Sâmella Raissa 13/02/2013Resenha original para o blog SammySacional - http://bit.ly/12B2Zxl
Eu ganhei o e-book do livro através de uma promoção no blog Abra a Porta da Imaginação, e comecei a lê-lo no mesmo instante em que recebi. Eu amei a história por inteiro, sem brincadeira, e os motivos para isso vocês saberão logo a seguir.
A Gente Ama, A Gente Sonha se passa em uma cidade do futuro, cujo o ano não é mencionado no livro, que vive sob o comando do Maquinário, que por sua vez é uma espécie de governo (ditador). Basicamente, todos na cidade eram divididos em classes P (pobres), M (miseráveis), R (ricos) e E (extremamente ricos - esses são o Maquinário), e eram ensinados, desde pequenos, a esconder e evitar seus sentimentos e viver sob as regras de um governo praticamente ditador sob um céu alaranjado e cinza chumbo, afetado pela poluição.
"Não era uma sociedade pós-apocalíptica. Era o próprio apocalipse." - pág. 15
A história foi bem intensa desde o início, cuja narrativa em terceira pessoa, relatava bem os detalhes da sociedade, me deixando cada vez mais boquiaberta. Sentimentos proibidos, divisão de classes sociais e regras inúteis e desnecessárias, todas impostas pelo Maquinário, a qual eu criei uma grande antipatia desde sua primeira menção no livro. Bem, a divisão de classes nada mais é do que uma separação das pessoas nas classes que eu citei no parágrafo acima, P's, M's, R's e E's. Vanessa, protagonista do livro, faz parte da classe R, portanto ela vive sob uma redoma em sua casa, juntamente com seus irmãos Junior e Dominique, desde a morte de seus pais - morte esta por causas desconhecidas e instigantes. Porém, cidadãos como Zildhe, também citada no início da trama (e com uma grande importância para ela, vale ressaltar) já não tem a mesma sorte de Vanessa, e tem de se contentar com bombinhas de ar e postos de respiração espalhados pelas avenidas da cidade, uma vez que o clima poluído é fatal para qualquer pessoa que seja.
"Ligando agora os fatos, pensou que, na vida de qualquer pessoa de seu tempo, tudo era programado e monitorado pelo Maquinário. Mas, estranhamente, a sua vida começava a fugir desses padrões." - pág. 33
Explicados a conjuntura da sociedade em questão, conhecemos Vanessa, a protagonista da trama. Ela é uma personagem visivelmente simpática e boa pessoa, mas, inicialmente, chata, pelo simples fato de não poder, assim como todos os demais cidadãos, expressar seus sentimentos e vive tudo numa reação única de quase tédio, digamos assim. Mas, numa manhã qualquer de folga do seu trabalho, por impulso, ela resolve ir até o que um dia foi o píer (era isso mesmo? não lembro) da cidade, e que agora é nada menos que um local completamente poluído, cuja água virou lodo puro e não tem condições nenhuma para se nadar (coisa que, eu acho, também foi extinta da sua sociedade), e lá, acaba encontrando uma garrafa, tão usada pelos Antigos (que, de acordo com a autora, são, basicamente, pessoas como nós, dos dias atuais). Fascinada pelos Antigos, ela acaba pegando a garrafa e levando-a para casa. Só então ela vai notar que dentro do objeto há uma mensagem escrita no ano de 2012. Isso é apenas o começo de tamanhas mudanças que ocorrerão na vida de Vanessa.
"Sim, seus sonhos eram impossíveis. Hoje, são realidades atingidas e semeadas com amor e determinação." - pág. 193
Sinto muita alegria em dizer isso, mas A Gente Ama, A Gente Sonha, foi o primeiro livro que me fez chorar verdadeiramente! Eu me emocionava com outros livros, sim, mas eu realmente soltei as lágrimas nesse livro, tamanha a minha emoção (e tristeza, em algumas cenas) para com as palavras da autora. Fabiane é, sem dúvida, uma pessoa com um talento maravilhoso com as palavras e sua forma de escrever cativa e emociona qualquer um, sem brincadeira. Me vi envolvida na trama de maneira fácil e bem inusitada, de maneira que pude imaginar muito bem as cenas, o que só aumentou a minha choradeira. E, pelo o que pude notar, o livro tem um toque muito bonito nas palavras, muitas delas eu vi um toque meio cristão, e eu me via sorrindo e chorando com os sonhos da Vanessa, onde ela descrevia encontrar uma garota pintora responsável por ajudá-la em seu caminho em ajudar as pessoas da cidade contra o Maquinário, de forma que esta garotinha que sempre impulsionava-na a seguir em frente, acreditando fortemente em sua fé, amor e sonhos. Quando vocês lerem o livro vão saber a Quem eu estou me referindo (e chorar pela emoção de cada uma dessas cenas).
"Qualquer jardim regado a dois é mais florido." - pág. 150
No meio de toda a região dramática e chata do Maquinário e seus derivados, eis que o livro também tem seu toque de romance, uma vez que Vanessa passa a sonhar livremente - coisa proibida pelo Maquinário - e, nesses sonhos, ela conhece um rapaz misterioso, o grande amor da sua vida. Juntos eles vivem em um jardim, regando as flores e conversando sobre, justamente, um encontrar o outro na vida real, mas isso acaba não sendo possível, à princípio. Vanessa lembra dos sonhos ao acordar, mas durante esses sonhos, ela não consegue ver por inteiro a face de seu amado; já ele a vê claramente nos sonhos, mas simplesmente se esquece de tudo isso quando acorda. Situação complicada, pois é, mas, aos poucos, tudo começa a se encaixar e a vida da protagonista toma rumos e situações bem inusitadas e um tanto injustas, mas o final é totalmente valoroso.
"Sempre a sorrir. Sempre com os olhinhos a brilhar." - pág. 126
A Gente Ama, A Gente Sonha é uma história incrível que nos ensina a ter fé nos mais diversos momentos da vida, amar desinibidamente as pessoas com as quais você se importa, sem medo de mostrar tal sentimento, e sonhar livremente, acreditando que, um dia, seus sonhos se realizarão. Basicamente, uma história inspirada, onde, num universo onde a esperança praticamente foi extinta da sociedade, uma simples mensagem numa garrafa muda os rumos da vida de uma simples cidadã, fazendo-a se abrir para a vida propriamente dita, tornando-a cada vez mais forte, determinada e esperançosa pela realização de seus sonhos.