Filino 07/05/2022
O corpo e as entrelinhas do discurso
Nem sempre aquilo que o homem vocaliza corresponde, realmente, ao que se passa em seu interior - eis algo que se pode eleger como uma das poucas verdades universais. E esse livro vem na esteira desse argumento, ao tentar demonstrar para o leitor que através de determinados comportamentos é possível extrair conclusões acerca do que se passa, realmente, com o indivíduo com quem ele se depara.
Obviamente não se trata, aqui, de discorrer sobre fórmulas mágicas com aplicabilidade em quaisquer situações - e também não é isso que os autores pretendem. O que chama a atenção é a correspondência entre certos estados de espírito e determinados comportamentos e, também, como isso deita raízes profundas em nossa própria natureza. E ao tratar da natureza humana, não há como deixar de falar da concepção (inicial) tripartite que os autores estabelecem, tomando como paralelo o perfil de três animais: o boi, o leão e a águia. De certa forma, é impossível não recordar a igual divisão da alma em três partes, como já propunha Platão n'A República.
Trata-se de uma obra interessante, com observações bastante pertinentes e ótimos insight's. Mas, obviamente, não se deve esquecer que se um charuto, às vezes, é apenas um charuto, agir de uma certa forma não quer dizer, necessariamente, que o indivíduo está possuído por determinada emoção. Vai ver é algum desconforto...