spoiler visualizarPRIH 14/08/2013
Seria o Hermano um louco perdido ou Amalia que perdeu sua razão tentando ser amada por ele?
A obra Encarnação de José de Alencar, escrita no ano em que morreu e lançada apenas um bom tempo depois, poderia ter significado uma nova fase na escrita de Alencar; segundo o texto “Os Três Alencares” de Antonio Candido, poderia atribuir o sentido de levantamento do Brasil. José de Alencar em grande parte de suas obras, situada num período romântico, tratou sempre de escrever uma espécie de fuga, um contraste à realidade, a possibilidade do sonho, além de tornar seus personagens verdadeiros heróis. Em Encarnação é possível que tenhamos mais uma vez um personagem tido como herói, mas desta vez não um homem, que geralmente é o foco de seus romances, mas sim uma mulher: Amália, que faz de tudo para salvar seu marido de suas alucinações e lhe dar felicidade, tendo que sacrificar seus sonhos de menina, uma característica de abnegação heróica.
Segundo Antonio Candido, este Alencar que escreveu Encarnação, seria o “Alencar das Mocinhas”, criador de mulheres cândidas e de moços impecavelmente bons, que dançam aos olhos do leitor uma banda quadrilha Porém, não seria apenas este Alencar, seria também o “Alencar adulto” que dá contorno aquilino a alguns dos seus perfis de homem e de mulher, ele amadurece interiormente seus personagens, e por fim o “Alencar Idealizador” que trabalha o herói, o ideal, os sonhos e a fuga, este quer retratar a realidade; não tendo como colocar este romance em uma só classificação. É um romance com poucos acontecimentos, mas profundamente psicológico, onde são conhecidos os pensamentos, sentimentos, reflexões e duvidas dos personagens; O que o colocaria num nível de “Desarmonia”, pois apresenta o contraste da situação de Hermano, que é seria vista como algo inaceitável, mas no romance é tida como normal e admirável, apesar de sua esposa ter morrido, continua a adorando como se ela estivesse ali, sentada ao seu lado e isso o faz ser maravilhado por Amália, que apesar de ter sonhos que contrapõem a vida de casada e debochar do amor, sente a vontade de vivê-lo, de senti-lo, neste caso talvez a personagem tenha enfim encontrado um indicio de que seria feliz se casasse com alguém que realmente a amasse. A partir deste momento, vem à idealização da moça, ao observar Hermano todos os dias da sua janela, o ver como homem ideal, sente-se como se fosse sua falecida mulher, revivendo tudo aquilo que este tentava esquecer. Aos poucos os personagens se aproximação e se casam, dando inicio a uma série de conflitos psicológicos vividos pelo personagem Hermano, que depois é revelado pelo enredo, que este é apaixonado por sua idealização ideal de mulher, está que primeiramente encontrou em Julieta e que depois tentou encontrar em Amália. Alencar neste momento da história se aprofunda na loucura psicológica vivida por este casal, Hermano era doente por ter um refugio, um sonho a que se prendia? Se sim, Amália foi realmente sua heroína, fez de tudo para trazê-lo a realidade, inclusive tentou incorporar a própria Julieta, vestindo-se e agindo como ela, coisa que a fez conquistar até o Amo da casa, que era completamente fiel a Julieta, sua filha de criação. Porém, tudo parece que acabará em uma terrível tragédia, Hermano quer por fogo em sua casa acreditando que só morte o fará voltar aos braços da sua idealização de Julieta, porém, Alencar, como bom escritor de “Mocinhas” o romance acaba tendo um final feliz, umtanto esperado e desejado; Amália o salva de seus devaneios quando ele acredita estar conversando com a alma de Julieta, e cinco anos depois os dois aparecem para visitar os restos da casa deixados pelo incêndio com uma filha de 4 anos, a quem deram o nome de Julieta, o que deixa a duvida no ar: Teria o casal superado a alucinação ou ainda vivem as memórias de Julieta? Amália apresenta um grande espirito de heroísmo, aparentemente o que o salvou e salvou também a si mesma, conquistou o que lhe parecia um sonho.