Pergunte ao pó

Pergunte ao pó John Fante




Resenhas - Pergunte ao Pó


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Raul 18/01/2013

sensacional
Livro escrito com o coração. A coragem do autor de expor suas fraquezas e deficiências é louvável. Livro que deveria ser dado para todas as pessoas no seu aniversário de 18 anos.
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Arsenio Meira 19/09/2012

Não foi á toa que Fante marcou profundamente Bukowski, e toda a geração beat. Livro intenso. Universal (como só os clássicos são). Indispensável.
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Gabriella 19/06/2012

Tendo lido tantas resenhas positivas sobre esse livro que não pude deixar de me manifestar.
Foi a primeira vez, e espero que seja a última, que me decepcionei com Bukowski. (autor da introdução do livro)
O livro revela o alter ego de John Fante, um norte-americano típico, preconceituoso, esnobe, egocêntrico e violento. As ações da personagem são revoltantes e seus pensamentos patriotas e xenofóbicos podem deixar um leitor desavisado desgostoso.
Apesar disso, o livro retrata a luta da perseguição do sonho de ser escritor de um jeito bastante único e interessante, com bastante autenticidade, que na minha opinião é o ponto mais alto do livro.
Uma leitura proveitosa á vocês que gostam de tudo que os filhos do tio Sam fazem.
royal 06/07/2012minha estante
Não concordo


royal 06/07/2012minha estante
Não concordo


Gabriella 06/07/2012minha estante
disserte, meu caro.


Arsenio Meira 21/09/2012minha estante
Gabriella, respeito sua opinião. Discordar, mesmo que muitos não saibam, é salutar. Posto isto, vou dissertar, contrapondo seu tópico. A obra não pode ser situada nesse contexto simplório: a do personagem principal raivoso, preconceituoso e etc.

É preciso, a meu ver, observar o tempo em que foi escrita. Pessoas como Fante sofreram, fortemente, o fardo da marginalização, o desemprego, após o crash da bolsa de valores de Nova York em 1929, que foi arrasador para milhares de pessoas naquele tempo. Miséria, morte, desemprego, desesperança, pobreza, enfim, todo o trágico cardápio de mazelas.

Talvez resulte desse fator, a amargura do alter ego de fante. É um ódio a si próprio, que termina ecoando contra os seus iguais. Pode ser um velho lero-lero freudiano, mas dou crédito 90% do tempo.

Acho uma simplificação gratuita a menção aos leitores que gostam de Fante como vaquinhas de presépio, ou seja, de que aceitam tudo o que vem da terra de Tio Sam. Não é isso. O próprio Bukowski, americanizado até a raiz dos ossos, percebeu a parcela ou a grandeza do escritor; sua verve, ironia e a grandeza literária que nos faz odiar o personagem (ruim mesmo é quando um personagem nos deixa indiferente.)
Abraços.


Raul 18/01/2013minha estante
Mas Gabriella, o objetivo do autor é mostrar um personagem com todas estas fraquezas. Trata-se de uma pessoa insegura que se defende de um mundo que não lhe dá chances através de uma atitude arrogante. Vc falou de Bukowski.. É a mesma coisa. Ou vc acha que ficar brigando em bares e pulando de emprego em emprego é uma atitude louvável? hehehe


Nilson 13/07/2018minha estante
Não concordo...xenofobia...blá blá blá.. respeito sua opinião...mas nada ver.


Cleber 19/07/2019minha estante
Achei uma bosta esse livro.




Isabel 13/05/2012

Mesmo o detestando, eu mandaria flores para o enterro de Arturo Bandini, personagem principal do livro Pergunte ao pó. Estas flores, porém, não seriam condolências, e sim uma doce ironia quanto às suas negadas origens. Explico: o talzinho insultava a sua amada latina, Camilla, por suas raízes, mesmo que suas duas únicas caracteristicas em comum fossem sua nacionalidade e imigração recente de seus antepassados.
Portanto, assim como os gangsteres italianos, eu mandaria flores para o enterro de Arturo Bandini, mesmo sabendo que se um dia nos encontrássemos, a inimizade seria despertada a primeira vista. Bandini é odioso: é daquele tipinho de artista (no caso, escritor) que não entende como o mundo ainda não se curvou perante a sua obra (mesmo que ela se resuma a um só conto) e ao invés de praticar, lamenta-se pelos cantos as injustiças e obstáculos que as musas, seu editor e quase inexistentes leitores estão lhe impondo. Pior: Bandini é um gastalhão, e não guarda um só centavo dos seus pagamentos pelas suas poucas publicações, gastando-os com futilidade e com a certeza de que, futuramente, aqueles trocados de direitos autorais serão substituidos por milhares e milhares de dólares graças a sua genialidade literária.
Eu poderia ter jogado o livro pela janela se Jonh Fante, autor do livro, não fosse tão bom. Por algumas horas, eu FUI Bandini, e assim como ele, vaguei confusa por debaixo do sol da Califórnia, martelei inutilmente uma máquina de escrever e desenvolvi uma relação de amor e ódio com uma garçonete latina. Na arte de fazer com que o leitor se sentisse no lugar do personagem Fante era mestre, e os sentimentos contraditórios de Bandini me acertavam repetidamente como vagões de um trem em alta velocidade. Não havia espaço para respirar: quando eu imaginava que Bandini havia se cansado de todo o seu drama, uma âncora de alguma de suas ações estúpidas me puxava para baixo, fazendo com que eu me afogasse de novo no mar da angústia desse tão estranho personagem. Desde as primeiras páginas, um enredo ou até mesmo o começo meio e fim do livro parece inexistente, mas isto acaba se revertendo em virtude: tive a sensação de que tudo estava ocorrendo enquanto eu estava lendo, tornando o livro muito mais real.
Não conhecia a obra de Jonh Fante, e nunca me interessei muito pelos escritos da Geração Beatnik, que foi inspirada por ele - a escrita sem fôlego de Jack Kerouac (o mais famoso escritor beat) me fez desistir de Os Vagabundos Iluminados na quinta página. Contudo, Pergunte ao pó é tão bom que resolvi parar de ignorar, em termos literários, o século XX.
Originalmente publicada em http://distopicamente.blogspot.com.br/
Marcus Reis 04/01/2022minha estante
Pelo visto John Fante conseguiu alugar um apartamento na sua mente. haha




Eni Miranda 18/04/2012

Texto sobre "Pergunte ao Pó" no doseliteraria.com.br
http://www.doseliteraria.com.br/2012/03/o-livro-que-mudou-minha-vida-pergunte.html
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Danielle 04/01/2012

não recomendo a 3a edição da José Olympio, há vários erros de digitação e a tradução de Roberto Muggiati é por vezes deficiente. o texto, ainda bem, se salva. destaco a abordagem da metaficção realizada por Fante (o protagonista Bandini é também um escritor em processo) e a problematização dos limites das personas do autor.
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Alessandro 24/11/2011

Os dias de espera de Bandini
A José Olympio Editora relança os clássicos "Pergunte ao Pó" e "Espere a Primavera, Bandini", obras que ainda surpreendem pelo lirismo e atualidade da narrativa de John Fante.

Arturo Bandini tem pressa. Mas na sua pressa, ele espera, somente. Espera que os dias profundos, os dias tristes evaporem junto com a neve, derretida pelo sol que virá, que ele sabe que virá. Bandini espera que a primavera chegue logo. E o liberte dos dias enregelados, da estufa a ser ligada todos os dias, e dos casacos puídos que o envergonham no colégio. Quer principalmente que o sol derreta o campo de beisebol para que ele possa voltar a aspirar ao sonho de jogador. Bandini espera por mais do que um sorriso de escárnio de Rosa.

Mas Bandini espera mais. Espera também ir além do conto O Cachorrinho riu. Espera diariamente por uma carta de J. C. Hackmuth, que lhe traga a notícia de mais um texto seu publicado. Espera não ter que depender do dinheiro enviado por sua mãe. Espera se comportar de maneira diferente com Camilla Lopez, além do desprezo por seus odiosos huaraches. Bandini espera no quarto do Alta Loma Hotel. Com laranjas embaixo da cama.

Dois Bandinis se revelam e se completam ao cabo de Espere a Primavera, Bandini e Pergunte ao Pó, clássicos maiores e os dois primeiros livros de John Fante. Embora o primeiro retrate a vida de Bandini aos quatorze anos de idade - no inverno rigoroso do Colorado, ainda um garoto em meios aos seus dois irmãos menores, uma mãe extremamente religiosa e um pai pedreiro -, portanto, dando o prólogo ao que viria a ser o Arturo Bandini escritor e homem, morando sozinho em Los Angeles, perdido na agonia da literatura e na relação de amor e ódio com Camilla, descubro que a ordem em que se fizer suas leituras não importa muito.

Comecei por Pergunte ao Pó, encontrando este Bandini perdido pelas ruas de Bunker Hill, entre os tostões divididos no aluguel de quarto, comida e em suas perambulações constantes pelo Columbia Buffet. O Bandini de origem italiana, cheio de orgulho por sua condição, imodesto a se vangloriar pelo seu primeiro conto publicado em revista. “O Cachorrinho riu” é o cartão de visitas de Arturo. É o que faz ser escritor, é o que lhe dá certeza da sua condição, orgulho em sua superioridade de escritor. E o que lhe leva a esperar, até que brote novamente o inebriante momento em que as palavras parecem escorrer por seus dedos:

“Tentei e a coisa andou com facilidade. Mas eu não estava pensando, não havia cogitação. A coisa simplesmente se movia sozinha, esguichava como sangue. era isto. Finalmente eu conseguira. Lá vou eu, deixem eu me soltar, oh, como adoro isto, ó, Deus, eu o amo tanto, você e Camilla e você e você. Aqui vou eu e é tão bom, tão doce, quente e macio, delicioso e delirante. Subindo o rio e sobre o mar, isto é você e isto sou eu, grandes palavras gordas, pequenas palavras gordas, grandes palavras magras, uii uii uii.

Uma coisa ofegante, frenética, interminável, vai ser algo bem grande. Continuando e continuando, martelei durante horas até que gradualmente me pegou na carne, tomou conta de mim, assombrou meus ossos, escorreu de mim, enfraqueceu-me, cegou-me. Camilla! Eu tinha de possuir aquela Camilla! Levantei-me e saí do hotel e desci Bunker Hill até o Columbia Buffet.”

Na nova edição da José Olympio Editora, o trecho acima se encontra na página 132. Quando o li, tive a certeza, que era o momento que, para mim, de maneira mais sublime, resumia todo o sentido do incensado Pergunte ao Pó.

Idolatrado por Charles Bukowski e pelos beatniks, é em Pergunte ao Pó que a saga do então escritor Bandini se desenvolve na sua intensidade e, se lido antes de Espere a primavera, Bandini, traz à tona uma série de indagações sobre aquele perdido em Los Angeles. Por que Bandini é um perdido. Um solitário que cai de pára-quedas na cidade grande, e John Fante o oferece para nós como em um instantâneo: uma trajetória da sua vida, arrancada e contada. Arturo é um anti-herói em comiseração por achar que em seus poucos anos de vida, viveu pouco para ter o que contar. Arturo Bandini tem apenas vinte anos de idade, uma vontade intermitente de ser reconhecido como escritor e o submundo de Los Angeles à disposição como laboratório. É um amargo que humilha a mexicana Camilla Lopez desde o primeiro encontro (e se apaixona por ela!), caindo em doçura em outros momentos, querendo tê-la com a maior intensidade possível. Levanta muitas considerações sobre sua forma de agir, seu modus operandi para a vida. É um tanto complicado de se compreender Arturo. No entanto, apesar da não estampada simpatia, também é difícil de não se encantar com ele, em sua solidão pelas noites de Los Angeles.

A prosa de John Fante (1909-1983) tem uma leveza que seduz desde as primeiras linhas. Lidando com um personagem que teria tudo para dividir a mesma amargura de um Holden Caufield, Arturo Bandini vive em uma oscilação constante entre a graça e a dor. Este clássico de Fante finalmente ganhou nova e caprichada reedição. Lançado pela José Olympio Editora, Pergunte ao Pó [206 págs.] é uma boa chance aos não freqüentadores de sebos de adentrar no universo deste escritor tão aclamado. É um clássico cult da literatura underground norte-americana das décadas de 30 e 40 que volta, trazendo novamente frescor à obra de Fante.

Basicamente uma trama linear, o texto oculta ricas passagens digressivas e se amarra de maneira sutil ao seu predecessor, Espera a Primavera, Bandini, apresentando flashes da vida íntima do personagem (sua relação com a mãe, por exemplo). Toda a atordoante forma de ser de Arturo é magicamente explicada com a leitura deste. Relançado meses depois de Pergunte ao Pó, pela mesma José Olympio Editora, este foi o motivo para minha leitura fora da ordem em que foram escritos. A alteração, no entanto, se mostrou um delicioso exercício de correlações. O pequeno e amargo Arturo se revelará o escritor angustiado anos mais tarde. A linha narrativa, de extrema oralidade que permeia ambos os textos é o que dá margem ao já conhecido vocabulário “bukowskiano” característico deste tipo de literatura, chamada beatnik (movimento onde há uma busca pelo rompimento com a convencionalidade temática e estilística da literatura tida como cânone, acadêmica; produção literária emergente das ruas, dos becos, da decadência até então refutada pela “alta cultura”).

Espera a Primavera, Bandini, Pergunte ao pó e, além, Sonhos de Bunker Hill têm o mesmo protagonista: Arturo Bandini, Arturo, pode-se dizer, é John. Como seu personagem Bandini, John Fante trocou o friorento estado do Colorado pela ensolarada Califórnia. Como Bandini, Fante também se perdeu por Los Angeles.

Uma das passagens mais tocantes de Espere a Primavera, Bandini se dá no capítulo cinco, logo depois que Arturo [o alter ego de Fante] e seu irmão August, vêem seu pai, Svev, que tinha sumido de casa a alguns dias, acompanhado de Effie Hildgarde, uma das mulheres mais ricas e bonitas da cidade. Na tentativa de dissuadir seu irmão mais novo a não contar para a mãe o que viram, Arturo se debate em tentativas que vão desde a ameaça de castigo físico, que, uma vez consumada, não dissolve a resolução de August. Desesperado com a mágoa que tal revelação pode causar a sua mamma, Arturo implora solene e desesperadamente para que August não conte nada a ela. August, no entanto, resoluto - é um guri extremamente religioso e pretensamente reto, constantemente se inquirindo dos pecados que diferentes situações apresentam e se são veniais ou mortais -, se mostra inflexivo na sua decisão.

Com a pouca raiva que consegue trazer à tona, já que está mais triste pelo sentimento que August trará à mãe ao contar, Arturo, por fim, soqueia seu irmão, sem, no entanto, dissuadi-lo da idéia. Este, pelo contrário, cada vez mais resoluto em mostrar-se reto, ri, zombeteiro, dizendo ao outro que pode continuar a bater nele, que nada o impedirá de contar à mãe. A cena se estende por algumas boas páginas, e é de uma riqueza descritiva tal, que as imagens se desenham à sua frente conforme a leitura vai avançando. Ainda que no estado americano do Colorado, em um inverno rigoroso, em um embate que se dá em meio ao frio da neve, é como se estivéssemos em algum ponto daquele caminho, observando a luta que se dá entre os dois.

Mesmo depois de ter soqueado o irmão, em uma atitude que se dá por desespero, sugando uma raiva inexistente - ele mesmo confessa que, em alguns momentos, surrar seu irmão se mostra divertido, mas naquele momento não queria fazê-lo -, Arturo, vendo o sangue que se esvai de seu nariz pela pancada, nada mais consegue do que um sorriso desafiador de August.

Espere a Primavera, Bandini é muito rico e generoso em cada uma das cenas descritas. O autor narra com forte gosto por imagens que desde as primeiras linhas nos trazem claramente o universo dos Bandini. Tanto o exterior, com sua pobre casa e seus móveis e utensílios que também parecem dialogar com o leitor, ter vida própria, quanto a alma de cada personagem, que se desenha com uma perspicácia absoluta. Os dilemas do menino Arturo, sua relação dúbia com a mãe e o ódio e admiração pelo pai, todo o sofrimento da discriminação por sua condição ítalo-americana, católica, sua pobreza que grita e o envergonha por suas vestimentas puídas, os sonhos com a menina Rosa... - tudo é tão claro e de uma riqueza tal, que além de Pergunte ao Pó, que, dizem, virará filme em 2005, este livro daria uma linda e tocante obra cinematográfica.

Charles Bukowski é quem resume de maneira muito precisa o significado da prosa de Fante. Recordando-se de quando o livro caiu em suas mãos, numa biblioteca pública, ele escreveu: ‘‘Aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim.’’
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Anica 24/10/2011

Pergunte ao Pó (John Fante)
Em Literatura, como em qualquer outra arte, influência é sempre uma constante. Às vezes sem nem ter consciência disso, o autor escreve algo que de certa forma lembra a obra de outro escritor, como se existisse um DNA que fosse passado de geração a geração através de novos livros. Um “DNA” bastante recorrente na literatura contemporânea é o de John Fante, mais especificamente com seu livro Pergunte ao Pó. Procure um pouco e não será difícil encontrar nomes que se dizem influenciados por essa obra, como por exemplo Charles Bukowski.

É ele quem abre a edição da José Olympio, com uma ótima introdução que representa muito bem o encontro de um leitor com uma obra que o modificará, que entrará na lista dos favoritos e por lá ficará muito tempo. É quase como mágica, as frases simplesmente vão aparecendo em um ritmo único, como se fosse uma canção feita para hipnotizar uma pessoa. É difícil chegar a uma resposta sobre o que especificamente encanta, mas Pergunte ao Pó é simplesmente apaixonante.

Talvez seja pela narrativa se apresentar como uma correnteza de pensamentos do protagonista, o ítal0-americano Arturo Bandini. Memórias, julgamentos, sonhos… tudo se mescla em um verdadeiro turbilhão, e o que o leitor pode fazer de melhor é deixar-se levar pelos acontecimentos tal como narrados por Bandini.

Bandini também é por si só um forte responsável por Pergunte ao Pó ser tão encantador. Já no começo ele diz “Não era uma mentira; era um desejo, não uma mentira, e talvez não fosse sequer um desejo, talvez fosse um fato“, e essa parece ser a forma como a personagem-narradora vê sua própria vida. Ele é um sonhador, lutando para ser um escritor reconhecido, ele crê realmente merecer o sucesso – para ele, mentira é o desejo que ainda não se realizou.

E muito da vida de Bandini em Bunker Hill é isso, desejo não realizado. O desejo por uma mulher, pelo sucesso como escritor, pelo dinheiro que isso trará. Ele se comporta como se tudo isso já fosse uma realidade, ou pelo menos fosse algo muito próximo de acontecer. E com isso o leitor vê até com certa inocência o modo que a personagem gasta um dinheiro que não tem em coisas fúteis, para depois viver de laranjas em um quarto que mal pode pagar em dia.

Há quem diga que Pergunte ao Pó é um roman à clef, tipo de romance que narra eventos reais só com os nomes das personagens trocados. Seguindo essa leitura, Bandini seria o próprio John Fante, e no livro teríamos as dificuldades do escritor até chegar ali. Não deixa de ser uma leitura interessante, especialmente se considerar que Fante também começou com a publicação de um conto, tal como Bandini com seu “O cachorrinho riu”.

De qualquer forma, independente dessa interpretação enxergando Bandini como alter-ego de Fante, algo que inegavelmente salta aos olhos é o retrato dos Estados Unidos nos tempos da Grande Depressão (a história se passa em 1930, um ano após a quebra da Bolsa de Nova York). Muito da sociedade da época aparece em suas páginas, mesmo no romance entre Bandini e Camilla Lopez, por exemplo. Para os que tem algum interesse nesse período histórico, é uma romance que certamente agradará.

Mas por ser tão emocional, Pergunte ao Pó tem tudo para agradar muitos tipos de leitores. Nem que sejam os de autores mais recentes – acredite, o “DNA” de Fante está realmente presente em muitas das obras que lemos nos dias de hoje. Um livro breve e muito gostoso de ler, vale a pena conferir. Em tempo: há uma edição da Brasiliense da década de 80, com tradução de Paulo Leminski. Fica a dica para o pessoal que gosta de garimpar em sebos.
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Bia 20/11/2010

As Fantasias de um Carcamano
CUIDADO, ESTA RESENHA PODE CONTER SPOILERS
“Existe um lugar para mim também, e começa com B, na estante do B, Arturo Bandini, abram caminho para Arturo Bandini!”.
Arturo Bandini

Pergunte ao Pó, escrito em 1939 é o livro mais famoso do escritor ítalo-americano John Fante, e é a sequência de Espere a Primavera, Bandini, escrito em 1938. Ambos contam a história da vida de Arturo Bandini, um ítalo-americano. No primeiro livro conhecemos o garoto Arturo, aos 12 anos, vivendo com seus pais, Svevo e Maria, e seus irmãos, August e Federico, numa pequena casa no Colorado. Em Pergunte ao Pó ele já é um homem de 20 anos, que se muda para Los Angeles com o propósito de se tornar um escritor reconhecido, importante, mas Arturo encontra diversos obstáculos em sua jornada de escritor, como a pobreza, o anonimato e a dificuldade de escrever algo que lhe agrade.
Através da leitura dos dois livros é possível observar o crescimento do jovem Arturo até a idade adulta, e observar o que mudou e o que permaneceu igual na personagem com o correr dos anos.
Desde pequeno ele é sonhador, sonha com a grandeza e a riqueza. Aos doze anos se imagina como um grande jogador de beisebol, famoso, rico e amado. Aos vinte anos continua sendo um sonhador, mas desta vez fantasia ser um importante escritor, um dos melhores, um gênio literário, e também muito rico. Essa é uma característica que Arturo tem tanto na infância quanto na idade adulta, quando ele quer muito uma coisa ele chega a imaginá-la com tal intensidade que essa coisa até se torna real para ele, misturando seus delírios com a realidade.
“Ela era Camilla, completa e adorável. Pertencia a mim e o mundo também. (...) Eu a possui. Então dormi, serenamente cansado, lembrando vagamente através da nevoa do torpor que ela soluçava, mas não me importei. Não era mais Camilla. Era Vera Rivkan (...)”.Nesse trecho temos um claro exemplo de um destes delírios, Arturo deseja Camilla de tal maneira que fantasia que Vera é ela, mas quando o desejo passa, a fantasia também, e Arturo deixa de imaginar Vera como Camilla e logo perde o interesse nela.
Um evento semelhante ocorre em Espere a Primavera, Bandini, quando Arturo fantasia que Rosa, uma menina pela qual ele sente uma grande paixão, morre, e com tamanha intensidade, que chega a acreditar e a temer que Rosa esteja de fato morta, e tamanha é a proximidade entre o delírio e a realidade que a personagem desesperada corre para conferir se na porta de Rosa há ou não uma coroa de flores denunciando o seu falecimento.
No decorrer da narrativa de Pergunte ao Pó, Arturo se apaixona por uma garçonete mexicana chamada Camilla Lopez, que desperta nele sentimentos confusos e contraditórios, mantendo o casal em uma relação que oscila entre o ódio, o amor, o desejo e a obsessão e que resulta em diversas aventuras e desventuras amorosas por eles vividas.
Com um protagonista complexo, conflitante, apresentando delírios, anseios, medos, decepções, alegrias e tristezas na jornada desse jovem aspirante a escritor você será levado para dentro da cabeça de Arturo Bandini através da narrativa carregada de ironia, bom humor e objetividade de Pergunte ao Pó.

-Minha opnião:
Desdo primeiro livro eu estou apaixonada pelo Arturo, seu jeito infantil e conflitante, e nessa história eu realmente me relacionei com ele, a jornada de ser um escritor, a jornada que ele tanto deseja vencer e com trilha com tanto ardor é a mesma jornada que eu pretendo percorrer. Esse livro retrata com perfeição as contradições, os desejos e as aspirações desse jovem escrito chamado Arturo Bandini. Eu realmente recomendo esse livro para todos, mas em especial para aqueles que são aspirantes a escritores e escritoras^^-

Dados técnicos:
Título: Pergunte ao Pó
Editora: José Olympio
Autor: JOHN FANTE
ISBN: 8503007533
Ano: 2003
Edição: 1
Número de páginas: 206
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Paulo 04/05/2010

Uma história
[atenção: spoilers, trama revelada, não continue se não tiver lido o livro]

Uma história. Vai pegando de pouquinhos, até deixar o leitor com toda uma ternura por Arturo Bandini.

Tematicamente, gostei de ele não ter explorado um clichê de escritor fracassado. No início, parece que é isso que vai acontecer: um sujeito que quer ser escritor famoso, mas a vida é dura e ele vai ficar mofando sem dinheiro naquele quarto imundo pelas 200 páginas. Mas aos poucos seus contos vão sendo vendidos, e no final ele publica até um romance.

Não fica rico, até porque prodigaliza ao máximo por causa de seu amor por Camilla Lopez. O final seria de sonho, ele com Camilla em uma casa de praia, não fosse sua insistência em condená-la por fumar maconha, o que a faz fugir. O desfecho é muito triste e bonito.

Não é um livro genial, mas muito bom. Um perfeito romance urbano do século XX, com boa mistura de questões sociais e existenciais, por meio de um estilo bem ajustado.
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Ivan Picchi 15/04/2010

Bandini
tua sinceridade e vulnerabilidade me contrai



=**


Mestre do meu mestre, tao inocente, covarde e sensível quanto.

Ah, agora terei que ler todas tuas malditas obras!

Me joga todos, pelo meu deserto!
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seufuviu 03/03/2010

Camilla ‘ mexicana machista, pergunta' o'dioso Bandini: "você é VEADO?"

O livro de John Fante sobre o carcamano Bandini é extraordinário. Um escritor de relevo na árida América do final da década de 30, do século passado, que pisa em suas regressões com o ódio do reprimido. Arturo Bandini vendia seus contos baratos, como baratas cascudas da litertura marginal de pré guerra.O migrante do norte gelado encontra a solidão de um lugar desconhecido ao sol de Los Angeles, seus dramas, o pó que'verga sua história farjuta, Bandini, o perdedor que ganhou minhas horas de leituras e admiração. Obrigado, Velho Chinaski, pela indicação..







Autor inspirador de autores extraordinários, como Bukowski, Caio Fernando Abreu...







Eu indico este excelente livro.







Uma história entre o pó e a pele, dentro d’almamericana.







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pardons 26/02/2010

Arturo Bandini.
Que desgraçado tu és, Arturo Bandini.
Sim, tu mesmo, o escritor de "O cachorrinho riu", tirou meu sono desta noite.

Amaldiçoarei-te, caro Bandini. Não mereces a pequena latina, não mereces nem mesmo os dólares que Hackmuth te enviava... Não mereces Vera.

Mas tu, Arturo, tu definitivamente merecias uma porrada do Sammy.
E merecia ter apodrecido no Colorado.
Merecia ter sido cuspido, e chamado de CARCAMANO, milhares de vezes.

Psicologismos baratos... um loser, um loser, que aos fortes brados se intitulava o maior.
Não dormi esta noite, cara, insônia dos infernos, por pensar em Vera - pobre Vera - e por pensar em como os homens são assim mesmo, podem deitar-se com uma mulher, sentindo algo de pequeno, enquanto AMAM outra mulher. Vera, a desfigurada, lembra muito a mim.

Não dormi esta noite, porque roubaste o leite, tomaste, e leitelho era.
Ri da tua desgraça. Mas essa insônia foi infernal.

Porque és o que há de mais vil, de mais integralmente desumano, e o pior, é saber que és como eu, como cada um de nós, grandissíssimos filhos das putas. Oscilamos entre as boas ações, entre o bom coração, entre as melhores intenções e... somos escrotos, mal educados, mentirosos, e principalmente sádicos com os que nos cercam.
Mag 28/04/2010minha estante
Mandou bem!


Joice (Jojo) 17/11/2017minha estante
Adorei!


Alexandra 18/08/2020minha estante
Foda!


MF (Blog Terminei de Ler) 05/03/2021minha estante
Melhor resenha do livro no Skoob.


Amigo Imaginário 02/07/2022minha estante
Incorporou total!


BArbara776 12/12/2022minha estante
Ainda não terminei o livro mas por Deus que resenha incrível. Por um instante até pensei ser uma citação do próprio livro.


kescia.sousa 24/03/2024minha estante
Nem terminei de ler, mas descreveu tudo que senti até agora...


Heloísa Delfino 27/03/2024minha estante
FENOMENAL!




Lucas Ferreira 16/02/2010

O covarde que há em nós
"Ah, Bandini, mas você é um covarde mesmo".



Todos somos. Há uma covardia em nós muito grande em falarmos sobre nossos medos, sobre nossas esquisitisses e ali estava ele, Arturo Bandini, o aspirante a escritor falando para nós de como ele lutava para construir uma imagem de si mesmo que gostaria de ser verdade. Quem não irá rir quando ele imagina uma entrevista num suposto momento de fama?



Fante descobre que há uma grandeza em expor o homem ao rídículo de si mesmo. Essa espécie de "sem-vergonhice sentimental" é seriamente reprimida no Ocidente com sua moral do self-made man e do pensamento positivo - Arturo não é contra isto, mas também não é a favor. Fante nos faz ouvir os pensamentos íntimos de Arturo Bandini, aqueles que não confessaríamos a ninguém em momento algum.



Humildade, megalomania, maldade e auto-comiseração - tudo no mesmo personagem e ao mesmo tempo, num turbilhão. Bandini, o egoísta, Bandini, o covarde, Bandini, o tolo.



Bandini...o escritor. Vá lá, não custa tentar um Fante de vez em quando.
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