicioso!
Me surpreendeu muito mas ADOREI! É uma leitura que facilmente recomendaria. Quem gosta de reviravoltas e finais inesperados vai adorar!
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Tereza.Fonseca 15/02/2013

Saí com a sensação de quem não entendeu a piada.
Acostumada com a literara brasileira com nomes de Machado de Assis, Graciliano, e até do próprio Zuenir, decidi dar uma chance a literatura brasileira moderna, que vinha há tanto tempo me decepcionando. Vi que Zuenir tinha lançado esse romance recentemente, e então o escolhi.

Infelizmente, mais uma decepção. Promentendo um romance de época, Zuenir tenta nos mostrar o cotidiano brasileiro de 1940 com mães à procura de maridos ilustres para casar suas filhas rebeldes e mulheres que se tornaram mal faladas no bairro por quebrarem os tabus da época. Isso tudo mesclado com a própria história do narrador e de como ele foi descobrindo a sua sexualidade e participando de histórias sexuais de outros também.

O romance é bastante água com açúcar, desses que você consegue ler em 1 dia, com muitas piadas e contos de sexualidade. Portanto seria mais um livro para ler e passar o tempo, nada de grande mistérios, ou da complexidade que apaixonam o leitor.

O final do livro foi o que me deixou mais chateada, pois o que me pareceu foi que Zuenir não conseguiu construir uma história cativante no desenvolver do livro e quis chocar todos no final, para criar aquela expectativa, que mesmo assim não apagou minha opinião. Não há como adivinhar o final (tão abrupto) porque simplesmente o livro não tem o intrincamento de fatos até o acontecimento final que é simplesmente jogado ao leitor.

Você dá a trama como terminada quando, um belo dia, o protagonista depois de anos resolve voltar a cidade natal para mostrar à sua mulher, que mora junto com ele no Pará, suas raízes. Lá ele encontra uma pessoa pouquíssimo importante de seu passado (que provavelmente já era pra estar morta) que resolve revelar os segredos de sua família.

Não foi uma das melhores obras dele, mas não se julga o escritor por apenas suas minúsculas falhas.
Luiz Ribeiro 19/04/2013minha estante
poxa, a questão não é a literatura brasileira contemporânea, é o escritor que você escolhe. Procura ler o Lourenço Mutarelli, Daniel Galera, entre outros, que sua visão da nossa literatura pode mudar.


Tereza.Fonseca 23/10/2013minha estante
Obrigadaa! Vou ler esses autores sim!




Natalia 25/05/2020

História de família
Há bastante tempo quero ler este livro e não me decepcionei! Para quem gosta de histórias de famílias, principalmente em uma época que o conservadorismo era ditado como comportamento (o que não mudou muito hoje). Muito bom!
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Maristela 28/07/2020

Cativante
Gostei sobretudo do clima de interior retratado pelo personagem . Dá uma certa nostalgia , uma impressão de que o mundo já foi bem melhor . É um livro romântico e leve . Recomendo .
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Paty 05/12/2013

"Manuéu... foi "pro" céu...
Arsenio Meira 05/12/2013minha estante
kkkkkk, na rede, é gol!
Gostei demais.


Renata CCS 06/12/2013minha estante
rsrsrs... adoro os seus comentários Paty! São muito espirituosos!




Thiago 14/01/2021

Leitura fácil, leve.
O grande mestre Zuenir Ventura nos leva para uma família igual a nossa, isso mesmo, cheia dos segredos e tramóias.
Grande ocupante da Academia brasileira de letras muita honra em ler mais um livro desse ilustre mestre do saber.
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Matheus656 14/12/2022

Não é para todos!
O livro narra a década de 40, ou seja, bastante machismo e outras coisas erradas envolvidas. Não vai adiantar ler com a cabeça fechada querendo militar. A grande parte do livro é sobre o romance de Cotinha e Douglas. Um casamento difícil, tanto da parte do marido, quanto da aceitação da mãe para aprovar o casamento. O final foi bem chocante, não imaginava aquilo, e bom, é bem polêmico.
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Antônio Augusto 22/01/2013

Oco
Em algum momento Zuenir se perdeu. Não em sua carreira, pontuada por diversos livros-reportagem com força e brilho incomum. Autor do clássico "1968-O ano que não terminou", livro essencial para entender o jogo de forças políticas e culturais que se chocavam durante os primeiros anos de Ditadura Militar, o jornalista mineiro se perdeu em seu primeiro romance, "Sagrada Família" (Editora Alfaguara). A história sobre a "perda da inocência" parece andar de lado em vários momentos. Nesse movimento de caranguejo, que não sabe para onde ir e empurra as coisas com a barriga, enchendo páginas e páginas para produzir volume desnecessário, ele produziu uma obra oca. Falta a força narrativa e o encanto literário que prende o leitor não pela facilidade de se ler - li o livro em um dia - mas pela magnitude da estória que se propõe a contar. É um livro murcho, sem cor. Leia se não tiver mais nada pra fazer.
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Clóvis Marcelo 23/04/2014

Em Sagrada Família, Zuenir Ventura entrelaça memória e ficção para criar um romance de cunho autobiográfico, recriando os anseios e histórias de uma família que vive na região serrana do Rio de Janeiro, a fictícia Florida, em plena década de 1940.

Manuéu – que se orgulhava da grafia do seu nome, sem saber que era um erro dos tempos da escravidão – é o narrador onipresente da história que acompanha a trajetória dos personagens durante um longo período de tempo. Mesmo que não esteja ativamente presente naquilo que esteja contando, escreve com onisciência, nos dando um panorama geral e preciso do enredo.

Tudo começa com tia Nanoca, viúva, mãe de duas meninas, levando o sobrinho até a farmácia para tomar injeção. Eis que o Mauéu se depara com uma cena para lá de estranha. Ouve a tia reclamando de dor e, ao espiar pelo espaço que separa a sala de medicação do banheiro, vê uma cena que jamais se esquecerá. A seringa não era bem o que espera.

Ali o garoto perdera parte da inocência e em seguida começa a narrar a história de outras pessoas além da sua conservadora família. Fala sobre a pequena cidade e suas matinês de domingo, o footing na praça principal aos finais de semana, e os flertes dos jovens que vivam por troca de olhares.

“Regiões do corpo até então quietas e serenas, como o sexo, se agitavam e assumiam novas formas, se enrijeciam de repente. Uma parte de mim sentia grande prazer nessa transformação, outra se angustiava. Eu queria que alguém explicasse o que estava acontecendo comigo, mas não tinha coragem de perguntar. E perguntar a quem?” Pág. 20-21

Mostra o cotidiano de dona Edith e as meninas, na melhor casa de prostituição de Vila Alegra, a qual tinha códigos de conduta mais formais que os do clube de Florida. Tudo isso às vésperas de Segunda Guerra Mundial, que ditaria o rumo do país nos anos seguintes, além de Douglas, um rapaz carismático, porém violento, que mudaria drasticamente a vida da família em questão.

CONTEXTUALIZANDO A OBRA

Algumas passagens da obra fazem referência a acontecimentos políticos - tanto de ordem nacional como mundial - que estavam acontecendo naquele momento. Embora Getúlio Vargas esteja na presidência do Brasil; o ataque de Pearl Harbor e a subsequente segunda guerra mundial aproximem-se, essas descrições e o contexto político que certos personagens secundários envolvem-se é exposta de modo bem superficial, o que não incomodará ou cansará o leitor que possa não gostar dessa abordagem.

Esboça-se a pureza daquela época, ou seria melhor dizer a castidade, já que a vontade de conhecer o desconhecido era inerente a todas as moças após certa idade. No colégio de freiras, por exemplo, é narrado um trecho onde diz que as meninas não podiam dormir de bruços – facilitava o contato das partes eróticas com o lençol -, e só tomavam banho vestidas, para que não tivessem a visão do próprio corpo nu.

Debate sobre a perda da inocência e o poder machista fortemente imbuído àquela época, onde as mulheres viam-se submissas a seus companheiros e sofriam caladas para não correrem o risco de difamação pelas redondezas.

“[...] Ela gemia, torcia para que aquilo acabasse logo, que cessasse aquele padecimento. Seria ela frígida? Lembrou-se de que um dia ouvira a escondida uma amiga dizer à sua mãe que na primeira noite chegara a desmaiar de prazer. E ela só sentia dor, dor física, junto com a dor da culpa.[...]”Pág. 135

DIAGRAMAÇÃO

Esse é o primeiro contato que tenho com a Alfaguara e devo dizer que a edição está primorosa. Folhas amarelas de papel pólen nobre; diagramação muito bem acabada, com uma fonte em tamanho confortável para leitura, margens espaçosas e capítulos na medida certa – nem tão longos, nem tão curtos. O trabalho gráfico da capa é lindo. Foi uma arte que, particularmente, me chamou atenção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Zuenir tece uma história que a primeira vista parece uma reunião de pequenos contos sobre uma família cheia de defeitos e segredos como outra qualquer, contudo, a medida que a história caminha, enxergamos o entrelaçamento de pequenos detalhes que culminam num desfecho incrível e incomensurável.

Essa obra é interessante pelo fato de que a todo o momento há interação com o leitor. Seja rindo de fatos inusitados narrador por Manuéu, ou se emocionando com passagens tão bonitas entre as irmãs Cotinha e Leninha, ou levando sustos e mais sustos com revelações e acontecimentos que mudam de ponta-cabeça a vida dos personagens.


site: http://defrentecomoslivros.blogspot.com/2014/04/resenha-sagrada-familia-zuenir-ventura.html
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