Marighella

Marighella Mário Magalhães
Mário Magalhães




Resenhas - Marighella


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Toni 08/09/2020

Não tive tempo para ter medo
O grande livro do jornalista Mário Magalhães já estava em casa há um bom tempo, esperando a hora certa para ser lido. E essa hora, enfim, chegou.

A obra é um registro completo. São mais de 700 páginas com muitas fotos inéditas e, sobretudo, de páginas repletas de história. Uma biografia rica em detalhes, escrita de forma brilhante pelo autor.

A vida de Marighella se confunde com a história recente do Brasil. Afinal, o jovem baiano passou pela ditadura Vargas, por presidentes como Dutra, JK, Jânio e Jango, até chegar na fatídica ditadura militar.

Além disso, o livro de Magalhães nos apresenta também a biografia da esquerda brasileira. Figuras como Luis Carlos Prestes, Carlos Lamarca e Agildo Barata são coadjuvantes de luxo desta grande história. Isso sem falar nos gênios da cultura, como Jorge Amado, Graciliano Ramos e Portinari, que estão presentes nestas páginas. Todos comunistas, por sinal.

Em tempos onde basta criticar o desgoverno Bolsonaro para virar comunista, é fundamental ler quem foi Marighella. Conhecer quem foram os nossos camaradas, os verdadeiros revolucionários. E, acima de tudo, saber o que as ditaduras brasileiras fizeram com eles.

Marighella é um livro obrigatório para qualquer pessoa de esquerda, como é o meu caso, mas também um livro necessário para qualquer cidadão que se interesse pela história do Brasil.
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Juliana Cardoso 03/10/2020

Ideais
Marighella lutou até a morte pelo que acreditava. Liberdade e justiça social.
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Dudu Menezes 04/01/2021

Duas grandes aulas: história do Brasil e jornalismo
Esse baita livro, do jornalista Mário Magalhães, reúne pelo menos duas grandes aulas:

- de história do Brasil (narrando a verdadeira face das ditaduras do Estado Novo e Militar);

- e de jornalismo investigativo (com uma análise rigorosa de documentos oficiais e reportagens, além da realização de entrevistas tanto com antigos militantes da ALN, quanto com ex-agentes do Dops).

Hoje, mais do que nunca, é preciso não se deixar levar pelas narrativas distorcidas de quem não quer que se conheça a história de vida - e o exemplo de luta - de Carlos Marighella! Não é por acaso que ele foi considerado o inimigo nº 1 da ditadura e do fascismo no Brasil!

Tudo que aconteceu do final da Primeira Guerra, passando pela Segunda Guerra Mundial ? com a ascensão de regimes nazifascistas -, e culminou com a Guerra Fria, explica a influência e adesão ao fascismo para além da Alemanha, de Hitler, e a Itália, de Mussolini, no Brasil.

Nos dois períodos de ascensão do fascismo, por aqui, houve resistência mesmo dentro das Forças Armadas - como na Revolta Comunista, de 1935, e na Revolta dos Marinheiros em 1964 -, mas não podemos permitir que se criem falsas simetrias entre quem adotou a tortura como política de Estado e quem aderiu à luta armada para combater o fascismo!

Leitura indispensável! 
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Wolsey 02/04/2021

Notável!!!!
Excelente e exaustivo trabalho jornalístico, sem viés ideológico e muito transparente. Imaginei que seria uma simples biografia, mas na realidade trata-se de um documentário de mais de um período de ditadura no Brasil, cujo fio condutor seria a personalidade título. Em determinado momento Marighella some do livro, inclusive. Imagino que em função da preocupação do autor com a fidedignidade da narrativa.
Acontece que os personagens e os fatos são tantos que por diversas vezes tive que voltar pra me localizar quanto aos fatos.
Mas a narrativa é tão instigante e envolvente que é quase inevitável fazer consultas paralelas em mídia eletrônica (dê-lhe Google). Por esse motivo acabei levando quase um mês pra ler todo o livro e devo ter virado alvo suspeito da ABIN pelas buscas que fiz. ?
História é história e deve ser contada sem pudores ou viés político. A história do Brasil é rica e apaixonante, mesmo em seus momentos mais dramáticos e, conforme a opinião de muitos, momentos não gloriosos. Somos fruto de todo esse processo, e eles DEVEM ser conhecidos sem ranço ideológico e sem "censura".
Este livro consegue.
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Rapha 01/05/2021

Pesquisa impecável e biografia maravilhosa
Ao longo da leitura eu só conseguia pensar no quão INSANA foi a pesquisa. Reunir detalhes da vida e reconstruir os passos de uma pessoa que passou tanto tempo na clandestinidade como o Marighella não deve ter sido fácil. 10 anos de trabalho, tanta informação que fico biruta. as primeiras 200 páginas são de arrebentar a boca do balão, mas demorei anos pra terminar porque no meio senti que o marighella vira coadjuvante e muita gente toma a frente, desviando o foco d+, mas depois engata não vida dele de novo e fica incrível
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Lucas 20/05/2021

Marighella: símbolo de aversão ou martirização? Um livro que não responde a esta pergunta e, por isso mesmo, excelente
Por vinte e um anos na segunda metade do século XX, o Brasil foi privado do maior símbolo das democracias modernas: o direito por parte de sua população da escolha do seu governante máximo. Só este argumento deveria abalar seriamente as convicções de quem defende esse regime opressor. Mas a principal razão do fenômeno que explica os chamados "filhotes da ditadura", utilizando um termo espalhafatoso (e original) do gaúcho Leonel Brizola (1922-2004), foram os desafios que o regime encarou em seus primeiros anos para consolidar seu domínio: a ameaça do comunismo.

Antes destas discussões acerca dos "benefícios" (que existiram, diga-se, especialmente em termos estruturais da economia, sem aqui questionar o "preço" pago por isso) da Ditadura Militar (1964-1985) ganharem força no cenário social do Brasil, juntamente com as cisões políticas que radicalizaram os ânimos nos últimos oito anos, o jornalista Mário Magalhães lançou em 2012 a biografia de um dos maiores símbolos de oposição ao regime militar: o guerrilheiro baiano Carlos Marighella (1911-1969), definido pelo próprio governo do General Artur da Costa e Silva (1899-1969), em 1968, como o "inimigo público número um do governo".

Marighella é abordado de forma obscura na história brasileira daquele período, mas a obra de Mário Magalhães paga uma certa dívida da história com este "trepidante" personagem. Não que Marighella tenha sido um mártir da democracia, como muitos membros da esquerda radical de ultimamente tentam vender, merecedor, nesta tese, de tal débito. A raiz dessa dívida histórica deve-se ao estardalhaço posteriormente relegado a um segundo plano histórico, que o biografado criou nos quase três anos em que ajudou a fundar e dirigir a Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo armado de oposição ao regime ditatorial e que promoveu vários atos de terrorismo urbano (apesar de seus membros condenarem essa pecha de terrorismo, suas ações pautavam por práticas que vitimavam terceiros em prol da almejada liberdade).

Não apenas na Ditadura Militar iniciada em 1964 (e que foi decisiva para uma radical mudança de comportamento do biografado), mas Marighella também foi oposição ao que hoje pode ser definido como primeira ditadura do Brasil desde a Proclamação da República em 1889: o Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945), que fechou o Congresso Nacional, aboliu os partidos políticos, suprimiu liberdades e torturou opositores. Ao abandonar a faculdade de engenharia civil em 1934, Marighella ingressou no PCB (Partido Comunista Brasileiro) e ao contrário de Luiz Carlos Prestes (1898-1990), lendário líder comunista, o biografado sofreu sérias torturas em 1936, ficando praticamente um ano preso (e compartilhando seu destino como comunista com personagens importantes da literatura, como seu conterrâneo Jorge Amado (1912-2001) e o alagoano Graciliano Ramos (1892-1953)).

Depois, com a abertura promovida pelo governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), Marighella elegeu-se deputado constituinte. Foi um breve período em que o PCB tornou-se legalizado, atraindo muitos filiados, mas que depois voltou à obscuridade. Foi assim, na ilegalidade, que o partido assistiu à volta de Getúlio Vargas ao poder, seu suicídio, as tentativas de golpes militares que dali se seguiram, até 1964, quando, enfim, os militares, apoiados por uma crescente onda de medo ocasionada pelo sindicalismo, reformas de base e outros discursos "esquerdistas" do então presidente João Goulart (1919-1976) derrubaram-no e, com o apoio do Congresso Nacional, tomou posse o general Humberto Castello Branco (1897-1967).

Tudo isso corresponde a uma síntese histórica de parte dos acontecimentos que Marighella presenciou ao longo das suas quase seis décadas de vida. Detalhar isso é algo que a biografia de Mário Magalhães faz com um primor poucas vezes visto numa biografia de algum político brasileiro. O que é necessário aqui, especialmente a quem já se debruçou pela leitura da obra, é discutir o papel que Marighella deixou à posterioridade, e que corresponde a já citada dívida histórica que o personagem possui na política nacional.

De uma forma geral, Carlos Marighella é um indivíduo único na história política do Brasil porque foi perseguido por duas ditaduras. Sua biografia num primeiro momento traz empatia até mesmo a quem não tem concordância com os ideais da esquerda: quando o lado intelectual de Marighella prevalece, vê-se um homem inteligentíssimo, criativo (a prova de física respondida em versos no ensino médio é uma prova disso), arrojado e corajoso. Seu papel como deputado na assembleia constituinte de 1946 ilustra isso, com uma participação importante nos bastidores, apesar do preconceito generalizado que havia contra o seu grupo político.

Mas o golpe (ou revolução, sem querer aqui polemizar por esse ou aquele rótulo) de 1964 não ruiu apenas a democracia, mas sim o ideal ponderado de Marighella e outros comunistas importantes, como Joaquim Câmara Ferreira (1913-1970), amigo de juventude do biografado. Com o apoio de massas de subúrbios (especialmente de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), do aparelho revolucionário de Cuba e de estudantes, Marighella saiu do PCB e conduziu seu grupo aos extremos da luta pelo fim da ditadura: a formação da ALN, o maior grupo armado de oposição ao regime.

Com enormes dificuldades de comunicação, o grupo foi se proliferando por meio de ações isoladas de guerrilha, simbolizadas essencialmente por assaltos a bancos e carros-fortes, pequenos ataques a patrulhas (com o intuito de surrupiar armas dos "meganhas"), etc. Aqui, a linha entre guerrilha e terrorismo torna-se tênue. Ao dar liberdade de ação aos seus correligionários, Marighella acabou permitindo ou não era consultado acerca de ações mais ousadas, que além de não atingirem seus objetivos acabaram vitimando (não necessariamente de forma mortal) cidadãos inocentes. Seu discurso incentivava o armamento da oposição e sua organização em células de resistência como as únicas formas de derrotar o regime. Mas não se pode desconsiderar as incongruências de tais práticas: se a melhor arma para o combate ao inimigo baseia-se em violência, velada ou explícita, ela é a mesma utilizada pelas autoridades perseguidoras dos revolucionários. Há o que George Orwell (1903-1950), escritor britânico autor da obra 1984, chamava de "duplipensamento", que nada mais é do que uma hipocrisia que altera opiniões e práticas de acordo com o que se convém (incrível como esse conceito é atual...).

Do mesmo modo, nenhuma ação terrorista deve servir de justificativa para as práticas de tortura que membros da ALN (e de uma forma geral, diversos outros opositores) sofreram com o intuito principal de entregar seu líder. Estas seções de tortura são um elemento relevante no último quarto da obra, e trazem uma sensação de medo ao leitor com descrições (reais e baseadas em documentos oficiais) que mais parecem um roteiro de filme de terror. Era assustadora a habilidade, a covardia e a crueldade dos agentes do chamado DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) nos "interrogatórios". Provavelmente, ecoará no leitor de hoje a revolta pelo fato de alguns destes torturadores terem partido sem terem acertado suas contas com a justiça ou, pior, serem endeusados por determinadas vertentes políticas atuais.

Como a história daqueles tempos ensina, e até mesmo pelo fim dramático da vida desse "valente baiano", Marighella cometeu sérios erros de análise do contexto social e político da época, muito bem discutidos no livro. Seja divinizando regimes que o tempo tratou de rotular como facínoras (como a União Soviética de Joseph Stálin e Cuba dos irmãos Castro); ou por meio da intelectualidade, as boas ideias e os bons discursos que o então pecebista demonstrou até 1964 e que mostraram-se efemeridades. Sem ser arrogante, suas forças, por ele superestimadas, sucumbiram-se diante de todo um aparato estatal que se fortaleceu nos chamados "Anos de Chumbo", iniciados na época de sua execução (novembro de 1969) e que duraram até o fim do governo de Emílio Médici (1905-1985), em 1974.

A obra de Mário Magalhães não é enviesada e em função disso não tece um julgamento definitivo acerca do protagonista (diferentemente da adaptação cinematográfica lançada internacionalmente em 2019 e dirigida por Wagner Moura, cujas críticas sugerem uma "martirização" de Marighella, mas que não justificam o fato do filme ainda não ter sido lançado no Brasil, o que ocorrerá, a princípio, em novembro deste ano). Aliás, a narrativa de Magalhães é, em boa parte das páginas, um livro de história, tirando o foco do seu biografado e detalhando contendas políticas que agitaram o país entre a década de 30 e a década de 70. A sensação que a leitura (recomendável a todos, independente de partidarismos) deixa é a de que Carlos Marighella não foi um mártir ou um vilão incorrigível pelas vias tradicionais; foi um brasileiro que viveu nas sombras, que pode despertar aversão e paixão, mas nunca indiferença, que jamais cogitou desertar ou refugiar-se em outro país e com ótimas ideias que se turvaram em meio a métodos questionáveis, cujos fins não devem (ou deveriam) justificar os meios.
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Marcianeysa 08/06/2021

O livro é bem completo, disseca a vida do guerrilheiro do título desde o nascimento até a morte.
Também são narrados vários momentos da história do Brasil dos anos 30 aos anos 70.
Só a escrita do autor as vezes me confundia, com a inclusão de inúmeros personagens.
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Luciana 16/07/2021

Cansativo
Mais do que a biografia de Marighella, Mário Magalhães busca retratar aspectos do período da ditadura empresarial-militar brasileira. Não podemos nos esquecer, entretanto, que essa é uma obra feita por um jornalista, que não dá conta de fundamentos importantes para uma análise histórico-social.
A pesquisa de fôlego realizada pelo autor é inegável. No entanto, no afã de justificar tal pesquisa, são utilizados tantos detalhes, nomes, lugares e dados, que a leitura se torna cansativa, maçante e por vezes até confusa.
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Wallace17 30/07/2021

"REVOLUÇÃO NO BRASIL TEM NOME, CARLOS MARIGHELLA"
Um comunista atrevido
Que resistiu à prisão
E mesmo a bala ferido
Se defendeu sem ter medo
Brigando como um leão

256 pessoas entrevistadas
600 títulos na bibliografia
32 arquivos públicos e privados
2580 notas
Consultas de arquivos internacionais
9 anos de trabalho pra Mário Magalhães nos trazer um recorte histórico de 4 décadas da situação política do Brasil entre 1930 à 1970, tendo como protagonista Carlos Marighella

O resultado é um livro eletrizante. A história de Marighella é pesadíssima. Netos de escravizados. Baiano. Líder Estudantil. Poeta. Deputado Federal. Comunista. Agricultor. Professor. Guerrilheiro. "É mil faces de um homem" como cantou o @racionaiscn. Aliás, foi através do racionais que fui instigado a conhecer mais sobre o Marighella. E espero que agora com filme do Wagner Moura, muito mais pessoas conheçam a história. Afinal como o próprio diretor disse: a gente vai disputar narrativas. Tem que expor os torturadores também, no meu ponto de vista covardes fardados. A história do Brasil do século XX tá repleta de Golpe Institucionais, e o exército sempre tava no meio. Muita coisa se explica né. Não é toa que não avançamos como sociedade. Por isso a leitura da biografia de Marighella é fundamental.


site: https://www.instagram.com/p/BtrUJtpHO5O/
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