Blog MVL - Nina 13/07/2012
John Green me conquistou e seus personagens me cativaram e arrebataram. Entre risos e lágrimas, eu me apaixonei pelo livro e tudo, absolutamente tudo que ele representa.
"A culpa, querido Brutus, não está nas estrelas, mas em nós mesmos". – Julio César, William Shakespeare.
Hazel é uma leitora assídua... de apenas um livro. Diagnosticada com câncer aos treze anos de idade, a adolescente encontra um refúgio nas páginas de uma obra literária sem fim, que narra a estória de uma jovem leucêmica. Hazel sente que apenas o autor do livro poderia entender seus sentimentos e sua (semi) vida gira em torno dessa obsessão. Até que ela conhece Augustus Waters. Um jovem de dezoito anos, tão charmoso quanto singular, Augustus está em remissão há quatorze meses e possui uma visão grandiosa da vida. Qual o objetivo de viver – e morrer – se não por uma grande causa? Com perspectivas de vida e morte opostas, ambos os jovens encontram um no outro a chave para as emoções mais secretas e inexplicáveis. Hazel e Augustus partem em uma viagem intelectual em busca de respostas para as perguntas mais essenciais sobre a hipocrisia da morte e a fragilidade da condição humana. Em “The Fault in Our Stars” John Green fala diretamente a seu público leitor. Ele usa uma narrativa jovem e uma protagonista carismática para contar uma estória de aflição humana que ocorre todos os dias, com milhares de jovens diagnosticados com câncer. Green desafia Shakespeare e afirma – acertadamente – que às vezes a culpa está no destino, nos eventos que não podemos controlar, e não nas pessoas em si. O autor possui uma voz contemporânea e marcante. Sua personalidade transpira a todo o momento nos pensamentos e diálogos de suas personagens. Eu me encontrei completamente consumida pelo enredo brilhantemente desenvolvido por John Green. A inteligência e a perspicácia de suas observações sobre vida e morte são chocantes e possuem o poder de mudar completamente a perspectiva do leitor sobre ambas. As citações incluídas no texto, as referências literárias transformam a obra em um trabalho literário rico, muito mais do que apenas um livro dramático para jovens.
Há uma acidez incomum e ironia cortante no caráter da protagonista. Ela encara sua doença com cinismo e escárnio. O intrigante é observar como, em certos períodos da leitura, ela demonstra a ingenuidade corriqueira a sua faixa etária. Pensamentos simples, objetivos e tocantes que partem o coração do leitor. Lidar com a eminência da morte, com a lucidez mental de Hazel, é uma tortura intermitente, mas que ela enfrenta com humor e sarcasmo. O que de certa forma alivia o impacto emocional no leitor. A leitura é fácil, apesar da complexidade do tema central. E Augustus. O que contar sobre Augustus? Brilhante? Intensamente questionador? Encantador ao ponto de roubar a cena – e o coração das leitoras – Seu interesse por Hazel é genuíno e suave, desde o primeiro momento, quando ambos trocam o primeiro olhar. Há fagulhas no ar, e o coração do leitor acelera. Porque a doença física não afeta o poder de amar. E eles provam isso muitas vezes durante o enredo. O romance se desenrola lentamente, há entre eles muito mais que o aspecto físico de um relacionamento, e sim um encontro de mentes e almas. É doce, é inocente, é juvenil, é surpreendente. É tudo o que se pode esperar de um amor construído em alicerces (corpos) tão delicados.
A interação de Hazel com seus pais é algo notável na estória. A fragilidade das emoções de seu pai, a força inabalável da mãe. A união incrível de uma família formada apenas por três indivíduos focados em salvar e preservar a vida uns dos outros. Os cuidados da mãe com as necessidades da filha, a compreensão infinita do pai e a preocupação de Hazel com ambos. Seu medo de deixá-los, sua culpa por ser um transtorno, e o temor de mostrar sua própria infelicidade e magoá-los ainda mais. São tantos os elementos que a doença traz para uma família, tantas pessoas saem machucadas além do próprio doente. E ela sabe de tudo isso.
“The Fault in Our Stars” me deu uma incontrolável vontade de ler em voz alta. Não é uma ocorrência freqüente, mas eventualmente, quando estou lendo um livro com personagens tão reais, sinto a urgência de emprestar a minha própria voz para que se tornem ainda mais verdadeiros. Assim são as personagens de John Green. Grosseiramente autenticas. Elas derrubam todas as defesas do leitor, nos deixando vulneráveis e ao mesmo tempo livres. É uma sensação como poucas, é como colocar um pedaço de algodão doce na boca, ou o momento em que o avião alça voo. É indescritível e é assustador pensar que um livro, apenas papel e letras impressas, possa ocasionar tal sensação. É suficiente dizer que quando terminei o livro estava com a palma da mão pressionada em meu peito, sobre o coração. Grande parte da leitura eu estive nessa posição, massageando o meu peito. Como se algo estivesse faltado ali. John Green rouba seu coração e o devolve transformado, um pouco magoado, meio partido, definitivamente diferente de quando você iniciou a leitura. Você mudou. Sua visão de mundo e do ser humano mudou, graças a um livro.
A culpa está nas estrelas. A culpa está em nós, que somos as estrelas deste planeta. A culpa está na cegueira que nos faz indiferente, ou apenas condescendente ao sofrimento alheio. “The Fault in Our Stars” é uma obra crua, que não poupa o leitor, o constrange e força a deixar de lado sua própria superficialidade, e a olhar, realmente olhar para o ser humano.
Marina - Blog Minha Vida por um Livro
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