Giro Letra 21/09/2012
Charlotte Street - O amor pelas ruas de Londres
"Os olhos não se encontram em um lugar lotado, duas pessoas não pensam precisamente na mesma coisa, e se só uma pessoa na verdade tem aquele momento, ele é de fato um momento?
Nós sabemos disso, então, não dizemos nada. Nós desviamos nossos olhos ou fingimos estar procurando por mudanças, esperamos que a outra pessoa tome a iniciativa, porque não queremos arriscar perder esse sentimento de agitação, possibilidades e entusiasmo. É perfeito demais."
O livro Charlotte Street é narrado por Jason Priestley, mas não, ele não é aquele ator que ficou famoso no papel de Brandon, da série Barrados no Baile. Esse é o Jason Priestley que mora na Caledonian Road, em cima de uma loja de video game e que, após o fim de seu namoro com Sarah, desistiu de ser professor para investir na carreira na área de Jornalismo - embora seu trabalho como jornalista consista basicamente em escrever críticas sobre restaurantes baratos para um jornal distribuído gratuitamente que ninguém lê.
As coisas não estão muito boas para Jason... E ficam ainda piores quando, ao acessar uma rede social, ele descobre que sua ex, Sarah, ficou noiva do atual namorado. Jason acha pouco e piora com tudo de vez, ao beber a ponto de perder o controle e fazer uma besteira sem tamanho no perfil de Sarah, o que apenas o expõe publicamente e deixa a ex furiosa.
Mas, então, um acontecimento traz esperança à vida de Jason: passando pela Charlotte Street, ele vê uma moça toda atrapalhada para entrar em um táxi, pois está cheia de pacotes, os quais estão quase caindo de suas mãos. Jason acaba ajudando a garota, que lhe dirige um sorriso. O rapaz sente alguma coisa nesse momento e pensa que aquilo poderia ser o começo de algo maior, porém a moça vai embora no táxi, sem ter dito nada mais que um "obrigada". Tudo poderia terminar aí, todavia, ao olhar para o chão, ele percebe que ela deixou cair um pacote, no qual está escrito: Câmera Descartável 35 mm.
Depois disso, ele acaba sendo convencido por seu melhor amigo, Dev, com quem divide o apartamento em que mora, a procurar a garota, a qual se torna cada vez mais idealizada por Jason:
"Essa garota não parecia o tipo de garota que comia kebabs. Ela provavelmente comia salada no almoço, junto com um milk-shake, caso quisesse ser um pouco atrevida. Eu gostava disso nela."
À medida que se envolve nessa busca, Jason faz novos laços de amizade e aprofunda laços antigos; tenta superar os traumas da sua relação com Sarah; pensa e repensa os rumos de sua vida profissional e analisa algumas questões relativas à sua personalidade, que, por sinal, precisa de muita análise, tendo em vista o medo que Jason tem de viver, de se arriscar:
"E se a garota que eu queria conhecer tivesse mesmo uma mobília elegante e surrada, um brilho saudável e um otimismo infinito? (...) É melhor não saber dessa vez. Talvez seja melhor pensar no que poderia ter acontecido do que descobrir que definitivamente não aconteceria. Melhor ela continuar sendo a garota da foto do que a garota que eu achava que conhecia."
Então, o percurso pelo qual Jason passa é muito interessante, porque, em alguns momentos, o protagonista vive situações que são hilárias, enquanto, em outros momentos, passa por verdadeiros dramas. E, em algumas situações, acontecem as duas coisas: ele exagera no drama de um jeito, que acaba ficando engraçado, como ocorreu quando ele mandou uma mensagem para a garota por meio do jornal em que trabalha e se arrependeu depois:
"Era o tipo de mensagem que Dev e eu tirávamos barato. Estúpida. Sem graça. O tipo de última tentativa que um homem bêbado e queimado de Sol, com tatuagens inadequadas, faz para uma garota inteligente e racional tentando ignorá-lo na hora que o bar está fechando.
Esse não era eu.
E agora eu tinha certeza, absoluta certeza, de que ela leria. Ela leria a mensagem, e teria má impressão, e provavelmente passaria pela casa de kebab e veria sua foto ali também, com os pontos de exclamação de vermelho, amarelo e verde, feitos por um psicopata genuíno e autêntico, e então ela fugiria do país e se casaria com um homem bronzeado."
Não há como negar que Charlotte Street é um livro adorável, embora eu precise adverti-los de que o início é meio chatinho... Algumas vezes, tive vontade de abandonar a leitura... Mas, depois, a trama acaba se tornando envolvente. Aliás, o próprio autor deve ter consciência de que não fez lá grandes coisas na parte inicial da obra, pois, em dado momento, Jason, que conversa bastante com o leitor (recurso que foi utlizado de uma maneira muito legal), diz:
"(...) E então me preparei para contar o que eu estava evitando contar para você, também, até agora.
Porque estávamos nos dando bem, eu sinto, você e eu. Nós tivemos um começo meio complicado, acho; talvez eu tenha sido um pouco irritante, mas você sabe que eu tive meus motivos (...)."
Apesar desse começo "irritante", vale a pena dar uma chance ao livro e prosseguir com a leitura, visto que a história é muito fofa e cativante. É uma obra que, de maneira leve, trata da necessidade de "agarrar os momentos", de não deixar a vida passar em branco.
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